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CARCARÁ-NEGRO: ATOS DE GUERRA II

 

Olá, meus amigos!!!

 

Esse aqui é mais um trecho curto da historia “Carcará-Negro: Atos de Guerra”. Ele ocorre logo após Cristovão retornar de sua visita a ONG Lar, Doce Lar, onde encontrou “Princesa”, uma menina de 12 anos que parece ter sido vítima de abuso. Cristovão está perturbado e logo irá descobrir que Princesa é muito mais que uma simples humana...

 

Carcará-Negro é uma história de aventura de super-herói e fortes traços de terror, não sendo recomendável para crianças e pessoas sensíveis.

 

 Jeremias Alves Pires


CARCARÁ-NEGRO: ATOS DE GUERRA II


Loucura… Cristóvão entendia muito bem disso, era parte do seu ser. Ao contrário do que se possa pensar, não foi o tiro na cabeça ao qual sobreviveu por milagre que levou embora seu juízo. Viver em um país onde um homem sai pela porta da frente, após ter matado alguém, que muitas vezes já tinha dito que ia matar, foi o que fez nascer o "Carcará-Negro". 

 

Cristóvão não conseguia entender, não conseguia aceitar o mundo no qual nascera, onde crianças pobres sofriam toda sorte de abuso, sem que ninguém desse importância, sem que ninguém lhes fizesse justiça… Não estava certo… Alguém tinha que fazer algo… 

 

Chegou em casa trôpego. A cabeça girava, como se fosse saltar do pescoço. Não conseguia parar de pensar na pequena "princesa", a criança que tinha conhecido na ONG. Tinham feito mal a ela. Tinham quebrado sua alma. Quem? Seria o cantor famoso do clipe? O que ele fez? O QUE O MALDITO TINHA FEITO? ELE IA PAGAR… IA SANGRAR… Cristóvão rasgou a camiseta, o outro queria sair. A pele queimava… Ouviu um choro de mulher. Um choro conhecido…



  Silêncio… Ele está aqui…

 

Lenora estava mais uma vez diante dele.



 — Lenora… Meu amor…

 

Cristóvão mal deu um passo… A testa de Lenora foi estourada por um disparo de arma de fogo. Sangue jorrava infinitamente sobre Cristóvão. Ouviu uma gargalhada.



— Sua vez…

 

Mais uma vez, Cristóvão sentiu a cabeça doer. A cicatriz na testa agora aberta jorrava sangue.



— Agora sou eu…

 

O assassino atirou na própria cabeça de modo que a bala atravessou o crânio.



— Agora é a vez dela de novo… - Gargalhando o assassino atirou de novo em Lenora, abrindo um buraco na sua face esquerda.



— Chega!!! - Cristóvão gritou e foi baleado de novo na cabeça…



— Minha vez de novo… - O assassino colocou a arma na boca e puxou o gatilho.



— Cris… está doendo… Não deixa ele me machucar de novo… - Lenora recebe outro tiro que arranca seu nariz.



— LENORA!!!!  - Cristóvão levou outro tiro na cabeça…



— Minha vez… De novo… - O assassino atira no próprio ouvido…



— Cristóvão… Me salva…

 

Lenora é baleada no olho esquerdo, Cristóvão na cabeça e o assassino atira em si mesmo. Tudo recomeça e recomeça. Lenora vai tendo o rosto cada vez mais despedaçado.



— Chega!!! Isso não é real… 

 

Cristóvão bate a cabeça na parede com força. Tudo se apaga. Um trovão o desperta. Está chovendo forte. Ele ouve apenas o gotejar violento. Os fantasmas se foram, ao menos por hora. As alucinações faziam parte de seu viver, haviam dias que era difícil distinguir o pesadelo da realidade.



— De pé…

 

Cristóvão olhou para o lado e se deparou com uma espécie homem feito de sombras com asas de pássaro negro nas costas.



— Temos trabalho para fazer… Não temos tempo pra nossa doença…

 

Cristóvão concordou com seu outro eu. Percebeu o rosto umedecido. Cheirou pra ver se era sangue real. Tinha machucado mesmo a cabeça. Foi até o quarto. Fez um curativo rápido. Arrastou a cama. Abriu o alçapão escondido. Logo estava no "Ninho do Carcará", que mais parecia uma central de vigilância com monitores e computadores para todos os lados, alguns bem antigos, mas satisfatoriamente funcionando. As imagens vinham de pássaros e ratos robôs espalhados por toda cidade, espreitando pecadores que se tornariam vítimas do Carcará.

 

Em um canto estava a câmara de transformação, ao lado de um poster dos “Cybercops”, os heróis tinham sido uma inspiração para construção da armadura, o sistema de transformação veio dos filmes do Homem de Ferro. Digitou a senha numérica no painel, após a leitura de sua retina ela se abriu.



— Bem vindo, Cristovão… - Saudou a voz robótica.

 

Apressado, Cristovão entrou e se pós de pé para poder dormir e o outro despertar…

 

Assim que a transformação se completa, não é mais Cristovão quem está sob a luz da razão. Antes mesmo de verificar todo o funcionamento do sistema, o Carcará, ouve passos. Um vulto passa correndo por ele, juntamente com uma risada de criança. Alguém estava no ninho.



— Seja você quem for, acaba de cometer o maior erro da sua vida… - O Carcará ameaça.



— Quer brincar comigo, tio mal? 

 

O Carcará se depara com um ser translúcido. 



— Princesa?



— Sou eu mesma, tio. Eu to sonhando… Eu pensei em você e te achei…

 

O Carcará ficou um segundo sem saber o que fazer. Desconfiava que a menina que encontrara na ONG, fosse algum tipo de super-humano, um “Neo-Humano”, a cidade estava cheia deles. Mais tarde faria uma ligação e a menina receberia o tratamento adequado. Sem mais espantos continuou.



— Machucaram você, não foi?

 

O espectro se encolheu de medo, mergulhando em uma lembrança dolorosa.



— Foi aquele cara no vídeo?



— Você vai machucar ele, não vai?



— Ele não vai mais ter um rosto bonito quando eu terminar. Consegue achá-lo, do mesmo jeito que me achou?



— Tenho medo…



— Tudo bem… Me diga, o que foi que ele te fez? 



— Eu mostro…

 

O Carcará-Negro mergulha em um pesadelo terrível demais até para sua mente perturbada…

 

Continua…




8 Comentários

  1. Grande Jeremias !

    Em poucas palavras ,você tem o dom de assustar.

    Seu estilo narrativo, direto, curto, brutal é o seu grande diferencial.

    Eu consegui entrar na loucura de Cristo a e seus pesadelos.

    Ato, continuo, desconfio que ele tenha matado sua amada e tentado o suicidio e atue como Carcará Negro para expiar seu crime.

    Posso estar redondamente enganado.

    Mas isso ficou claro pra mim.

    Vamos ver como se dará a incursão de Carcará no mundo dos pesadelos da menina abusada.

    Você me deixou realmente angustiado com o desfecho.

    Leitura impactante!

    Parabéns!

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  2. Oi, muito obrigado... É divertido trabalhar a loucura do Cristovão, sendo essa a parte dele que realmente o torna assustador.

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  3. Muito bom, um capítulo curtinho, mas que ajudou a desenvolver mais o Cristóvão e inseriu muito bem os poderes da Princesa... Além de um gancho final excelente...
    agora é ver como o restante da história se desenrolara.
    Parabéns

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  4. Valeu.... A próxima parte vai ser terror puro... Como vai demorar, resolvi lançar esse pedacinho primeiro.

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  5. Rapaz...

    A sua capacidade de escrever terror assusta. Num texto curto e impactante, você dá um soco na nossa cara... Ou seja, você nos mostrou uma moça abusada e cheia de pesadelos.

    É um cataclismo diabólico e que joga o Carcara num submundo satânico e violento.

    Ansioso por mais!

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  6. Valeu, meu amigo... Ainda quero deixar o Carcará mais tokusatsu, mas meu lado sombrio é muito mais forte...

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  7. A gente consegue sentir a ira do Carcará correndo na mente da gente, as cenas, mesmo devidamente não detalhadas, nos dão a ideia do que pode ser e isso é suficiente, principalmente em se tratando de uma criança, o quanto isso nos tira de nossa postura normal, a raiva toma conta, a vontade de justiça com as próprias mãos aumenta e muito... Pode-se dizer que mesmo sendo um pacifista, eu sinceramente entendo o Carcará... Não posso deixar de mencionar igualmente, o quão tenso foi a alucinação de Cristóvão, sem dúvida alguma viver dessa forma não é algo que se possa dizer viver, ele sobrevive com essa situação tensa e terrível... Aguardo com avidez o próximo capítulo, parabéns meu amigo, mandou muito bem! \0/

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  8. Oi... Obrigado, meu amigo. Curiosamente também sou a favor da paz. O Carcará permite que eu olhe para o meu lado mais sombrio (que existe em todos nós). O Carcará é o mal que pune o mal...

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