Nota: As palavras e frases em negrito contém links.
A Smart Brain High
School é um renomado colégio de Gov. Celso Ramos (SC) que é famoso por seguir
um modelo estrangeiro de ensino e estruturação, mas também por conta de vários
desaparecimentos de alunos e funcionários, bem como avistamentos de monstros e
de um vigilante de armadura.
Alex, um jovem de 16
anos, estudante do Segundo Ano na Smart Brain High School, acaba tendo sua vida
virada ao avesso quando este foi parar no Mundo dos Espelhos, lá ele topou com
alguns monstros e também com o misterioso vigilante de armadura, e no processo
obteve seu próprio traje após contratar o Mirror Monster Dragblacker.
A identidade do
vigilante se revelou sendo Tony, um terceiranista playboy e ex-membro do time de futebol, do qual guardava grande
rancor, especialmente por seu capitão, Widny. Tomado pelo desejo de vingança,
Tony decide atacar Widny, mas Alex interfere. Depois de uma luta contra o
renascido Mirror Monster Dispider, Tony tem seu deck destruído, o que faz com
que o contrato entre ele e seu monstro Volcancer seja anulado.
- E o nosso contrato?! Não pode... Eu... Tenho que viver!
Volcancer avança em Tony com um poderoso
“abraço” de suas garras, a armadura de Scissors se dissipa completamente e o
monstro caranguejo devora seu parceiro de contrato vivo. Alex nada pôde fazer
senão olhar para o lado para evitar ver aquela cena.
Após ter devorado
Tony por completo, Volcancer parte para cima de Alex, o lançando contra um
poste. Volcancer vai se aproximando lentamente de Alex, mas o garoto se levanta
rapidamente e puxa uma carta e a insere depressa em seu Visor.
ADVENT
Quando Volcancer
ataca, o mesmo é lançado com tudo para trás por Dragblacker que surge naquele
mesmo instante quase atropelando o caranguejo. O jovem segundanista aproveita a
oportunidade e foge para fora do Mundo dos Espelhos.
De dentro de uma
porta de vidro sai Alex, que retornara ao mundo real. Não havia ninguém por
perto, então o rapaz retira o deck de seu cinto e a armadura se dissipa. Alex
ficou olhando para o horizonte em total silêncio, até que se pôs de joelhos e
levou as mãos em sua cabeça, enquanto tentava segurar um choro à medida que sua
face tomava uma expressão de horror, estampando em seu rosto o trauma que os
eventos anteriores haviam lhe causado.
Alex jamais havia
presenciado uma morte em sua vida, ainda mais daquele jeito. Era demais para um
garoto de apenas 16 anos processar, ele estava em choque e totalmente
horrorizado.
...
Depois do ocorrido, Alex ficou sem
ir para a escola durante o restante da semana. Seus amigos mais próximos
ficaram muito preocupados, Alex não havia nem feito uma única postagem em suas
redes sociais durante este tempo.
Era mais uma semana
na agitada Smart Brain High School, como em qualquer outra manhã de
segunda-feira todos se encontravam com muita preguiça e um pouco de mau humor,
para piorar ainda haveria uma reunião com a Diretora antes do início das aulas.
- Oi, amor. – Disse Jussara, uma garota alta de
cabelo curto que transitava entre o castanho e o ruivo, que repousou seu braço
esquerdo sobre os ombros de Emilly.
- Bom dia, Ju! Como você tá?
- Bem. – Jussara então se volta para o grupo de
amigas. – Oi, gente, bom dia.
O grupo era
composto por mais quatro garotas além de Jussara e Emilly: Uma delas era
Jhulie, a garota ruiva cheia de tatuagens; as demais eram Maria, uma garota
alta, de pele bem pálida, corpo definido e longos cabelos escuros; Mirele, uma
garota baixinha que usava óculos de grau e que também possuía cabelos negros
compridos, porém os mantinham amarrados em um coques; e ,por fim, Sara, uma garota
parda de cabelos escuros compridos e com uma cintura volumosa.
Naquele momento,
alguns alunos começaram a se amontoar perto do portão do colégio para observar
a entrada de Paola, uma aluna bastante popular por conta do status de sua família, mas esta assumia
uma postura bem humilde.
As meninas fitaram
imediatamente em Paola:
- Aí, olha só quem tá chegando. – Comentou Jussara.
- A traíra? – Debochou Jhulie.
- Ela era amiga de vocês, não minha. – Falou Emilly em um
misto de deboche e sarcasmo.
Paola passou próximo
do seu grupo de ex-amigas, deu uma olhada rápida para elas pelo canto do olho e
então seguiu caminhando com a cabeça baixa.
Pouco tempo depois,
Alex aparece caminhando cabisbaixo, alguns funcionários o cumprimentam, mas o
rapaz não responde de volta. Pedro, Mari, Henrique, Rubens e Rodrigo avistam
Alex e vão logo de encontro com o garoto, pois estavam muito preocupados,
afinal estavam sem notícias há quase quatro dias.
- Alex! – Gritou Mari ao se aproximar de Alex junto dos
demais.
- Como é que cê tá,
maninho?! Tá tudo bem contigo? – Perguntava Pedro extremamente preocupado.
- Tu ficou sumido, não respondia nossas mensagens... – Disse
Rodrigo.
- É, pô. O que aconteceu pra tu sumir desse jeito? –
Perguntou Henrique.
- A gente tava até pensando em ir na tua casa, mas como você
não retornava nenhuma das nossas mensagens a gente acabou não indo. – Falou
Rubens.
Alex permaneceu em
silêncio por uns instantes, até que resolveu falar alguma coisa:
- Me desculpem se eu acabei preocupando vocês, não era essa a
minha intenção...
- Tudo bem, a gente te perdoa. – Disse Mari. – Agora conta
pra gente o que foi que aconteceu.
- É que... Bem... Tivemos um falecimento na família, por isso
acabei sumindo por uns dias, eu tava meio mal.
- Pô, cara... Meus pêsames aí, irmão. – Rubens tentou
consolar.
- Era alguém muito próximo de você? – Pergunta Rodrigo.
- Digamos que sim, mas eu não quero falar disso agora. –
Falava Alex. – Eu agradeço a preocupação de todos vocês, mas no momento eu tô
precisando ficar um pouco sozinho.
Dito isto, Alex sai
de perto de seus amigos, indo até o auditório, pois já havia notado que haveria
algo por lá, devido à multidão de alunos que se dirigiam ao local. De todos os
amigos de Alex, Pedro era quem mais se mantinha preocupado, afinal ele sabia
que o sumiço de Alex e seu atual estado tinham alguma relação com Tony e os
Mirror Monsters. Mas o que teria acontecido afinal? Era o que Pedro andava se
perguntando.
...
No auditório, todos os alunos procuravam um lugar para sentar enquanto
aguardavam pelo início da reunião. O corpo docente da Smart Brain High School
estava no palco, com todos os membros sentados em cadeiras atrás do pedestal do
microfone. Havia também no palco, os oito membros do Conselho Estudantil, este
que era composto por cinco garotas e três garotos, sendo uma das garotas aluna
do Segundo Ano e os demais do Terceiro Ano.
Flávia, a atual diretora da Smart Brain High School, subiu ao palco do
auditório acompanhada por um homem bem alto, calvo, com pele bronzeada e com um
pouco de “barriga de cerveja”.
A
Diretora Flávia então se dirigiu para o microfone, o ajeitou e iniciou sua
fala:
- Bom dia a todos!
- Bom dia! – A plateia respondeu.
- Sei que muitos devem estar se
perguntando o motivo desta reunião, mas relaxem... Ela é só para apresentarmos
duas novas aquisições do nosso corpo docente e também para falarmos sobre a mudança
de turmas.
Todos na plateia se entreolharam e começaram a comentar entre si e
também a especular sobre a mudança de turmas.
- Por favor, alunos, atenção aqui!
– Pediu a Diretora. – Primeiro, quero lhes apresentar o nosso novo professor,
Augusto de Azevedo!
Ao ouvir seu nome, um homem alto e musculoso de cabelos e barba castanha
se levantou de sua cadeira e foi andando até Flávia.
- Augusto será nosso novo professor de francês, esta que será nossa nova
matéria opcional para a qual vocês poderão estar se inscrevendo através do
nosso site. – Anunciou Flávia. – Augusto, deseja falar alguma coisa?
- Bom dia, gente! - Augusto se
aproxima do microfone. – Nossa, quanta gente bonita, hein? Eu estou muito
ansioso por estar trabalhando nesta renomada instituição que é a Smart Brain.
Convido todos a participarem das minhas aulas, onde vocês poderão conhecer
muito desse maravilhoso idioma que eu amo, que é o francês, bem como um pouco
da cultura francesa.
Todos aplaudem e
então Augusto agradece, dá um aperto de mãos com Flávia e depois volta para sua
cadeira.
- Seguindo aqui, gostaria que todos vocês dessem as
boas-vindas ao Johnan, nosso novo vice-diretor. – Flávia se vira para o homem
que estava ao seu lado ao mesmo tempo em que o apresentava para os alunos. –
Johnan vem da Venezuela, mas já mora no Brasil a um tempinho, não é isso? – Ela
então deu espaço para Johnan falar ao microfone.
- Sim, jo estoy
muito contente em poder trabalhar en esta escola. Peço desculpa, pois ainda
misturo un poco o espanõl com o português, entón si por
acaso no entenderem muito bem o que
eu disser, podem me pedir para repetir que jo
voy a repetir.
Flávia retorna para
o microfone:
- Bem, esse foi o Johnan, pessoal. Espero que possam
acolhê-lo bem. Muitos devem estar se perguntando sobre o vice-diretor Sérgio.
Bem, o Sérgio ganhou uma promoção e agora está trabalhando diretamente para o
dono da Smart Brain High School, o Presidente Gamou. Bem, agora vamos falar
sobre as mudanças de turma. Nós decidimos mexer um pouco nas turmas e trocamos
alguns alunos, mas outros permanecerão na turma que estão.
Os alunos, ao
ouvirem aquilo, ficaram um tanto inquietos. Muitos estavam com receio de
acabarem sendo separados de seus amigos por conta disso, sem contar que não era
a primeira vez no ano que faziam isso.
- Sei que muitos estão apreensivos ou inseguros quanto à
troca de turmas, mas entendam que isto faz parte de uma grande estratégia de
nossa instituição. – Explicava a Diretora. – Nós formamos as turmas com base
nas notas, desempenho e perfil acadêmico de cada aluno e aluna, seria um pouco
complicado de explicar isso agora.
Apesar de tudo,
muitos alunos saíram revoltados daquela reunião. Em momento algum, a Diretora
ou qualquer outro membro do corpo docente, sequer mencionaram sobre os
desaparecimentos, era como se ignorassem tudo aquilo. Mas por que será?
Logo após o término
da reunião, Alex saiu sem nem olhar para a cara de ninguém, era como se
estivesse fugindo. Preocupado, Pedro decidiu segui-lo.
- Aonde você vai? – Questionou Mari segurando o braço direito
de Pedro.
- Olha, maninha, eu preciso ir atrás do Alex, tá? Depois a
gente se fala, pode ser?
- Eu vou junto então.
- É melhor não, Mari. É um assunto meu e do Alex.
- Então você sabe por que ele tá daquele jeito?
- Tenho uma suspeita, mas, por favor, fica fora disso, tá?
Pedro deixa Mariana
e sai atrás de seu amigo. Mari decide seguir Pedro sem que o mesmo a notasse,
pois também estava preocupada.
...
Pedro seguiu Alex até a sala do Clube de Estudos Sobrenaturais. Ao
entrar, Pedro se deparou com Alex sentado na mesa do clube, com a cabeça
abaixada sobre a mesma.
- Alex...?
De repente, Mari entrou na sala também, ao mesmo tempo em que
Dragblacker surgiu para avançar em Alex.
- Não! – Mari se assusta com a
aparição do dragão.
Naquele momento, tanto Pedro quanto Mari correram até Alex e o abraçaram
com medo. Após isso, a sala ficou em silêncio... Dragblacker havia desaparecido.
- Alecão, o que aconteceu, maninho?
– Questionava Pedro para seu amigo.
Ao perceber que Alex permanecia em silêncio com a cabeça baixa, Pedro o sacudiu pelo braço.
- Ei, Alex!
- Me deixa sozinho. – Respondeu
Alex.
- Mas o teu dragão apareceu pra te
atacar! – Advertiu Pedro.
- Eu não ligo. – Alex se debruçou
sobre a mesa, escondendo seu rosto nos braços.
- Como é que tu pode falar isso?!
Vocês não tinham um contrato ou sei lá o quê? Aquele dragão vai te devorar se
tu não matar mais monstros!
- Espera aí, Pedro. Que história é
essa? Eu não tô entendendo nada! – Mari estava totalmente confusa diante de
tudo aquilo.
Alex então se levanta, ainda com a cabeça baixa.
- O Tony tá morto.
- Quê? – Pedro fica pasmo.
- Ele morreu bem na minha frente. –
Continuou Alex, ainda sem olhar para a cara de ninguém e em um tom baixo. –
Pedro... – Alex olha para seu amigo. – Eu não quero mais lutar. Eu não quero
mais me transformar.
Alex sai correndo da sala, seus amigos gritam por ele, mas de nada
adianta, já era inútil alcançá-lo. Mari então se vira para Pedro e este percebe
que teria de explicar para ela toda a situação.
...
No jornal do colégio, o clima era de luto. Aleksander, ou Aleks como era
chamado, editor-chefe do jornal, havia se tornado mais um dos desaparecidos,
não apenas ele como também Larissa, a segunda no comando do jornal, e o jovem
Danilo. Os demais membros estavam sem um norte, desamparados eles já não sabiam
mais se continuavam com seu trabalho ou não.
- Vamos admitir, Camila... O jornal
já era sem o Aleks e a Larissa. – Dizia Matheus, sentado em uma das cadeiras da
sala. – E pra piorar, a Ilana e o Guilherme pularam fora.
- Ilana quer se candidatar para o
Grêmio Estudantil esse ano e o Guilherme... Bem, a namorada dele desapareceu, o
coitado não tá nada bem. – Falou Camila, sentada na mesa de Aleks, olhando para
seu notebook. – Kamen Rider... – Camila leu o nome em silêncio para si, aquela
história ainda a intrigava muito.
De repente, alguém abre a porta da sala do jornal com tudo. Camila e
Matheus olham para a porta e logo reconhecem de quem se tratava.
- Kathlyn?! – Exclamou Camila.
Kathlyn era uma segundanista baixinha, um pouco gordinha, com cabelos
castanhos amarrados em um rabo de cavalo e com algumas sardas em seu rosto,
além de utilizar óculos de grau e ter uma cara de choro.
- Eu vim aqui pra me juntar ao
jornal.
- Amiga, tem certeza disso? –
Questionou Matheus.
Kathlyn andou até a mesa de Camila e colocou suas mãos sobre a mesma. Ao
encarar Kathlyn, Camila percebeu que a mesma estava chorando.
- Eu quero desvendar tudo isso...
Eu quero descobrir quem é esse vigilante e expor a identidade dele pra todo
mundo. E então... – Kathlyn já não segurava mais suas lágrimas. – Vou fazer ele
trazer a Karina de volta pra mim!
Camila percebeu que Kathlyn estava realmente decidida, seu tom de voz e
lágrimas deixavam isso bem claro. Kathlyn estava destruída por dentro, Karina,
além ter sido membro do Grêmio Estudantil atual e terceiranista, era a namorada
de Kathlyn, o único pilar que a garota tinha em sua vida conturbada cheia de
problemas familiares e seções de terapia.
- Nós vamos continuar o que Aleks,
Brenda e Samira começaram. – Determinou Camila.
- Então a gente tem um vigilante de
armadura pra pegar. – Disse Matheus ao se levantar da cadeira e se aproximar de
suas amigas.
- Isso mesmo. – Confirmou Camila. –
Mas pra começar, só uma coisa... Não é vigilante de armadura. – Kathlyn e
Matheus se entreolharam. – É Kamen Rider.
...
Depois das aulas, Alex ficou vagando pelo campus do colégio sem rumo
nenhum. O garoto ainda se encontrava bastante abalado com a morte de Tony, além
de descobrir que muitas pessoas desapareceram durante a semana que ele ficou
sem frequentar o colégio, afinal, com Tony morto e ele ausente, não tinha
ficado ninguém para combater os Mirror Monsters.
Alex, então, começa a ouvir o som dos portais do Mundo dos Espelhos em
sua cabeça novamente. Alex tentou correr, mas o som o perseguia aonde quer que
ele fosse.
- Você é o Ryuga?
Alex ouve uma voz misteriosa, ao se virar ele vê a figura de um homem
asiático usando um sobretudo e que estava dentro do reflexo de uma porta de
vidro transparente próxima do refeitório. O homem logo desaparece e Alex se
aproxima da porta de vidro, tentando encontrar o reflexo daquele homem mais uma
vez.
Alex começa a olhar ao redor e percebe o reflexo do homem em várias
superfícies reflexivas que haviam por perto.
- Ouça... – Dizia o homem misterioso, cuja voz ecoava por todos
os lados na cabeça de Alex, o fazendo se virar a cada frase. – Apenas um Rider poderá sobreviver no final.
Lute e destrua os outros Riders.
O misterioso homem então desaparece dos reflexos.
- Espera! – Alex tentou chamar por
ele novamente, mas não obteve mais retorno.
Depois que Alex foi deixado só pelo misterioso homem de sobretudo, ele
avistou ao longe Camila, Kathlyn e Matheus. Kathlyn olhou para Alex, ficando
surpresa por tê-lo visto depois de tanto tempo.
- Olha, gente, o Alex! – Exclamou a
garota gordinha para seus amigos.
Alex assentiu com a cabeça para os três, dando um meio sorriso contido.
A nova e reduzida formação do jornal do colégio caminhou até o rapaz.
- Alex, quanto tempo. –
Cumprimentou Matheus.
- Oi, gente. Como vão?
- Eu já tava achando que você
também tinha desaparecido. – Disse Camila. – Bem, todo mundo tava, até que um
dos professores disse que você tava de atestado.
- O que estão fazendo?
- Nós vamos desvendar o mistério
dos monstros e do Kamen Rider. – Explicou Camila.
- Kamen Rider?
- É assim que se chama o nosso
vigilante de armadura.
- É? – Alex ficou confuso com
aquilo.
- Sim, e a Kathlyn vai nos ajudar
também.
- Kathlyn faz parte do jornal
agora? – Perguntou o jovem.
- Isso mesmo, quero descobrir toda
a verdade. – Disse Kathlyn.
Alex ficou quieto por um instante, aos poucos sua face era tomada por
uma expressão de preocupação.
- Olha, gente... Eu acho que vocês
não deviam se envolver mais com isso.
- Por que não? – Questiona Camila.
- É que... as pessoas ficarem
desaparecendo assim... isso não é normal. É perigoso! Não... é sinistro! –
Advertia Alex. – Pensa só, galera...
- Não devíamos nos envolver com
isso? – Kathlyn encara Alex intimidando o rapaz. – É sério isso, Alex?!
- A gente tá fazendo isso pelos
nossos colegas que se foram. – Disse Camila em um tom bastante sério.
- A Karina se foi, Alex... – Kathlyn
começava a lacrimejar.
- Que? – O garoto ficou incrédulo.
- Antes de ela desaparecer... Ela
disse que sentia a sua falta, que você era uma das pessoas com quem ela mais
gostava de conversar. – Kathlyn tentava engolir o choro, mas quanto mais lutava
contra mais difícil ficava de conter.
- Não só a Karina. – Falou Camila.
– O Danilo, o Aleks, a Larissa... Muita gente se foi desde que tudo isso
começou.
- Até o Danilo?! – Os olhos de Alex
começavam a se encher de água.
- Você sente também, não é? –
Prosseguia Camila. – Cada desaparecimento causa um impacto diferente em cada um
nós e deixa um vazio...
- Eu não te entendo, Alex... – Alex
olhou para Kathlyn que começou a falar novamente enquanto ainda podia conter
seu choro. – Você sempre foi um cara que queria ajudar todo mundo, foi uma das
poucas pessoas com quem eu e Karina desenvolvemos uma empatia, você sabe como
era difícil ela se abrir com outras pessoas, mas com você foi diferente, porque
você era alguém diferente... mas quando fica perigoso você simplesmente quer
fugir? Onde é que tá o Alex que não deixou a Camila desistir do jornal e do
teatro quando ela pensava em fazer isso? Onde tá o Alex que foi receptivo e
paciente comigo mesmo que eu não fosse alguém fácil de lidar? Onde tá o Alex
que incentivou e apoiou o Danilo enquanto a maioria o julgou como um vagabundo
e sem futuro?
Um certo silêncio permeou entre os quatro, até que Kathlyn novamente
engoliu o choro e olhou fundo nos olhos de Alex, em um misto de raiva e
tristeza.
- Eu não sei mais quem você é, mas
não é o Alex de quem todo mundo em Smart Brain gostava.
Kathlyn desistiu de segurar o choro e saiu correndo, com Matheus indo
atrás dela.
- Não é atoa que ela ficou assim. –
Dizia Camila. – A única coisa que ela admirava em você era a sua determinação
em querer ajudar todo mundo, mesmo que nem sempre conseguisse.
Camila saiu logo após seu comentário. Alex ficou apenas ali, estático. O
jovem se sentia arrasado, ele não fazia ideia de quanta consideração seus
colegas tinham por ele e o quão significativo ele havia sido em suas vidas. Ele
queria trazer Karina, Danilo e os demais de volta, mas sabia que a essa altura
todos já estavam mortos, mas ele não tinha coragem de revelar isso aos seus
amigos, aquilo o destruía por dentro.
...
Mari e Pedro estavam muito aflitos, eles não conseguiam encontrar Alex,
mas o rapaz ainda vagava sem rumo pelo campus com a cabeça baixa, enquanto
refletia e pensava sobre todos que se foram.
De repente, Alex foi abordado por Dai, uma das “tias da limpeza” de
Smart Brain, que ficou muito feliz em ver o rapaz. Os dois se sentaram em um
degrau do pátio e Dai começou a atualizar o jovem.
- Entendi, então a Adri pediu
demissão.
- Sim. – Confirmou Dai. – Ela não
queria se arriscar demais por causa da filha.
- Mas e você, Dai?
- Eu tenho dois filhos pra criar e
arrumar emprego não tá fácil ultimamente, por isso vou ter que continuar aqui,
mesmo sendo perigoso. E eu também não iria conseguir ficar longe das minhas
crias.
Alex sorriu para Dai e a mesma lhe devolveu com uma pequena gargalhada.
- Por falar nisso, onde estão eles?
– Perguntou Alex.
- Eles quem?
- O seu trio de crias favorito... Arthur, Raíssa e Heloísa.
De repente, a expressão de Dai se fechou e seu tom de voz ficou
levemente triste.
- Rai e Helô também desapareceram.
- Ah, não. – Alex fica chocado. –
E o Arthur?!
- Elas eram as únicas que falavam
com ele... depois do sumiço delas, ele ficou isolado e sem ninguém para dividir
o tempo com ele. Obviamente que eu falava com ele às vezes, mas não era a mesma
coisa. Então, um dia, ele só parou de vir.
Após tudo o que havia testemunhado e escutado até o momento, Alex
percebeu que ele tinha uma escolha a fazer, um chamado a atender que estava em
seu bolso na forma de um deck de cartas.
...
Depois que Alex havia deixado a sala do clube de estudos sobrenaturais,
Pedro contou tudo para Mari, ele contou sobre os monstros dos espelhos, as
cartas e sobre Tony e quem ele era. Os dois, então, se puseram a procurar por
Alex.
Mari estava muito aflita, queria encontrar seu irmão de consideração a
todo o custo e fazê-lo desistir do contrato com Dragblacker, a garota havia
achado aquilo loucura demais e não suportaria perder ninguém que fosse próximo.
Só que Mari mal sabia que estava sendo visada. Através do Mundo dos
Espelhos, um monstro com o aspecto de uma gazela humanoide se esgueirava pelos
reflexos das janelas das salas de aula de onde Mari se encontrava próxima
enquanto procurava por Alex.
A garota de óculos começou a sentir um calafrio, ela estava com a
sensação de que alguém a observava e de fato estavam. Ao se virar para uma das
janelas, Mari notou uma espécie de ondulação no vidro, ela achou
aquilo estranho e decidiu se afastar lentamente, mas ao fazer isso, a criatura
que a perseguia pulou para fora do reflexo com o braço esticado pronto para agarrar a segundanista... Um grito feminino ecoou por toda aquela
parte do campus...
つづく
8 Comentários
Grande Alex!
ResponderExcluirParabéns pelo retorno dessa incrível história !
Um capítulo tenso,denso, com o clima de suspense chegando ao ápice.
A dor de Alex pela morte brutal de Tonny,foi lindamente descrita.
Era como se estivéssemos sentindo com ele todo o seu abatimento.
Nesse interim, novos desaparecimentos ocorrem no Smart Brain e obrigam a Alex tomar uma decisão...
Decisão está que se precipitará com o desaparecimento de Mari,uma das grande amigas de Alex .
Ryuga, terá que voltar à batalha...
Coragem,Alex!
Lute Kamen Rider Ryuga!
Agradeço sua leitura e comentário, amigo. Fico feliz que tenha gostado, não esperava de verdade que fosse, afinal esse capítulo foi só diálogo praticamente, mas eu percebi que haverão certos capítulos que terão de ser assim mesmo. Valeu, Jirayrider! Tamo junto.
ExcluirAlex...
ResponderExcluirQuero destacar o clímax aterrorizante do final em que Mari aflita percebe a gazela pelas janelas... O detalhe da cena com a criatura a capturando... o grito ecoando e o desaparecimento. Terrível mesmo! Sinistro.
Estou pasmo com sua forma de escrita! Você é MUITO bom, cara! Sem palavras.
Alex está pressionado com tudo que está acontecendo na Smart Brain. É tenso perceber a aflição dele. Coitado.... Encarar a morte de Tommy. Nossa...
Rapaz... Eu parabenizo mesmo e muito!
Aplaudo de pé.
Mas aí que está, Alex. Veja que meu comentário não menciona nenhuma ação fulminante. Não. Pois, de fato, não teve. Mas, uma fic não depende da ação para ser boa. Seu texto trouxe suspense e aflição nas palavras escritas. Parecia que a gente estava vendo a cena numa TV.
ResponderExcluirNa boa, para mim, você tem um dos melhores textos aqui no Mind. Te aconselho ler obras do Norberto, Jeremias e Lanthys com urgência. Leia, comente e interaja. Você vai se identificar e melhorar ainda mais. Acho que você tem um estilo que tangencia aspectos dos três, em especial, do Lanthys.
No mais, MUITOS PARABÉNS!
Parabéns pelo trabalho meu amigo, realmente estás levando a situação dos riders daquela época em um caminho bem interessante e bom em se acompanhar! O quesito suspense está bem trabalhado e tudo vai nos instigando à continuar a leitura, parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado, Lanthys! Fico muito grato com sua leitura, comentário e também por saber que eu consegui fazer um capítulo minimamente interessante mesmo quem sem nenhuma ação.
ExcluirMuito bom como você cria e desenvolve o clima da escola, em muitos momentos eu até consigo ignorar os nomes americanos numa escola brasileira.
ResponderExcluirVocê também desenvolveu bem o quanto a morte afetou o protagonista, o que ajudou sobremaneira a humaniza-lo.
E o gancho final ficou perfeito.
Parabéns!
Obrigado por ler e comentar.
ResponderExcluirEu realmente tava inseguro se iriam curtir o protagonista ou não, porque geralmente esse é um dos maiores desafios em uma estória, na maioria das vezes nos interessamos mais pelos outros personagens da obra.
Quanto aos nomes, acredita se eu te disser que conheci/conheço pessoas com esses nomes? Como tenho dificuldade em bolar nomes e queria fugir um pouco dos nomes tradicionais do Brasil, resolvi me aproveitar dos nomes mais "exóticos" que conheci ao longo da vida (risos).