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KAMEN RIDER 学園の HEROES - Capítulo 4

  Nota: As palavras e frases em negrito contém links.


   A Smart Brain High School é um renomado colégio de Gov. Celso Ramos (SC) que é famoso por seguir um modelo estrangeiro de ensino e estruturação, mas também por conta de vários desaparecimentos de alunos e funcionários, bem como avistamentos de monstros e de um vigilante de armadura.

   Alex, um jovem de 16 anos, estudante do Segundo Ano na Smart Brain High School, acaba tendo sua vida virada ao avesso quando este foi parar no Mundo dos Espelhos, lá ele topou com alguns monstros e também com o misterioso vigilante de armadura, e no processo obteve seu próprio traje após contratar o Mirror Monster Dragblacker.

   A identidade do vigilante se revelou sendo Tony, um terceiranista playboy e ex-membro do time de futebol, do qual guardava grande rancor, especialmente por seu capitão, Widny. Tomado pelo desejo de vingança, Tony decide atacar Widny, mas Alex interfere. Depois de uma luta contra o renascido Mirror Monster Dispider, Tony tem seu deck destruído, o que faz com que o contrato entre ele e seu monstro Volcancer seja anulado.

- E o nosso contrato?! Não pode... Eu... Tenho que viver!

   Volcancer avança em Tony com um poderoso “abraço” de suas garras, a armadura de Scissors se dissipa completamente e o monstro caranguejo devora seu parceiro de contrato vivo. Alex nada pôde fazer senão olhar para o lado para evitar ver aquela cena.

   Após ter devorado Tony por completo, Volcancer parte para cima de Alex, o lançando contra um poste. Volcancer vai se aproximando lentamente de Alex, mas o garoto se levanta rapidamente e puxa uma carta e a insere depressa em seu Visor.

 

ADVENT

 

   Quando Volcancer ataca, o mesmo é lançado com tudo para trás por Dragblacker que surge naquele mesmo instante quase atropelando o caranguejo. O jovem segundanista aproveita a oportunidade e foge para fora do Mundo dos Espelhos.

   De dentro de uma porta de vidro sai Alex, que retornara ao mundo real. Não havia ninguém por perto, então o rapaz retira o deck de seu cinto e a armadura se dissipa. Alex ficou olhando para o horizonte em total silêncio, até que se pôs de joelhos e levou as mãos em sua cabeça, enquanto tentava segurar um choro à medida que sua face tomava uma expressão de horror, estampando em seu rosto o trauma que os eventos anteriores haviam lhe causado.

   Alex jamais havia presenciado uma morte em sua vida, ainda mais daquele jeito. Era demais para um garoto de apenas 16 anos processar, ele estava em choque e totalmente horrorizado.

 

...

 

Depois do ocorrido, Alex ficou sem ir para a escola durante o restante da semana. Seus amigos mais próximos ficaram muito preocupados, Alex não havia nem feito uma única postagem em suas redes sociais durante este tempo.

   Era mais uma semana na agitada Smart Brain High School, como em qualquer outra manhã de segunda-feira todos se encontravam com muita preguiça e um pouco de mau humor, para piorar ainda haveria uma reunião com a Diretora antes do início das aulas.

- Oi, amor. – Disse Jussara, uma garota alta de cabelo curto que transitava entre o castanho e o ruivo, que repousou seu braço esquerdo sobre os ombros de Emilly.

- Bom dia, Ju! Como você tá?

- Bem. – Jussara então se volta para o grupo de amigas. – Oi, gente, bom dia.

   O grupo era composto por mais quatro garotas além de Jussara e Emilly: Uma delas era Jhulie, a garota ruiva cheia de tatuagens; as demais eram Maria, uma garota alta, de pele bem pálida, corpo definido e longos cabelos escuros; Mirele, uma garota baixinha que usava óculos de grau e que também possuía cabelos negros compridos, porém os mantinham amarrados em um coques; e ,por fim, Sara, uma garota parda de cabelos escuros compridos e com uma cintura volumosa.

   Naquele momento, alguns alunos começaram a se amontoar perto do portão do colégio para observar a entrada de Paola, uma aluna bastante popular por conta do status de sua família, mas esta assumia uma postura bem humilde.

   As meninas fitaram imediatamente em Paola:

- Aí, olha só quem tá chegando. – Comentou Jussara.

- A traíra? – Debochou Jhulie.

- Ela era amiga de vocês, não minha. – Falou Emilly em um misto de deboche e sarcasmo.

   Paola passou próximo do seu grupo de ex-amigas, deu uma olhada rápida para elas pelo canto do olho e então seguiu caminhando com a cabeça baixa.

   Pouco tempo depois, Alex aparece caminhando cabisbaixo, alguns funcionários o cumprimentam, mas o rapaz não responde de volta. Pedro, Mari, Henrique, Rubens e Rodrigo avistam Alex e vão logo de encontro com o garoto, pois estavam muito preocupados, afinal estavam sem notícias há quase quatro dias.

- Alex! – Gritou Mari ao se aproximar de Alex junto dos demais.

- Como é que tá, maninho?! Tá tudo bem contigo? – Perguntava Pedro extremamente preocupado.

- Tu ficou sumido, não respondia nossas mensagens... – Disse Rodrigo.

- É, pô. O que aconteceu pra tu sumir desse jeito? – Perguntou Henrique.

- A gente tava até pensando em ir na tua casa, mas como você não retornava nenhuma das nossas mensagens a gente acabou não indo. – Falou Rubens.

   Alex permaneceu em silêncio por uns instantes, até que resolveu falar alguma coisa:

- Me desculpem se eu acabei preocupando vocês, não era essa a minha intenção...

- Tudo bem, a gente te perdoa. – Disse Mari. – Agora conta pra gente o que foi que aconteceu.

- É que... Bem... Tivemos um falecimento na família, por isso acabei sumindo por uns dias, eu tava meio mal.

- Pô, cara... Meus pêsames aí, irmão. – Rubens tentou consolar.

- Era alguém muito próximo de você? – Pergunta Rodrigo.

- Digamos que sim, mas eu não quero falar disso agora. – Falava Alex. – Eu agradeço a preocupação de todos vocês, mas no momento eu tô precisando ficar um pouco sozinho.

   Dito isto, Alex sai de perto de seus amigos, indo até o auditório, pois já havia notado que haveria algo por lá, devido à multidão de alunos que se dirigiam ao local. De todos os amigos de Alex, Pedro era quem mais se mantinha preocupado, afinal ele sabia que o sumiço de Alex e seu atual estado tinham alguma relação com Tony e os Mirror Monsters. Mas o que teria acontecido afinal? Era o que Pedro andava se perguntando.  

 

...

 

   No auditório, todos os alunos procuravam um lugar para sentar enquanto aguardavam pelo início da reunião. O corpo docente da Smart Brain High School estava no palco, com todos os membros sentados em cadeiras atrás do pedestal do microfone. Havia também no palco, os oito membros do Conselho Estudantil, este que era composto por cinco garotas e três garotos, sendo uma das garotas aluna do Segundo Ano e os demais do Terceiro Ano.

   Flávia, a atual diretora da Smart Brain High School, subiu ao palco do auditório acompanhada por um homem bem alto, calvo, com pele bronzeada e com um pouco de “barriga de cerveja”.

  A Diretora Flávia então se dirigiu para o microfone, o ajeitou e iniciou sua fala:

- Bom dia a todos!

- Bom dia! – A plateia respondeu.

- Sei que muitos devem estar se perguntando o motivo desta reunião, mas relaxem... Ela é só para apresentarmos duas novas aquisições do nosso corpo docente e também para falarmos sobre a mudança de turmas.

   Todos na plateia se entreolharam e começaram a comentar entre si e também a especular sobre a mudança de turmas.

- Por favor, alunos, atenção aqui! – Pediu a Diretora. – Primeiro, quero lhes apresentar o nosso novo professor, Augusto de Azevedo!

   Ao ouvir seu nome, um homem alto e musculoso de cabelos e barba castanha se levantou de sua cadeira e foi andando até Flávia.

   - Augusto será nosso novo professor de francês, esta que será nossa nova matéria opcional para a qual vocês poderão estar se inscrevendo através do nosso site. – Anunciou Flávia. – Augusto, deseja falar alguma coisa?

- Bom dia, gente! - Augusto se aproxima do microfone. – Nossa, quanta gente bonita, hein? Eu estou muito ansioso por estar trabalhando nesta renomada instituição que é a Smart Brain. Convido todos a participarem das minhas aulas, onde vocês poderão conhecer muito desse maravilhoso idioma que eu amo, que é o francês, bem como um pouco da cultura francesa.

   Todos aplaudem e então Augusto agradece, dá um aperto de mãos com Flávia e depois volta para sua cadeira.

- Seguindo aqui, gostaria que todos vocês dessem as boas-vindas ao Johnan, nosso novo vice-diretor. – Flávia se vira para o homem que estava ao seu lado ao mesmo tempo em que o apresentava para os alunos. – Johnan vem da Venezuela, mas já mora no Brasil a um tempinho, não é isso? – Ela então deu espaço para Johnan falar ao microfone.

- Sim, jo estoy muito contente em poder trabalhar en esta escola. Peço desculpa, pois ainda misturo un poco o espanõl com o português, entón si por acaso no entenderem muito bem o que eu disser, podem me pedir para repetir que jo voy a repetir.

   Flávia retorna para o microfone:

- Bem, esse foi o Johnan, pessoal. Espero que possam acolhê-lo bem. Muitos devem estar se perguntando sobre o vice-diretor Sérgio. Bem, o Sérgio ganhou uma promoção e agora está trabalhando diretamente para o dono da Smart Brain High School, o Presidente Gamou. Bem, agora vamos falar sobre as mudanças de turma. Nós decidimos mexer um pouco nas turmas e trocamos alguns alunos, mas outros permanecerão na turma que estão.

   Os alunos, ao ouvirem aquilo, ficaram um tanto inquietos. Muitos estavam com receio de acabarem sendo separados de seus amigos por conta disso, sem contar que não era a primeira vez no ano que faziam isso.

- Sei que muitos estão apreensivos ou inseguros quanto à troca de turmas, mas entendam que isto faz parte de uma grande estratégia de nossa instituição. – Explicava a Diretora. – Nós formamos as turmas com base nas notas, desempenho e perfil acadêmico de cada aluno e aluna, seria um pouco complicado de explicar isso agora.

   Apesar de tudo, muitos alunos saíram revoltados daquela reunião. Em momento algum, a Diretora ou qualquer outro membro do corpo docente, sequer mencionaram sobre os desaparecimentos, era como se ignorassem tudo aquilo. Mas por que será?

   Logo após o término da reunião, Alex saiu sem nem olhar para a cara de ninguém, era como se estivesse fugindo. Preocupado, Pedro decidiu segui-lo.

- Aonde você vai? – Questionou Mari segurando o braço direito de Pedro.

- Olha, maninha, eu preciso ir atrás do Alex, tá? Depois a gente se fala, pode ser?

- Eu vou junto então.

- É melhor não, Mari. É um assunto meu e do Alex.

- Então você sabe por que ele tá daquele jeito?

- Tenho uma suspeita, mas, por favor, fica fora disso, tá?

   Pedro deixa Mariana e sai atrás de seu amigo. Mari decide seguir Pedro sem que o mesmo a notasse, pois também estava preocupada.

 

...

 

   Pedro seguiu Alex até a sala do Clube de Estudos Sobrenaturais. Ao entrar, Pedro se deparou com Alex sentado na mesa do clube, com a cabeça abaixada sobre a mesma.

- Alex...?

   De repente, Mari entrou na sala também, ao mesmo tempo em que Dragblacker surgiu para avançar em Alex.

- Não! – Mari se assusta com a aparição do dragão.

   Naquele momento, tanto Pedro quanto Mari correram até Alex e o abraçaram com medo. Após isso, a sala ficou em silêncio... Dragblacker havia desaparecido.

- Alecão, o que aconteceu, maninho? – Questionava Pedro para seu amigo.  

   Ao perceber que Alex permanecia em silêncio com a cabeça baixa, Pedro o sacudiu pelo braço.

- Ei, Alex!

- Me deixa sozinho. – Respondeu Alex.

- Mas o teu dragão apareceu pra te atacar! – Advertiu Pedro.

- Eu não ligo. – Alex se debruçou sobre a mesa, escondendo seu rosto nos braços.

- Como é que tu pode falar isso?! Vocês não tinham um contrato ou sei lá o quê? Aquele dragão vai te devorar se tu não matar mais monstros!

- Espera aí, Pedro. Que história é essa? Eu não tô entendendo nada! – Mari estava totalmente confusa diante de tudo aquilo.

   Alex então se levanta, ainda com a cabeça baixa.

- O Tony tá morto.

- Quê? – Pedro fica pasmo.

- Ele morreu bem na minha frente. – Continuou Alex, ainda sem olhar para a cara de ninguém e em um tom baixo. – Pedro... – Alex olha para seu amigo. – Eu não quero mais lutar. Eu não quero mais me transformar.

   Alex sai correndo da sala, seus amigos gritam por ele, mas de nada adianta, já era inútil alcançá-lo. Mari então se vira para Pedro e este percebe que teria de explicar para ela toda a situação.   

 

...

 

   No jornal do colégio, o clima era de luto. Aleksander, ou Aleks como era chamado, editor-chefe do jornal, havia se tornado mais um dos desaparecidos, não apenas ele como também Larissa, a segunda no comando do jornal, e o jovem Danilo. Os demais membros estavam sem um norte, desamparados eles já não sabiam mais se continuavam com seu trabalho ou não.

- Vamos admitir, Camila... O jornal já era sem o Aleks e a Larissa. – Dizia Matheus, sentado em uma das cadeiras da sala. – E pra piorar, a Ilana e o Guilherme pularam fora.

- Ilana quer se candidatar para o Grêmio Estudantil esse ano e o Guilherme... Bem, a namorada dele desapareceu, o coitado não tá nada bem. – Falou Camila, sentada na mesa de Aleks, olhando para seu notebook. – Kamen Rider... – Camila leu o nome em silêncio para si, aquela história ainda a intrigava muito.

   De repente, alguém abre a porta da sala do jornal com tudo. Camila e Matheus olham para a porta e logo reconhecem de quem se tratava.

- Kathlyn?! – Exclamou Camila.

   Kathlyn era uma segundanista baixinha, um pouco gordinha, com cabelos castanhos amarrados em um rabo de cavalo e com algumas sardas em seu rosto, além de utilizar óculos de grau e ter uma cara de choro.

- Eu vim aqui pra me juntar ao jornal.

- Amiga, tem certeza disso? – Questionou Matheus.

   Kathlyn andou até a mesa de Camila e colocou suas mãos sobre a mesma. Ao encarar Kathlyn, Camila percebeu que a mesma estava chorando.

- Eu quero desvendar tudo isso... Eu quero descobrir quem é esse vigilante e expor a identidade dele pra todo mundo. E então... – Kathlyn já não segurava mais suas lágrimas. – Vou fazer ele trazer a Karina de volta pra mim!

   Camila percebeu que Kathlyn estava realmente decidida, seu tom de voz e lágrimas deixavam isso bem claro. Kathlyn estava destruída por dentro, Karina, além ter sido membro do Grêmio Estudantil atual e terceiranista, era a namorada de Kathlyn, o único pilar que a garota tinha em sua vida conturbada cheia de problemas familiares e seções de terapia.

- Nós vamos continuar o que Aleks, Brenda e Samira começaram. – Determinou Camila.

- Então a gente tem um vigilante de armadura pra pegar. – Disse Matheus ao se levantar da cadeira e se aproximar de suas amigas.

- Isso mesmo. – Confirmou Camila. – Mas pra começar, só uma coisa... Não é vigilante de armadura. – Kathlyn e Matheus se entreolharam. – É Kamen Rider.

 

...

 

   Depois das aulas, Alex ficou vagando pelo campus do colégio sem rumo nenhum. O garoto ainda se encontrava bastante abalado com a morte de Tony, além de descobrir que muitas pessoas desapareceram durante a semana que ele ficou sem frequentar o colégio, afinal, com Tony morto e ele ausente, não tinha ficado ninguém para combater os Mirror Monsters.

   Alex, então, começa a ouvir o som dos portais do Mundo dos Espelhos em sua cabeça novamente. Alex tentou correr, mas o som o perseguia aonde quer que ele fosse.

- Você é o Ryuga?

   Alex ouve uma voz misteriosa, ao se virar ele vê a figura de um homem asiático usando um sobretudo e que estava dentro do reflexo de uma porta de vidro transparente próxima do refeitório. O homem logo desaparece e Alex se aproxima da porta de vidro, tentando encontrar o reflexo daquele homem mais uma vez.

   Alex começa a olhar ao redor e percebe o reflexo do homem em várias superfícies reflexivas que haviam por perto.

- Ouça... – Dizia o homem misterioso, cuja voz ecoava por todos os lados na cabeça de Alex, o fazendo se virar a cada frase. – Apenas um Rider poderá sobreviver no final. Lute e destrua os outros Riders.

   O misterioso homem então desaparece dos reflexos.

- Espera! – Alex tentou chamar por ele novamente, mas não obteve mais retorno.

   Depois que Alex foi deixado só pelo misterioso homem de sobretudo, ele avistou ao longe Camila, Kathlyn e Matheus. Kathlyn olhou para Alex, ficando surpresa por tê-lo visto depois de tanto tempo.

- Olha, gente, o Alex! – Exclamou a garota gordinha para seus amigos.

   Alex assentiu com a cabeça para os três, dando um meio sorriso contido. A nova e reduzida formação do jornal do colégio caminhou até o rapaz.

- Alex, quanto tempo. – Cumprimentou Matheus.

- Oi, gente. Como vão?

- Eu já tava achando que você também tinha desaparecido. – Disse Camila. – Bem, todo mundo tava, até que um dos professores disse que você tava de atestado.

- O que estão fazendo?

- Nós vamos desvendar o mistério dos monstros e do Kamen Rider. – Explicou Camila.

- Kamen Rider?

- É assim que se chama o nosso vigilante de armadura.

- É? – Alex ficou confuso com aquilo.

- Sim, e a Kathlyn vai nos ajudar também.

- Kathlyn faz parte do jornal agora? – Perguntou o jovem.

- Isso mesmo, quero descobrir toda a verdade. – Disse Kathlyn.

   Alex ficou quieto por um instante, aos poucos sua face era tomada por uma expressão de preocupação.

- Olha, gente... Eu acho que vocês não deviam se envolver mais com isso.

- Por que não? – Questiona Camila.

- É que... as pessoas ficarem desaparecendo assim... isso não é normal. É perigoso! Não... é sinistro! – Advertia Alex. – Pensa só, galera...

- Não devíamos nos envolver com isso? – Kathlyn encara Alex intimidando o rapaz. – É sério isso, Alex?!

- A gente tá fazendo isso pelos nossos colegas que se foram.  – Disse Camila em um tom bastante sério.

- A Karina se foi, Alex... – Kathlyn começava a lacrimejar.

- Que? – O garoto ficou incrédulo.

- Antes de ela desaparecer... Ela disse que sentia a sua falta, que você era uma das pessoas com quem ela mais gostava de conversar. – Kathlyn tentava engolir o choro, mas quanto mais lutava contra mais difícil ficava de conter.

- Não só a Karina. – Falou Camila. – O Danilo, o Aleks, a Larissa... Muita gente se foi desde que tudo isso começou.

- Até o Danilo?! – Os olhos de Alex começavam a se encher de água.

- Você sente também, não é? – Prosseguia Camila. – Cada desaparecimento causa um impacto diferente em cada um nós e deixa um vazio...

- Eu não te entendo, Alex... – Alex olhou para Kathlyn que começou a falar novamente enquanto ainda podia conter seu choro. – Você sempre foi um cara que queria ajudar todo mundo, foi uma das poucas pessoas com quem eu e Karina desenvolvemos uma empatia, você sabe como era difícil ela se abrir com outras pessoas, mas com você foi diferente, porque você era alguém diferente... mas quando fica perigoso você simplesmente quer fugir? Onde é que tá o Alex que não deixou a Camila desistir do jornal e do teatro quando ela pensava em fazer isso? Onde tá o Alex que foi receptivo e paciente comigo mesmo que eu não fosse alguém fácil de lidar? Onde tá o Alex que incentivou e apoiou o Danilo enquanto a maioria o julgou como um vagabundo e sem futuro?

   Um certo silêncio permeou entre os quatro, até que Kathlyn novamente engoliu o choro e olhou fundo nos olhos de Alex, em um misto de raiva e tristeza.

- Eu não sei mais quem você é, mas não é o Alex de quem todo mundo em Smart Brain gostava.

   Kathlyn desistiu de segurar o choro e saiu correndo, com Matheus indo atrás dela.

- Não é atoa que ela ficou assim. – Dizia Camila. – A única coisa que ela admirava em você era a sua determinação em querer ajudar todo mundo, mesmo que nem sempre conseguisse.

   Camila saiu logo após seu comentário. Alex ficou apenas ali, estático. O jovem se sentia arrasado, ele não fazia ideia de quanta consideração seus colegas tinham por ele e o quão significativo ele havia sido em suas vidas. Ele queria trazer Karina, Danilo e os demais de volta, mas sabia que a essa altura todos já estavam mortos, mas ele não tinha coragem de revelar isso aos seus amigos, aquilo o destruía por dentro.

 

...

 

   Mari e Pedro estavam muito aflitos, eles não conseguiam encontrar Alex, mas o rapaz ainda vagava sem rumo pelo campus com a cabeça baixa, enquanto refletia e pensava sobre todos que se foram.

   De repente, Alex foi abordado por Dai, uma das “tias da limpeza” de Smart Brain, que ficou muito feliz em ver o rapaz. Os dois se sentaram em um degrau do pátio e Dai começou a atualizar o jovem.

- Entendi, então a Adri pediu demissão.

- Sim. – Confirmou Dai. – Ela não queria se arriscar demais por causa da filha.

- Mas e você, Dai?

- Eu tenho dois filhos pra criar e arrumar emprego não tá fácil ultimamente, por isso vou ter que continuar aqui, mesmo sendo perigoso. E eu também não iria conseguir ficar longe das minhas crias.

   Alex sorriu para Dai e a mesma lhe devolveu com uma pequena gargalhada.

- Por falar nisso, onde estão eles? – Perguntou Alex.

- Eles quem?

- O seu trio de crias favorito...  Arthur, Raíssa e Heloísa.

   De repente, a expressão de Dai se fechou e seu tom de voz ficou levemente triste.

- Rai e Helô também desapareceram.

- Ah, não. – Alex fica chocado. – E o Arthur?!

- Elas eram as únicas que falavam com ele... depois do sumiço delas, ele ficou isolado e sem ninguém para dividir o tempo com ele. Obviamente que eu falava com ele às vezes, mas não era a mesma coisa. Então, um dia, ele só parou de vir.

   Após tudo o que havia testemunhado e escutado até o momento, Alex percebeu que ele tinha uma escolha a fazer, um chamado a atender que estava em seu bolso na forma de um deck de cartas.

 

...

 

   Depois que Alex havia deixado a sala do clube de estudos sobrenaturais, Pedro contou tudo para Mari, ele contou sobre os monstros dos espelhos, as cartas e sobre Tony e quem ele era. Os dois, então, se puseram a procurar por Alex.

   Mari estava muito aflita, queria encontrar seu irmão de consideração a todo o custo e fazê-lo desistir do contrato com Dragblacker, a garota havia achado aquilo loucura demais e não suportaria perder ninguém que fosse próximo.

   Só que Mari mal sabia que estava sendo visada. Através do Mundo dos Espelhos, um monstro com o aspecto de uma gazela humanoide se esgueirava pelos reflexos das janelas das salas de aula de onde Mari se encontrava próxima enquanto procurava por Alex.

  A garota de óculos começou a sentir um calafrio, ela estava com a sensação de que alguém a observava e de fato estavam. Ao se virar para uma das janelas, Mari notou uma espécie de ondulação no vidro, ela achou aquilo estranho e decidiu se afastar lentamente, mas ao fazer isso, a criatura que a perseguia pulou para fora do reflexo com o braço esticado pronto para agarrar a segundanista... Um grito feminino ecoou por toda aquela parte do campus...

 

つづく

8 Comentários

  1. Grande Alex!

    Parabéns pelo retorno dessa incrível história !

    Um capítulo tenso,denso, com o clima de suspense chegando ao ápice.

    A dor de Alex pela morte brutal de Tonny,foi lindamente descrita.
    Era como se estivéssemos sentindo com ele todo o seu abatimento.

    Nesse interim, novos desaparecimentos ocorrem no Smart Brain e obrigam a Alex tomar uma decisão...

    Decisão está que se precipitará com o desaparecimento de Mari,uma das grande amigas de Alex .

    Ryuga, terá que voltar à batalha...

    Coragem,Alex!
    Lute Kamen Rider Ryuga!



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    1. Agradeço sua leitura e comentário, amigo. Fico feliz que tenha gostado, não esperava de verdade que fosse, afinal esse capítulo foi só diálogo praticamente, mas eu percebi que haverão certos capítulos que terão de ser assim mesmo. Valeu, Jirayrider! Tamo junto.

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  2. Alex...

    Quero destacar o clímax aterrorizante do final em que Mari aflita percebe a gazela pelas janelas... O detalhe da cena com a criatura a capturando... o grito ecoando e o desaparecimento. Terrível mesmo! Sinistro.

    Estou pasmo com sua forma de escrita! Você é MUITO bom, cara! Sem palavras.

    Alex está pressionado com tudo que está acontecendo na Smart Brain. É tenso perceber a aflição dele. Coitado.... Encarar a morte de Tommy. Nossa...

    Rapaz... Eu parabenizo mesmo e muito!

    Aplaudo de pé.

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  3. Mas aí que está, Alex. Veja que meu comentário não menciona nenhuma ação fulminante. Não. Pois, de fato, não teve. Mas, uma fic não depende da ação para ser boa. Seu texto trouxe suspense e aflição nas palavras escritas. Parecia que a gente estava vendo a cena numa TV.

    Na boa, para mim, você tem um dos melhores textos aqui no Mind. Te aconselho ler obras do Norberto, Jeremias e Lanthys com urgência. Leia, comente e interaja. Você vai se identificar e melhorar ainda mais. Acho que você tem um estilo que tangencia aspectos dos três, em especial, do Lanthys.

    No mais, MUITOS PARABÉNS!

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  4. Parabéns pelo trabalho meu amigo, realmente estás levando a situação dos riders daquela época em um caminho bem interessante e bom em se acompanhar! O quesito suspense está bem trabalhado e tudo vai nos instigando à continuar a leitura, parabéns!

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    1. Muito obrigado, Lanthys! Fico muito grato com sua leitura, comentário e também por saber que eu consegui fazer um capítulo minimamente interessante mesmo quem sem nenhuma ação.

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  5. Muito bom como você cria e desenvolve o clima da escola, em muitos momentos eu até consigo ignorar os nomes americanos numa escola brasileira.
    Você também desenvolveu bem o quanto a morte afetou o protagonista, o que ajudou sobremaneira a humaniza-lo.
    E o gancho final ficou perfeito.
    Parabéns!

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  6. Obrigado por ler e comentar.
    Eu realmente tava inseguro se iriam curtir o protagonista ou não, porque geralmente esse é um dos maiores desafios em uma estória, na maioria das vezes nos interessamos mais pelos outros personagens da obra.
    Quanto aos nomes, acredita se eu te disser que conheci/conheço pessoas com esses nomes? Como tenho dificuldade em bolar nomes e queria fugir um pouco dos nomes tradicionais do Brasil, resolvi me aproveitar dos nomes mais "exóticos" que conheci ao longo da vida (risos).

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