08 – Em busca de respostas.
Sede dos Defensores do Planeta Terra.
Ao fim da reunião, as duas equipes se
dispersam em grupos menores.
Tão logo decido que Mai, Jun
e Hikaru ficariam responsáveis pela investigação sobre o paradeiro dos
pais do motoqueiro misterioso, cujas evidências indicavam que, provavelmente,
ele seria irmão de um dos Flashman restantes (Jin ou Go), as três
deixam a reunião e começam a traçar estratégias de como proceder dali para a
frente, enquanto Sayaka e os rapazes seguem para outros recintos.
Oozora e Ryuuta, os dois guerreiros
azuis, fortalecem a amizade iniciada no restaurante à beira-mar de propriedade
do primeiro. Chegam a discutir uma parceria de negócios: Ryuuta recomendaria o
restaurante aos turistas que viessem praticar mergulho com ele (com bons
descontos nos valores das refeições), e Oozora disponibilizaria no local
panfletos das aulas de mergulho de Ryuuta.
Lembrando-se do seu restaurante, por
sinal, Oozora liga para o seu empregado, querendo saber como estavam as coisas
e informando-lhe que ele se ausentaria por um tempo razoável, devido à nova
missão como Defensor.
Hayate, Shingo, Tsurugi e
Shirou jogavam sinuca na sala de jogos para se distraírem um pouco.
Sayaka, por sua vez, se dirige à sua
sala de pesquisas, dando mostras da grande cientista que ela se tornaria num
futuro distante. Depois do caos causado pelo último ataque de Neo Mess, ela queria
encontrar alguma profilaxia contra a “infecção zumbi” causada pelos Zumbi-Zollos,
de modo a diminuir a mortalidade entre a população civil em ataques futuros.
Os Changeman já estavam acostumados.
Sabiam da afinidade de Sayaka com a ciência.
Voltando às três guerreiras, naquele
instante a troca de ideias serviu para que Mai conhecesse melhor as duas
guerreiras do Esquadrão Super Elétron Bioman.
Um melhor entrosamento entre as
equipes era mais do que bem-vindo...
Era fundamental!
Acostumada com Sayaka, que sempre foi
“certinha” e profissional ao extremo, Mai logo notou as diferenças de personalidades...
Jun era, em muitos aspectos, parecida com ela: uma
mulher decidida e forte, porém mais feminina que Mai, que sempre foi conhecida
por seu jeitão invocado e “cabeça quente”.
Por sua vez, Hikaru era uma
mulher delicada nos gestos e na maneira de lidar...
Aquela doçura toda chegava a lhe
irritar às vezes, embora ela se esforçasse para não demonstrar essa
contrariedade inicial...
Mai chegava a se admirar como uma
pessoa tão dócil como Hikaru tivesse aptidão para combater...
Não era à toa que a guerreira rosada
dos Bioman era tão fraca em combate.
No entanto, por outro lado, Mai internamente
também ponderou que, mesmo com as visíveis limitações, Hikaru era muito
corajosa...
Ter a humildade de assumir suas
limitações e, ao mesmo tempo, não desistir de defender a Terra, não era para
qualquer um.
Ao se lembrar do pedido de Hikaru, Mai
decide:
“Vou ajudá-la!”
xxxxxxxxx
No dia seguinte, Hikaru entra em
contato por telefone com um velho conhecido: Sanjuurou Sugata, um renomado
artista marcial e mentor dos Maskman.
Todas as importantes descobertas dos
últimos dias são repassadas a Sugata, em especial a questão do misterioso
motoqueiro e seu provável parentesco com um dos Flashman.
Ao saber das descobertas, Sugata
apenas diz:
-Então é isso...
-Foi essa a razão dele ter me pedido o
contato do Doutor Tokimura...
-Ryu Asuka... (*01)
Hikaru confirma:
-Ele mesmo...
-O Ryu foi um antigo discípulo do
senhor, não foi?
-Por isso estou entrando em contato...
Sugata permanece em silêncio por
alguns instantes, antes de prosseguir ao telefone:
-Quando treinei o Ryu anos atrás, eu
lhe havia perguntado... a razão dele querer tanto se tornar mais forte...
-E ele disse que tinha perdido um
irmão quando criança...
-À época, pensei que o irmão dele
havia morrido...
-Jamais imaginaria que fosse isso...
Em seguida, ele pede para Hikaru
anotar o endereço dos pais do tal e malfadado motoqueiro misterioso que, àquela
altura, já não era mais mistério para ninguém...
Findo o telefonema, enquanto Hikaru
comunica a informação para seus colegas, Sugata fica pensativo,
chamando a atenção de sua assistente, a Doutora Higashi.
-Mestre Sugata... O que houve?
Ele então lhe relata a sua última
descoberta.
Pondo as mãos sobre a boca, a Dra.
Higashi se espanta:
-Não pode ser!!!
-Então... o irmão do Ryu está...?
-Meu Deus!!!
Sugata anda de um lado para o outro, demonstrando
uma tensão incomum...
Lembranças dolorosas de um passado
distante repentinamente lhe permeiam a mente...
Ele se esforça para se livrar daqueles
pensamentos, mudando seu semblante de pensativo para triste...
O que não passou despercebido por sua
assistente que, confusa, lhe pergunta:
-O que houve, Mestre?
-Seu semblante mudou...
Desconversando, ele diz:
-Nada não, Higashi...
-Só algo que me passou pela cabeça...
-Mas, isso não importa...
-Temos o Império Tube e Zeba para
vencer...
Conhecendo-o bem, a Doutora Higashi decidiu
nada mais perguntar...
xxxxxxxxx
No dia seguinte...
Arredores da cidade de Kyoto...
As três guerreiras se deparam diante
de uma residência simples, identificada por uma placa com o sobrenome “Asuka”
na frente.
No caminho até aquela residência,
várias questões surgiram...
A principal delas era como abordar
aquele casal de uma maneira que, ao mesmo tempo, fosse sutil e precisa?
Era fato que o casal não se lembrava
de ter outro filho além de Ryu...
Tanto Mai quanto Jun, por serem mais
impetuosas e incisivas, não eram as pessoas mais indicadas para iniciar a
abordagem preliminar.
Mesmo assim, a presença delas era
fundamental ali, pois ambas tinham em comum o fato de que suas parentelas mais
próximas (no caso de Mai, sua prima Lú, e de Jun, seu irmão Dan Norio) haviam
sido sequestradas por Caçadores Espaciais há mais de vinte anos atrás,
em condições semelhantes ao que provavelmente ocorrera com o irmão de Ryu
Asuka...
Então, uma vez estabelecido o contato
inicial com os outros familiares dos Flashman, Mai e Jun tinham mais chances de
conseguir a empatia deles.
Portanto, num primeiro momento,
caberia a Hikaru Katsuragi, a Pink Five, realizar
essa abordagem preliminar.
Devido à sua natureza mais
diplomática, ela era a pessoa mais indicada para essa parte da missão.
Tendo a confiança plena de Jun, sua
companheira de equipe e grande amiga, não restou outra alternativa a Mai senão
aceitar a ideia.
Mai internamente considerava que ser
uma pessoa doce e afável tinha lá as suas vantagens...
Se ela seria uma espécie de mestra de
lutas para Hikaru, por outro lado, naquele instante, seus papéis se inverteram...
Agora, a aprendiz era ela...
“Que ironia...!” – pensou.
Tão logo apertou a campainha, alguns
minutos depois, uma senhora as atende, a princípio desconfiada de ver pessoas
desconhecidas à sua porta, bem característico das senhoras japonesas de meia
idade, embora sempre mantendo a postura educada e formal:
-Pois não, garotas...?
-Em que posso ajudá-las?
Hikaru olha para as duas colegas como
quem pedisse autorização para prosseguir...
Obtendo de ambas com o olhar de
aprovação, ela inicia a conversa:
-Boa tarde, Senhora Asuka...
-Eu me chamo Hikaru Katsuragi, e estou
acompanhada das minhas amigas Mai Tsubasa e Jun Yabuki... – ela as apresenta, para em
seguida retomar a fala, explicando o motivo que as traziam ali.
Hikaru considerou prudente esclarecer
que estava a mando de Sugata, o que facilitaria as coisas, como de fato
ocorreu...
-Estamos aqui representando o senhor Sanjuurou
Sugata...
-A senhora o conhece?
A Sra. Asuka demonstra reconhecer o
nome e responde, demonstrando alívio e, ao mesmo tempo, um certo
desapontamento:
-Ah... sim!
-O antigo mestre do meu filho rebelde...
Após uma pausa e um suspiro de desalento,
ela prossegue...
-Se é por parte do Mestre Sugata, eu
fico mais aliviada...
-Embora, vez ou outra, quem vinha aqui
era a Doutora Higashi...
Hikaru responde:
-A Doutora Higashi está envolvida num
projeto importante...
-Viemos em seu lugar...
Abaixando a cabeça, a Sra. Asuka
parecia demonstrar uma certa frustração misturada com um conformismo
resignado...
-Eu entendo...
-É o Projeto Maskman, não é...?
-O projeto que meu filho abandonou...
Ante a surpresa que aquela fala lhes
causou (pois não esperavam que aquela senhora estaria ciente do Projeto
Maskman), as três guerreiras se entreolham, enquanto a Sra. Asuka
finalmente se apresenta:
-Deixem-me então me apresentar...
-Eu me chamo Ohana...
-Ohana Asuka...
-É melhor entrarmos e conversarmos um
pouco, não acham?
Hikaru, mais segura com aquela
recepção cordial, resolve prosseguir:
-Se não for incômodo para a senhora,
gostaríamos muito de conversar a respeito do seu filho, Ryu...
Receptiva, a senhora Ohana, responde:
-Não é incômodo nenhum...
-Por favor, entrem...
As três tiram os sapatos, uma prática
comum no Japão ao adentrar na casa de uma pessoa, e seguem a anfitriã.
Na sala de estar, a senhora Ohana
indica o sofá para elas se sentassem.
O interior da casa era muito simples,
porém acolhedor...
A senhora Ohana em seguida diz:
-Peço que me aguardem aqui, enquanto preparo
um chá e alguns lanches...
Enquanto Jun e Mai permaneciam
caladas, Hikaru recusa a oferta de início:
-Não precisa se incomodar, senhora...
-Não queremos dar trabalho e...
A senhora Ohana interrompe a recusa
inicial com uma sutil, porém firme, reprimenda:
-Não soa de bom tom recusar uma oferta
quando recepcionadas numa casa de família, minhas jovens...
-Os anfitriões se sentem honrados e
valorizados quando os visitantes aceitam a sua hospitalidade...
Hikaru, percebendo sua não-intencional
grosseria, e não querendo passar uma má primeira impressão à senhora Ohana,
tenta se desculpar, seguida por Jun e Mai.
Jun, em especial, se lembra que sua
mãe também era assim, embora ainda mais severa...
Intuitivamente sabia que essa
formalidade fazia parte dos valores da geração anterior.
E que isso deveria ser respeitado...
Mai, por sua vez, o fez mais por
educação do que por convicção...
Sendo membra de um clã ninja
tradicional, toda essa formalidade lhe foi cobrada durante boa parte de sua
infância.
Por mais orgulho que tivesse do legado
dos Tsubasa, ainda assim essa rigidez de costumes e regras a aborreciam.
Não por acaso, ela se afastou por
muitos anos de seu passado, tendo somente revisitado o dôjo de sua família há
pouco tempo. (*02)
Prosseguindo a conversa, a senhora Ohana
emenda:
-Essa juventude de hoje...
-Sempre com pressa e impaciente...
-Se vocês querem conversar a respeito
do meu filho, nada mais justo que eu as recepcione de maneira adequada...
-Peço licença...
-Fiquem à vontade.
A senhora Ohana se retira.
As três se entreolham um pouco
constrangidas, permanecendo alguns segundos em silêncio, até que Mai dá um
suspiro de enfado e cochicha:
-Aff!! Todas essas regras sociais...
-Que tédio!!
-Quanto mais eu fujo, mais elas me
perseguem...
-Eu nem sei o que estou fazendo aqui...
-Seria melhor a Sayaka no meu lugar...
-Esse ambiente combina mais com ela...
toda certinha...
Hikaru e Jun riem de modo discreto.
Jun pondera:
-Não se estressa, Mai...
-Você é fundamental aqui...
-Temos um drama familiar que nos une a
essa senhora...
-Mesmo que ela não saiba disso ainda...
Hikaru fixa o olhar em Mai e lhe faz
outra ponderação importante:
-Mai, eu sei que deve ser difícil trabalhar
conosco...
-Afinal, nos conhecemos somente há
poucos dias e nosso jeito é diferente do seu...
-Mas, isso não deve ser um motivo de
vergonha...
-Você é o que é...
-E cada uma de nós, a seu modo,
aprende com você...
-Saiba disso!
-Já pensou que, em muitos aspectos,
você é o que gostaríamos de ser, mas que, por questões de ordens pessoais,
emocionais ou de ambiente familiar, jamais conseguiríamos ser...
Jun concorda com a amiga:
-Hikaru está certa, Mai...
-Eu e ela também tivemos nossos
atritos, mas nossa amizade falou mais alto e eu não me imaginaria vencendo
nossos inimigos no passado sem a ajuda dela...
-Sayaka deve pensar o mesmo em relação
a você...
Mai faz uma cara de desentendida,
pressionando o dedo indicador sobre a bochecha, como que em reflexão:
-Será...?
-Bem...
-Nunca pensei por esse ângulo...
-Mas...
Mai se lembra do episódio em que ela
teve uma discussão séria com Sayaka por ocasião da ação do Monstro Espacial Mirah
(*03), que tinha o poder de assumir a aparência de qualquer pessoa e
transmutar a pessoa original para o mundo dos espelhos.
Foi naquela ocasião, de crise entre
elas, que ambas acabaram desenvolvendo uma de suas mais poderosas técnicas
conjuntas, chamada de Change Mermaid / Change Phoênix Super Looping, onde
elas tomavam distância, corriam em direção à outra, saltavam de forma que seus
pés se encontrassem na junção perfeita e, nesse momento, usassem o impulso para
dar uma voadora de costas, formando nesse salto um arco de energia (daí o nome
da técnica), enquanto disparavam suas Change Fogo de modo simultâneo.
-Acho que vocês estão certas...
-Eu sou importante para a Sayaka,
assim como ela é para mim...
-Claro que estamos certas! – sorri Hikaru.
Mai, encabulada, dá um sorriso amarelo
e confessa:
-Sabem... Eu sempre fui meio
arredia... meio “casca grossa”...
-Não sou de ficar elogiando...
-Rasgando seda...
-Confesso que, quando as conheci,
fiquei temerosa de como me relacionar com vocês...
-Não vou negar... tinha as minhas
reservas...
-Eu sou assim... um bicho do mato...
-Mesmo com meus colegas de ofício
demorei para me entrosar, quando entrei para os Defensores...
-Mas, eu estava enganada...
-Estou vendo que vocês são pessoas
legais e, certamente, farão com que eu aprenda muito...
Fazendo uma pausa e, tentando manter a
pose e a fama de durona, ela diz:
-Mas chega de sentimentalismo barato!
-Essa não sou eu...
-Vocês me entenderam, né?
Agora era Jun que tornava aquele
desfecho de conversa mais descontraído, respondendo enquanto piscava para
Hikaru, que sorria:
-Claro que sim, senhora “duranga kid”!
Mai não resiste e também sorri.
-Hahahahahá... Suas bobas!
Nesse instante, a senhora Ohana chega
à sala trazendo um bule de chá fumegante, cujo aroma era suavemente adocicado, numa
bandeja de alumínio, que também continha uma quantidade generosa de biscoitos caseiros,
que imediatamente abriram o apetite das guerreiras.
-Vejo que estão à vontade...
-Isso é bom...!
-É assim que gosto de ver minhas
visitas...
A senhora Ohana, nesse instante, serve
às suas visitas um saboroso e reconfortante chá de maçã com anis, além dos
biscoitos caseiros.
Elas sorriem para a senhora Ohana em
forma de agradecimento.
Aquele gesto gentil e amistoso deixou
as guerreiras mais confortáveis em relação ao ambiente. No entanto, ao mesmo
tempo, ficou mais difícil iniciar um assunto tão delicado...
Afinal, ninguém queria quebrar aquela
agradável atmosfera trazendo à tona uma questão que podia trazer lembranças
dolorosas à senhora Ohana.
Já devidamente alimentadas, coube a
Hikaru a primeira tentativa de iniciar aquela espécie de prospecção de dados...
Como participante de etapas
importantes do Projeto Maskman, Hikaru tinha propriedade para
falar sobre o pilar básico desse projeto, que era o recrutamento de jovens a serem
treinados para adquirir um poder diferente...
Um poder vindo da própria pessoa...
O Poder Aura, uma crença viva
do Mestre Sugata, que consistia na busca pela expansão máxima dos
limites do corpo que, em resposta, emularia um poder supremo e infinito,
advindo do interior de cada pessoa através de uma série de fatores conjugados,
numa busca contínua pelo equilíbrio pleno entre corpo, mente e espírito.
Como Ryu Asuka havia feito
parte desse projeto e, posteriormente desistido, Hikaru pretendia iniciar a
conversa por este ponto.
Mas, o objetivo final era outro...
Tentar descobrir alguma pista, algum
indício que fosse sobre o irmão de Ryu, cujas memórias foram apagadas das
mentes dos pais do rapaz. Fato esse que era de conhecimento das três...
Não era uma tarefa fácil!
Provavelmente, nessa questão em
específico, elas poderiam sair lá frustradas...
Sem nada concreto...
Mas, não custava nada tentar...
O não já estava garantido...
Escolhendo as palavras com o máximo de
cuidado, Hikaru começa a abordagem:
-Bem... senhora Ohana...
-Como enviadas do Mestre Sugata,
estamos aqui para tentar trazer seu filho de volta para o Projeto Maskman...
-É de conhecimento de todos nós, que
acreditamos na existência do Poder Aura, que seu filho foi o que mais esteve
próximo de conseguir adquirir esse poder...
-Seria extremamente importante se ele
voltasse...
Nesse momento, elas percebem que o
semblante da senhora Ohana muda um pouco, demonstrando um certo desconforto...
Por mais que se esforçasse para se
mostrar gentil e atenciosa, o prolongado silêncio demonstrava que aquele fato
lhe causava sofrimentos...
Percebendo a mudança de atitude,
Hikaru tenta se desculpar:
-Se esse assunto lhe causa algum
problema, pedimos desculpas, senhora Oha...
Antes, porém, que Hikaru concluísse a
fala, a senhora Ohana a interrompe:
-Não é incômodo, não...
-Eu preciso falar...
-Se vocês estão aqui, e a pedido do
Mestre Sugata, que foi tão importante na vida do meu filho, acho que posso
confiar em vocês...
-Não posso continuar fugindo disso...
Suspirando, ela diz:
-Ryu... Ryu...!
-Onde foi que erramos?
-Eu e Shigeyoshi..., o pai de Ryu, o
apoiamos tanto nesse projeto...
-Uma nova chance...
-Uma nova perspectiva se abriu para
ele, e esse foi o único momento que vi meu filho acreditar em algo...
-Ter brilho nos olhos...
-Sentir paixão por algo...
-Vocês não podem imaginar o quanto
seria bom se ele pudesse... se reencontrar consigo mesmo e voltasse...
-Ah, Ryu...!
-Como eu gostaria que você fosse mais
forte...!
-Que não se auto-sabotasse dessa
forma...!
Nesse instante, a senhora Ohana se
senta numa poltrona à frente das três e começa a falar sobre seu filho...
Parecia que queria desabafar com
alguém algo represado há anos...
E desabafou de modo surpreendentemente
intenso...
Entre pausas e choros (às vezes
contidos, outras vezes mais intensos), a senhora Ohana Asuka, conforme ia
falando, ia deixando claro para as três guerreiras que Ryu, desde pequeno, fora
uma pessoa complexa, de autoestima muito baixa...
Retratado como calado, recluso, tímido
e distante, pelo que as três puderam entender, Ryu também era uma pessoa sem
amigos...
A senhora Ohana não conseguia
compreender a razão daquela tristeza visceral e tão intrinsecamente tóxica de
seu filho.
Segundo ela, tanto o pai (um renomado
professor de física) quanto ela, sempre deram o melhor deles para que seu único
filho fosse feliz...
“Único”, pelo menos, em suas
lembranças...
Nesse ponto, as três se olham significativamente,
como quem soubesse o que cada uma pensava a respeito daquilo...
Estava claro para Mai, Jun e Hikaru,
que as informações fornecidas pelo Doutor Tokimura, dias antes, eram a resposta
às perguntas daquela simpática senhora...
Mas, como explicar tudo o que
aconteceu a ela?
Esse era o grande desafio!
A senhora Ohana, ignorante do que se
passava nas cabeças das três guerreiras, prossegue a sua narrativa...
Segundo a senhora Ohana, o surgimento
do Mestre Sugata na vida do seu filho foi um momento raro de alegria...
Ela viu seu filho, sempre apagado,
pela primeira vez brilhar.
A dedicação sincera de Ryu e os
resultados obtidos finalmente o colocariam na trilha da aceitação, da
felicidade e, por que não, de uma razão para viver...
Até uma namorada ele arranjou...
Foi nesse instante, porém, que as
lágrimas da senhora Ohana se tornaram mais intensas...
Ao narrar a tragédia que se abateu
sobre o grande amor da vida do seu filho, encontrada friamente assassinada em
circunstâncias desconhecidas (nem Sugata, nem Ryu forneceram detalhes da morte
dela), e sua posterior desistência do projeto de sua vida, a senhora Ohana
encerra o relato dizendo que seu filho se tornou vazio por dentro, uma alma
triste e errante, que vive vagando sem destino, sem se importar com nada ou
ninguém, inclusive com eles... seus próprios pais...
Diante daquelas revelações, ficou claro
que elas não tinham como avançar naquela conversa...
Tocar no assunto chave seria desumano
e cruel.
Aquela mãe já sofria por demais com seu
filho rebelde e errante...
Falar que ela tinha outro filho, do qual
ela sequer sabia da existência, não seria sensato naquele momento...
Pelo menos da forma que elas
planejaram anteriormente.
Diferentemente das demais histórias,
inclusive as de Mai e Lú, e Jun e Dan, a história de um dos guerreiros dos
Flashman estava bem distante de um desfecho “feliz”, no sentido de descobrir
quem eram seus parentes...
As perspectivas atuais não eram nada
animadoras...
As três tentam consolar aquela senhora
que, aos poucos, vai se acalmando...
Não havia muito mais o que fazer
ali...
As três fazem menção de ir embora, agradecendo
pela recepção.
A senhora Ohana também as agradece
pelo fato delas a terem ouvido. Afinal, era uma mágoa sobre a qual ela há muito
queria desabafar.
Foi quando Jun, muito empática, e influenciada
por sua própria história pessoal, teve um insight e resolveu arriscar,
já do lado de fora da residência...
Em sua mente, pelo menos, a semente da
dúvida poderia ser plantada no coração daquela mulher, ainda que de forma
sutil...
Jun se vira para a Sra. Asuka e diz:
-Senhora Ohana, talvez a tristeza do
seu filho tenha origem lá atrás, na infância...
-Faça um esforço de memória...
-Tente se lembrar daquela época...
-Algo que ele tenha dito...
-Algo que... talvez naquele
instante..., tanto a senhora, quanto seu esposo não puderam compreender...
-Eu sei que o que estou dizendo não
ajuda muito..., mas sinto que, de repente, a senhora consiga se lembrar de algo...
-Por menor que seja...
-Pense nisso...!
-Se descobrir alguma coisa, a senhora
tem o nosso contato...
-Não deixe de nos comunicar...
-Nós queremos muito bem ao seu
filho...
-Até mais!
Hikaru e Mai repetem a mesma saudação,
se retirando do local.
Ao entrar em sua residência, a senhora
Ohana começa a pensar:
“Não sei por que, mas... a fala dessa
moça tocou em algo que não sei explicar o que é...”
“Será que, em algum momento, eu e meu
esposo falamos algo para o Ryu que o magoou, a ponto dele se tornar uma pessoa
amargurada...?”
“Será que o desacreditamos de algo que
ele tenha nos falado...?”
“Por que não me lembro de nada...?”
De noite, em conversa com seu marido
sobre a visita que tivera das três jovens e a fala da moça de amarelo, a
senhora Ohana, de repente, se lembra de algo...
Algo esquecido nas memórias do
tempo...
Por que não, irrelevante à época?
Seria uma absurda ideia fixa de seu
filho?
Quando chegaram nesse ponto da
conversa, os dois se olham espantados...
Fosse só uma ideia fixa, seria um
problema de fácil solução.
Porém, as lembranças da época evocavam
a algo que nunca aceitaram, e que foram confrontados inclusive por vizinhos e
imprensa...
Se o objetivo de Jun era plantar a
semente da dúvida na mente de Ohana, ela o fizera com louvor...
A dúvida germinara no coração daqueles
pais naquele instante...
-Será que o Ryu estava certo...?
-E nós duvidamos dele...?
Eles se perguntam ao mesmo tempo...
Notas:
(*01) Ryo Asuka, no original, ou Lyu Asuka, na
tradução brasileira, é o Mask X-1, que aparece no Episódio 39 de Maskman – “A
ação de Mask X-1”.
(*02) Conforme mostrado na obra “Changeman : Asas Rosadas”
,de autoria do Treinador Pokemon;
(*03) Assistir ao episódio 22 da série Esquadrão Relâmpago Changeman ,
intitulado “ A prisioneira do espelho”;
11 Comentários
Bingo!!! Como diria o Chapolin Colorado, suspeitei desde o princípio. Sabia desde o início que o motoqueiro é o Ryu Asuka/Mask x-1 e o velho conhecido do Doutor Tokimura é o Chefe Sugata. Vamos ver como as garotas vão resolver essa equação. Meio caminho já foi andado, pelo menos. E tipo, não tem como não imaginar que o chefe Sugata, em algum momento, não tentou ao menos restabelecer contato com o primeiro discípulo dele ou saber do paradeiro dele. E bem que o Mask x-1 poderia ter durado uns 2 ou 3 episódios, a propósito.
ResponderExcluirGrande Eduardo !
ExcluirAs dicas estavam bem na cara.
Um leitor mais atento como você, iria matar a charada, como você matou
Quanto a participação do Mask X-1 na série original, concordo plenamente contigo.
Um personagem com grande potencial, usado de modo muito vago.
Gratidão pelo comentário!
E também fico imaginando com os meus botões se por um acaso na primeira geração de discípulos o chefe Sugata teve algum outro discípulo além do Ryu. Ou se pelo menos cogitou trazer mais gente para o projeto Mask depois do Ryu.
Excluir"Ele pede para Hikaru anotar o endereço dos pais do tal e malfadado motoqueiro misterioso que, àquela altura, já não era mais mistério para ninguém..." Como diz o velho ditado: "Para um bom entendedor, meia palavra basta", e realmente, para quem já assistiu Maskman, a identidade do motoqueiro já não era mais tão misteriosa assim rsrsrs. Nesse capítulo foi apenas dado nome aos bois.
ResponderExcluir"Cujas evidências indicavam que, provavelmente, ele seria irmão de um dos Flashman restantes (Jin ou Go)..." E na mesma linha do raciocínio acima, este enigma também já não é difícil de responder. Basta reler o primeiro capítulo do spin-off e ligar os pontos rsrsrs.
O que não é tão simples, entretanto, é a situação familiar do Ryu Asuka. Os pais realmente não se lembram de nada da noite do rapto, e não parecem possuir nenhum objeto que os permita lembrar (como ocorreu com a pedra amarela no transformador da Sara, a foto da Lú, e a tiara do Dan). A única prova seriam as lembranças do próprio Ryu, e ele não está disposto a cooperar (como estavam a Mai e a Jun). Pressinto que, mais uma vez, Setsuko Tokimura (a "Flash-Mãe" rsrsrs) terá que entrar em ação. Porém, também pressinto que, mesmo com a ajuda dela, a cooperação do Ryu ainda será necessária para resolver esta questão. No final, mais uma tarefa será adicionada à longa lista dos heróis: encontrar e convencer Ryu Asuka a voltar à luta (embora, nesse ponto, eles contarão com a ajuda de Sugata e os Maskman).
Muito legal que Ryu/Mask X-1 terá mais participação na história. Ele era um personagem com muito potencial em Maskman, mas que acabou bastante sub-aproveitado. Grande trabalho, Jirayrider!
Grande Pokemon!
ExcluirComo o Eduardo disse, era de se suspeitar desde o princípio.
As dicas estavam cada vez mais óbvias e dos que, o motoqueiro rebelde é revelado : Ryu Asuka, o Mask X-1!
A ideia é, justamente, aproveitá-lo bem mais do que foi feito na série original.
Ryu Asuka tem potencial para ter uma grande participação.
Ele precisa mudar de atitude!
É muito egoísta!
Não pensa nem nós pais, bora os pais desacreditaram dele.
Mas, enfim...
Ele poderia agir diferente.
Quanto,a Setsuko, veremos nos próximos capítulos.
Creio que você acertou.
Vejamos os próximos acontecimentos!
Gratidão pelo comentário e parceria!
E é grande ironia do destino ver que a história de herói dele começou com uma tragédia pessoal e terminou em outra tragédia pessoal.
ResponderExcluirVerdade , Eduardo!
ExcluirA roda gira e os dramas se suceden.
Excelente, meu amigo.
ResponderExcluirO motoqueiro era de fato o Ryu Asuka/Mask x-1, enquanto o velho conhecido do Doutor Tokimura é o Chefe Sugata: duas grandes adições na trama.
Sugata será importante para ajudar a gente entender melhor Mask X-1: um personagem rico e que a TOEI também mal explicou. Eu creio que deva haver até mágoa entre os dois: SUGATA e RYU. Isso merece um melhor contexto e sei que você o fará!
Parabéns por mais um episódio de altíssimo nível.
Grande Artur!
ExcluirDe fato ,era o Ryu Asuka, o Mask X-1.
Acho que tava até fácil ...
Como observado ,outro personagem mal aproveitado pela Toei .
O Pokémon e eu temos muitos planos pra ele.
Falta dois capítulos pra acabar os spin-offs.
Em breve , a saga principal volta.
Gratidão, amigo!
Gosto muito de ver a paixão com a qual tu escreve essas sagas Jirayrider, os detalhes, a complexidade, as emoções, os tratamentos, o cuidado com os mínimos detalhes explicados de diversas formas para que todos possa entender e compreender... Como sempre digo, reunir tantas sagas com certeza não é algo fácil, nem que qualquer um poderia fazer por isso, te parabenizo pelo trabalho! Há coisas que eu iria comentar mas já foram comentadas bastante então não serei redundante mas, realmente conseguistes criar uma relação entre todos os personagens e todos os acontecimentos mais densos das sagas e é importante lembrar, que esses são apenas os passos intermediários, o que darão sustento para tudo que está por vir ainda! Meus parabéns cara e que a saga continue firme e forte, parabéns meu amigo! \0/
ResponderExcluirGrande Lanthys!
ExcluirQuando publiquei o primeiro capítulo de Crônicas de Amizade Estelar, você, fez um comentário impactante, desvendando quem era o motoqueiro misterioso, mostrando sua indignação com sua atitude egoísta.
Foi um comentário inesquecível e épico.
Pois bem!
Era ele: Ryu Asuka, o Mask X-1.
De fato,as dicas deixaram tudo mais fácil, mas você foi brilhante.
Com essa revelação que já não era tanta surpresa, a saga ganha novos rumos e...pra variar, novos dramas..
De quem será que Ryu é irmão?
Será do Jin ou do Go?
Faça a sua aposta!
Só posso te agradecer pelo apoio de sempre!
Realmente eu tratei essa história em parceria com o Pokemon com muito carinho e cuidado.
Ela é a base do Tokuverso.
Muitas das descobertas feitas aqui, repercutirão no futuro.
Gratidão !