Olá, pessoal. Quanto tempo, né? Tive que me reorganizar de novo... Agora estou fazendo sprints, para ver se as minhas obras ainda em andamento saem, se eu consigo trazê-las. Obrigado por lerem!
Vamos ao capítulo.
6. Quando a realidade bate à porta
Yuyu ficou observando aquela velocidade vertiginosa de ações quase simultâneas, Arisa se provou ser muito mais do que ela achava que fosse. Quando o terceiro antivírus desmantelou o programa nocivo e a análise de origem começou a ser realizado, a jovem Técnica leu o relatório e olhou para a líder de Aerial, com uma feição séria no rosto.
- Yuyu-san, você por acaso foi atendida por um técnico chamado Lars Hanietski?
A jovem líder se espantou.
- C-como você sabe disso?
- Já tive o desprazer de conhecê-lo. Está na assinatura do vírus.
- Foi na última vez que fui visitar Nanako, minha perna protética começou a mostrar problemas nas juntas, e segundo este homem, havia um problema no software embarcado. Ele passou um programa na minha perna que resolveu o problema... Mas começou a apresentar este outro depois de dois anos da visita... Por isso não consegui mais visitar a minha irmã. E o que ele fez pra você?
- Só tentou me matar, por, alegadamente, tentar roubar os clientes dele de New Pier. Mas ele já está preso. Vou ter que ligar para Nanako e pedir pra ela acrescentar isso ao processo que ele já está respondendo.
Yuyu ficou abismada. “Como este homem pode ser tão nojento? Como ele pode ter tamanho ego? Será mesmo coincidência que ela tinha sido mandada justo para Aerial?”, pensou a líder enquanto observava todos os resultados que a jovem Técnica tinha apresentado para ela.
- Mas fique tranquila. Este vírus, se não tivesse sido parado a tempo, ele teria custado a sua perna protética e você não conseguiria mais utilizar quaisquer outras próteses. Eu posso limpar o sistema embarcado dela, e fazer tudo funcionar como deve. Inclusive eu já vi a versão do sistema embarcado, está faltando várias atualizações de segurança, vou instalá-las e melhorar a coisa toda.
Yuyu não se furtou a sorrir. Agora ela tinha entendido todo o porquê de sua irmã ter assumido Arisa como uma irmã postiça. “Ela deve ter convivido com essa menina, e entendido o doce que ela é”.
Depois de duas horas atuando em sua perna, ela já estava melhor do que jamais esteve. Por prevenção, Arisa fez a mesma checagem no braço, e não encontrando nada do que tinha na perna, aproveitou para fazer a manutenção preventiva. A perna, inclusive, se mostrava mais leve e fácil de ser utilizada.
- Como você conseguiu todo esse conhecimento, Arisa-san? Como conseguiu resolver esse problema tão rapidamente? – Perguntou Yuyu maravilhada.
- Estudando muito. Amo a tecnologia, e eu não tenho feito outra coisa desde que cheguei nesse mundo, e tenho me forçado a não depender dos sistemas para guardar conhecimento.
No mundo em que estavam, havia um sistema que lhes permitia guardar todo o conhecimento e usar como consulta toda vez que fosse ser utilizado. Embora Arisa usasse o sistema, ela tinha se forçado a aprender e a guardar a informação em sua mente, não só no sistema.
- E eu aprendi muito resolvendo o seu problema, Yuyu-san. Me fez lembrar um pouco das aulas de anatomia do colégio, e o quanto eu ainda preciso estudar para fazer uma prótese dessas. É o trabalho de um gênio. – Arisa sorria feliz, contagiando Yuyu com o amor que ela tinha pela tecnologia.
Logo em seguida, Arisa fez um gesto de quem pedia licença, pegou seu celular e ligou para Nanako, explicando o que tinha acontecido. Deixou no viva-voz, para que as irmãs pudessem conversar, e Yuyu chorou por ter conseguido falar com a irmã, depois de ter seu problema resolvido – e também ter afastado a vergonha que tinha ficado em sua mente, por ter pensado uma vez apenas que poderia ter sido culpa de Nanako.
Yuyu pediu à Arisa que também fizesse manutenção em todos os robôs de seu escritório, que ela pagaria bem por isso. Arisa fez, aprendeu muito sobre seus funcionamentos e como a mensagem de voz era adaptada, fazendo com que ela se espantasse, afinal de contas não era uma mensagem de voz única, reposta apenas pelo nome da pessoa conforme a leitura do crachá: eram dotados de Inteligência Artificial.
Arisa ficou cerca de duas semanas em Aerial para concluir o pedido, e enquanto isso, ficou hospedada na casa de Yuyu. As duas conviveram muito, ficaram muito amigas. Claro que não no mesmo nível que Arisa tinha com Nanako, afinal de contas, as duas irmãs, apesar de gêmeas, eram infinitamente diferentes, tanto em personalidade quanto em ações e cargo conseguido com trabalho.
Em um dia, Arisa resolveu perguntar à líder que a abrigava o porquê a cidade aparentemente só contava com a presença das duas como seres humanos (ou mesmo seres orgânicos, não havia animais naquele lugar).
Yuyu explicou que ela havia chegado a Aerial em uma época muito atípica, pois todo ano, no mês em que estavam, toda a população ia para a cidade ao norte, Crecentia, para o Festival das Profissões.
Arisa ficou muito empolgada só com a menção de um festival onde os melhores estariam presentes.
- E é por isso que a cidade parece vazia, é a oportunidade de que todos têm para usufruir dos serviços dos melhores de Nova Star. E, como você bem percebeu, estamos sem um técnico residente. O resto é fácil de deduzir. E infelizmente não poderei levá-la até lá, não posso deixar a cidade sozinha.
- Não tem problemas, Yuyu-san. Eu posso ir sozinha. Mas, ao menos, quando um de seus funcionários voltar, você vai poder visitar Nanako. Ela sente muito a sua falta.
- Eu sei, e eu a dela. Graças a você, vou poder ir sozinha, sem depender de ninguém. – Yuyu deixou uma grossa lágrima cair, mas não era de tristeza, e sim, de felicidade.
Arisa e Yuyu conversaram por muito tempo, se conheceram bem e se despediram na manhã do dia seguinte, afinal de contas, não havia mais nada que a jovem Técnica precisasse fazer naquele lugar.
Arisa saiu de Aerial com um bom tanto de experiência a mais, um bom tanto de dinheiro a mais e mais uma amizade. Saiu, inclusive, empolgada pelo evento em encontrar tanta gente boa no que fazia em um só lugar. Andou lentamente pelas ruas da ilha suspensa e aproveitou para aproveitar a paisagem, as construções de linhas retas, porém bonitas, em um fundo acima das nuvens, deixando uma sensação de surrealismo não explicável com palavras.
Levou sua moto ao aeroporto e seguiu as regras da cidade, mesmo que agora fosse amiga da líder. Afinal de contas, regras são para todos, não é mesmo?
Ao chegar ao aeroporto, Arisa deparou-se com algumas pessoas voltando do evento, e espantando-se com uma garota saindo da cidade, elas simplesmente acenaram de longe. Quando a moto virou a aeronave, ficaram mais surpresos ainda, não tinha ninguém na cidade com aquela tecnologia, apesar de a cidade ser bastante tecnológica por si.
Arisa levantou voo e partiu em direção norte, a direção indicada por Yuyu. A líder de Aerial também sugeriu que, quando a Técnica chegasse a cerca de 5 Km perto do local, que ela pousasse e seguisse viagem por solo, para dar mais impacto. A jovem Hisami não entendeu de pronto, afinal de contas, o maior impacto seria mesmo vir voando, mas ela faria o que Yuyu sugeriu a ela.
O voo foi tranquilo, não foi do mesmo jeito que ela chegou a Aerial, afinal de contas havia perdido o charme da primeira vez, então ela foi voando em linha reta, e faltando cerca de 5 km, ela realmente pousou na estrada, que era estrada de terra, então o chamariz foi a poeira levantada, coisa que Arisa não se furtou a sorrir.
Todos os que aguardavam nos portais olhavam para cima, pois todos os mais badalados vinham dos céus, mas logo começaram a ver, no alto, um traço de poeira de estrada. Os mais curiosos olharam pra baixo, e viram Arisa chegar em sua moto. Alguns viraram os rostos e devolveram o olhar para cima, enquanto outros acharam aquilo muito interessante e se mantiveram olhando.
Era completamente fora de mão o que aquela menina estava fazendo. Ninguém sabia se ela estava querendo se exibir ou mesmo seu veículo não voava... Mas mesmo assim alguns continuaram acompanhando sua chegada.
Ela chegou ao estacionamento e finalmente ela conseguiu parar sua moto. Ao entrar no estádio, ela andou calmamente até um homem relativamente grande, negro, de cabelos negros também. Utilizava algo similar a um terno preto. Ele organizava as filas de entrada.
- Senhor, boa tarde. Onde eu posso comprar ingresso para entrar no evento? – Perguntou Arisa, acostumada com os eventos na Terra, principalmente no Brasil.
- Mas este evento aqui é gratuito para todos, menina. Seja para quem veio ser ajudado, seja para quem veio ajudar. Você veio ajudar ou ser ajudada? – Terminou o segurança perguntando ao final.
- Não sei, é a primeira vez que eu venho aqui. Recebi o convite para vir direto da líder de Aerial...
Entendendo o intento da pessoa que a convidou, o segurança já perguntou à Arisa no momento seguinte...
- Menina, me mostra a sua ficha de aventureira, por favor.
Arisa fez o que lhe foi pedido...
- Agora entendo o porque ela sugeriu que você viesse. Agora vou te perguntar, pequena... Você quer ajudar ou ser ajudada? – Perguntou o segurança.
- Eu quero aprender... Não faz muito tempo que eu me tornei Técnica...
- Faz sentido. Uma transportada... Há muito tempo que eu não vejo uma. E nunca vi uma tão jovem quanto você. Vamos ser educados. Eu sou Gregory, um dos segurança do evento. – E, olhando para a ficha de aventureira, complementou – Prazer em conhecê-la, Arisa. Se você quer tanto aprender mais, por que você não escolhe ser ajudada? Assim você pode procurar por alguém que esteja disposto a te ensinar?
- É mesmo... Obrigado, senhor Gregory, por ter me ajudado tanto. E como faço pra me registrar pra receber ajuda?
- Vá para aquele guichê – Disse o segurança apontando com um dos dedos de sua manzorra – E diga que quer participar recebendo ajuda. Siga as instruções e você será liberada a entrar no evento. Simples assim. – Gregory sorriu enquanto terminava a frase, o que deu bastante segurança para Arisa.
- Obrigado, senhor Gregory. Tomara que o dia do senhor seja tão bom quanto a ajuda que o senhor me deu. – Arisa termina com uma leve inclinação, como é comum entre os japoneses.
Ao andar em direção ao guichê indicado, Arisa olhou para todas aquelas pessoas no evento. Só nas filas dos guichês, era fácil saber que passava das centenas de pessoas presentes ali, naquele lugar. Só podia esperar ver quantas pessoas estavam do lado de dentro.
4 Comentários
Grande George!
ResponderExcluirParabéns por esse capítulo que focou na saída de Arisa de Aerial e a sua ida ao Estádio.
Você caprichou nos detalhes, nos levando a viver toda a viagem.
É como se fôssemos os olhos de Arisa.
Achei bacana isso!
Parabéns!
Obrigado, de verdade, por acompanhar. E essa impressão que você teve foi exatamente o que eu quis passar.
ExcluirOi George.
ResponderExcluirMais um episódio detalhado sobre essa viagem de Arisa. Achei o contexto todo ayr bem singelo e detalhado. Porém, como uma estrangeira, ela vagava confusa e aflita por se encontrar.
O Sr Gregory se mostrou solícito e simpático. Mas, não senti confiança nesse sorriso dele. Sei lá....
Acho que ela pode sofrer um pouco no próximo episódio. Ela pode estar entrando numa cilada...nessa fila...
Curioso para ler a sequência...
Quem sabe, não é mesmo, Artur? Obrigado por acompanhar a história.
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