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A verdadeira história do rapto dos Flashman quando pequenos - capítulo XII

 

                                                    Capítulo XII - Repercussão externa


O incidente envolvendo Kaura e seu bando também teve reverberações nas relações do Japão com seus vizinhos, tendo logo chegado ao conhecimento dos líderes da China, das duas Coréias e da União Soviética. Primeiro chegou aos ouvidos da União Soviética, através de um espião da KGB que na época atuavam no Japão. Seu nome Vasilij Konstantinovič Ivanov. Ivanov em três ocasiões esteve junto com os pais da criança e Sugata, e escreveu um informe detalhado sobre o ocorrido. Seu informe (o qual falava, entre outras coisas, dos pais que tiveram crianças raptadas e do abafamento por parte do governo japonês sobre o ocorrido) chegou até a União Soviética em Vladivostok, e de Vladivostok percorreu o percurso de mais de 9000 quilômetros da ferrovia Transiberiana até chegar a Moscou. Chegando o informe em Moscou, logo o Kremlin ficou a par do assunto. Leonid Brežnev, o então líder soviético, ficou intrigado com isso, dizendo mais tarde em um pronunciamento que o estado soviético se solidariza com as vítimas do ocorrido e ao mesmo tempo condena a postura cínica e mentirosa do estado japonês. Da União Soviética, a notícia se espalhou para os outros países do Pacto de Varsóvia e para Cuba.

Na sequência, a notícia do caso das crianças japonesas raptadas se espalhou para os outros vizinhos do Japão. Primeiro chegando à China através do serviço secreto de inteligência do país. Assim como na União Soviética, a notícia também chegou aos ouvidos do mandatário supremo da nação. Mao Zedong, o então líder da China, disse que o Japão estava mentindo descaradamente a respeito desse caso. O Japão, através de seu imperador Hirohito, respondeu a Mao e a Brežnev dizendo que isso não era um assunto que não dizia respeito nem a China, nem a União Soviética e de mais ninguém, e cinicamente disse que nada disso aconteceu. Mao replicou dizendo ao próprio Hirohito “Hirohito, Hirohito, por favor, pare de mentir. Está mais que na cara que você não quer passar uma imagem de país frágil e sujeito a tais incidentes perante a comunidade internacional”. E Hirohito respondeu a Mao “Mao, com todo o respeito, cale-se e fique na sua”. Mao por fim retrucou dizendo que Hirohito, como todo bom imperialista, não passava de um tigre de papel, e que tal como Brežnev disse antes se solidariza com as vítimas do ataque e repudia a postura do governo imperial japonês sobre o incidente. Os líderes das duas Coréias, Kim il-Sung e Park Čung-Hee, também compartilham dessa mesma posição. O primeiro ficou sabendo do ocorrido no Japão durante uma de suas visitas a Mao em Pequim, e o segundo através do noticiário de seu país. Diga-se de passagem, o incidente conseguiu a proeza de unir em um mesmo bloco quatro países ideologicamente conflitantes entre si: a China e a URSS, que a época estavam brigadas por conta de disputas ideológicas iniciadas com a política revisionista de Nikita Khrušov, e as duas Coreias, cuja guerra ocorrida na década anterior acabou sem um acordo de paz.

Assim durante alguns anos China, União Soviética, as duas Coreias e até mesmo a Mongólia, a Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Cuba (cujo líder máximo, Fidel Castro, assim como Che Guevara, condenaram publicamente o comportamento do Japão diante desse ocorrido) e Egito de um lado e de outro o Japão (apoiado nessa questão por países como os Estados Unidos, a Inglaterra, a Holanda, os governos militares da América do Sul, Israel, os países escandinavos e a Alemanha ocidental) ficaram trocando farpas sobre o polêmico assunto. Os quatro primeiros países possuem um relacionamento difícil com o Japão, muitas vezes ligados a disputas territoriais, diferenças político-ideológicas e aos crimes cometidos pelos japoneses em solo chinês e coreano até o término da Segunda Guerra Mundial, e esse ocorrido serviu para colocar um pouco mais de lenha na fogueira nesse problema. Até que o assunto, após já ter dado tudo o que tinha que dar, esfriou por completo a partir de 1970. A tal ponto que caiu no esquecimento, a não ser por parte dos pais das crianças sequestradas, alguns amigos próximos dos pais das crianças e sociedades ufológicas. No fim das contas, tudo acabou em pizza, e a troca de farpas acabou como se o caso nunca tivesse ocorrido. Só a partir de 1973 que a situação interna do Japão começou a se normalizar, retomando a euforia de outrora.

1 Comentários

  1. O negacionismo sempre existiu e sempre existirá.

    A corrupção e interesses escusos sempre nortearão as ações políticas.

    A manipulação da verdade é algo que me incomoda sempre.

    E isso foi mostrado aqui.

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