Olá, pessoal.
8. Crecentia Super Stars, parte 2
As batidas na porta se tornaram insistentes e mais fortes a
cada momento, era como se alguém tentasse tirá-la de seu conforto. A cada vez
que as batidas ficavam mais fortes, era possível ouvir o ranger da porta, que
aparentemente já não suportava tão bem a força que nela era aplicada.
Arisa não conseguia se levantar, devido ao grau de cansaço
que seu corpo tinha, mas ela estava desperta, e absolutamente aterrorizada pela
situação. Se esforçou mais um pouco e conseguiu sentar-se lentamente na cama,
antes que a situação piorasse.
Lentamente pegou sua bolsa, vestiu seus sapatos, e no
momento em que ela conseguiu levantar-se para tentar fugir pela janela, o
ranger da porta ficou mais alto, e em seguida, a porta estourou, caindo no chão,
em frente aos pés da menina.
Depois disso, Arisa conseguiu ver a figura de um homem bem mais
alto que ela, o dobro da largura e vestia um uniforme militar tático preto.
Pela movimentação que ele havia acabado de fazer, ele havia acabado de pregar
um pontapé na porta e olhava para ela como apenas um obstáculo à frente a ser
posto de lado.
O homem olhou para Arisa com desdém, como alguém olha para algo
inútil, nem sequer digno de atenção, e andou pelo corredor. Arisa resolveu
esperar mais um pouco até que o som de seus passos sumisse no corredor, para
que ela tivesse uma chance de fugir. Afinal de contas, o lugar onde ela estava
era alto o suficiente para matá-la caso ela optasse por saltar pela janela.
O som dos passos do combatente foi ficando mais e mais
baixo, e o torpor de Arisa foi aumentando... Foi quando ela realmente levantou
da cama.
Ela acabara de vivenciar um dos pesadelos mais vívidos que
ela já tivera em toda sua vida.
Ela levou as mãos ao rosto e rapidamente as lágrimas vieram,
fazendo com que chorasse silenciosamente por causa do ocorrido. O que estava
acontecendo? Por que aquele pesadelo? Justo naquele momento em que ela estava
mais feliz?
Aos poucos a jovem Hisami foi se recompondo, notando que não
havia sinal de arrombamento ou de qualquer coisa naquele quarto, a porta estava
inteira, do mesmo jeito que estava quando chegou no lugar...
Ela deixou de pensar no sonho e tentar entender como a sua
mente tinha trabalhado para chegar naquela situação. Mas não conseguiu, afinal
de contas, tudo parecia ter sido alguma coisa de sua cabeça, algo que ela
sequer entendia naquele momento.
Foi quando ela escutou, no andar de baixo, uma porta ser arrombada.
Ela precisava entender o que havia acontecido, mas não naquele momento. Era
hora de ela se esconder, tinha olhado todo o lugar antes de adormecer, e sabia
que o único lugar para sair dali era pela porta.
Abriu o armário, e descobriu que o mesmo possuía um fundo
falso, uma espécie de porta, e atrás dela havia um compartimento que cabia um
ser humano pequeno.
O tamanho perfeito para que ela se escondesse.
Ela não pensou duas vezes, pegou sua bolsa e se enfiou no
lugar, o que rendeu um esconderijo um pouco apertado, mas o suficiente para que
ela pudesse ficar oculta.
As batidas em sua porta não tardaram a começar novamente.
Desta vez, Arisa estava inteiramente desperta; Seus movimentos, afiados. E ela
estava dentro do armário, atrás da porta falsa. Não havia sequer uma fresta
para denunciá-la, afinal de contas, ela estava na completa escuridão.
As batidas ficavam mais fortes, e finalmente a porta cedeu,
caindo com um estrondo, a madeira estourando, saindo das dobradiças. Passos se
fizeram presentes no quarto. Pelo som, primeiro foram ao banheiro, arrancando
sua porta, encontrando os vestígios do banho de Arisa da noite anterior.
Depois, os sons dos passos ficaram mais altos, e o som de
uma das portas do armário sendo arrancada foi ouvido, seguido do barulho de a
porta arrancada sendo largada no chão. “Será que estão atrás de mim? Porque
vieram no lugar certo, deram busca, e se não fosse esse fundo falso tão bem
camuflado, eu já teria sido pega!”
O coração de Arisa martelava em seu peito, denunciando sua
posição para quem tivesse a audição mais apurada, mas a pessoa que havia aberto
o armário não havia notado isso. O som dos passos se tornou mais distante, até
que sumiu completamente.
Arisa esperou o que parecia uma eternidade para ativar seu
relógio e ver o horário, era por volta das quatro da manhã, perto do alvorecer.
A jovem Hisami desativou seu relógio pouco depois de ativá-lo e ver as horas.
Não queria ser encontrada de jeito algum.
Algumas horas haviam se passado desde os barulhos serem
ouvidos... E, então, a luz do sol começou a entrar pelas frestas da porta
oculta. Arisa começou a ouvir passos novamente, só que mais leves. Eram de
salto alto, o som ‘poc, poc, poc’ foi audível, e este não se desviou. Veio
diretamente ao armário, e no armário, abriu a porta oculta.
Encontrou Arisa encolhida, trêmula de medo, com o rosto
úmido, com a aparência de apavorada.
Arisa, por sua vez, quando ouviu que os passos vinham em
direção a ela, sentiu que a espera havia acabado. Quando a porta foi aberta,
ela viu a recepcionista da noite anterior, com uma face de terror, mas aliviada
quando viu a menina bem, a despeito de estar inteiramente amedrontada.
A jovem Hisami saltou em direção à recepcionista e a abraçou,
chorando copiosamente. Ela não queria pensar naquele momento, apenas extravasar
sua angústia em ficar horas presas naquele lugar apertado.
Depois de alguns minutos naquela situação, Arisa secou parte
do rosto com as costas das mãos e, com a voz ainda trêmula, perguntou...
- O que aconteceu?
- Fomos invadidos por um exército, não sei qual era o
intuito deles, mas todos os técnicos sumiram.
“Então eles vieram mesmo atrás de mim... Mas como eles
sabiam que eu era uma técnica”, se perguntou Arisa.
- Ao que tudo indica – continuou a recepcionista – as
informações dos visitantes do evento foram vazadas, e eles sabiam quem cada um
era e onde cada um estava.
Arisa olhou o lugar, a cama estava mais revirada do que
antes de ela levantar, as portas do banheiro e do armário onde ela estava também
foram arrancadas... Lascas de madeira estavam por todo o chão.
- Obrigada por não revelar que esse armário tinha um fundo
falso – Agradeceu Arisa à recepcionista.
Era a hora de a jovem técnica tentar entender o que havia
causado aquela invasão e por que estavam atrás apenas dos técnicos.
A primeira coisa a ser feita foi procurar a organização do
evento. Arisa pegou suas coisas e saiu daquele lugar, mas não sem antes
agradecer profusamente à recepcionista por tudo o que ela havia feito. Ela
também estava feliz por nada ter acontecido à jovem Hisami enquanto a invasão
tinha seu curso.
Enquanto ela tomava seu caminho até o prédio que tinha sido
configurado para ser o ponto de administração da feira, Arisa viu o quanto o
local havia sido destruído. Sinais claros de resistência eram notáveis em todos
os lugares...
Foi quando ela se deu conta que também teria de aprender a
lutar... E Yuyu Matsubara seria a pessoa perfeita para ensiná-la... Mas isso
ficaria para um momento mais tarde.
Quando finalmente conseguiu chegar ao “Prédio da
Administração”, Arisa viu que todos os funcionários corriam de um lado para o
outro, tentando resolver os milhares de problemas que apareceram enquanto a
invasão tomou seu curso.
Porém, quando um deles notou a menina, uma técnica que havia
escapado milagrosamente dos invasores, este foi correndo ver como ela estava, e
quando o restante percebeu o que aconteceu, logo Arisa começou a ser paparicada
de todos os lados, todos pedindo para realizar cada desejo mínimo dela.
- Todos vocês, saiam de perto dela. Deixem-na respirar! – A
voz era potente e todos saíram no mesmo instante de perto de Arisa.
Era um homem bastante alto e largo, mas vestia uma bermuda
florida e uma camisa com a mesma estampa. Tinha um rosto duro, mas claramente
estava preocupado com a menina.
E ela reconheceu como sendo o homem que havia invadido seu
quarto em seu pesadelo. Mas como ela poderia ter sonhado com ele se era a
primeira vez que ela o via? Deixando esses pensamentos de lado, ele agachou
perto dela, e com sua voz potente...
- Você está bem?
- Graças à moça da recepção do chalé, que me ajudou muito.
- Fico feliz em saber disso. – Respondeu o homem com um tom
de alívio.
- E o senhor é...? – Perguntou Arisa, confusa.
- Desculpe não me apresentar. Eu sou Keisuke Mashiro, o dono
da Crecentia Super Stars. – Depois de se cumprimentarem com gestos, Keisuke
continuou falando – De todos os mais de 200 técnicos que estavam aqui na feira,
você foi a única que conseguiu escapar dos sequestros, por isso você foi tão
paparicada quando chegou. Peço desculpas pelo comportamento angustiado dos meus
funcionários.
- Não foi nada. Eles devem estar preocupados com os outros –
Respondeu Arisa com um sorriso no rosto, e seguiu falando – Tem alguma coisa
que eu possa fazer pra ajudar?
Keisuke olhou para Arisa com respeito no olhar. Ela ainda
estava abalada por tudo o que havia acontecido, e mesmo assim ofereceu ajuda. E
ela realmente poderia ajudar.
- Arisa, ainda não tenho um plano de resgate dos técnicos,
mas é maravilhoso saber que posso contar contigo para que dê certo. Enquanto a
gente conversa aqui, eu tenho homens rastreando quais pessoas foram
responsáveis pelo sequestro em massa... E já fui informado de algumas pistas.
- Que bom, senhor Keisuke. O senhor pode me contar?
- Não aqui. Vamos para a minha sala. – Keisuke respondeu
sério, até porque suspeitava de um de seus subordinados pelo vazamento das
informações.
4 Comentários
Um capítulo repleto de mistérios ,a começar pelo sonho / premonição de Arisa.
ResponderExcluirO medo de Arisa foi muito bem narrado ,com riquezas de detalhes, colocando todo um clima de suspense.
Ela escapou do sequestro.
200 outros técnicos não tiveram a mesma sorte.
No final, o dono do hotel aparece e tenta acalmar Arisa.
Mas, era ele o cara do sonho da invasão do quarto de Arisa ; sonho este que se concretizou de fato...
Esse enigma me deixou em suspense.
Vamos ver o que você vai aprontar!
Meus parabéns!
Obrigado por ler e comentar, caro Jirayrider. Essa parte é apenas o começo de um arco da história em que muita coisa acontece.
ExcluirVocê não perde por esperar.
Abraço!
Rapaz.
ResponderExcluirAgora aqui as coisas mudaram de figura.
Você acabou com aquele cenário mais angelical que eu sentia. Risos.
Tensão e suspense! Quase um leve terror. Arisa flertou com a morte de perto.
O dono do hotel me dá calafrios. Ele deve ser um ser maligno por trás de todos esses eventos. Arisa deve seguir seu extinto de premunições.
Aguardando o próximo episódio já ansioso!
Como eu disse, Artur... Rise to the Skies é muito parecido com Kino no Tabi, um anime de contemplação que eu assisti há muito. Mas eu coloquei essa questão de suspense porque não é só de brisa que um viajante vive. E Arisa acabou sendo inserida nessa questão.
ExcluirComo será resolvido? Vamos ver o que acontecerá. Obrigado por ler.