Capítulo IV - Primeiros passos
No Bakumatsu, Makoto Šišio, ao contrário do pai, tomou
partido dos monarquistas. Šišio acreditava que o Xogunato Tokugawa, tendo em
vista fatores como os tratados desiguais feitos com países como Rússia, Prússia
(Alemanha a partir de 1871), Inglaterra, Estados Unidos, Holanda e França entre
1854 a 1861 já não era mais capaz de manter o Japão a salvo do assalto do
imperialismo europeu sobre a Ásia e que a restauração da monarquia seria a
melhor saída.
No verão de 1864, o jovem Makoto Šišio aparece nas fileiras
monarquistas. E logo mostra para o que veio. Sua espada é a Mugendžin (também
forjada por Šakku Arai), caracterizada por sua lâmina serrilhada da qual ganhou
de seu pai pouco antes dele ir à sua última missão. O seu talento e habilidade
do jovem com a arma impressionaram até mesmo o líder monarquista de Čošu Kogorō
Katsura. Com a sua espada Šišio era um verdadeiro auto-didatada, e a manejava
como ninguém. Foi questão de tempo ele ser admitido nas fileiras monarquistas.
A ascensão de Šišio foi tal que ele acabou sucedendo ninguém
menos que Kenšin Himura, o lendário Battōsai o retalhador, como assassino das
sombras a serviço dos monarquistas, já no inverno do mesmo ano. Tal decisão foi
tomada pelo próprio Katsura. Kenšin tinha matado acidentalmente a sua própria
esposa, Tomoe Yukiširo, e por causa disso ficou arrasado psicologicamente e
sentimentalmente. Mas, mesmo assim, Katsura promoveu Kenšin a espadachim
guerrilheiro destinado a proteger os monarquistas de grupos pró-Xogunato como o
Šinsengumi. Na mesma ocasião, Katsura e Kenšin chegaram a conversar sobre Šišio.
O líder monarquista o considerava um homem muito habilidoso e ao mesmo tempo
perigoso.
A primeira missão da qual Šišio foi incumbido foi matar o
traidor Yizuka. Katsura em pessoa ordenou que Šišio o matasse, e segundo
informes de um espião de sua confiança Katsura foi informado que Yizuka estava
fugindo. O fugitivo em questão trata-se do mesmo Yizuka que outrora foi homem
de confiança de Katsura e antigo supervisor de Kenšin. Yizuka, no entanto, era
na verdade um espião a serviço de um grupo pró-Xogunato, o Yaminobu, ao qual
entregava informações a respeito de Kenšin e seus passos. Foi dessa forma que
Kenshin acabou sendo arrastado para o complô que levou a morte de sua amada
Tomoe.
Yizuka acreditava que independente de quem ganhasse a
guerra, seja o Xogunato ou os monarquistas, a classe dos samurais não teria
futuro, e por causa disso estava fugindo do país rumo a um destino
desconhecido. Mas para a sua infelicidade, Katsura enviou Makoto Šišio para
matá-lo. Os dois se encontraram em um passo de uma montanha. Os dois sacaram
suas espadas, mas Šišio foi mais rápido e com um simples golpe de sua espada
flamejante matou Yizuka.
Depois de matar o traidor, Šišio bradou “O meu primeiro
trabalho foi ter que matar um idiota desses? Realmente eles me subestimam. Mas
tudo bem. Um dia eles vão saber. Eles vão saber que nem o Xogunato e nem os monarquistas
vão assumir o controle desse país. Eu serei aquele que irá controlar este
país!”. O simples fato de os monarquistas terem tido trabalho em ter dado fim a
esse traidor já era, na ótica de Šišio, um sinal de fraqueza que poderia ser
letal a sua sobrevivência. Mal Šišio iniciou seu serviço nas fileiras
monarquistas e ele já tinha ambições de ser o regente máximo da Nação do Sol
Nascente.
Os dias foram se passando, os meses e os anos. Diferente de
Kenšin, Šišio era um espadachim psicologicamente mais estável, e, portanto não
tinha as mesmas crises de insanidade e tormentos psicológicos internos que periodicamente
atormentavam seu antecessor. Não sentia remorso algum em matar outras pessoas.
Para seus patrões, uma vantagem e tanto em relação a seu antecessor.
Depois de matar Yizuka, Šišio continuou fazendo o serviço
sujo de seus superiores. Assassinato atrás de assassinato, a espada de Šišio
absorvia cada vez mais a gordura humana de suas vítimas. Outra notória vítima
de Šišio foi um homem a favor do Xogunato chamado Usui Uonuma, nativo de
Ryuukyuu (atual Okinawa). Os dois tiveram um breve confronto, em que Šišio
saiu-se vencedor. Usui não morreu, embora tenha sido cegado por Šišio após
tomar um golpe de sua espada serrilhada.
A cada assassinato, Šišio ficava sabendo de mais e mais
segredos sujos e incomodadores de seus superiores. As lideranças monarquistas,
em especial Tošimiči Ōkubo e Takamori Saigō, tinham um grande temor em relação a
Šišio. E assim, durante três anos inteiros, Šišio exerceu seu trabalho de
assassino das sombras dos monarquistas.
Por se tratar de um assassino das sombras, sua atividade era
pouco conhecida da população e até mesmo de seus superiores, os quais faziam todo
o possível para mantê-la em segredo. Mas a pergunta que fica no ar é a
seguinte: será que Šišio continuará nessa mesma situação por muito tempo, ou
tentará aumentar ainda mais seu poder, ainda mais depois que o Xogunato for
varrido da face da Terra?
O ano de 1868 chegou, e junto com ele a Restauração Meidži, sepultando 676 anos de Xogunato e descentralização política no Japão. Mas ainda assim os monarquistas estavam em guerra contra as últimas forças pró-Xogunato lideradas por Yošinobu Tokugawa, o último xogun, aquarteladas no norte da ilha de Honšu e no sul de Hokkaido. Era a Guerra Bošin, e o caos interno japonês ainda não chegou ao fim.
1 Comentários
Entre os bastidores políticos que agitavam o Japão do século XIX, Makoto Sishio inicia a sua saga assassina ,descobrindo segredos desabonadores de seus contratantes.
ResponderExcluirEssas descobertas moldarão mais ea mais sei espírito assassino.