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Crônicas de Amizade Estelar - Spin-Offs especiais -Capítulo 16

 

 

Escrito em parceria com TreinadorPokemon 


16 – Em buscas de respostas: A aflição do casal Asuka.


No horário combinado, Shigeyoshi e Ohana Asuka comparecem à base dos Maskman, para um encontro reservado com Sugata.

Sugata, sabendo da razão desse encontro e conhecedor de tudo o que envolvia naquele momento, é solícito em levantar o maior número de informações que podia.

O momento requeria cuidado, e um dos meios de se convencer alguém com amnésia era mostrar os fatos.

Prestativo, ele os recebe em seu escritório.

O senhor Shigeyoshi já se desculpa:

-Lamentamos muito tomar o seu tempo, senhor Sugata, mas precisamos de respostas sobre algo que está nos atormentando quanto ao nosso filho...

Sugata educadamente responde:

-Prezado senhor Shigeyoshi...,

-Prezada senhora Ohana...,

-Não há incômodo algum...

-Vocês serão sempre bem-vindos...

-Não é segredo para ninguém que ainda tenho esperanças de ter o Ryu de volta no nosso projeto...

-Estou à disposição no que puder colaborar...

Com essa abertura, o casal se sente mais confiante. Ohana, sem rodeios, conta que ela e seu filho tiveram uma ríspida discussão, tão logo ele soube que “emissárias” do próprio Sugata vieram à sua casa, sondar sobre um possível retorno de Ryu ao Projeto Maskman, conforme palavras delas.

Ciente de quem se tratavam as referidas “emissárias”, Sugata esclarece:

-De fato, eu as enviei...

-Primeiro, as três jovens...

-Depois, a senhora Setsuko Tokimura, esposa de um velho amigo meu...

-No entanto, peço desculpas se lhe causei transtornos com as visitas que pedi que elas lhe fizessem...

-Não imaginei que o Ryu fosse reagir tão mal ao saber disso...

A senhora Ohana abaixa a cabeça, desapontada:

-Não há o que se desculpar, senhor Sugata...

-Eu é que lamento muito o fato do meu filho não honrar toda a generosidade que o senhor ofereceu, ao aceitá-lo como discípulo...

-Era meu sonho vê-lo como um dos Maskman, lutando pelo bem das pessoas...

-Mas, o que me deixou profundamente chateada foi o fato dele dizer que nunca acreditamos nele, quando ele afirmou que tinha um irmão...

-Ele até deixou subentendido que poderia ser um daqueles jovens, amplamente divulgados na mídia...

-Aqueles jovens que lutaram pela Terra recentemente, mas que tiveram que deixar nosso planeta tão repentinamente...

-Como era mesmo o nome deles, querido?

Shigeyoshi responde:

-Os Flashman...

Ohana prossegue:

-Isso mesmo...! Os Flashman!

-Aqueles pobres jovens! Segundo vi no noticiário, eles tiveram que deixar a Terra às pressas, após derrotarem aqueles monstros terríveis que, até pouco tempo atrás, tiravam a paz de todo mundo...

-O que é pior, não foi dada nenhuma explicação para isso!

Após uma pausa, ela segue com sua linha de raciocínio:

-Isso me parece um total absurdo da parte do meu filho, mas...

-Ele se mostra tão enfático e convicto do que afirma, que meu esposo e eu começamos a ter dúvidas sobre isso...

-Por isso, decidimos te procurar...

Após nova pausa, ela questiona:

-Senhor Sugata, se o que o Ryu fala é verdade...,

-Se ele realmente teve um irmão...,

-Como posso negligenciar a existência de um filho?

-Como não lembrar de algo tão profundo e marcante na vida de um casal?

Shigeyoshi toma a palavra:

-Minha esposa está coberta de razão!

-O Ryu, desde mais ou menos os seis anos de idade, conta essa história...

-No começo, achamos que era coisa de criança, de uma imaginação muito ativa...

-Mas, mesmo depois de adulto, ele manter essa narrativa...

-Isso não pode ser normal, muito menos razoável...

-A menos que tenha acontecido algo muito grave, e nós não nos recordemos...

Sugata, após ouvir o relato aflito dos pais de Ryu, sente a mesma dificuldade que Jun, Hikaru, Mai e, posteriormente, Setsuko sentiram.

Ele sabia que simplesmente afirmar que Ryu estava certo, e que o casal Asuka teve sim outro filho, em nada ajudaria a situação.

Mesmo que Sugata se utilizasse de sua ilibada reputação para tentar influenciar o casal Asuka, isso de nada ajudaria na aceitação de Go. Pelo contrário, apenas o machucaria ainda mais, pois o pobre rapaz se viria diante de pais que não o reconhecem verdadeiramente como filho.

Se não há convencimento genuíno, palavras ditas por terceiros são apenas palavras ao vento.

Medindo cada palavra, ele esclarece:

-Tudo o que eu disser a respeito dessa questão do Ryu...

-Qualquer juízo de valor que eu faça, poderá influenciá-los... e eu não quero isso...

-Eu prefiro que vocês cheguem à conclusão por si mesmos...

-Temos aqui, nos arquivos do escritório, uma vasta documentação sobre os desaparecimentos de crianças no Japão ocorridos desde a década de 60...

-Reportagens de jornais, revistas, gravações de TV da época...

-São inúmeros casos...

-Devo confessar que eu próprio me recordo, vagamente, de ter lutado contra um ser espacial à época...

-Mas, não me perguntem por detalhes...

-Essa informação eu não me recordo, como em muitos dos casos que vocês poderão constatar...

-Aliás, essa é uma questão em comum...

-Dentre esses registros, certamente deve haver alguns referentes aos jovens denominados Flashman...

-Fiquem à vontade para consultá-los...

-Só peço que não retirem do prédio esses documentos, por questão de segurança...

O casal Asuka agradece, e Sugata se retira para deixá-los ler com tranquilidade...

Eles folheiam várias pastas com recortes de jornal com várias reportagens a respeito dos misteriosos desaparecimentos de bebês e crianças pequenas...

Conforme eles vão analisando caso a caso, a constatação levantada por Sugata se faz mais evidente.

-Querido... Em muitos desses casos reportados, os pais de nada se recordam...

-Nem mesmo dos supostos filhos desaparecidos!

-Poderia ter acontecido algo semelhante conosco?

Shigeyoshi responde:

-Hmm... Começo a achar possível...

-Se o próprio senhor Sugata afirma ter enfrentado um ser espacial na época, mas também não se lembra dos detalhes, por que não conosco...?

-Me dói saber que podemos ter ignorado nosso filho...

-Se for verdade, teremos que rever nossos conceitos...

O casal, de tão entretido com as análises dos muitos arquivos, não se dá conta que a manhã passou muito rápido, a ponto de Sugata convidá-los para o almoço.

De bom grado, eles aceitam o convite.

Durante o almoço, o casal preferiu não tocar no assunto, falando sobre amenidades. Eles ainda estavam digerindo toda a informação que leram durante a manhã.

No entanto, já na parte da tarde, na volta às pesquisas, uma grande bomba!

Duas reportagens dentre as muitas pesquisadas, em especial, lhes chamaram a atenção...

Eram dois recortes, datados de 1966 e já amarelados pelo tempo, de um pequeno jornal local da cidade de Kyoto...

O primeiro recorte, sem imagens, discorria sobre um garoto não identificado que percorria a cidade, em busca de um suposto “alienígena” que, nas palavras do próprio garoto, teria raptado seu irmão mais novo, à época recém-nascido. Também na reportagem, policiais afirmam que o garoto teria, por diversas vezes, comparecido à delegacia local e implorado por investigações sobre o tal “alienígena” e seu irmão raptado. Tais pedidos foram naturalmente negados pela polícia, e os pais do garoto tiveram que ser chamados à delegacia para levá-lo de volta para casa.

No segundo recorte, havia uma reportagem denominada “O Caso de Kyoto”. Ela discorria sobre uma suposta tentativa de roubo numa residência na cidade mencionada, onde as vítimas foram a família estampada na foto: um casal e seu filho, um garoto que aparentava ter uns seis anos de idade à época.

De acordo com a reportagem, durante a tentativa de roubo, o casal teria sido agredido pelo criminoso, vindo a perder a consciência em seguida. O filho do casal felizmente fora poupado, pois não estava presente na residência no momento do crime. Entretanto, o criminoso surpreendentemente teria fugido sem levar nada, e até o momento não fora identificado.

Ainda na mesma reportagem, havia também relatos de alguns vizinhos que supunham que o casal da foto tinha, além do menino de seis anos, mais um filho que havia nascido há poucos meses...

No entanto, misteriosamente, os pais não se lembravam desse fato, e negavam a existência do segundo filho...

A cidade imediatamente lhes vem à mente...

Em 1966, eles moravam naquela parte de Kyoto...

Por ironia do destino, o casal da foto era ninguém menos que eles próprios e seu filho, Ryu Asuka.

Impactados, eles vão até Sugata que, coincidentemente ou não, naquele momento estava recebendo a visita de ninguém menos que Yuuma Oozora, Shingo Takasugi e Ryuuta Nambara.

Porém, como “não existem coincidências no universo”, isso mais uma vez mostrava que o destino conspirava a favor.

Sugata e os três estavam conversando no escritório.

Ao ver os recém-chegados, o casal se mostra intrigado.

Os três se apresentam como membros dos Defensores do Planeta Terra, uma organização militar responsável pelo Esquadrão Relâmpago Changeman e, agora, também pelo Esquadrão Super Elétron Bioman. O casal Asuka reconhece os nomes dos esquadrões, tendo ouvido falar deles pelo noticiário anos atrás.

Já devidamente orientados por Sugata, os três rapazes também procuram tomar cuidado com as palavras. Ainda mais depois que o casal lhes mostra a foto do jornal em questão...

Ryuuta explica:

-Nós colaboramos com o Projeto Maskman do nosso prezado Sugata, como suporte tecnológico...

-Uma de nossas missões atualmente é investigar a origem dos jovens denominados Flashman...

-Inclusive mantemos contato frequente com eles...

Essa informação surpreende o casal, pois seguia a linha do que Ryu dissera, aumentando ainda mais as suas dúvidas...

“Seria realmente um dos Flashman o suposto filho deles?” – era o pensamento comum nas mentes do casal Asuka.

Shigeyoshi fita sua esposa, dizendo:

-Somos nós nessa foto do jornal, não há dúvidas...

-E o menino é o nosso filho... Ryu...

-Essa reportagem foi publicada poucos dias após nossa internação...

Oozora fica intrigado com a última frase:

-Internação? Que internação foi essa?

Ohana esclarece:

-Conforme dito na reportagem, o ladrão que invadiu nossa casa nos agrediu e nos deixou desacordados...

-Quando a polícia chegou, fomos enviados imediatamente para um hospital...

-Segundo os médicos, Shigeyoshi e eu chegamos completamente desorientados ao centro de emergência...

-Chegaram a suspeitar de uma concussão, mas os exames não mostraram nada...

-Não entendo como não conseguimos nos recordar direito deste incidente...

-E o que é mais estranho: o ladrão parece que não levou nada da casa...

Oozora faz uma outra pergunta:

-Esse hospital ainda existe?

Shigeyoshi responde:

-Sim, com outro nome, mas ainda é um hospital... 

Oozora pressupõe:

-Hmm... Suponho que deva ter os arquivos das internações da época...

-Precisamos checar...

-Vocês deviam estar sob estresse pós-traumático... Não teriam como se lembrar de tudo...

Shingo entende a linha de raciocínio de Oozora, dizendo:

-Esse cenário de tentativa de roubo pode ter sido propositalmente forjado pelo criminoso, visando mudar a narrativa dos acontecimentos...

-Falamos isso porque, em muitos dos casos de desaparecimentos, há essa mesma versão...

-Parece haver um padrão aparente...

-Supostos acidentes ou tentativas de roubo, seguidos de amnésia das vítimas...

-Certamente com o intuito de despistar as autoridades, enquanto novos raptos ocorriam...

Shigeyoshi se espanta:

-Será isso possível?

Ryuuta assente com a cabeça e responde:

-Os fatos falam por si só...

-Até hoje, não se tem notícias do paradeiro de dezenas, para não dizer centenas de crianças...

-E os Flashman poderiam ser quaisquer dessas crianças...

Sugata sabiamente conclui:

-Senhor e senhora Asuka...,

-Como afirmei de manhã, os fatos foram apresentados...

-Mas, é preciso que vocês cheguem a uma conclusão por conta própria...

-Não podemos obrigá-los a aceitar algo que vocês próprios não se recordam...

As palavras de Sugata deram ao casal Asuka a motivação necessária para ir mais a fundo nessa questão...

O que estava em jogo não era mais apenas o mérito de Ryu estar certo o tempo todo ou não...

Mas sim a forte possibilidade de Shigeyoshi e Ohana terem realmente tido um segundo filho e, inaceitavelmente, terem se esquecido dele...

Como pais responsáveis, isso era um assunto que jamais poderia continuar em dúvida! Era uma questão que não poderia, em hipótese alguma, permanecer pendente!

Eles tinham que conseguir uma resposta definitiva, custe o que custar!

Shigeyoshi, decidido a esclarecer esse mistério de uma vez por todas, se propõe a levar Oozora, Ryuuta e Shingo ao hospital mencionado no dia seguinte, o que foi aceito de imediato.

Antes de se despedirem, Oozora pergunta ao casal Asuka se eles saberiam onde poderiam encontrar Ryu, que gostava de sumir com a sua moto pelo Japão afora...

Infelizmente, nem Ohana nem Shigeyoshi tinham notícias do paradeiro atual de seu filho. Ohana lembra que, quando Ryu ainda estava em treinamento, ele costumava meditar em locais isolados e montanhosos, como o Monte Yakushi, na província de Tomaya, ou o Monte Yake, na província de Nagano, de modo a desenvolver seu “ki”...

Sugata confirma a informação, porém lembra que Ryu, ao abandonar o Projeto Maskman, também cessou seu treinamento. Então, não havia garantia de encontrar seu ex-discípulo nesses locais.

Mas, mesmo assim, Oozora, Shingo e Ryuuta tinham que tentar. Ainda que fosse improvável encontrar Ryu nesses locais, era melhor do que sair procurando a esmo pelo Japão afora.

Todos concordam, inclusive os pais de Ryu, que só ele poderia dar as respostas.

Era preciso localizá-lo!

Por mais que fugisse, o cerco estava se fechando para ele.

Inicia-se uma corrida contra o tempo...

O destino de Go e seus pais dependia desse esforço...

                        senhora Ohana Asuka


                      senhor Shigeyoshi Asuka 

5 Comentários

  1. Aos poucos o quebra-cabeça vai sendo montado. Os pais de Ryu Asuka e Go vão lentamente juntando as peças, e percebendo que Ryu não estava mentindo esse tempo todo. Há esperança para Go um dia rever seus pais...

    É um capítulo interessante no sentido que mostra um pouco o "lado B" da história dos Flashman. A trajetória dos cinco integrantes do esquadrão, desde o rapto até o regresso à Terra, já é bem conhecida. Mas... e seus familiares? Como seguiram com suas vidas nesse ínterim? Os familiares podem ter tido suas memórias apagadas, mas e as demais pessoas que os conheciam? Não poderiam tê-los ajudado a recuperar suas memórias? São estas e outras perguntas que esse capítulo (e toda a trama de Amizade Estelar, para ser honesto) tenta responder.

    No caso específico do Doutor Tokimura, a resposta já foi dada na própria série: ele e sua esposa estavam sozinhos no meio de uma noite chuvosa, com uma filha recém-nascida (que poucos teriam tido tempo de conhecer), quando o rapto ocorreu. Sem testemunhas e sem memórias (apesar do doutor manter alguns lapsos), Sara acabou esquecida por vinte anos até retornar à Terra como Yellow Flash. Mas, e no caso da Lú, do Dan, do Go e do Jin? As histórias de Lú e Dan já foram respondidas em capítulos passados (apesar de ainda haver, suspeito eu, uma questão pendente na história da Lú, que será abordada mais à frente). Até agora, a história do Go é a que está sendo mais esmiuçada, pois, diferente de Lú e Dan, ele não teve as mesmas circunstâncias favoráveis de reencontro familiar. Este arco inteiro está sendo dedicado a acompanhar a longa e difícil trajetória de recuperar as memórias dos pais (que não se lembram de nada, e não possuem nada que os ajude a lembrar), e de reabilitar um nada cooperativo Ryu (diferente de como Mai e Jun foram com Lú e Dan, respectivamente).

    Imagino que, em breve, será a vez das revelações familiares do último integrante faltante, Jin. A trama de Amizade Estelar, aos poucos, vai amarrando todas as pontas soltas da série. Grande trabalho, Jirayrider!

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    1. Grande amigo e parceiro Pokemon!

      Gratidão pela parceria e por esse comentário tão bem fundamentado.

      De fato , a questão Ryu/Go , por ser difícil ,se estendeu

      Uma situação difícil e delicada !

      Espero que quando for a vez de Jin, não seja assim!

      Rstsrs

      Vamos que vamos !

      Gratidão !

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    2. Concordo com você ,quando afirma que a gente tenta dar as respostas que faltaram na série original.

      Creio que Amizade Estelar tem essa missão .

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  2. As peças foram colocadas, falta apenas juntá-las. E acho que o hospital em questão tem ainda mais respostas do que nós pensamos.

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  3. Grande Eduardo !

    Demorou ,mas o longo arco do Ryu/Go está próximo de ser concluído.

    Os pais de Ryu, finalmente percebem que a história deles é bem diferente das quais eles pensavam.

    Vejamos os próximos passos dessa jornada ,que já caminha ,a partir daqui para seus momentos decisivos.

    Gratidão !

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