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Os irmãos Stroheim - Geese Howard e Wolfgang Krauser (capítulo XII)

 

                                        Capítulo XII - As rodas do destino: sucessão imperial

O encontro inesperado com Geese foi um verdadeiro divisor de águas dentro da família Krauser. Visto que depois disso a vida da família nunca mais foi a mesma de antes.

Elza há tempos sabia que antes de se casar com Rudolf que este constituiu uma família nos Estados Unidos e lá teve um filho. E tudo indicava que Rudolf esqueceu a família antiga dele. Só que o incidente com Geese mostrou que não era bem assim. Que Rudolf na verdade ainda amava e se importava com a família antiga dele, e o simples fato de ele ter protegido Geese de ser linchado e morto por Krauser mostra bem isso. Além disso, ao saber que Maria já não está mais neste mundo, Rudolf ficou muito sentido e por dias chorou.

Elza chegou a ver Rudolf chorando como um bebê por Maria. Ele chamava pelo nome dela e pergunta o motivo pelo qual ela deixou este mundo. Ao ver essa cena, pensou ela em um primeiro momento que Rudolf sentiu remorso por tê-la deixado morrer, sem a devida assistência no momento em que ela mais precisava, e mais a questão de todo o ódio que Geese passou a nutrir por ele e a consequente tentativa de assassinato. E Elza até entendeu o marido em um primeiro momento.

Mas, com o tempo, Elza foi vendo que o buraco era bem mais embaixo do que ela imaginava. Com o tempo, Elza foi vendo que Rudolf na verdade ainda amava Maria. Amava mais Maria que ela própria. Depois que soube da morte de Maria, Rudolf passou a ficar mais e mais tempo no órgão do castelo tocando músicas de lamento. E essa situação se arrastou por vários dias e passou a desagradar Elza.

E isso começou a causar problemas entre Rudolf e Elza. Para Elza, é inconcebível que Rudolf ainda tenha consideração pela antiga família dele. Ela acha que Rudolf esteve mentindo esse tempo todo sobre ter esquecido a primeira família dele. Rudolf tenta contornar a situação, dizendo que fez aquilo por compaixão a Geese.

Certa vez, Elza perguntou a Rudolf se ele, caso ela tivesse morrido no lugar de Maria, ficaria abalado e triste da mesma forma que ficou ao saber da morte de Maria. Rudolf responde que sim, ficaria da mesma forma. Mas Elza não se convenceu da sinceridade da resposta de Rudolf.

E os problemas entre os pais não passaram despercebidos pelo jovem Wolfgang. Antes mesmo de os problemas entre os pais começarem, Wolfgang era submetido a periódicos espancamentos por parte do pai. Geralmente, estes espancamentos ocorriam quando os pais sabiam que Wolfgang tirou alguma nota não muito alta nas avaliações escolares. Quando isso ocorria, eles ficavam uma fera com o filho. E para piorar ainda mais as coisas, Elza apoiava este tipo de coisa. Só assim ele será o mais forte guerreiro que o clã Stroheim já teve ao longo de sua história milenar, pensam eles.

Certa vez, quando Krauser tinha oito anos, Rudolf bateu tão forte no filho, mas tão forte, que ele perguntou ao mesmo se isso doía. “Isso dói, garoto? Tem que aprender a ser forte, mais forte que eu, mais forte que qualquer um neste mundo!”, disse Rudolf ao filho após espancá-lo. Dali em diante, as lágrimas de Krauser secaram.

Tal como Geese, Krauser também tinha no pai como um herói, um exemplo de homem a ser espelhado. Queria ser um lutador forte e poderoso que nem ele. Mas ao saber que o pai abandonou a primeira família dele para formar outra, ele passou a vê-lo com outros olhos. Passou a desenvolver reservas quanto ao pai e à mãe ao saber que eles, durante muito tempo, esconderam dele o fato de ter um meio-irmão. Tendo em vista o histórico dele, quem não garantiria que Rudolf, ao vislumbrar uma oportunidade de melhorar ainda mais de vida, repetiria com a mãe dele a mesma coisa que o pai dele fez com a mãe de Geese?

Igualmente impactante para o jovem Krauser foi saber que tem um irmão do outro lado do Oceano Atlântico. Até aquele ponto, ele jamais imaginou que poderia ter um meio-irmão, e ainda por cima em outro país. E isso ajudou a jogar ainda mais lenha na fogueira da antipatia que ele passou a sentir em relação ao pai.

Geese, por seu turno, a partir daquele momento passou a temer o meio-irmão dele ao ver o quanto ele é forte para um garoto da idade dele. Desde então, a política dele em relação ao meio-irmão tem sido a seguinte: quanto mais longe dele, melhor. Talvez, quando estiver forte o bastante para enfrentá-lo, venha a lutar contra ele.

Conforme o tempo foi passando, Elza foi bebendo cada vez mais. Rudolf tentou controlar o vício da esposa pelo álcool, e até enviou-a a uma clínica especializada no tratamento de recuperação para alcoólatras, mas os esforços dele foram em vão. Ao invés de melhorar, Elza piorava. E tal qual aconteceu com Maria, a beleza e a vitalidade que Elza tinha outrora também foi pouco a pouco se esvaindo na medida em que o tempo passou.

Na época em que Wolfgang completou 15 anos Rudolf e Elza fazem uma viagem pelo norte da Itália. Um príncipe do Marrocos, Said al-Malik, requisitou a Rudolf serviço de guarda-costas, com temor de eventuais tentativas de atentados terroristas a ele. Rudolf aceitou, e Elza resolveu ir junto com o marido ao norte da Itália. Talvez, com essa viagem à Itália, ela melhore o humor e a saúde dela.

Eles passam por várias cidades da nação peninsular, entre elas Veneza, Milão, Turim, Parma, Florença e Genova. Nesta última cidade, o casal se encontra nas ruas da cidade banhada pelo Mar Mediterrâneo com uma jovem cartomante chamada Rose.

Movidos pela curiosidade e sabendo previamente da fama de Rose em Genova como cartomante, eles resolvem ter um encontro com ela. Em pessoa, na residência dela.

Após breve apresentação por parte do casal e da própria Rose, a taróloga coloca várias cartas sobre a mesa. E a carta que o casal tirou foi a carta de número 13, a carta do ceifador. Segundo Rose, pelo lado positivo a carta do ceifador significa o fim de um ciclo, mudança radical, transformação, limpeza de coisas antigas, cortes definitivos. E pelo lado negativo, morte, perdas e destruição.

No quarto do hotel, Elza nota Rudolf pensativo, e pergunta a ele se há algum problema. Rudolf responde que não é nada. Mas no fundo ele ficou impactado ao ver diante dele a carta do ceifador. “O que aquilo significa?”, constantemente ele perguntava a si mesmo. Na noite do mesmo dia, Rudolf voltou a vislumbrar enquanto dormia o mesmo sonho que teve no dia em que viu o pai pela última vez.

A viagem ao norte da Itália foi a última viagem internacional de Rudolf e Elza. Após a volta da Itália, a saúde de Elza se deteriorou ainda mais. Rudolf, por seu turno, após o encontro com Rose na Itália nos sonhos dele periodicamente voltou a ver o mesmo sonho que vislumbrou no dia em que viu o pai dele pela última vez. Mas em momento algum se mostrou incomodado por tais visões. O que será que isso significa? Será que Rudolf está diante do destino dele, e inconscientemente o aceitou? Ou será que haverá alguma outra coisa por trás disso?

Hoje é um dia, digamos bem especial dentro do clã Stroheim. Wolfgang completou 16 anos. Meses antes de completar 16 anos, Wolfgang perdeu a mãe, Elza, por conta de complicações decorrentes da cirrose hepática que desenvolveu após cair no alcoolismo. Pouco antes de morrer, Elza parecia um cadáver vivo.

Durante o velório da mãe, era visível que Rudolf abalado estava. Derramou lágrimas por ela, o segundo grande amor da vida dele. Mas aconteceu aquilo que Elza previu: Rudolf ficou mais chocado e abalado ao saber da morte de Maria que quando viu Elza morrer no hospital. Já o jovem Wolfgang, mesmo olhando para o corpo inerte e morto da mãe em um caixão, nada sentiu. Era como se ela fosse uma ilustre desconhecida para ele. Indiferença, vazio, um grande nada. Era isso o que Krauser sentia ao ver o cadáver da mãe durante o velório e o posterior enterro dela em uma área próxima ao castelo Stroheim.

Dias após o enterro da mãe, Wolfgang desafia o próprio pai para um duelo. Rudolf aceita o desafio do filho, e a data do combate entre pai e filho é marcada.

Rudolf é um homem discreto e reservado em matéria de vida pessoal, mas na manhã do dia do desafio estava falando com os empregados do clã mais que de costume. E ele conta a eles que acordou pensando no pai dele, Otto von Zanac, e no dia em que o viu pela última vez para ir lutar no front oriental da Segunda Guerra Mundial. E não só isso: também vislumbrou o pai dele querendo lhe dizer algo, mas por algum motivo não conseguia escutá-lo. “O que será que isso significa? Será que?”, se pergunta Rudolf a um dos empregados, Ernst. Em um flash, Rudolf pensa não apenas no sonho que teve naquele mesmo dia, como também no encontro com Rose e a carta do ceifador. “Não será uma premonição?”, pergunta Ernst. Rudolf responde que tudo o que ele sabe é que hoje será um grande dia.

Em um dos salões do castelo Stroheim, mais precisamente o salão no qual se encontra o trono do imperador das trevas, Rudolf e Wolfgang se posicionam em lados opostos. Alguns expectadores estão posicionados nos dois lados do salão, assistindo a luta vindoura. A luta está para começar. “Enfim, a hora chegou”, pensa Rudolf ao se posicionar para o combate.

“Krauser, você é muito forte. Aposto que você é muito mais forte do que eu. Mas eu sou o chefe desta família e ainda posso lhe ensinar algumas coisas. Então vamos, prepare-se, garoto!”, diz Rudolf pouco antes de o embate começar.

Só que a luta entre pai e filho teve desfecho bem diferente do que Rudolf pensava, ou mesmo os expectadores da mesma, que apostavam na vitória do patriarca da família Stroheim. Anos antes, sempre que tomava surras do pai e/ou da mãe, Krauser pensava nas palavras deles sobre ser mais forte do que é e ser mais forte do que qualquer um neste mundo. Para isso, ele foi treinando e refinando as habilidades de combate dele. Como consequência, a força dele se elevou a um nível inimaginável. Mal sabia Rudolf o quão Krauser ficou mais forte.

Krauser golpeia Rudolf com três golpes. Um murro na face, um pontapé nas costelas e um murro na boca do estômago. Após os golpes, o corpo de Rudolf é jogado diante de uma das pilastras do salão do castelo, já inerte e sem vida. Krauser olha para o pai vencido e morto, com indiferença e sentindo um grande vazio. O mesmo vazio que Krauser também sentiu quando viu a mãe morta dias antes.

Enquanto toma os golpes fatais do filho, a vida de Rudolf passa em sua cabeça como se fosse um filme de tudo o que ele passou ao longo de meio século de vida. Primeiros anos, o dia em que viu o pai pela última vez, os dias em que foi membro da Schwarze Totenkopf, o dia em que conheceu Maria, os dias em que viveu em Nova Orleans e em Southtown, o nascimento de Geese, os torneios que ele venceu em Southtown, a vitória no torneio The King of the Iron Fist Tournament, a ida dele à Europa para se tornar para nobre, o casamento com Elza no castelo Stroheim, o nascimento de Wolfgang, o encontro com Rose, entre outras coisas tantas.

Está lá um corpo deitado no chão, jogado em uma das pilastras do castelo. O corpo inerte de Herr Rudolf von Stroheim, facilmente vencido pelo próprio filho Wolfgang em combate. O homem que um dia foi um terrível terrorista, e depois disso virou o rei dos lutadores de Southtown e por fim o grão-conde do clã Stroheim.

Dies irae, dies illa
Solvet saeclum in favilla
Teste David cum Sibylla

Quantus tremor est futurus
Quando Judex est venturus
Cuncta stricte discussurus!

Dies irae, dies illa
Solvet saeclum in favilla
Teste David cum Sibylla

Quantus tremor est futurus
Quando Judex est venturus
Cuncta stricte discussurus!

Quantus tremor est futurus
Dies irae, dies illa
Quantus tremor est futurus
Dies irae, dies illa
Quantus tremor est futurus (Quantus tremor est futurus)
Quando judex est venturus
Cuncta stricte discussurus

Cuncta stricte
Cuncta stricte discusurrus
Cuncta stricte
Cuncta stricte discusurrus

No fim das contas, Rudolf, aos 50 anos de idade, enfim encontrou o destino dele, o destino que ele por meio de sonhos vislumbrou pela primeira vez no dia em que ele completou 16 anos de idade, após o seu pai e avô paterno de Wolfgang e Geese ir ao front oriental.  E, ironicamente, no mesmo dia em que o filho mais novo completou 16 anos de idade.

“Muito bem, Wolfgang. Enfim completei minha missão”, essas são as palavras finais de Rudolf pouco antes de deixar este mundo e já vomitando sangue da boca.

1 Comentários

  1. Capítulo dramático !

    A fatura veio cara demais para Rudolf!

    Fora tudo o que aconteceu, e aí da por ia morrerás mais filho,não de seus estar em seu planos .

    Veremos comos os meio-irmãos se portarão daqui pra frente.

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