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Os irmãos Stroheim - Geese Howard e Wolfgang Krauser (capítulo XIV)

 

                                                    Capítulo XIV - O caminho para o poder (parte II)

O estilo Hakkyokuseiken é um estilo baseado em estilos internos de Kung Fu como o Batzičuan e o Tai Či Čuan, com movimentos baseados no fluxo de energia interna da pessoa e a maneira como que a pessoa se expressa por meio do mesmo. De seus praticantes, o estilo Hakkyokuseiken espera que ele não apenas seja um lutador forte, poderoso e habilidoso, como também tenha uma mente forte, disciplina positiva e de boa índole, não controlado por quaisquer emoções negativas.

É um estilo que, segundo registros históricos, remonta aos tempos da Dinastia Čin (221 – 206 antes de Cristo) e que está registrado em três pergaminhos, os chamados pergaminhos Džin. Durante séculos, tais pergaminhos estiveram sob a posse da família Džin até que estes perderam a posse de dois deles após serem roubados.

Ao que tudo indica, os pergaminhos que têm registrados a arte do Hakkyokuseiken foram divididos em três pergaminhos distintos. O primeiro dos três pergaminhos contem as técnicas de luta do estilo tais como canalização de energia e artes de combate. O segundo contem as técnicas especiais de recuperação do corpo, que curam o lutador e também fazem dele ainda mais forte e poderoso. Há quem acredite que este pergaminho atualmente esteja em poder do clã Stroheim. E o terceiro e último pergaminho, quando combinado com os outros dois, contem os segredos da imortalidade. Este é o pergaminho que no presente momento está em posse dos irmãos Džin, Džin Čonrei e Džin Čonšu.

Tão logo iniciou seus treinamentos no estilo Hakkyokuseiken, o mestre Tung Fu Rue ficou impressionado com Geese. Não apenas ele era um artista marcial de talento único, verdadeiro prodígio, como também demonstrava grande interesse e empenho nos treinamentos. Com o passar do tempo, Geese foi colhendo os frutos de seu esforço e aprendendo as técnicas mais avançadas do estilo.

Os principais companheiros de treino de Geese eram, obviamente, Jeff Bogard e Čeng Sinzan. Foi questão de tempo o trio se enturmar e se tornar grandes e amigos muito próximos. A proximidade de Geese com Jeff Bogard e Čeng Sinzan à época era tal como os “Três irmãos da Batalha Divina”, tamanha era a habilidade deles em combate. Só que o trio com o tempo se desfez, visto que o mestre Tung, ao tomar conhecimento que o seu discípulo taiwanês se envolveu em apostas fraudulentas e brigas ruas, além de notar a ganância e o desejo por dinheiro do mesmo, o expulsou de sua academia. Após ser expulso, Čeng voltou a Taiwan e continuou a tocar seus negócios na nação insular.

Jeff Bogard, em determinado momento da vida dele, adotou dois garotos, Terry e Andy Bogard, os quais após a perda dos pais biológicos deles em tenra idade se tornaram garotos de rua. Jeff se compadeceu da situação deles e passou a criá-los como se fossem seus filhos de sangue. Além disso, ele é um renomado artista marcial em Southtown e tem amigos fora do país, incluindo amigos no Japão e na China. Entre eles, o mestre do Ansatsuken Gōken e Handzo Širanui, mestre dos estilos Koppoken e Širanui.

Certa vez, antes de conhecer Geese, ele e seu amigo Handzo Širanui enfrentaram o meio-irmão de Geese, Wolfgang Krauser Graf von Stroheim, pouco depois deste se tornar o Grão-Conde do clã Stroheim.

Dada a disparidade de forças, a dupla não se mostrou adversário para Krauser. Os golpes que eles acertam em Krauser não surtiam efeito nele, ou mesmo nem o acertam, ao passo que os golpes que Krauser acerta neles atingem-nos em cheio. Handzo e Jeff sentem muito as pancadas que tomam de Krauser. Tudo indica que Krauser seria o grande vencedor da luta e que o fim deles é uma questão de tempo. Só que em determinado momento da luta Krauser abaixa a guarda e se aproveitando desse descuido eles, com toda a força, lograram acertar dois golpes muito fortes na testa dele que deixaram uma cicatriz em forma de cruz na mesma. Jeff fez a primeira metade da cicatriz em forma de cruz e Handzo a segunda metade. Estes golpes acertaram Krauser em cheio, e foram fortes o bastante que o atordoaram por um tempo, tempo o bastante para eles fugirem do campo de batalha.

Krauser, no fim das contas, decide poupá-los para um eventual segundo combate. Não fez questão de ir atrás deles, nem nada. A luta terminou de forma inconclusiva, com clara vantagem para o alemão. Já Jeff e Handzo desde aquele dia passaram a temer Krauser e a força monstruosa dele.

Anos depois, Jeff Bogard viaja ao Japão junto com Terry e Andy. Ele se encontra com um velho amigo chamado Gōken. Mestre do estilo de karatê Ansatsuken, Gōken conheceu Jeff Bogard no meio de um torneio de luta no Japão, e desde então ambos se tornaram grandes amigos. Por meio de correspondência, eles vêm mantendo contatos e de tempos em tempos Gōken recebe a visita de Jeff Bogard. Gōken tem como discípulos dois jovens garotos de cerca de dez anos de idade, Ryu Hoši e Ken Masters. Tão logo Jeff Bogard chega ao dodžo de Gōken, o velho mestre apresenta aos seus jovens discípulos os visitantes. “Tenho certeza que vocês vão se dar muito bem”, diz Gōken.

Terry e Andy cumprimentam os discípulos de Gōken. “É um prazer conhecê-lo, Terry Bogard”, diz Ryu. “Eu digo o mesmo, Ryu”, Terry responde. “Sabe que o meu mestre volta e meia fala a respeito do teu pai. Diz que ele é uma grande pessoa e um grande mestre de artes marciais”, diz Ryu. “O meu pai também já me falou a respeito do teu mestre, e sempre dizia que um dia queria nos apresentar”, responde Terry. “Tenho certeza que nós só temos a ganhar treinando um com o outro”, completa Ryu. Terry concorda com as palavras de Ryu. Ken, por seu turno, treina com Andy.

Após as apresentações, os meninos começam a treinar e a trocar golpes entre si. Tanto Gōken quanto Jeff ficam impressionados com o entusiasmo das crianças. E enquanto os meninos treinam, os mestres resolvem colocar a conversa em dia. E eles começam a conversa falando a respeito de um conhecido deles, o chinês Dubal. Rumores a respeito da morte dele chegaram aos ouvidos de Jeff Bogard nos Estados Unidos, e este se mostrou incrédulo ao ouvir falar deles.

“Gōken, me diga uma coisa, ouvi falar que o Dubal morreu faz um tempo. É verdade isso, ou não passa de boatos?”, pergunta Jeff. O discípulo de Gōtetsu responde que sim, Dubal de fato morreu. Jeff diz que não consegue acreditar que Dubal morreu. Conta Gōken que Dubal foi morto pelas mãos de uma organização criminosa chamada Shadaloo. “Shadaloo, mas que raio de organização é essa?”, pergunta um ainda incrédulo Jeff. Pelo pouco que Gōken sabe, trata-se de uma organização criminosa que opera no Sudeste Asiático por meio de atividades criminosas como o tráfico de narcóticos e a lavagem de dinheiro. Ainda segundo Gōken, o líder desta organização é um homem chamado M. Bison. Gōken diz pouco saber sobre Bison. “Esse Bison, só pode ser um demônio da pior espécie!”, completa Bogard. Gōken conta ainda que Dubal deixou uma filha e esposa.

Conversa vem, conversa vai, e Gōken resolve contar a Jeff a respeito de seu irmão, Gōki. Em um passado distante, Gōken e Gōki treinaram o estilo Ansatsuken sob a tutela do mestre Gōtetsu. Gōtetsu é o mestre de Gōken e Gōki. Ou melhor, era o mestre deles, visto que certo dia Gōki, achando que ele não estava usando o poder do estilo da forma por ele vista como a adequada, o desafiou e o matou cruelmente ao acertá-lo com o golpe Šun Goku Satsu. Desde então Gōki usa o Ansatsuken como uma técnica assassina, o Satsui no Hadō, e adotou como nome de guerra Akuma.

Gōken então resolver confessar ao amigo os sentimentos que tem em relação ao irmão. “Sabe Jeff, o meu irmão Gōki, ou melhor, o Akuma, desde aquele dia tem feito muita maldade e trilhado o caminho das trevas. Mas ele é o meu irmão, e sei que isso é muito difícil de acontecer, mas eu, do fundo do meu coração, quero que ele um dia perceba o erro que vem cometendo ao seguir o caminho das trevas e comece a usar o Ansatsuken para o bem, como uma forma de ele se redimir de todas as maldades que vêm fazendo desde que matou o mestre Gōtetsu”, diz o mestre, desabafando ao amigo.

Essa é a deixa para Jeff também desabafar e abrir ao velho amigo, e conta a ele a respeito de Geese Howard, um de seus companheiros de treino do estilo Hakkyokuseiken. Segundo Jeff, Geese é um dos companheiros de treino mais talentosos que ele já viu, talvez o aluno mais talentoso que o mestre Tung Fu Rue já teve. E se lembra dos tempos em que ele, Geese e Sinzan eram tão próximos que eram chamados de os “Três Irmãos da Batalha Divina”. Mas sente que há algo de muito errado nele. “Eu sinto que o Geese deve ter tido uma história muito difícil por trás dele, mas por outro lado eu vejo que ele vem sendo controlado por emoções negativas. Temo pelo pior, Gōken. De que cedo ou tarde ele resolva tramar algo contra mim ou o mestre Tung. Quem dera um dia ele passe a usar os ensinamentos do mestre Tung da maneira adequada, como o estilo requer...”, diz Jeff ao amigo.

Alguns dias mais tarde, Jeff e seus filhos adotivos partem, mas não sem antes de se despedirem dos amigos e prometerem que um dia voltarão a se encontrar. “Treinar contigo foi muito bom, Ryu. Espero poder treinar novamente contigo”, diz Terry. “Eu digo o mesmo, Terry. Você é um lutador incrível”, responde Ryu. “Até a próxima, Ryu”, diz Terry. “Até a próxima, Terry”, responde Ryu.

Tão logo se tornou o 35º Grão-Conde de Stroheim, Krauser passou a almejar restaurar o poderio que sua família outrora tinha. E para isso fundou a sua própria organização criminosa das sombras, cujas principais atividades são a lavagem de dinheiro e o tráfico de armas. A organização de Krauser fomenta conflitos em várias partes do mundo, em especial na África e no Oriente Médio. Tão logo os conflitos estouram eles passam a apoiar os dois (ou mais) lados da contenda. E assim a organização de Krauser é a grande vencedora dos conflitos, independente de quem vença no campo de batalha. Os conflitos civis em Angola e Moçambique que emergiram tão logo ambos os países se tornaram independentes de Portugal, são um bom exemplo disso.

Em Angola, a organização de Krauser forneceu armas tanto a grupos como a MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) e quanto à UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e à FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola). E em Moçambique, tanto a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) quanto a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) receberam armas da organização de Krauser. Em outras nações africanas que se libertaram do jugo colonial europeu a organização de Krauser agiu de forma análoga. E tão logo os conflitos acabavam os lados beligerantes estavam atolados em dívidas com a organização de Krauser. Não raro, recursos como o marfim de elefante, o diamante, o cobalto e outros metais preciosos eram usados para cobrir os custos gerados pela guerra.

A organização de Krauser também esteve presente na guerra Irã-Iraque (1980 – 1988), na qual tanto o Iraque de Saddam Hussein quanto o Irã do aiatolá Khomeini receberam armas da organização de Krauser. E há quem diga também que a queda do xá Reza Pahlevi no Irã em 1979 e a substituição da milenar monarquia iraniana pela atual República Islâmica tenha tido o dedo de Krauser no meio. E mais do que isso: há quem diga também que o próprio Krauser teria fornecido o avião que levou o aiatolá Khomeini da França ao Irã natal dele.

Há um ditado que diz o seguinte: onde há luz, há escuridão. Para encobrir seu lado sombrio, Krauser promove atividades de filantropia e de ação comunitária na Áustria e no sul da Alemanha. Doa dinheiro a hospitais, jardins zoológicos, projetos de infraestrutura, associações religiosas, museus, teatros, circos e tantos outros. Assim ele aparece como um grande filantropo e apreciador das artes que preza muito pela etiqueta e bons hábitos.

Na verdade, as atividades de filantropia de Krauser são precisamente um meio de lavar o dinheiro do tráfico de armas. No fim das contas, essas são as duas faces da moeda de Krauser: de um lado, o aristocrata e filantropo; e de outro o senhor do crime e imperador das trevas. A luz e as trevas, o Alfa e o Ômega, o Yin e o Yang, Kami Sama e Piccolo Daimaō. As duas faces de Janus contrapostas entre si.


1 Comentários

  1. Geese vai se aperfeiçoando, enquanto Krauser vai criando o seu império das sombras, aumentando o seu poder e influência .
    Creio que o acerto de contas está próximo !

    Excelente capítulo !

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