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Spectrum-EX - Halo 23 - Spectrum-EX vs Vila da Morte 6

 


E ae povo! 😁

Estou lançando a parte 6 de Spectrum-Ex vs Vila da Morte. A história até aqui tem seguido o rumo da aventura, porém nesta parte teremos uma gota de horror, na origem do vilão “Montanha”. 

Espero que gostem e muito obrigado a todos que estão lendo e me motivando a continuar

Jeremias Alves Pires — O Autor ✍️

Boa Leitura!

📖 Sinopse:

No auge de uma batalha desesperadora, Miguel, exausto e à beira da derrota, enfrenta um gigante zumbi e um exército de mortos-vivos. Protegendo dois inocentes, ele reflete sobre suas motivações e o sacrifício iminente. Justo quando a esperança se esvai, a intervenção da Ordem da Luz traz uma reviravolta inesperada.


📘 Parte 6 — Intervenção

Narrado por Miguel

É curioso os lugares para onde a mente escapa em situações em que deveria estar focada. Estou no meio de uma batalha de vida ou morte, que se mostra momento a momento impossível de vencer. Não sei dizer mais o que me mantém de pé. Estou exausto. Meu corpo pede repouso, ainda que seja o eterno. 

Meu inimigo, um zumbi tão grande quanto gordo é muito forte, mas é lento e descoordenado. Não há talento algum nos terríveis socos que desfere. Consigo me esquivar e cortá-lo. Se fosse um mano a mano, eu de certo já o teria vencido, mas essa é uma luta covarde… Estou combatendo um exército de mortos-vivos que não param de surgir, não importando quantos deles eu destrua. Meu mestre está comigo, mas está igualmente exausto. Enquanto enfrento o zumbi enorme, meu mestre está defendendo uma casa com dois inocentes. Conjurei um campo de força mágico ao redor da casa, que está esmaecendo lentamente, logo irá desaparecer de vez. 

Eu realmente deveria estar focado, mas minha mente, por ser minha, é rebelde, segue os caminhos que bem deseja. Talvez seja a iminência da morte… A única coisa que me vem à mente é a imagem de meus pais os quais queria muito abraçar… Ainda que pela última vez. Vejo a mulher amada e lamento cada segundo que me distanciei dela… Fiz a todos que eu amava sofrer a dor insensata da saudade que lhes dei com um distanciar repleto de mentiras mal trabalhadas, fruto de um medo que me devora a razão, nascido de combates tenebrosos além do que a mente pode imaginar ou aceitar sem enlouquecer… Ignorância, muitas vezes nos protege de verdades com a quais não poderíamos mais caminhar tranquilamente pelas ruas, ou meramente deitar a cabeça para repousar, sem temer a mais singela sombra.

Como eu poderia explicar a existência de algo tão bizarro quanto a monstruosidade contra a qual estou lutando…

— Moleque, não se distraia… Foco na luta!!!

O grito do meu mestre é seguido de um golpe certeiro do meu oponente diretamente no meu estômago, que faz um som parecido com o de um trovão, avisando-me que se não fosse a proteção da armadura, minhas entranhas estariam espalhadas no chão. Um salto vindo do instinto de sobrevivência e da memória muscular de outras lutas me livra de outro golpe do qual dificilmente eu sobreviveria. Minha derrota parece cada segundo mais próxima.

— Logo, meu amigo… Logo vou despedaçar sua armadura e saborear sua carne, ou devo começar  pela sobremesa? — Meu inimigo sorri apontando para casa onde está a senhora e uma criança, protegidas pelo campo de força conjurado por mim, que vai se desfazer assim que a vida se esvair do meu corpo, não importa o quão bravamente meu mestre a esteja defendendo, enquanto luto com um monstro tão covarde quanto agigantado.

Desvio de mais um golpe, mais uma vez o chão se despedaça, levantando uma pequena nuvem de poeira, juntamente com um estrondo ensurdecedor. Estou ficando mais lento, bem mais lento… Meu inimigo consegue agarrar minha capa com a mão esquerda, para tentar me derrubar e finalmente dar fim ao nosso combate. O que ele não sabe é que toda minha armadura é um projeto que luta após luta, vou aprimorando, de modo que o que ele está querendo fazer é algo pelo qual sempre espero, estando devidamente preparado. 

Minha capa não é um tecido frágil, servindo somente de ornamento, ela corta como uma faca muito bem afiada. Quando o gigante puxa para um lado, eu me movo puxando para o lado contrário. O resultado é o grito de dor da enorme criatura da mais profunda treva, enquanto seus dedos dançam lançados ao ar, banhando-o com seu sangue imundo. Por um instante ele dá uns dois passos para trás, arregalando os olhos, sentindo um pouco do terror que ele deveria impor.

— Ouça… Eu sou Spectrum-EX e ainda que custe minha vida, vou banir você desse mundo!!! — Meu espírito de luta se inflama.

— Desgraçado!!! Eu já cansei de brincar com você… — Meu enorme inimigo se enche de um ódio implacável, vindo da humilhação que lhe impus.

Partimos um em direção ao outro, para findar com morte nosso embate, usando o máximo de nossas forças e habilidades, sem mais nenhuma excitação. Um, dois, três cortes profundos, vou rasgando o monstro, deixando rubra minha armadura e o chão. Ele consegue acertar meu rosto com um soco devastador, que racha meu elmo. Como se nada estivesse sentindo, abro ainda mais cortes em meu algoz. Por um vacilo meu, recebo um tapa da mão sem dedos, que julgava ter inutilizado. Levo mais um soco no rosto e um chute no peito que me lança longe. Me levanto com dificuldade… Um gosto de sangue toma minha boca…  Minha armadura está se quebrando…

— Hahaha!!! Posso sentir a vida querendo deixar seu corpo… Acabou para vo… — O gigante tenta dar um passo à frente, mas cai de joelhos, numa poça de seu próprio sangue, para o qual olha com horror.

— Não está acabando somente para mim… Você também não vai durar muito…

— Comer… Eu só preciso comer… Isso sempre resolve tudo, não é? De barriga cheia, podemos enfrentar qualquer coisa… Não é? — Meu inimigo arranca um pedaço do próprio estômago e mastiga.

— Qual é o seu problema? — Fiquei perplexo, vendo-o devorar a própria carne.

Como ele podia ser daquele jeito? Eu precisava entender… Sem querer nesse momento fiz uma ligação mental com meu inimigo. Fui capaz de invadir-lhe a alma. Uma viagem tenebrosa…

De repente estava em um lixão. Disputando com cães famintos, estava um adolescente gigantescamente gordo, sujo. Devorando o que quer que encontrasse como se fosse a mais saborosa iguaria, se é que se podia dizer que ele sentia o gosto de algo, dado o desespero com que engolia. Queria somente encher a barriga, e o fazia como se nada mais na vida importasse.

Um grupo de catadores bêbados que ali também habitavam se aproximou para zombar.

— Olha lá, o montanha comendo junto dos cachorros!

— Difícil dizer qual deles fede mais…

— Ele nem se distrai…

Um deles jogou uma latinha contra o garoto, que nem mesmo se moveu. O pequeno grupo de seis infeliz embriagados gargalharam e começaram a jogar coisas no rapaz, proferindo-lhe insultos. “Você não é gente”... “Você é só uma montanha de banha”... Riam e riam. Jogavam lixo e insultavam. Os cachorros ficaram incomodados e partiram, mas o garoto continuava lá. Apenas comia. Fazia de conta que não ligava, quando na verdade navalhas rasgam seu coração. Uma lágrima rolou. Torceu para que seus algozes não estivessem percebendo.

— Ei, Montanha… Olha o que eu trouxe para você!

Montanha olhou para trás, reconhecendo a voz da única pessoa que amava.

— Tio pança? — Abraçou o idoso que também tinha uma barriga enorme.

— Olha só, consegui comprar um chocolate na cidade… É todinho seu…

Montanha apanhou o presente, rasgou a embalagem e comeu numa mordida só. Nada mais em seu peito parecia doer.

— Isso mesmo… Você só precisa comer… Isso sempre resolve tudo… De barriga cheia, podemos enfrentar qualquer coisa, pois você vai ficar grande e forte, igual uma montanha… hahahaha!

Montanha e seu tio riam, o que irritou o grupo que zombava ainda a pouco. Um deles, tendo a razão sido roubada pela bebida, deixando apenas o conduzir das emoções turvas, atirou uma pedra. O sorriso de Montanha se apagou para sempre, quando gotas de sangue mancharam seu rosto e seu tio caia no chão. Um par de olhos arregalados que perdiam a luz de viver lentamente se despediram de Montanha, enquanto uma poça de sangue se formava no chão.

— Seus desgraçados!!! — Cheio de raiva, Montanha partiu pra cima dos infelizes.

Eles estavam bêbados demais para lutar ou fugir. Quando restava apenas um deles para matar, Montanha parou por um segundo, estava cansado, estava triste, muito triste… Mais triste do que com ódio. A mente que por si só nunca foi sã, começou a se despedaçar. Foi tomado pela neblina de uma confusão mental muito macabra.

— Você só precisa comer… Isso sempre resolve tudo… De barriga cheia, podemos enfrentar qualquer coisa… — Era a única coisa que lhe vinha à mente.

Montanha então comeu… Comeu ainda vivo aquele último desgraçado, por pura ironia exatamente o que havia jogado a pedra e depois pedaços dos outros que já havia matado, até ficar com a barriga imensa cheia. Montanha então passou a viver somente para comer…

Voltei ao campo de batalha… Que coisa terrível era aquela que tinha visto? Não podia ser verdade…

— Comer… Tenho que comer… Eu quero comer agora!!! — O monstro se ergueu olhando para os dois inocentes que tanto eu queria proteger…

— Eu não vou deixar!!!

Uma estranha e poderosa força me toma por inteiro. A armadura em frangalhos se ilumina, bem como minhas espadas. O ar a minha volta explode. 

— Spectrum Final Justice!!! — Desfiro um golpe vertical e depois um horizontal, que formam uma cruz de luz no monstro, que explode segundos depois.

Caio de joelhos no chão, quase não consigo me mexer, mal consigo respirar… Cada parte do meu corpo grita de dor… E em algum lugar, desejo que Montanha e seu tio, possam finalmente se encontrar…

— Parabéns moleque… Eu sabia que você ia conseguir. Agora deixe tudo comigo… — Meu mestre se aproxima de mim com gentileza e tristeza na voz. Os corpos de dezenas de zumbis despedaçados formam um tapete macabro por todo o chão. 

Não tenho mais energia para manter o campo de força, que se desfaz. Um coro de gargalhadas malignas revelam uma multidão de mortos se aproximando rapidamente. Venci uma batalha, mas não tenho mais forças para vencer a guerra… 

— Vai logo… Eu dou conta aqui… — Meu mestre me implora, mal conseguindo falar. Ele está tão exaurido quanto eu.

— E deixar você ir para o céu como um heroi sozinho? Nem pensar, velhinho… Estamos juntos nessa… — Respondo fazendo-o rir.

— Foi uma honra, moleque… — Meu mestre se despede da vida erguendo sua arma, enquanto uma nova maré de zumbis se aproxima de todos lados.

Estou pronto para meu fim, quando de repente, disparos de laser vindos do céu, bolas de fogo e furacões eliminam o exército maligno.

— Finalmente… Os desgraçados sempre demoram… — Meu mestre suspira aliviado.

— Como assim, mestre?

— Prepare-se, moleque? Finalmente você vai conhecer a Ordem da Luz…

— Eita peste… — Meu sotaque escapa.

Depois de quase dois anos, vou conhecer outros cavaleiros… Como será que vai ser isso?

Continua…

2 Comentários

  1. Grande Jeremias!
    Fico impressionado com a sus capacidade de narrar um texto tão coeso e tenso como este .

    Uma batalha que parecia não ter mais fim ..

    Eu fiquei com o coração na boca .

    Quando finalmente Miguel parece ter vencido Montanha , eis que uma nova revelação ( e que revelação) promete mudar novamente os rumos dessa história!

    Parabéns !

    Arrebentou !




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  2. Obrigado, meu amigo! Senti falta de um pouco de terror, fora que a origem dos vilões do "Vila da Morte", são contos de terror interessantes. Farei o possível para contá-los ao longo das aventuras.

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