E ae,
povo!!!
A
batalha final de Spectrum-EX vs Vila da Morte, vai demorar um pouco mais. Sei
que não é comum fazer uma quebra dessas no meio de uma história, mas tenho
coisas para mostrar sobre o universo do nosso herói.
Creio
que para se entender quem é uma pessoa com verdade, se deve conhecer também as
pessoas que o cercam, afinal somos também uma parte de cada um que nos rodeia.
Pra mim, contar histórias, assim como as ler, é conhecer pessoas.
O
Autor: Jeremias Alves Pires
Sinopse:
Sem
se conformar com o desaparecimento de seu grande amor, Miriam abandona a
própria vida para encontrá-lo. Após meses de busca, ela se vê diante de uma
verdade estraordinária, que mudará totalmente o rumo de sua busca.
Boa
Leitura!
Parte 8 — A Busca de Miriam: Parte I — Descobertas
Dias antes do ataque zumbi…
Tinha aquele rapaz que passava por ela todos os dias, olhando-a como
quem contempla uma obra de arte, feita para encantar os olhos e aquecer o
coração. A incomodava no começo, ela fazia de conta que não notava, até
perceber que o cair daqueles olhos sobre ela a fazia sentir-se especial. Quando
deu por si, estava se arrumando toda, ajeitando bem os cabelos, não como quem
ia para escola, mas como se fosse uma modelo, prestes a desfilar para uma única
pessoa, um rapaz que ela percebeu ser tímido, quando ela sorriu para ele e viu
suas bochechas ficarem vermelhas. Achou uma graça. Um pouco mais de tempo
passou e ela passou a ver seu admirador nas nuvens do céu. O corpo ardia mais
que o próprio sol. Era inevitável o aproximar daquelas almas, que foram um para
o outro o primeiro amor, aquele que marca para sempre.
Apenas loucos acreditam no felizes para sempre, ou simplesmente não
sabem amar e portanto, nunca amaram.
Ela magoou o rapaz que a magoou de volta. Falaram o que não devia, nunca
ser dito por ninguém… Se afastaram, somente para saudade os juntar novamente.
Essa era Miriam, uma garota apaixonada por um tal Miguel dos Anjos, de
quem um mistério tenebroso o mantinha afastado de seus braços.
Dos tantos traços que Miriam amava em Miguel, estava sua falta de
habilidade para mentir, os olhos dele revelavam toda dor que os lábios
escondiam, ainda mais quando ela o beijava, quando o amava…
O que diziam a ela é que seu amado havia perdido o juízo depois da morte
da melhor amiga. Teve problemas com bebida, mais de uma vez foi visto falando
sozinho, falando com a morta… Diziam que ela era louca, por querer ficar com um
louco. Miriam concordava. Era louca por Miguel. Ele a fazia querer viver e
também morrer, às vezes no mesmo dia, na mesma frase.
Miguel foi piorando, desaparecendo do nada, aparecendo do nada, contando
mentiras sem fundamento, outras vezes não dizia nada, abraçava Miriam e os dois
choravam. Estava sempre machucado, como se tivesse apanhado de alguém, quando
não era encontrado caído na rua.
— Anda… Me diz o que está acontecendo com você… Me deixa ajudar! —
Implorava Miriam.
Miguel apenas a abraçava, beijava, amava, e depois sumia no meio da
madrugada… A noite parecia chamar por ele, como se fosse sua verdadeira dona...
Ela nem mesmo o via partir. Miriam soluçava, gritava, mas nada bania aquela
dor. Não se tratava de sua própria felicidade, sabia que Miguel estava sofrendo
em silêncio. Queria poder tirar dele toda a dor e trazer de volta o rapaz
tímido que a olhava passar…
As coisas foram piorando. Miguel morava sozinho. Ela sabia que ele não
buscava independência, queria se esconder, proteger os que amava de algo
medonho, tão apavorante que lhe roubava a fala, o agir. Chegou o dia em que ele
sumiu de vez…
Foi a vez de Miriam enlouquecer, parou a própria vida para procurá-lo.
Saia todos os dias sem hora para parar sua busca. De tanto chorar secou. Não
tinha mais vida nos olhos, como se sua alma também a tivesse deixado. Ela
precisava encontrar seu amor, para encontrar a si…
Devemos nos lembrar que o mundo de Miriam é um lugar fantástico, onde
você pode acreditar que um homem pode voar. Isso era maravilhoso e apavorante
ao mesmo tempo.
Numa noite, Miriam estava em uma padaria, comia um lanche, não com a
intenção de meramente se alimentar, queria recuperar suas forças para
prosseguir em sua busca. Na TV passava uma matéria sobre “neo-humanos”, o nome
que se dava às criaturas superpoderosas, que salvavam e atormentavam a cidade.
Até então Miriam ignorava, quando mostraram o vídeo de mais uma briga de
superseres. Miriam não podia acreditar no que achava que tinha visto. Não podia
ser verdade… Pagou o lanche que deixou pela metade e foi para casa dos pais de
Miguel, onde agora também era seu próprio lar.
— Oxi… O que foi, minha filha? Que agitamento é esse? — Dona Maria
Tereza perguntou ao ver a nora cruzar a porta ofegante de uma ansiedade
impossível de se esconder.
— Não é nada… Meu amor. Só quero dar mais uma olhada nas coisas do
Miguel. Quem sabe hoje não encontro alguma pista… — Deu um beijo carinhoso na
testa da senhora por quem havia adquirido um carinho enorme.
— Tudo bem, filha… Você já comeu alguma coisa? Vou fazer uma sopa bem gostosa
pra você… — Dona Maria Tereza afagou o rosto de Miriam com um sorriso repleto
da luz que tinha na alma.
— Não precisa, mãezinha… Já é tarde… A senhora tem mais é que descansar…
— Mais olhe… Tá me chamando de velha é? Te dou umas palmadas… Assim que
a sopa estiver pronta, eu te chamo pra comer e depois você vai dormir… Nada de
ficar a noite toda acordada… Tá ouvindo? — Dona Maria Tereza apertou
carinhosamente as bochechas de Miriam, como se ela fosse uma criança pequena.
— Tá bem… A senhora venceu… — Miriam caiu na gargalhada, rendendo-se a
todo aquele amor que lhe era ofertado com a mais profunda sinceridade.
Miriam foi para o quarto que era de Miguel quando morava com os pais,
agora ocupado por ela, enquanto Dona Maria foi até a cozinha preparar com
capricho de mãe a refeição que havia prometido, como sempre fazia.
— Boa noite, Seu Severino! — Miriam disse com alegria, quase cantando,
ao sogro que encontrou no corredor.
— Oxiii… — Cadê o relógio que eu te dei, quebrou foi? — Seu Severino cruzou
os braços e encarou Miriam.
— Não… Claro que não… Ele está aqui… Eu cuido muito bem dele… — Miriam
mostrou o relógio a Seu Severino.
— Então, sua peste… Como é que você me chega nesse horário? Oxiiiii… E
sem blusa de frio… Tá a fim de fica constipada, peste? Comeu o que na rua até
essa hora?
— Comi um lanche…
— Presepada da peste… Tu vai é come uma comida de panela… Maria!!!
— Fala, Severino!!!
— Prepare ai um grude qualquer pra essa fia do cão da sua nora…
— Eu já tô fazendo uma sopa pra ela, Severino…
— Pois bote um pedaço de carne… E bem grande… Se bate um vento leva essa
peste embora… Ai fudeu tudo de vez… Um já foi pra casa do karaio… Dois eu não
aguento não.. Oxi… O coração chega soluça…
— Também te amo, sogrão! — Miriam brincou com Severino.
— Vá pro inferno, peste… Só sabe fazé a gente passar nervoso…. Maria!!!
— Fala veio!!!
— Oxi… Veio é teu passado… Bote logo é dois pedaço de carne que eu
também quero dessa sopa…
Quando Miriam encontrou-se sozinha no quarto, ria de se acabar. Por um
momento esteve liberta da prisão de todo o seu sofrer. Os pais de Miguel tinham
esse poder, a faziam retroceder no tempo, voltar a ser só uma garotinha,
chegando em casa depois da escola.
Não durou. Logo aquele quarto, um templo erguido para seu amor que havia
sumido pelas ruas da cidade, a encarou de olhos frios, fixos, atravessando-lhe
a alma como uma navalha impiedosa. O sangrar veio em formato de lágrima. Tudo
ali fazia seu peito apertar com força, sufocando-a.
Pedaços da alma de Miguel estavam por toda parte. Haviam até mesmo
brinquedos misturados as roupas de jovem adulto, misturados num caos que
pareciam o ser de cada um de nós. Nas paredes os posters de séries japonesas
dos anos 80, que graças à magia da internet, Miriam e Miguel puderam conhecer,
servindo como mais um laço que prendia um ao outro. Foram muitos finais de
semana vendo transformações e robôs gigantes. Debatendo qual dos herois era o
mais forte, quem derrotaria quem. Não foram poucas as vezes em que dormiram
abraçados, enquanto a tela do celular iluminava o rosto dos jovens otakus.
Amor de verdade, se tem quando não se sente vergonha de voltar a ser
criança diante um do outro, tamanha a felicidade que se manifesta na simples
troca de olhares.
Certo dia, no começo do namoro, Miguel desafiou Miriam a um duelo de
desenhos, sem saber que a garota era praticamente uma desenhista profissional.
A arte produzida por Miguel era mal feita, parecendo ter sido desenhada por uma
criança, a dela digna da capa de um mangá. Riram muito e o calor da brincadeira
os fez criar um projeto do que seria uma série de tokusatusu feita pelos dois.
“Spectrum-EX”, um tipo de metal-heroe…
Foi Miriam quem fez a primeira imagem do personagem, transformada em um
quadro, que agora ela encarava, comparando com as imagens do confronto de um
heroi real com um monstro. Eles eram idênticos… A investigação de Miriam estava
prestes a tomar um novo rumo…
Continua...
2 Comentários
Nossa!
ResponderExcluirSem palavras !
Prezado Jeremias !
Capítulo maravilhoso
Aqui senti toda a sua veia poética e sensível!
Fizeste vem em trazer luzes ao grande amor da vida de Miguel : A bela Miriam!
Entramos no sentimentos ada personagem , tamanha a imersão que sua narrativa causou.
Estou positivamente impactado!
Arrebentou!
Obrigado, meu amigo. Tenho estudado essa linha mais poética... espero que dê certo.
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