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HORIZONTE DE ESTRELAS - MISSÃO 12

MISSÃO 12

RECOMPENSA


Por um instante, o tempo hesitou. As motos estavam suspensas no ar, flutuando num silêncio impossível.

Os motores zumbiam como se o próprio universo prendesse a respiração. Lúcia mantinha o olhar fixo na outra margem, os punhos firmes no guidão. O rosto sério, frio, mas os olhos queimando como se ela estivesse forçando o destino a se curvar. Atrás dela, Nyx planava com precisão matemática, a moto estável, olhos de plasma azul analisando todos os vetores possíveis de impacto, oscilação e morte.

E entre elas, preso por amarras improvisadas, Lonestar berrava como uma criança em queda livre.

— “VOCÊS SÃO LOUCAS!!! NINGUÉM SOBREVIVE A UM SALTO DESSES!!”

O vento engoliu parte do grito. O resto se perdeu no vazio.

— “Silêncio, Lonestar.” — disse Lúcia, quase calma, os olhos semicerrados pelo vento cortante.

A gravidade começava a reclamar. As motos começavam a cair.

O motor da levitadora de Nyx chiou com força, ajustando potência. A androide calculou a trajetória, compensou o desvio, e ativou o módulo de estabilização.

Lúcia, por outro lado, não tinha tecnologia de ponta — só instinto e pura teimosia. Ela inclinou o corpo, quase deitando sobre a moto e Lonestar, como se fosse uma extensão do próprio casco, e puxou o freio de gravidade em rotação.

O chão se aproximava.

A outra margem estava ali — quase, quase…

Nyx tocou primeiro. A moto desceu como uma lâmina vertical e, no último segundo, girou em posição e aterrissou com um impacto seco, perfeito, levantando uma nuvem de poeira.

Um segundo depois, Lúcia.

A moto dela quase tocou com a lateral, arranhou o chão, soltou faíscas, mas se estabilizou com um grito dos amortecedores. Deslizou alguns metros até ficar firme. Ela inclinou o corpo pra trás, puxando o guidão, soltando a respiração presa.

Lonestar, algemado, arfava como um peixe fora d’água.

— “EU QUERO MINHA MÃE!!!”

A poeira pairava no ar quando os motores silenciaram.

Do outro lado do abismo, os perseguidores surgiram tarde demais — uma moto parou bruscamente na beirada, outra não hesitou. O mercenário, mais ousado, avançou e freou em cima da hora, derrapando no cascalho.

O abismo se estendia entre eles.

Lúcia olhou por cima do ombro. O visor da jaqueta refletia as silhuetas imóveis dos inimigos do outro lado.

Nyx permaneceu parada, em pé ao lado da moto. — “Distância segura estabelecida. Inimigos sem capacidade imediata de atravessar.”

Lúcia girou o corpo, encarando os mercenários com um sorriso de escárnio no rosto.

E então ela acelerou. Não para fugir, mas só o suficiente para erguer uma cortina de areia e sumir entre as dunas.

Nyx a seguiu, silenciosa.

E Lonestar, ainda preso, murmurou:

— “Vocês duas... são o pesadelo em forma de gente…”

Silêncio.

A caçada havia terminado.

E do outro lado do penhasco, os mercenários só podiam assistir — impotentes — enquanto a areia engolia suas presas.

As motos avançavam em silêncio agora, cortando a vastidão do deserto como fantasmas de luz e poeira.

O vento quente assobiava pelas dunas, carregando consigo areia fina e cristais secos que tilintavam ao tocar o casco das motos. Scylla Prime, àquela distância da civilização, mostrava um rosto quase poético. O sol, pálido e envelhecido, pendia no céu como um olho cansado, derramando luz dourada sobre os relevos quebrados da paisagem.

As formações rochosas, esculpidas pelo tempo e tempestades, pareciam torres de um império esquecido. Montanhas negras despontavam no horizonte, como ossos de titãs enterrados sob camadas de poeira. E entre elas, canyons profundos serpenteavam o solo, guardando sombras que jamais viam o dia.

Nyx mantinha o olhar fixo à frente, sensores alternando entre espectros visuais. Lúcia, por sua vez, deixava os olhos vagarem. Por um instante — só um — permitiu-se sentir. Sentir o vento no rosto, o cheiro seco do mundo morto, a paz antes da próxima tempestade.

— “Se ignorar o calor, o vento, a areia no pulmão e os mercenários atrás de você... até que é bonito.” — murmurou ela, mais pra si do que pra qualquer um.

Lonestar soltou um grunhido, pendurado de lado na moto. — “Isso aqui é o inferno com um filtro de pôr do sol.”

A resposta de Nyx veio sem emoção. — “Inferno é um conceito simbólico derivado de mitologias orgânicas. Este lugar é estatisticamente mais hostil.”

Mesmo assim... havia beleza. Uma beleza crua. Selvagem. Um mundo que recusava a vida, mas que ainda assim carregava traços dela — nas pequenas flores roxas que brotavam entre as pedras, nas aves planadoras que cortavam o céu em silêncio absoluto, nas partículas brilhantes que dançavam no ar como pó de estrela.

Mas então... no horizonte, algo sugia.

A linha de dunas deu lugar a um platô erguido, e além dele, as ruínas do que um dia talvez tenha sido um lar para alguém. A cidade.

Scylla Prime revelava seu verdadeiro rosto.

A beleza desapareceu como uma miragem quebrada. Torres de sucata se erguiam de maneira instável, construídas com o que sobrou de naves caídas, contêineres remendados e estruturas colapsadas.

Antenas improvisadas giravam em rangidos roucos, conectadas a geradores que soltavam faíscas e fedor de ozônio queimado.

O ar era pesado, carregado com fumaça de queimaduras químicas e frituras suspeitas.

A entrada da cidade era um arco torto, onde letreiros holográficos piscavam em dezenas de idiomas, a maioria deles com erros grotescos de sintaxe. Um deles, em destaque: “BEM-VINDO A BARKHANN — FAVOR NÃO MORRER NA ENTRADA”.

Nyx desacelerou.

— “Análise ambiental: risco elevado de infecção, contaminação e violência aleatória. Taxa de sobrevivência: 38% sem protocolos ativos. 62% com meu suporte.”

— “Então fica colada em mim.” — disse Lúcia. — “Lugar assim, até o chão tenta te matar.”

As motos cruzaram a entrada enferrujada de Barkhann, engolidas pelo caos disfarçado de civilização. E o deserto, por mais cruel que fosse, ficou para trás... como se estivesse aliviado por se livrar deles. As motos avançaram pela cidade como relâmpagos malcriados cortando um céu de poluição.

A cidade era barulhenta, fétida e viva — mas não de uma vida saudável, e sim de uma doença crônica que se recusava a morrer. Crianças de olhos fundos e dentes afiados corriam entre os becos. Mercadores gritavam ofertas ilegais com orgulho. Drones com pintura descascada flutuavam observando tudo, mas ninguém sabia se estavam funcionando ou só flutuavam por inércia. Lúcia manteve o capuz abaixado. Nyx caminhava ao lado, carregando Lonestar algemado pelos pulsos com um cabo magnético. Ele tropeçava, xingando, cuspindo areia e insultos em várias línguas.

— “Vocês não vão sair vivas daqui com essa cara, sabiam? Eu sou conhecido nesse buraco!”

— “É.” — respondeu Lúcia, sem olhar pra ele. — “Principalmente pelas dívidas e pelas ex-amantes. E ambos querem sua cabeça.”

A Guild Core ficava numa estrutura que já tinha sido uma nave cargueira, tombada no meio da cidade e soldada ao chão com ferro, teimosia e promessas de violência. Seu casco oxidado ainda exibia o nome original apagado — "Starlifter 07" — agora coberto por grafites, marcas de facções e cabeças empalhadas de antigos “contratados que falharam”. A porta se abriu com um chiado sujo, revelando o saguão principal do bar.

Dentro, o ar era pesado de testosterona mal filtrada, suor interestelar e óleo de motor reciclado. Caçadores de todas as espécies se espalhavam pelo recinto: saurianos de focinho queimado, humanos com mais implantes do que cérebro, e pelo menos um ex-burocrata da Liga que agora servia cerveja sintética com uma cicatriz em forma de contrato na testa.

Lúcia empurrou Lonestar pra frente.

Nyx analisava os alvos ao redor. — “Local de alto risco. 62% de chance de hostilidade emergente. Recomendo... vigilância armada.”

— “Recomendações anotadas.” — disse Lúcia, já caminhando até o balcão.

Atrás do balcão, um trambolho de duas pernas e meio metro de ombro pra cada lado estava sentado em uma cadeira reforçada. O rosto era uma mistura de cicatrizes e tatuagens esquecidas. A barba parecia feita de aço derretido e, de cada lado da cabeça, hastes metálicas vibravam como se captassem sinais do além.

Tarkos. Meio homem, meio implantes e 100% trambiqueiro.

Ele ergueu os olhos com um sorriso torto ao ver o prisioneiro.

— “Ora... ora... se não é o nosso querido Lonestar. Aposto que você não esperava voltar pra casa pelos fundos.”

— “Vai pro inferno, Tarkos.” — rosnou Lonestar.

Tarkos riu, um som grave como turbina engasgando.

— “Vamos ao que interessa.” — disse Lúcia, já puxando o holo da recompensa. — “Contratado procurado vivo ou morto. Condição: respirando. Entregue. Agora... me pague.”

Tarkos digitou alguns comandos num terminal holográfico. Os números apareceram. Bem abaixo do valor original.

Lúcia franziu a testa.

— “Isso tá errado.”

— “Não.” — disse ele, com aquele sorriso untado de óleo de motor. — “Tá certo. Deduzi as taxas da guilda, os custos de processamento, o imposto de circulação de criminosos vivos e... claro... a taxa ecológica.”

— “Taxa ecológica?”

— “Lonestar polui o ambiente com a presença dele. Eu só tô protegendo o ecossistema.”

Lúcia se inclinou lentamente sobre o balcão, os dedos tamborilando.

— “Você acha que é esperto, Tarkos?”

— “Não. Eu sou esperto. Por isso continuo vivo e sentado aqui... enquanto você anda por aí com uma nave que parece um ferro-velho ambulante.”

Nyx piscou lentamente.

— “Sarcamo detectado. Agressividade subentendida. Iniciando análise de confronto.”

Lúcia suspirou.

— “Olha, Tarkos. Eu posso até ser cafajeste, mas sou uma cafajeste que entrega o que promete. E você me prometeu uma quantia que, sinceramente, mal vale o esforço de carregar esse traste de volta.”

Ela apontou com o polegar pra Lonestar, que estava sentado no chão com cara de nojo.

Tarkos se inclinou também, os dois agora frente a frente como dois predadores prestes a medir os dentes.

— “Quer o valor cheio, Vega? Vai me dar motivo.”

— “Já dei. Eu não te matei ainda.”

— “Não me provoca...”

O silêncio se instalou.

Lento.

Pesado.

Mãos se aproximaram dos coldres. Nyx fez menção de intervir, mas parou. Sabia o que estava por vir.

Dois estalos secos.

Dois blasters sacados em uníssono.

Agora, Lúcia e Tarkos estavam imóveis, armas apontadas um pro outro, a meio metro de distância.

Ninguém no bar se moveu. Um ou dois fizeram apostas em sussurros.

Nyx apenas observava. Preparada.

E Lonestar, suando, murmurava: — “Ok... agora sim... isso tá ficando interessante...”

O tempo congelou na Guild Core.

Lúcia e Tarkos permaneciam com os blasters erguidos, apontados um para o outro, como duas feras de fôlego contido esperando o menor vacilo para devorar.

O suor escorria na testa de Lonestar. Nyx mantinha os braços cruzados, mas seus sensores vibravam, prontos para intervir em frações de segundo.

Os caçadores ao redor assistiam em silêncio reverente, como se assistissem a um duelo clássico — desses que fazem parte do folclore local.

Lúcia quebrou o silêncio.

— “Vamos lá...” — disse, com a voz baixa, um sorriso cruel nascendo nos lábios. — “Vamos dançar.”

Tarkos não respondeu de imediato.

Seu dedo no gatilho permaneceu firme.

Mas os olhos — aqueles olhos esculpidos em cicatriz e desprezo — começaram a brilhar com algo antigo. Familiar.

E então, devagar, ele começou a rir.

Primeiro foi um riso baixo, abafado, um rosnado gutural que sacudiu o peito enorme. Depois, um trovão rouco ecoou pelo salão inteiro enquanto ele abaixava o blaster.

— “Ah, caralho... você ainda tem isso, Vega. Fibra, sempre gostei disso em você”

Lúcia baixou a arma também, os ombros relaxando. Riu junto. Um riso curto, seco, de quem já sobreviveu a muitos tiroteios — inclusive os verbais.

Atrás, alguém resmungou alto:

— “MERDA... perdi.”

Outro respondeu:

— “Apostou em quem?”

— “Na morte dos dois.”

Tarkos balançou a cabeça, ainda rindo.

— “Isso nunca perde a graça.” — disse, limpando os olhos com o polegar. — “Você me olha daquele jeito e por um segundo eu realmente acredito que vai puxar o gatilho.”

Lúcia encolheu os ombros.

— “Talvez da próxima vez eu não esteja blefando.”

— “É por isso que gosto de você.” — disse ele, teclando de novo no painel com a mão grossa. — “E também por isso que te odeio.”

A tela piscou. O valor total da recompensa apareceu.

Sem descontos. Sem taxas fantasmas. Sem “taxa ecológica”.

— “Pagamento completo.” — disse Tarkos. — “Porque você é uma excelente negociadora... maldita filha da puta que seja.”

Lúcia pegou o chip de crédito que emergiu da máquina com um sorriso de canto. — “Sempre um prazer fazer negócios com a Guild Core... desde que eu saia com mais dinheiro do que entrei.”

— “E menos buracos no corpo.” — completou Tarkos, apontando pra ela com um dedo grosso como um cilindro hidráulico.

Nyx fez uma leve inclinação de cabeça.

— “Conflito encerrado. Probabilidade de morte por blefe: 47%. Resultado: satisfatório.”

Lúcia girou o chip entre os dedos, o brilho azul refletindo em seus olhos semicerrados.

— “Vamos, Nyx. Antes que ele mude de ideia.”

— “Ou antes que alguém aposte de novo.” — acrescentou Tarkos, já voltando ao seu trono improvisado.

Enquanto Lúcia se afastava, o som das apostas recomeçava nos fundos. Vida normal no bar da guilda.

Mas agora, com os bolsos cheios.

E com a reputação intacta — ou talvez ainda mais suja, o que nesse lugar era quase o mesmo que prestígio.

As ruas de Barkhann ardiam no fim do dia.

A poeira alaranjada da tarde cobria tudo com uma crosta quente — prédios, veículos, pessoas. O sol pendia no horizonte como uma lâmpada velha prestes a explodir. Lúcia e Nyx caminhavam por uma viela de acesso às docas terrestres da cidade, onde a Estrela Perdida estava sendo, como sempre, “reparada”.

O ar cheirava a metal fervido, combustível derramado e suor humano acumulado em tecido sintético.

— “Você é uma negociadora... inusitada.” — comentou Nyx, em voz baixa e precisa, enquanto o som de soldagem ecoava ao longe. — “Mas um dia, esse tipo de método pode... falhar.”

Lúcia bufou, puxando a gola da jaqueta para longe do pescoço suado.

— “Sei disso. Mas ainda vou ter que usar esse método mais algumas vezes.”

Ela passou o polegar pelo chip de pagamento recém-adquirido e suspirou.

— “Porque Krag ainda me deve, no mínimo, dois consertos e meio. E eu ainda não tenho grana pra pagar o quarto.”

Nyx não comentou. Sabia que esse tipo de lógica fazia todo o sentido para Lúcia — mesmo que desafiasse qualquer definição funcional de sobrevivência.

Quando viraram a esquina da doca, foram recebidas por gritos, faíscas e peças voando.

A Estrela Perdida estava erguida sobre apoios hidráulicos, o casco parcialmente aberto, cabos pendendo como tripas metálicas e placas temporariamente soldadas por alguém com talento duvidoso para engenharia.

E esse alguém, claro, era Krag — camisa suada amarrada na cintura, barba por fazer e um maçarico numa mão e uma garrafa de algo suspeito na outra. Ele martelava uma placa com tanta raiva que parecia estar punindo a nave por existir.

— “ISSO AQUI É UMA NAVE, NÃO UM PINBALL, SEU SKEVAR DESMIOLADO!”

Do outro lado, enfiado embaixo da fuselagem, Zurgo gritava de volta, com uma chave inglesa em cada uma das mãos:

— “VOCÊ CHAMOU ISSO DE SOLDA?! ISSO É FITA DE DRENO, KRAG!”

— “FUNCIONA IGUAL!” — berrou Krag, cuspindo no chão. — “SE NÃO QUISER CAIR DO CÉU, É MELHOR PARAR DE CHORAR E APERTAR ESSA LINHA!”

— “EU APERTO SE VOCÊ PARAR DE USAR GRAXA COMO ADESIVO!”

Krag chutou uma caixa de ferramentas.

— “AH, DANE-SE, EU TRABALHO MELHOR SEM TESTEMUNHAS!”

Lúcia parou a poucos passos da cena observando como quem avalia um incêndio com cansaço e certo orgulho.

— “Pelo menos ele tá suando.” — murmurou.

Nyx ajustou os sensores. — “Probabilidade de explosão parcial no estado atual da nave: 34%. Subindo.” Sentado em uma pilha de baterias vazias, Mako assobiava, fumando seu cigarro eletrônico pela terceira vez no dia.

— “Olha só quem voltou. E com os membros todos no lugar!.”

Lúcia caminhou até ele, jogou o chip de pagamento no colo dele com precisão de sniper.

— “Recompensa recebida. Valor completo. Sem desconto.”

Mako ergueu uma sobrancelha. — “Sério? Tarkos pagou sem tentar te enfiar um tiro?”

— “Tentou. Mas eu fui mais rápida.”

Nyx corrigiu:

— “Tecnicamente, ambos sacaram ao mesmo tempo e se mantiveram em impasse até a resolução verbal. Observação: cena bastante eficaz.”

Krag levantou o maçarico, com a testa coberta de graxa e olhos esbugalhados.

— “VOCÊ VAI PAGAR PELOS COMPONENTES OU VAI ME FAZER ENTREGAR ISSO NO AMOR?”

Lúcia se encostou numa viga enferrujada, cruzando os braços com aquele sorriso de canto que precedia algum tipo de golpe.

— “Você ainda me deve dois consertos e meio, Krag. Faz esse valer por meio.”

Krag grunhiu, apontando a chave para ela.

— “Meio?! Isso aqui vale uns dois inteiros, no mínimo! Eu quase me eletrocutei duas vezes!”

— “Então estamos quites por uma. Continua trabalhando.”

Zurgo saiu de debaixo da nave, suado, ofegante, com um cabo derretido nas mãos.

— “Se essa nave voar... juro... eu me converto a alguma religião.”

Krag resmungou:

— “Se ela voar, é porque eu sou um gênio.”

Lúcia soltou um longo suspiro, olhou pro céu empoeirado de Scylla Prime, depois para a sucata que chamava de nave... depois para os seus “companheiros”.

— “Bem...” — ela disse, puxando o blaster do coldre na perna — “...e lá vamos nós de novo.”

  

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