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Marvel Evolution - Demolidor #1

 


E cá estamos, dando a nossa contribuição para esse projeto coletivo de iniciativa do nosso amigo Norberto Silva .

Trago a vocês uma nova origem para o Demolidor.

Espero que curtam!



PROJETO MARVEL EVOLUTION

DEMOLIDOR

01 – O começo 



O ano é 1967...

Periferia de Nova Iorque...

Uma noite chuvosa qualquer...

Aparentemente nada anormal ...

Exceto para um caminhão que se dirigia para um galpão afastado.

Carregado de armas pesadas, o motorista, entediado, fala pro seu ajudante:

-Ei..., Charles..., essa é a última viagem? Tô só o pó...

-Vontade de tomar uma bebida quente...

O ajudante, com cara de poucos amigos, retruca:

-Dois, veio...

-Dois...

Em seguida, ele diz:

-John...aquele velho careca muquirana do cacete deveria pagar a gente melhor...

-Ninguém merece ficar varando a madrugada pra fazer esse serviço sujo...

-A sorte é que a maior parte da polícia daqui é toda comprada...

-Até que eles estão deixando a gente de boa...

-Também...,com a grana que eles recebem...

-Mas, já tô de saco cheio...

O motorista concorda:

-O tratamento à polícia é melhor do que o nosso...

-E outra, Charles...

-Desde que entrei para a “firma”, não tenho mais vida...

-Até um “pé na bunda” tomei da minha mina...

-Não tiro a razão dela...

-No mês passado, só encontrei com ela, uma única vez...

-Vazou e eu me ferrei...

Charles dá uma risada marota, ao mesmo tempo que mostrava um certo conformismo com a sua vida de peão:

-Não me leve a mal, parceiro...

-Mas, eu sabia que isso ia acontecer...

-Por isso eu prefiro as “primas” da beira da estrada...

-Quando tenho tempo, pago uma delas e tá tudo certo...

-Nada de envolvimento...

-Somos dois “fodidos”...,essa é a verdade!

Agora era John, o motorista quem sorria:

A conversa seguia.

Era uma forma de amenizar o sentimento de inferioridade que acometia a ambos.

A entrada do galpão está a menos de 200 metros...

O que eles mal poderiam imaginar é que a noite deles iria terminar de um jeito bem diferente que planejaram...

Um homem uniformizado de uma esquisita roupa dourada com a região do tórax em vermelho e duas letras D no peito tinha planos diferente pra eles...

xxxxxxx

Horas depois...

Um corpulento magnata, no último andar de seu arranha-céu em Manhattan, no coração financeiro de Nova Iorque, com vistas privilegiada para a imponente Estátua da Liberdade, dá um violento soco na mesa.

-Como isso foi acontecer? – esbraveja.

-Quem é o louco que se atreve a se colocar no meu caminho?

-Eu perdi fortuna considerável ..., sabia?

Também pudera a raiva que o magnata sentia!

A perda foi monumental!

Um depósito explodido, funcionários presos e o início de um grande escândalo de proporções inimagináveis para o magnata que atendia pelo nome de Wilson Fisk, no submundo do crime intitulado como “Rei do Crime”.

Seu assessor direto, Willian Keets, tenta ponderar, temendo um acesso de fúria maior que poderia lhe custar nada mesmos que a própria vida...

Também uma tentativa de ganhar tempo:

-Temos uma imagem gravada pela cabine do caminhão do estranho que atacou a nossa operação...

William liga o computador e mostra a estranha figura de um homem vestido de forma chamativa e nada usual...

O corpulento magnata, observa-o atentamente.

Ao se sentar em sua imponente mesa, ele fecha os olhos e faz um gesto com as duas mãos, formando uma espécie de triângulo, indicando que ele estava pensativo.

Após alguns segundos em silêncio, o magnata ordena:

-Eu quero saber quem é esse cara!...

-Dê seus pulos, “Will”!

-A começar por aqueles dois merdas que vacilaram o suficiente para porem tudo a perder...

Encarando ameaçadoramente seu assessor, Wilson Fisk diz:

-Do contrário, não sobrará um vivo aqui...

-E isso serve pra você, “Will”!

Entendendo a ameaça nada sutil, o assessor se retira...

Ao se ver sozinho em seu escritório, Fisk diz pra si mesmo:

-Nada e nem ninguém vai destruir o que levei uma vida inteira para construir...

xxxxx

No dia seguinte...

Universidade Colúmbia, a mais antiga e uma das mais renomadas dos Estados Unidos...

Durante o intervalo, o jovem estudante de Direito Mattheus Murdock, comia seu lanche despreocupadamente na cantina central.

Deficiente visual, ele era conhecido pelos proprietários da cantina da Universidade, que já sabiam das suas preferências e já estavam acostumados com os seus hábitos.

Enquanto comia o seu lanche, seu pensamento ia longe...

Considerado um dos melhores alunos da sua turma, por seu pensamento rápido e um peculiar foco em detalhes, ignorados pela maioria, mas que faziam a diferença no andamento do curso, sendo reconhecido pelo corpo docente da instituição como alguém fora da curva e de futuro brilhante.

Mas, não era com a sua carreira que ele estava preocupado...

Embora já acostumado, a sua deficiência visual ainda o incomodava. Ainda mais da forma que o ocorreu...

Seu pensamento o levava para aquele dia...

Aquele maldito dia!...

XXXXX

Flashback

1965...

Murdock havia acabado de deixar a sua namorada, uma descendente de imigrantes japoneses em sua casa.

Como sempre costumava a fazer , o percurso entre a casa de sua namorada, Sayoko Namura e sua própria casa, era percorrido a pé, já que a distância não chegava a 500 metros ...

Naquela noite, porém, um acontecimento iria mudar a sua vida para sempre.

Sem saber que estava sendo seguido por dois homens encapuzados, vestidos de um uniforme verde, que lembrava a de um exército, Murdock nem teve tempo de reagir...

Foi tudo muito rápido.

Antes de apagar, atingido pelas costas, por um pedaço de barra de ferro, que atingiu sua cabeça Murdok, consegue ouvir:

-Te pegamos, Stevie Rogers!!!

Horas mais tarde, ele acorda.

Mesmo confuso, ele percebe que algo está errado.

Algemado à parede nas mãos e pernas de um cômodo escuro e fétido, ele pergunta, assustado:

-On...onde estou?...

-Que...lugar é esse?

A resposta não tarda em ser ouvida.

-Finalmente acordou, Stevie Rogers...

Ao dirigir o olhar ao quem falara, uma surpresa.

Um homem encapuzado e musculoso, vestindo um uniforme verde com uma detalhes em amarelo lhe encarava de modo ameaçador...

Murdock , ainda sentindo fortes dores na cabeça, diz;

-Deve estar havendo algum engano...

-Eu não sei quem é Stevie Rogers...

-Eu me chamo, Mattheus Murdock...

O homem encapuzado parecia não estar convencido daquela resposta.

Furioso, ele se aproxima e lhe desfere um potente soco na boca de Murdock que tem a sensação de ter perdido um dente no processo.

- Não brinque comigo, seu lixo!!!

-É claro que você é o Oficial Stevie Rogers, o tal do Super Soldado...

-Há quase vinte anos que você causa problema pra nossa organização...

Aquelas falas, não pareciam fazerem o menor sentido para Murdock.

Sem entender o porque de um mero civil como ele ser confundido com outra pessoa, entre a dor e o desespero, Murdock se lembra que havia rumores na Universidade sobre a ação de um Super Soldado, popularmente conhecido como Capitão América.

Ele rapidamente associa em pensamento:

“Então é isso!”...

“Estão me confundindo com esse tal de Stevie Rogers, que presumo ser esse tal de esse tal de Super Soldado ou, Capitão América”...

O Soldado a sua frente se mostra mais impaciente:

-Vamos! Você agora, é nosso prisioneiro de guerra...

-Terá que colaborar e nos contar tudo o que sabe...

Murdock tenta manter a calma, mas os constantes chutes e socos recebidos não permitem que ele busque uma saída para aquela situação limite que ele se encontrava.

Ele apanha muito.

Quanto mais negava ser o pretenso Super Soldado, mais era agredido.

Seu agressor só para de agredi-lo quando percebe que uma espécie de carteira de documentos cai do bolso da camisa já ensanguentada da sua vítima...

Ao ver a identidade a constatação:

-“Mattheus Murdock”..., estudante de Direito...

-Não é possível?

-Como posso ter me enganado ?

-Esse bairro é frequentado pelo Stevie e as suas características físicas lembram a dele...

Antes que Murdock se manifestasse, nesse momento, outro soldado com o mesmo uniforme adentra ao recinto, aos berros:

-Idiota! O Stevie acaba de ser visto num evento oficial do governo norte-americano.

-Pegamos o cara errado...

-E o que é pior, matamos a namorada e a família desse cara, pensando que era o Stevie...

-O Caveira tá furioso com a gente...

-Por causa desse vacilo, o plano dele de pressionar o governo norte-americano foi pelo espaço...

-Temos que fazer algo com esse daí... – referindo-se a Murdock, que pressentiu o perigo iminente.

-Esse cara não pode sair vivo daqui...

-Ele é um arquivo perigoso...

A verdade se fazia nua e crua na sua frente.

Sua namorada e os pais delas foram mortos covardemente por eles o confundirem com um herói nacional...

Acidentalmente envolvido num sequestro destinado a uma outra pessoa, Mattheus Murdock temeu pela vida.

Mas, nada poderia fazer...

Instintivamente pensou na namorada se culpando por sua morte..

“Sayoko...me perdoe”...

Mas, não havia tempo para conjecturas...

Ele foi encapuzado, amordaçado e levado para um outro local...

Jogado ao chão, amarrado nas mãos e pés e com a venda nos olhos, Murdock foi espancado sem dó...

Ele prevendo a morte iminente, como último recurso decidiu de se fazer se morto, numa tentativa desesperada de parar aquelas agressões covardes.

As agressões cessaram...

Mas, o sofrimento de Murdock estava longe de ter um fim...

Ele, totalmente desnorteado e com medo de ser descoberto, percebe que está sendo carregado por alguém muito forte fisicamente.

Segundo depois, ele é arremessado no que pra ele seria um tanque...

Um fétido tanque que parecia ser de lama e lodo...

Murdock apaga...

Horas depois, Murdock acorda.

Surpreso por estar vivo e não ter morrido asfixiado, ele só escuta o silêncio...

Se concentrando na audição, e na sensação física do seu corpo, Murdock avalia se havia alguém no local...

Estranhamente, seu corpo estava seco e quente... Era como se ele nunca tivesse sido arremessado em um tanque ..

Ele só escutava alguns sons de pássaros longe...

Não julgou prudente pedir por socorro.

Após alguns minutos de espera, ele decide:

-Que se dane!...

-Já não tenho nada a perder mesmo...

-Tenho que sair daqui...

Ele pressiona as mãos amarradas, tentando se desvencilhar das amarras.

Para seu espanto, ele conseguiu com relativa facilidade ...

Ele utiliza as mãos para também desamarrar as pernas.

Nova surpresa...

Desata as amarras com muita facilidade.

Em seguida, tirou o capuz...

Foi aí que ele constatou algo que mudaria a sua vida para sempre...

-Minha visão...

-Eu não consigo enxergar nada!!!...

O desespero toma conta de sua alma...

Sem enxergar, como ele sairia dali?

E o que é pior: como ele viveria daqui pra frente?

Se levantando com muito custo, Murdock coloca as mãos para a frente, no sentido de tatear alguma coisa ou objeto que fosse ou, no mínimo, alguma parede.

Enquanto caminhava em passos inseguros, Murdock nota que, estranhamente, seus outros sentidos estão muito mais apurados que o normal.

Ao perceber que o mínimo ruído que fosse, era percebido por seus ouvidos, Murdock resolveu se entregar e confiar nos seus instintos.

Quando percebeu que estava fora do galpão, pelo calor na sua pele , ele julgou que o dia já amanhecera.

Agora que vinha a parte mais difícil...

Como voltar pra casa?

Guiado pela sua audição, ele conseguiu perceber a movimentação de carros a alguma distância, o que indicava que existia alguma rua ou estrada por perto...

Nesse momento, dois sentimentos completamente distintos tomou conta de sua mente, tomada pela extrema ansiedade sobre o porvir..

A dúvida em prosseguir, ou a esperança que ele iria voltar pra sua casa.

A segunda opção foi mais forte e o fez caminhar até a beirada do asfalto...

Murdock:

“Depois de tudo o que passei, nada mais pode dar errado”...

“Eu vou”...

“Com essa audição aguçada, acho que não serei atropelado”...

De fato, o destino pareceu-lhe sorrir...

Ao ouvir a aproximação de um automóvel, sem pensar duas vezes, Murdock deu o sinal com a mão...

O motorista, sem explicar o porquê, sentiu que aquele rapaz não era um criminoso, dos muitos que existiam por ai e se aproveitavam de caronas para assaltarem e fazerem maldades de todo o tipo...

Ao parar o carro, o motorista, ao perceber que os olhos do jovem estavam opacos e sem vida, pergunta:

-Ei, jovem! Tudo bem?...

-Precisa de ajuda?

-Vejo que você não enxerga...

-É perigoso ficar aqui...

-Fale onde mora que te levo...

Ao mesmo tempo que a constatação de que, de fato, ele, a partir de agora, seria um deficiente visual, lhe deu nas entranhas do ser; saber que, naquele mundo onde grande parte das pessoas queriam que as demais se lixassem, existiam pessoas com empatia, lhe deu ânimo.

Educadamente, ele diz:

-De fato, sou deficiente visual...

-Peguei um taxi para um determinado endereço e vim parar aqui...

-Se puder me deixar no endereço que eu te falar, eu pago a gasolina...

O motorista, compadecido, diz:

-Depois a gente vê isso...

-Vamos...

Durante o trajeto, tentando coordenar os pensamentos, Murdock mais ouvia do que falava...

Mas, o fato do motorista ser aluno de uma academia de artes marciais, despertou o interesse de Murdock, que pediu o endereço para, quem sabe, passar a treinar lá.

Mesmo, descrente que o rapaz cego a sua frente faria mesmo aquilo, o bondoso motorista lhe fala o endereço e o nome da academia.

Murdock guarda aquela informação em sua mente.

Ele julgou, que precisaria ter aulas de auto-defesa.

Já em casa, sozinho, Murdock começa a pensar na vida e no futuro:

“E agora?”

“O que farei?”

Aquela nova realidade duramente lhe imposta, exigia adaptações radicais em seu modo de vida...

Não seria algo fácil...

A única coisa que Murdock tinha era que, além da cegueira, algo em seu corpo estava diferente...

Os demais sentidos estavam absurdamente aguçados...

Paladar...

Olfato...

Audição...

Tato...

Força e explosão muscular...

Era como se seu corpo tivesse passado por uma completa transformação atingindo níveis de desempenho, impensáveis para um humano em geral...

A certeza que algo diferente acontecera além da perda de visão, ocorreu quando , ao correr na quadra de esportes próxima a sua casa, ele ouviu de um jovem a seguinte fala :

-Nossa, que velocidade!

-Incrível!

Murdock, sempre muito cético sobre poderes sobre-humanos, começou a acreditar que, no caso dele, aquilo nos era uma possibilidade ou uma fantasia...

Era real...

Ele tinha super poderes...

Mesmo cego, seu corpo nunca esteve tão pleno...

E alguns dias depois, ele decidiu se matricular na academia de seres marciais sugerida pelo bondoso motorista que o acolheu quando do incidente.

O mestre da academia, de todas as formas possíveis não o queria matriculado.

Somente com muita insistência de Murdock, ele aceitou a entrada de Murdock, com uma condição...

Se Murdock fosse capaz de se defender dos golpes que ele lhe aplicaria, ele poderia se matricular.

E qual não foi a surpresa do Mestre Takati, ao não conseguir acertar Murdock uma vez sequer, seja em chute, soco ou golpe marcial...

Inacreditavelmente, Murdock se esquivou de todos os golpes.

Mestre Takati, lhe diz :

-Por ser cego...seus reflexos são impressionantes...

-Quase inumano, eu diria..

-Eu não queria que você se matriculasse, porque eu temia que você se machucasse de modo irreversível, ampliando o seu sofrimento...

-Não desejaria você machucado...

-Queria te poupar...

-Mas, testando o seu desempenho, prezado Murdock, percebo que não há esse perigo...

-Seu sentidos , com exceção da visão, estão integrados de uma forma espantosa...

-Parece um milagre...

-Serei o seu sempai, te ajudando a lapidar suas habilidades...

E assim, uma nova fase da vida de Murdock começaria...

Em seu coração a chama de combater o crime, usando os seus super poderes.

Seus super sentidos seriam utilizados de uma forma inusitada.

Nascia assim, o Demolidor, o momento que julgou mais apropriado para essa nova etapa de vida!

Fim do Flashback

XXXXX

Seus pensamentos são interrompidos por um colega de sala que, costumeiramente lanchava com Murdock.

As rotinas faziam parte da vida dele.

Murdok já nem se importava.

Tanto é que diz:

-Hei! Deixe eu adivinhar...

-Scott?

O amigo sorri:

-Você deve me achar um saco, né, “Matt”?

Matt arruma o óculos e sorri:

-Não diga isso...

-Você é um dos poucos que não me vê como um coitadinho cego e indefeso...

-Eu valorizo a tua presença e a tua amizade...

-Posso ser cego, mas consigo analisar bem as pessoas...

-É como se a aura delas, inexplicavelmente se comunicasse com os meus sistemas sensoriais...

Scott, agradece:

- Valeu, Matt!

Murdock pergunta:

-Naturalmente, não é sobre a minha cegueira que você quer falar...

-Vamos, amigo! Quais as novidades?

Empolgado, Scott Duller, conta:

-Tu me conhece mesmo, “Matt”...

-Por falta de uma, tenho duas novidades...

Murdock diz:

-Só me resta contar...

Scott, fazendo clima de suspense, diz:

-A coisa tá feia em Nova Iorque...

-A polícia e a imprensa tiveram trabalho ontem...

-Parece que uns caras com armamentos pesados foram detidos por um cara vestido de amarelo e vermelho e entregue à polícia...

-A imprensa cogita que eles pertençam às grandes máfias que dominam o submundo do crime...

-Essa praga urbana, parece que de uns anos pra cá, se disseminou como um vírus...

-O pior é que sabemos que a polícia e os governantes locais são, no mínimo, omissos...,pra não dizer outra coisa...

-O fato é que tem outro vírus se disseminando...

-A existência de heróis mascarados na área...

-Já não basta o tal do Homem Aranha que, desde que apareceu, tem causado reboliço na cidade...

-Já tem um tempo que ele atua e não tem ninguém que seja capaz de descobrir quem ele é...

-Tem também o tal do Capitão América...

-Mas, esse tem o apoio da mídia e até do governo...

 Murdock sabia que era ele o tal cara de amarelo e vermelho, mas disfarçou bem, indo na direção oposta ao que ele mesmo fazia às escondidas...

-Um novo justiceiro das ruas...

-Isso não vai dar certo...

-Esse, se bobear, terá vida curta...

-Esse negócio de herói das ruas está virando moda mesmo, Scott...

-Tens razão quanto a isso...

-É um fenômeno urbano a ser estudado...

-Mas, se pensar por outro lado, isso pode ser um indicativo que as autoridades civis não estão combatendo o crime a contento...

-Vamos ver onde isso vai dar...

Nesse instante, Murdock tenta mudar o rumo da conversa:

-Mas, e aí, Scott?

-Qual é a segunda novidade?...

Scott finge tossir, pois sabia que o segundo assunto envolvia uma pessoa pela qual Murdock não tinha nenhuma apreço:

-Bom...., coff, coff!!!

-A segunda é sobre o “Frank”...

Murdock, parece enfadado:

-Ah..., o Castle...

-O que esse cara aprontou dessa vez?...

-Qual foi a garota que ele “pegou”?...

-Sempre se exibindo, só porque tem um corpo físico avantajado e dinheiro a rodo...

-Ele só vive disso...de romances...

Scott, conhecendo o amigo, diz:

-Caramba, Murdok!!!

-Você é bem ácido em relação ao Frank....

-Nem disfarça a inveja!...

Murdock não se altera:

-Scott..., não se trata de inveja...

-Se é em relação às garotas, que você se refere..., você está redondamente enganado...

-Eu, nas minhas atuais condições financeiras e também físicas, já que sou cego, nem tenho como competir com ele...

-É questão de visões de mundo totalmente opostas...

-Eu penso em usar da minha profissão para ajudar o máximo de pessoas que puder...

-Ele, na área dele, só quer se exibir...

-Mas, isso não importa...

-O que aconteceu?

Scott responde:

-Murdock, parece que ele teve a atual namorada brutalmente assassinada...

-Ela foi encontrada com sinais de violência física nas proximidades da casa dela...

Murdock, franze a testa, mudando o tom de sua expressão facial:

-Sério?...

-E como ele está?

Scott responde:

-Ele estava num evento esportivo quando soube...

-Dizem que ele teve um acesso de fúria...

-Acabou sendo preso, por agressão ao policial...

Murdock põe a mão no queixo, pensativo:

-Humm...

-Posso não ir com a cara dele, mas entendo a sua fúria...

-Mas, Scott, as autoridades sabem o porque que uma jovem foi assassinada desse jeito?

-Há alguma pista, alguma linha de investigação?

Scott esclarece:

-Parece que o pai dele, está metido com a máfia nova iorquina...

-Foi uma vingança contra o pai dele, que segundo eu vi na reportagem, revelou alguns podres de uma organização criminosa...

-Ele está sumido...

-E o Frank está sem advogado...

-Dizem as más línguas que ele é o próximo..., embora não haja evidências da sua participação nessa máfia...

-Pra mim, ele tá envolvido...

Murdock se interessa pela conversa:

-Mexer com poderosos traz consequências...

-A corrupção está disseminada na nossa cidade...

-Eu tenho alguns contatos com advogados da cidade...

-O Frank foi injustiçado...

-Ele é vítima...

-Vou ver o que posso fazer e ajudá-lo...

Scott se surpreende com aquela fala:

-“Matt”, você realmente é estranho...

-Acabou de dizer que detesta o jeitão de mulherengo do Frank, mas se dispõe a ajudá-lo...

-Fica difícil te entender...

Matt não muda o semblante.

-Não tem nada difícil de entender...

-É apenas o certo a ser feito...

-Uma questão de ética...

-Não tem nada de anormal nisso...

Scott fica pensativo por alguns instantes...

Num mundo onde a lei do mais forte imperava, ética era uma palavra que soava meio estranha pra ele...

Uma espécie de utopia delirante, um tanto “donquixotenesca” de Murdock...

Ao mesmo tempo que essa característica de seu amigo, o fascinava...

O sinal toca, indicando o final do intervalo e Murdock faz menção de sair e voltar para a sala de aula.

Mas, uma notícia urgente na TV de 14 polegadas da lanchonete, faz Murdock parar para ouvir.

Os dois presos por ele na noite anterior foram mortos com sinais de envenenamento.

Scott , surpreso, diz:

-Tá ouvindo isso , Matt?

-O poderoso chefão do crime em Nova Iorque, não deixou barato...

-Já mandou apagar os caras...

Murdock discretamente, cerra os punhos, mas disfarça:

-É...

-Pelo visto, ele se incomodou com esse tal de justiceiro das ruas...

-As coisas estão ficando interessantes em Nova Iorque...

Murdock só queria que aquele resto de aula acabasse o mais rápido possível.

Sua cabeça estava a mil por hora...

De algum modo, Frank Castle era a chave que ele precisava para entrar de vez naquele jogo e desmascarar o grande mafioso que estava por trás da criminalidade nova-iorquina.

Ele precisava ser protegido...

Mesmo que, através dos seus contatos, qualquer informação mínima que fosse, seria importante em sua nova jornada de combate ao crime.

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Horas depois , graças ao trabalho de bastidores de Murdock, Castle foi solto.

Rude, de poucas palavras, ao ter contato com o advogado desconhecido que o soltou da prisão, Castle, em tom de ameaça diz:

-Avise ao Wilson Fisk! Não adianta me comprar!

-Ele pagará com o que fez com minha namorada...

-Eu vou caçá-lo..., nem que seja no inferno, Rei do Crime!

Não foi ao Rei do Crime que essa ameaça chegou...

Mas, a uma pessoa que Frank jamais poderia suspeitar...

De posse dessa informação, Murdock finalmente, poderia entrar em ação...

E o fez de uma maneira nada convencional.

Trajado com o seu uniforme amarelo e vermelho ele faz um pequeno vídeo, que ele faz chegar ao destino: a torre King Garden Emperor, em Manhattan:

No vídeo, ele diz:

-Wilson Fisk, renomado empresário...

-Para os íntimos, o “Rei do Crime”...

-Quero que saiba: de agora em diante, você está na mira do “Demolidor”...

-Seu império está com os dias contados!

-Pode apostar!

O destinatário, ao ver o vídeo, dá um potente soco em sua mesa, esbravejando:

-Então, esse inseto amarelo e vermelho resolveu dar as caras, ousando me afrontar e entrar no meu caminho...

-Demolidor, hein?...

-É o que veremos...

-É o que veremos...

Demolidor: primeiro uniforme .
Arte Norberto Silva 


2 Comentários

  1. Uma boa estréia, com um Matt Murdock bem diferente do usual e que promete bastante.
    Interessante a escolha de fazer a história se passar em 67, dá muita opção de fazer paralelos entre o passado e os dias de hoje, principalmente sobre as diferenças tecnológicas das duas épocas. Eu não conseguiria fazer algo assim, pois a diferença é brutal para com os dias de hoje, demandaria bastante pesquisa.
    parabéns

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    1. Grande Norberto!

      A questão da data, eu pensei num cenário cosmopolita pós-guerra com as máfias americanas no auge .


      Murdock, sempre foi um personagem instigante pra mim, dentro do universo Marvel.

      Vejamos o que consigo fazer com ele e com o Jisticeiro.

      Gratidão!

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