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Rise to the Skies - Página 17

 

Bom dia, boa tarde, boa noite, pessoal.

Espero que curtam o penúltimo capítulo da história.


17. Finalmente, Shining Future

Qaira não tinha a fama de ser uma das cidades mais difíceis de serem atravessadas por nada. Era praticamente um oásis no deserto. Quando Arisa levantou voo mais uma vez, ajustando a bússola para Shining Future, percebeu que precisaria, mais uma vez, ajustar o ar-condicionado da aeronave para refrescar o cockpit, e o deveria manter fechado.

Ela podia voar lentamente e aproveitar a paisagem, porém era areia até onde a vista podia alcançar. Vez ou outra a garota Técnica conseguia ver um cacto ou outro, mas não havia vegetação rasteira ou mesmo árvores. O lugar era tão árido que, apenas pouquíssimas vezes, era possível acompanhar o trajeto de alguns vermes da areia, que usavam aquele clima extremo como habitat.

Outra coisa que ela notou enquanto voava: tirando o barulho do vento soprando nas dunas e o da turbina silenciosa de sua aeronave, o restante era um dos mais profundos e enervantes silêncios que ela presenciou.

Mas, mesmo assim, ela ficou maravilhada com aquele cenário desolado, afinal de contas, o mundo para onde ela fora tragada era tão diverso quanto o dela próprio. Aproveitou a falta de variedade para cochilar um pouco, o silêncio era uma bênção para o sono.

Depois de passar algum tempo, que a garota não pôde mensurar, ela começou a ouvir alguns ruídos bem baixinho. Era possível saber que ela se aproximava de algum lugar, provavelmente ela teria dormido quase todo o trajeto de Qaira a Shining Future, porém este primeiro pensamento não era verdade.

Atrás de si, ela ainda conseguia ver a cidade de Qaira, um brinco, um oásis no meio do deserto. Porém, à frente de si, ela via uma muralha de luzes pulsantes. Era quase como o contraste entre Old Complex e New Pier de novo, porém ainda mais flagrante e mais díspar do que antes. Se aquela era Shining Future, então a atendente da Guilda, quando lhe disse que Shining Future era um deleite para os olhos de quem gostava de tecnologia, a surpresa começou antes mesmo que ela pudesse chegar ao lugar prometido.

Ao passo que sua aeronave voava em direção a ela, os ruídos e sons ficavam mais altos, os canhões de luz podiam alcançá-la, e o dia foi dando lugar a um entardecer avermelhado por causa da reflexão do deserto que estava cruzando. Mas a cidade a frente não parecia deixar a luz de lado, muito pelo contrário, parecia até mais iluminada do que antes.

Trilhos antigravitacionais passavam por todos os lugares, tubos de viagem individual também, e à medida que ela se aproximava da cidade, via o quão grandiosa e o quão gigantesca era. Maior do que qualquer cidade que tivesse visitado em toda Nova Star.

Enfim, ela estava em frente à Shining Future. Sua entrada ostentava um gigantesco arco flutuante chamado “Portão de Fótons”, formado por milhões de microplacas que mudavam conforme as emoções sentidas por aqueles que o cruzavam, por isso a maioria dos viajantes não cruzava tal arco. Porém Arisa, ignorante de tal informação o cruzou, e logo o arco se iluminou em amarelo dourado, mostrando o quão animada, empolgada e admirada ela estava com aquele lugar, o que fez com que as pessoas sorrissem instantaneamente com o bom humor da Técnica.

Os sistemas de navegação da cidade interagiram com o sistema da aeronave da garota, orientando para onde ela deveria ir e onde ela deveria pousar, de acordo com as leis do local. Ela seguiu todas as orientações, pousando onde foi indicado. Ao pousar, havia um comitê à sua espera. Quando ela olhou ao redor, ela via alguns arranha-céus curvos ao fundo. Hologramas de artistas faziam suas apresentações ao vivo nos estabelecimentos próximos.

Porém, antes de avançar, era necessário sincronizar a bioassinatura de Arisa com a cidade, garantindo-lhe assim permissão para andar pela cidade sem restrições, conforme o comitê que veio recebê-la informou. Ela ficou muito preocupada, afinal de contas, quando se tem a bioassinatura de uma pessoa, você pode fazer o que quiser com ela, inclusive clones.

Porém, ao questionar sobre a possibilidade, o comitê, vendo o quão insegura ela ficou com o procedimento, sugeriu a utilização de uma pulseira bioelétrica para que pudesse passar pelos lugares sem precisar reter informação no sistema, o qual Arisa agradeceu muito e optou por esta possibilidade, prendendo a pulseira ao redor de seu pulso esquerdo.

Assim ela entrou na cidade, olhando a tudo com cuidado. Ela até parecia uma turista deslumbrada, mas sem dúvida alguma ela estava atenta ao seu redor. Ela não era mais uma menininha que se descuidava com pouco.

No meio da cidade ela foi abordada por uma figura estranha. Ele parecia elfo, mas ao mesmo tempo não; Era uma espécie de tecnomago, porque a tecnologia florescia ao seu redor, mas era como se a mesma fosse orgânica, não algo inorgânico ou conceitual.

-          Seja muito bem-vinda, Arisa.

A garota não se furtou a arregalar os olhos, ele sabia do nome dela. Seria ele algum aliado de Keisuke? Aquele homem era bem-relacionado em todo lugar, não seria estranho ele ser aliado de alguém tão estranho.

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-          Não se espante. Sua chegada a Shining Future era algo que já era previsto há eras, e que você deveria passar por todas as provações para entender um pouco mais sobre o seu passado para poder viver o seu futuro. Sei que está aqui atrás da dra. Orinori.

-          Assim é injusto. Você sabe tudo sobre mim, mas eu não sei nada sobre você. - Disse Arisa com uma carinha de emburrada, afinal de contas, aquele ‘ser’ não parecia ser maligno ou que iria feri-la por algum motivo. Parecia ser um elfo, mas ao mesmo tempo, não. Tinha uma pele que mesclava tons naturais e o ‘gilver’ - a mistura entre ouro e prata.

-          Sou conhecido como Thalmyr Galvorel, o xamã tecnológico. Sou assistente da dra. Orinori, e ela pediu que eu viesse te buscar pessoalmente. Ela se sente culpada por toda a dificuldade que você teve de passar, mas ainda assim ela quer conversar contigo.

-          Não há problema, Thalmyr. Me leve até ela. - Arisa respondeu sorrindo, afinal de contas, era possível voltar a seu mundo por um breve momento e depois voltar para este mundo, não era?

Andando pelas ruas, ela não deixou de notar todos os detalhes fantásticos que aquele lugar possuía, e, de vez em quando, dava um olhar de soslaio para Thalmyr. Ele parecia ter uma aparência natural, mas ao mesmo tempo, antinatural... Apenas a magia, quando bem aplicada, poderia conceder tal efeito.

Então eles chegaram a uma construção que em nada era parecida com o que Arisa conhecia de construções. Para começar, o acesso era por um elevador orbital, e o lugar ficava flutuando no céu. Muito acima das nuvens.

-       Se eu soubesse que era lá eu tinha subido direto com a minha aeronave.

-       E você não poderia entrar. Todas as aeronaves, com a exceção da particular da dra. Orinori, são proibidas. Você teria problemas antes mesmo de chegar próximo.

Arisa assentiu positivamente ao receber aquela informação. Realmente era algo a se levar em consideração.

O elevador era panorâmico, então ela podia ver toda a cidade de Shining Future enquanto subia com ele. A cidade foi ficando menor enquanto eles foram subindo, até se tornar algo pequeno, quase um brinquedo. Arisa percebeu que o carro do elevador orbital era pressurizado, justamente para evitar problemas com pessoas e o ar rarefeito ao redor da construção.

Então o carro do elevador entrou direto na construção em um poço de elevador normal, chegando ao hall do laboratório da dra. Orinori. Quando as portas se despressurizaram com um chiado e se abriram com um ruído mecânico, Arisa ficou bestificada.

Aquele lugar não era, em nada, parecido com o que ela já havia visto em sua jovem vida. Era até mesmo difícil de ser descrito, dada a sobrecarga de informação visual que ela havia recebido naquele momento. Muitas coisas ela sequer entendia a serventia que tinha, ou se a serventia era apenas decoração. Porém, uma informação que gritava naquele momento era que o lugar era mesmo um laboratório, uma espécie de amálgama entre laboratório de tecnologia, biologia, química, física experimental e vários outros.

Porém, havia uma espécie de painel exibindo informações...

... Em japonês.

A língua natal de Arisa. Os símbolos brilhantes passavam pela tela de maneira direta, sem muitos rodeios, passando algumas informações sobre o mundo de Arisa, a Terra, e as informações sobre possíveis conflitos entre os países do mundo.

E ela viu a data.

Havia dez anos que ela havia deixado o mundo dela, e não cinco como ela havia contado desde que chegou naquele mundo. A discrepância temporal era muito grande... Então ela entendeu que, a cada dia que ela passasse naquele mundo, dois se passavam no mundo natal dela, fazendo com que os cinco anos que ela contou se transformassem em dez.

Pouco depois, no alto da escadaria em que o painel estava próximo, chegou a dra. Orinori. Era tudo o que a atendente da guilda de aventureiros havia dito sobre ela e mais, muito mais. A garota sentia até inveja da elfa, por ela parecer mais nova do que ela e, ao mesmo tempo, mais madura (corporalmente falando).

Seus olhos dourados perscrutavam a mente de Arisa, ela podia sentir.

-       É um prazer finalmente conhecê-la, Arisa-chan. - Megumi Orinori ostentava uma expressão de orgulho, como se a mais nova fosse mesmo filha dela.

-       Digo o mesmo, dra. Orinori. - Respondeu a jovem Hisami com respeito e deferência.

-       Por favor, Arisa-chan. Me chame de Megumi.

Thalmyr ficou boquiaberto. A possibilidade de chamar a dra. Orinori pelo primeiro nome era para poucos, e Arisa havia conseguido isso apenas de chegar em seu laboratório. Era fácil entender que a garota não era pouca coisa. Claro que ele sabia do papel dela no futuro de Nova Star, mas chegar a este nível de intimidade era algo impensado.

- Tudo bem, Megumi-san. Obrigado pela confiança. – Arisa sorria, sem graça, com vergonha de receber tal liberdade assim, de repente. Porém, é quando a garota se dá conta: há quanto tempo ela a acompanha? O quanto ela sabe sobre suas viagens? Foi quando ela decidiu perguntar.

- Megumi-san, só uma pergunta... O quanto você sabe da minha viagem por Nova Star? – A pergunta era pertinente, e a elfa entendeu que não adiantaria mais esconder o que ela sabia sobre a viagem da garota.

- Sei tudo, criança... Afinal de contas, fui eu quem a trouxe para cá. Tudo ficou parecendo que eu fiz uma trapalhada e lhe trouxe por acaso, mas não. Não foi por acaso. Há algo que eu quero que seja feito, e apenas alguém que não é de nosso mundo poderia fazê-lo. E esse alguém precisava ser um Técnico. Para a minha sorte, quanto te transmigrei, você era uma das pessoas que tinha em suas veias a propensão de se tornar um, e eu abençoei a minha sorte por isso. – Megumi Orinori poderia ser o que fosse, desastrada, uma elfa que não pensa muito no futuro, mas ela não era desatenta, muito menos burra.

- Então tudo pelo qual passei neste mundo foi um teste para que você entendesse a minha força em relação a ele? – Perguntou Arisa, com o cenho um pouco mais fechado.

- Exatamente, menina. Você entendeu rapidamente, melhor do que os outros que eu transmigrei. Você é mesmo uma bênção. Tem algo que eu preciso que você faça, e o quanto antes você for, mais rápido você salvará o destino de Nova Star e as nossas vidas. As vidas de todos aqueles que você conheceu e amou por aqui.

Orinori sabia muito bem empregar as palavras, ela sabia muito bem onde tocar no coração da garota para que ela concordasse realizar a missão que ela tinha para a pequena.

Mas ela tinha dúvidas, sabia que ela poderia recusar para ir contra ela, afinal de contas, ela a tirou de seu mundo contra sua vontade e não lhe explicou nada, desde o começo. Ela realmente poderia negar o seu pedido.

- E o que me impede de negar o seu pedido? – Perguntou Arisa, simples e com um tom de voz inexpressivo.

- Essa é a beleza, Arisa-chan. Nada te impede de negar o meu pedido. E ainda assim você não perderia nada. Por isso te pedi encarecidamente que aceitasse o meu pedido.

- Bom, qual é o teste pelo qual tenho que passar? Preciso de mais informações para entender se eu vou mesmo lhe ajudar ou não.

Orinori pareceu avaliar se ela contava tudo à garota ou não, se dava todas as informações necessárias antes que ela embarcasse na missão, mas a elfa soube que ela podia confiar na menina. Se ela não abandonou a missão que lhe foi confiada de achá-la, por mais difícil que fosse, talvez ela não a deixasse para trás, não importando o que acontecesse com ela.

- Bom, então espero que sente. A história é bem longa. E pra eu falar que é uma história longa, é porque ela é longa mesmo.

“Houve uma época de ouro em que os transmigrados da Terra trouxeram tecnologia de seu mundo, e por causa da magia aqui, tudo evoluiu exponencialmente em poucos anos. Por isso você viu tecnologias como a da pirâmide de Qaira que você viu. Mas isso acabou gerando um impacto gigante em Nova Star... E logo isso tudo irá colapsar.”

E Orinori contou a história de Nova Star para Arisa. O mundo foi criado por um deus que foi morto por suas criações depois de milhões de anos da criação... E este mundo havia sido reparado pelos transmigrados, por isso que todos, quando ouvem que há um transmigrado entre eles, entendem ser um sinal de bom agouro e de muita boa sorte.

Quanto mais Arisa aprendia sobre aquele mundo que a acolhera, em sua maioria, tão bem, mais ela queria aprender. Ela absorvia todas as informações passadas por Orinori como se fosse uma esponja.

- Mas Megumi-san... E onde eu entro para lhe ajudar a salvar o mundo? O que é necessário que eu faça?

- Ocorre também que houve um profeta, entre os transmigrados, que fez uma profecia. Eu sei, você vai dizer “você é uma pessoa da tecnologia, você não deveria se ater a essas coisas” ... – Começou Orinori, mas Arisa a interrompeu.

- Você pode ter as crenças que quiser, Megumi-san. Eu não tenho direito de dizer no que você deve ou não acreditar...

Orinori ficou estupefata no quão assertiva foi a profecia do transmigrado. Até nisso ele havia acertado, ela trataria a todos como gostaria de ser tratada, não tendo preconceito de raça, cor ou credo. Ela sorriu e ficou feliz por ter sido parte da profecia em si.

- Obrigado, Arisa-chan. De verdade. Obrigado por ser essa menina tão maravilhosa. Como eu dizia antes de eu mesma me depreciar, houve um profeta entre os transmigrados que contou, com riqueza de detalhes, que chegaria uma transmigrada ao nosso mundo, e que nos salvaria do “Tesouro do Céu”.

- A riqueza de detalhes com que ele falou desta escolhida eu estou vendo agora o quão assertivo ele foi, ele perfeitamente te descreveu, Arisa-chan. A única coisa que faltou foi saber o seu nome. Quanto ao resto, eu já sabia como você seria, suas feições, altura, peso, comportamento... Por isso estou emocionada por finalmente te conhecer. E essa profecia foi feita há cerca de 10 mil anos atrás, ainda na Era dos Transmigrados.

- Okay, então eu sou uma escolhida de uma profecia. – Arisa falava como se custasse a acreditar... Não porque queria, mas sim porque parecia tudo muito fortuito. Mas, mesmo assim, Arisa acreditou em Orinori. A elfa ficou contente de receber a confiança da menina humana mesmo que isso não fosse feito de maneira completa.

- Mas então, Megumi-san... O que eu tenho que fazer pra que essa profecia se cumpra? – De certa maneira, Arisa estava empolgada. Era como se ela estivesse vivendo um dos RPGs que ela adorava jogar. Os olhos dela brilharam naquela hora.

- A única pista que eu tenho é que você vá para a construção que flutua acima de nós... E você deve ir sozinha, porque é um lugar que apenas aceita Técnicos transmigrados. Eu sei que você conheceu alguns Técnicos no caminho pra cá, mas todos são nativos.

1 Comentários

  1. Chegamos ao ápice narrativo !
    A chegada de Arisa a Shining Future!

    Fiquei boquiaberto!

    Arisa, fruto de uma profecia milenar de Nova Star !

    Não poderia esperar por isso.

    E você deixou em aberto a sua última missão.

    Pelas fotos que você me mandou em off tenho uma vaga ideia, mas não Sri precisar o que passa na sua cabeça.

    Você mandou bem demais.

    Já estou fixando com saudades de Arisa-chan!

    Parabéns!

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