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Bado de Alkor, o fantasma do norte (capítulo IV)

 

                                             Capítulo IV - O segredo de Shido de Mizar (parte II)

Harald deixou o filho abandonado em uma área próxima a vilarejos humildes não muito distantes da fronteira com Vanaheim. Talvez, quem sabe, algum humilde aldeão local o salve da morte certa e o adote como seu legítimo filho. Essa é a aposta do pai de Shido e Bado.

Alguns minutos se passam. Harald já se encontra a uma boa distância do local. Tudo indicava que Bado morreria de fome e inanição como tantos outros gêmeos asgardianos abandonados por suas famílias de nascença. Na verdade, ele iria virar a refeição do dia de um carcaju.

O carcaju fareja o cheiro do pequeno Bado à distância e se dirige até ele. Mas um velho aldeão, ouvindo a certa distância o choro do pobre e desafortunado infante, o encontra ao lado de uma árvore e chega a tempo de impedir que o pior ocorresse.

Como a cara e a coragem e armado de um cetro, o aldeão literalmente encarna o demônio para proteger a criança. Ele tira forças de seu íntimo e apenas com a sua presença, voz estridente e metálica e olhar intimidador logra afugentar a fera mustelídea de cerca de 30 quilos, que por sua vez achou que teria uma janta fácil e no fim ficou sem nada.

Uma vez afugentada a fera mustelídea, o aldeão salvou o pequeno Bado de ter o destino reservado à maioria dos gêmeos rejeitados de Asgard e o adota como seu filho legítimo, assim passando a viver sob seus cuidados. Assim, a aposta de Harald foi ganha, ainda que com consequências imprevisíveis para a posteridade, como veremos mais adiante.

Meses depois, com Shido já tendo meio ano de vida, crescendo com boa saúde e com o risco de morte prematura já afastado, uma festa é feita na mansão dos von Bygul para apresentá-lo a sociedade asgardiana. Gente graúda da sociedade asgardiana comparece ao evento promovido pelo jovem casal von Bygul, incluindo alguns dos melhores amigos de Harald e Astrid.

Entre os convidados estão pessoas de diversos clãs nobres, incluindo os Fenrir e os Alberich, e até mesmo figurões da família real asgardiana.

O patriarca dos Alberich, Alberich XVIII, lá estava com sua esposa Greta. “É uma honra comparecer a essa magnífica festa, Harald”, diz Alberich ao chegar à festa e ser recepcionado por seu velho amigo Harald. “E é uma honra muito grande poder recebê-lo aqui, Alberich, meu velho amigo”, Harald responde. Em seguida os dois colocam a conversa em dia. As senhoras von Bygul e Alberich fazem o mesmo. A segunda revela que recentemente descobriu que está grávida.

 “Tenho certeza que o Shido crescerá forte e saudável e será o legítimo herdeiro da tua linhagem, herr [1] Harald”, diz Alberich XVIII. “E o teu filho vindouro também para a tua família”, responde Harald. Harald e Alberich são amigos de longa data. Periodicamente, os dois e suas famílias passeiam a cavalo pelas florestas densas e nevadas, às vezes caçam animais como perdizes e outros.

Os Fenrir também são recepcionados pelos anfitriões na festa. Ao ver que veio a festa o primo Ulf e sua esposa Birgit, Astrid fica muito contente. Desde pequenos, Ulf e Astrid são muito ligados entre si. Até parece que eles são irmãos, e não primos. “Ulf, meu primo, que bom vê-lo aqui!”, diz Astrid. “Eu não podia faltar a essa festa magnífica, prima Astrid. O Shido é um menino de sorte, por ter uma mãe como você. Tenho certeza que um futuro incrível o aguarda”, responde Ulf.

A esposa de Ulf, Birgit, por seu turno, revela estar grávida e que o nome da criança vindoura será Fenrir. “Que belo nome, bem digno de vocês”, diz Astrid. “Algo me diz dentro de mim que um destino grandioso aguarda nossos filhos. Não sei do que se trata, mas tenho essa sensação dentro de mim“, diz Birgit. “Acho que só o tempo saberá responder a tal pergunta”, Astrid responde.

Também marca presença na festa a família real, que governa o reino nórdico desde o século XVI. Para a festa na mansão dos von Bygul a família real é representada por Ingvar, irmão mais velho do governante atual de Asgard, Durval.

Outro amigo de longa data de Harald lá também está presente. Trata-se de Folken, um dos guerreiros mais renomados e aclamados de toda Asgard. Muito bem quisto pelo povo de Asgard, Folken é notório por sua habilidade no campo de batalha e senso de estratégia incomparável. Mas se há algo no qual Folken também é muito bom é a leitura do psicológico das pessoas.

Em determinado momento da festa, Folken confessa a Harald que em ambientes como esse não se sente lá muito a vontade, que ele prefere ficar no vilarejo humilde onde ele vive, mas que veio a festa em consideração ao velho amigo que há muito não via. Ele ainda conta que nos próximos dias partirá a uma guerra nas regiões fronteiriças meridionais de Asgard.

A festa transcorre normalmente. Comidas e bebidas diversas são servidas na festa. Carnes das mais variadas, incluindo cortes bovinos e carnes de caça como alce, rena, cervo vermelho, corça, faisão e perdiz. Guloseimas doces, como frutas, mel e bolo adocicado. Bebidas como hidromel, uísque e outras lá são servidas pelos criados da família von Bygul. Estas últimas, obviamente, só consumidas pelos adultos.

Mas alguns dos convidados notam algo no mínimo suspeito: o semblante de Harald e Astrid. Eles pareciam felizes na festa, mas alguns dos convidados sentem que por trás de toda a alegria estampada no rosto deles havia uma pitada de tristeza. E isso levantou algumas especulações, incluindo suspeitas de que eles possam ter tido na verdade mais um filho.

Com o tempo, espalharam-se em Asgard rumores de que os von Bygul tiveram na verdade um segundo filho, irmão gêmeo de Shido. Visto que pessoas que abandonam um dos filhos gêmeos comumente passam por isso.

Um dos que notaram isso foi o casal Alberich. Ao retornarem à residência deles, Greta pergunta ao marido se, por um acaso, notou algo de estranho no semblante de Harald e Astrid. Alberich que sim, também notou. “Agora que você falou, pensando bem... sim, notei algo de estranho no semblante deles. Era como se alguém importante estivesse faltando na festa”, conclui Alberich XVIII. “E essa ausência sendo sentida por eles”, completa Greta. “Sim, querida”, diz Alberich XVIII. Logo, o casal passou a suspeitar que os von Bygul teve um segundo filho, irmão gêmeo de Shido.

Folken também notou esse detalhe no semblante dos von Bygul. Se há algo no qual Folken é muito bom é em ler o psicológico das pessoas e captar detalhes nas entrelinhas, detalhes que muitas vezes a maioria das pessoas não capta, como se fosse uma águia. Na mansão, Folken sentiu como se estivesse faltando alguém por lá. E ele contou isso a alguns dos companheiros de exército. Dentro em breve, ele irá a uma guerra, a serviço de Asgard contra Vanaheim, por conta de questões fronteiriças mal demarcadas entre os dois reinos nórdicos.

E Sven, que enquanto esteve na mansão dos von Bygul também teve a mesma sensação que Folken teve, igualmente notou esse detalhe, assim levando os rumores ao Palácio Valhalla.

Certo dia, Alberich XVIII foi em pessoa à oficina de Vidkun Erikson. Vidkun também é amigo de longa data de Alberich XVIII. Depois de pedir a ele uma adaga para o filho vindouro, Alberich XIX, os dois colocam a conversa em dia.

Alberich conta a respeito da festa de apresentação do jovem Shido a sociedade asgardiana. O patriarca do clã Alberich então pergunta a Vidkun se por um acaso os von Bygul tiveram gêmeos. O ferreiro responde que sim, os von Bygul na verdade tiveram dois filhos gêmeos, e então ele coloca o patriarca do clã Alberich a par de tudo, incluindo sobre as adagas que ele mesmo forjou para os dois infantes.


NOTA:

[1] Termo em alemão que significa senhor, lorde. O equivalente feminino é frau.



1 Comentários

  1. Um segredo dessa envergadura, pode trazer consequências sérias ao casal
    Harald e Astrid.
    Numa sociedade hipócrita como a aasgardiana, usso pode ser um mau presságio.

    Aguardemos!

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