Loucura Escarlate
02- O inferno de Wanda
Wanda Maximoff, enquanto dormia, se mostrava agitada.
Quem de fora a observasse, facilmente perceberia que Wanda estava vivendo um terrível pesadelo.
Mas, era mais do que isso!
Possuída mentalmente por uma contraparte sua de uma outra dimensão, Wanda estava, literalmente presa ao mundo dos seus pesadelos.
Um mundo de visões enlouquecedoras!
Por mais que Wanda tentasse, a sequência de imagens bizarramente infernais a atormentava a níveis insuportáveis.
Ela se via num cenário de guerra.
Mas, não era qualquer cenário de guerra.
Era a Segunda Guerra Mundial!
E, para seus desespero, Wanda se via assassinando milhares de pessoas.
Por mais que não quisesse, alguma força maior controlava seus movimentos.
Wanda observa:
-O que está acontecendo?
-Eu não tenho vontade própria?
-Eu não quero matar essas pessoas...Eu não quero!!!
Nesse momento, ela ouve uma voz dentro da sua mente:
-Você quer!
-Você nasceu pra isso...
-Você é a Escarlate, a Feiticeira cor de sangue...
-E é isso que você precisa...
-Sangue...Muito Sangue!!!
Wanda se agacha, colocando as mãos na cabeça:
-NÃOOO!!!
-EU SALVO PESSOAS, EU NÃO MATO!!!!
Uma risada diabólica se faz ouvir em sua mente:
-Hahahahahá...
-Agora eu estou no comando...
-Você não conseguirá me deter!
-Finalmente estou livre e terei o que é meu por direito...
-Veja!!!
Sem que Wanda pudesse resistir, ela se levanta e energizando suas mãos, assassinando brutalmente um soldado russo...
Em seguida, um outro soldado é enforcado sem piedade por uma descontrolada Wanda.
Ao mesmo tempo que Wanda entrava em completo desespero com as atrocidades que cometia, algo dentro dela parecia se divertir com aquilo.
Parecia sentir prazer em matar.
E Wanda não conseguia controlar aquela sensação.
Aquela dicotomia dualística entre medo e prazer, de certa forma, aguçava os seus sentidos e seu ego.
A cenas bizarras se repetiam infinitamente como um filme de imagens sucessivas e sem fim...
Muitas pareciam não terem o menor sentido, de tão desconexas e absurdas que pareciam ser.
No entanto, o horror misturado à luxúria e ao hedonismo (*01) parecia atrair os sentidos de uma atormentada Wanda.
Em dado momento , ela se vê diante de um soldado alemão.
O mesmo caminha em direção a ela.
Ao invés de atacá-la , claramente, por seu olhar e por suas reações físicas masculinas visíveis, Wanda percebeu que ele a desejava como mulher.
Sem que pudesse entender ou resistir, o tempo misteriosamente avança e ela se vê nua, nos braços daquele desconhecido, no que ela poderia considerar como um sexo selvagem.
Ela sentia nojo daquele homem fétido e embrutecido, ao mesmo tempo que aquela sensação de domínio e selvageria lhe dava prazer.
Enquanto gemia a cada investida do seu algoz que a possuía de todos os jeitos e formas, ela pensava:
“O que está acontecendo comigo?”
“Eu sou poderosa...Nunca que eu permitiria um porco imundo como esse encostar um dedo no meu corpo”...
“Por que não consigo sair disso?”...
A resposta, veio seca e desconcertante em sua mente:
“Porque você quer, ora!”...
“Porque é essa a sua real natureza”
“Porque o sexo sagrado selvagem é uma das fontes do verdadeiro poder de uma bruxa...., ainda mais sendo tão poderosa quanto você “...
“Ou você não sabia disso...,Wanda Maximoff?”
Tentando combater aquele pensamento intrusivo e violento que a assombrava, enquanto era mordida no pescoço pelo embrutecido soldado alemão, ela reage em pensamento:
“Isso é uma mentira!”
“Eu nunca precisei do sexo para exercer meu poder”...
“Nunca usei o sexo pra esse fim”...
“Se me envolvi com alguém, foi porque quis”...
“Jamais cederia meu corpo a um animal podre como esse”...
Após uma histriônica gargalhada, a misteriosa voz que ecoava em sua mente, não se faz de rogada e responde de modo sádico:
“Ah,não?”...
“Tem certeza, querida?”
“Que puritana!”
“Que poço de santidade!”...
“Só que não!”...
“Veja isso!”...
Sem que pudesse entender, o cenário muda repentina e violentamente e Wanda vê o seu algoz sexual , caído no chão...
Decapitado...
Ao olhar suas mãos, o susto: elas estavam repletas de sangue.
Atormentada, Wanda se descontrola:
- Como isso foi acontecer?
-Eu não fiz isso...EU NÃO FIZ ISSO!!!
Sem parecer se importar, o ser que conversava com ela, usando ela mesma , não tarda em dar a resposta , usando a própria boca de Wanda:
-Fez sim e fez muito mais que isso...Veja!
As imagens a seguir deixaram-na chocada.
De tão bizarras e profanas é preferível não narrá-las para não afetar leitores mais sensíveis.
Wanda se via cometendo as maiores atrocidades sem que desejasse isso.
Ao mesmo tempo, ela não conseguia evitar, reiniciando infinitamente esses ciclos infernais.
O desespero era tanto que, Wanda, completamente desorientada, não percebia que sua mente estava sendo controlada por um agente intruso. Na verdade, uma contraparte demoníaca dela mesma, residente numa outra dimensão.
O pesadelo parecia não ter mais fim!
As imagens infernais se sucediam numa maratona interminável de dor, desespero e sofrimento.
Sua sanidade mental (se é que existia naquele momento) estava em frangalhos.
Sem saber discernir o que era real ou ilusão ou, o certo e o errado, Wanda Maximoff era refém de si mesma...
xxxxxx
Enquanto isso...
Em uma enorme sala, um senhor vestido com roupas extravagantes fazia a sua meditação matinal.
Em posição de lótus, seu estado de concentração era tanto que chegava a levitar.
Estamos falando de Stephen Vicent Strange, também conhecido como Dr. Estranho.
Em dado momento, esse senhor abre os olhos.
Imagens formadas na sua mente o assustam demasiadamente.
-Não...
-Como isso foi ocorrer?
-Wanda precisa de ajuda!...
-Eu tenho que ajudá-la!...
Notas
(*01)Hedonismo vem do grego Hedonê — nome de uma guia, uma daemon ou uma deusa, na mitologia grega, que representa o prazer. Filha de Eros e Psiquê, Hedonê era a representação encarnada de uma vida prazerosa. O hedonismo é uma doutrina, ou filosofia de vida, que defende a busca por prazer como finalidade da vida humana.
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