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Esquadrão Mítico Tupangers: Episódio 17

 



E aew, pessoal! Tudo bem com vocês?

Eu ando empolgado escrevendo, este capítulo já estava pronto havia algum tempo. Espero que gostem. 


17. Coisa de Família

- É bom saber que vocês não me querem na equipe. - Se era possível que Isis estivesse mais chateada com toda a situação, agora ela se sentia ofendida, tida como uma menina superficial, fútil, que pensava apenas em si mesma – Se não queriam que eu ficasse, porque me fizeram passar por todo aquele treinamento?

Aiyra, Iúna, Ada e Débora olharam para trás, assustados. Agora ela claramente pensava que eles falavam mal dela. Amanda a fitava lívida de fúria, possivelmente era mais um número, uma cena atuada. Mas antes que ela respondesse, a ruiva saiu em defesa própria.

- Realmente pareço dar mais atenção às coisas físicas, mas eu já fui muito enganada. Quando o Iúna chegou com aquele papo fantasioso de que defenderíamos o mundo com poderes fantásticos, eu achei que era lorota, e que eu o seguiria até o fim pra dar fim a uma possível quadrilha de sequestro. Mas quando cheguei aqui, fiquei com medo, não sabia onde era e o que era o Plano Mítico, tudo o que eu mais queria nessa vida era poder proteger meu pai. Já que estou transformada mesmo, vocês podem ver as minhas memórias.

Nesse momento, Isis tira apenas o capacete, ficando com o traje de Pink Caupe. Ela se ajeitou no chão, próxima à tora que estava ali como banco largo, e esperou que alguém fizesse o primeiro contato, o que não demorou muito, já que a primeira que queria tirar toda a prova de que ela estava errada era Amanda.

Flashes indistintos passaram em um primeiro momento, mas depois Isis foi focando no que ela queria que eles vissem. Aquilo era um processo tão doloroso que, mesmo de olhos fechados, era possível sentir o cheiro de sofrimento que a mente dela exalava fortemente. Os cinco não entenderam logo que sentiram, e agora Amanda sabia que aquilo não era fingimento ou atuação.

Ninguém conseguiria, em plena saúde mental, simular este sentimento no lado mais profundo de sua mente.

A primeira cena que todos veem é uma menina de no máximo 10 anos de idade, e era fácil saber que se tratava de Isis. Era sorridente, despreocupada, como toda criança desta idade deveria ser. Nesta lembrança ela apenas brincava em um balanço em um quintal, provavelmente em uma casa em que ela havia morado nesta época.

Era como se o céu estivesse azul, sem nuvens, a brisa suave acalentava o rosto da menina, que, enquanto se balançava despreocupada, era observada.

Em uma voz etérea, a Isis adulta explicou o contexto aos espectadores de suas memórias.

“Nesta época eu e o meu pai morávamos em um terreno de família, em que haviam umas 5 ou 6 casas, não lembro direito. A nossa ficava bem no meio do terreno, tendo a dos meus avós acima e daquilo que eu chamava de tio abaixo”.

Foi possível perceber o asco com que ela falava do parente, e sendo um tio, provavelmente era irmão de um dos pais dela. Mas ninguém perguntou aquilo, e ela não falou, tentando se manter calma ao falar daquilo que mais a machucada naquela época. Mas mesmo assim ela continuou falando sobre o caso.

“Agora vocês vão presenciar o que fez com que eu ficasse do jeito que fiquei quando conheci vocês. A maior dor da minha vida”

Depois da narrativa com tom bastante escabroso, os cinco voltam o olhar para Isis pequena. O lugar era silencioso, havia apenas o chilrear de pássaros e o ranger das correntes da balança. Porém, irrompeu naquele silêncio o berro de um homem, que chamava por ela.

A feição no rosto da menina era puro medo, à beira do pavor. Ela não queria ir, e seus pensamentos mais fortes mostravam que ela já havia apanhado daquele tio em diversas outras ocasiões. Mas seu pai tinha pedido a ela que, enquanto ele trabalhasse fora, obedecesse aos tios e avós.

Ela foi de encontro ao tio, que já estava bêbado. Segundo as memórias mais imediatas da menina, não era a primeira vez que ele estava naquele estado, e não seria a última. O homem em questão mandou, assim que a viu, que fizesse comida para ele, e resignada, ela foi.

Mesmo naquela idade ela já sabia cozinhar razoavelmente por conta da situação, e quando, depois de alguns minutos, terminou o que lhe foi pedido, ele deu uma garfada no conteúdo do prato, que logo em seguida foi lançado longe.

“Isto está uma merda! Não sabe fazer nada direito, sua imprestável?” – o homem era só gritos.

“Agora vou te ensinar o que é bom pra tosse”.

Naquele momento, ouvindo a constatação vinda do homem, Isis saiu correndo como pôde, fugindo daquele que a ameaçava, como se sua vida dependesse daquilo. Na mente dela era possível ver que o destino que ela almejava era a casa dos avós, onde, segundo ela, estaria protegida.

Ela correu o mais rápido o que as perninhas curtas dela permitiram, mas não foi o suficiente. Aquele final de tarde ela apanhou muito, a violência foi enorme, o bastante para quebrar o sentimento de ódio que Amanda tinha por Isis.

A violência foi tamanha que o resultado da agressão foi uma perna quebrada, e com os berros de dor da menina, seu avô, já idoso, fez o que pôde para levá-la ao hospital para começar a curá-la. O pai dela quando soube não se conteve, teve de ser contido.

Aproveitando-se de uma licença obtida na empresa, o pai de Isis cuidou dela, já arquitetando a mudança de casa. Eles não ficariam mais ali nem por uma ordem do velho patriarca da família.

Depois daquela cena deplorável, flashes foram vindo, como ela teve dificuldade de andar depois de uma cicatrização mal engendrada por causa da saúde pública, como ela teve dificuldades por causa da perna que não se movia direito, e todos os anos de terapia que foram necessários para que a menina não tivesse medo de qualquer homem adulto, que não fosse seu pai, que chegasse perto. 

Foi quando a exibição das memórias de Isis foi interrompida. Todos, sem exceções, estavam com as feições consternadas, com lágrimas em seus rostos. Isis chorava profusamente, com um semblante carregado de dor.

Amanda não se conteve, correu e abraçou a garota, tremendo tanto quanto ela.

Aiyra e Iúna chegaram perto dela.

- Não é muita coisa pra aplacar a sua dor, mas faremos algo.

Os dois falaram em uníssono, como se em transe.

Posicionaram as mãos em cima da perna mal cicatrizada e ela esquentou, fazendo com que Isis quase berrasse de dor, mas quando terminada a situação, ela não sentia mais nada. Os dois haviam refeito o osso dela, sem nenhuma emenda, sem nenhuma cicatrização malfeita. Quando a guerreira de Caupé se levantou, sentiu uma sensação que não sentia havia 17 anos, que era a de sentir prazer em correr.

As lágrimas dela correram abundantes. Pela primeira vez em sua vida alguém fazia algo por ela sem pedir nada em troca.

- Perdão por tudo o que fizemos com você, Isis. – Disparou Ada.

- Eu também não facilitei, né? Começamos com o pé esquerdo. – Replicou Isis, limpando as lágrimas obtidas com a felicidade.

- Vamos começar de novo? Do zero? – Perguntou Débora.

E as quatro Tupangers se abraçaram, como se irmãs fossem, com este elo forjado pela dor compartilhada e pela empatia.

- Mas que perrengue vocês três passaram com o tal do Varpo, não? Eu não teria aguentado. – Comentou Isis.

- É, foi complicado – Replicou Amanda – Agora você sabe como foi.

- Quero ajudar vocês o quanto mais eu puder. – Isis agora era, de corpo e alma, uma Tupanger. E o momento não podia ser melhor.


...

Plano dos Humanos, São Paulo, meio dia do dia seguinte

Um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro havia começado no jornal do meio dia. De certa maneira ele parecia mais articulado do que o normal, e falava que exigia a presença dos guerreiros de farda colorida que apareceram em São Paulo em Brasília, pois desejava que nenhum brasileiro sofresse mais a angústia de ter os arredores demolidos em uma luta sem sentido.

Também alegou que quem tivesse qualquer informação sobre eles que receberia uma recompensa.

Mesmo através da televisão, todos os Tupangers puderam ver a aura de Japeusá pairando pela cabeça do presidente, em claro controle mental.

Naquele momento, os oito correram para o plano mítico. Precisavam arquitetar um plano para tirar aquela atenção indesejada deles, e, de certa maneira, libertar o presidente da influência nefasta de Japeusá.


...

Plano Mítico, dez minutos depois do pronunciamento

- Droga! Como Japeusá conseguiu pegar o Bolsonaro? – Perguntou-se Pedro.

- Não esqueçam, ele consegue fazer o que bem quiser, duvido que ele queira pessoas de mente forte perto de si, ao menos mais fortes do que a dele própria. – Disparou Fábio.

- Parece que ele andou fazendo a lição de casa, porque se ele não consegue nos derrotar diretamente, ele vai usar de subterfúgios... Ele já tentou fazer isso conosco antes com o Sarney, mas ele tinha guardiões que conseguiram libertá-lo a tempo. – Disse Iúna.

- Agora a coisa ficou feia... Se alguém nos viu no vale do Anhangabaú e nos conhece, pode nos denunciar... O problema é se alguém da nossa família for utilizado para nos atrair... E se as nossas famílias sumirem, eles saberão quem somos. – Disse Amanda preocupada.

- Não quero saber, não vou deixar meus pais dando sopa por aí – Disse Pedro, firme – Guaraci, meu patrono, gostaria de trazer meus pais e irmão menor para o plano mítico, peço a tua permissão. – Terminou o Tupanger amarelo para seu patrono. Ele sabia que estava sendo ouvido. 

- É um pedido sensato, caro Pedro. Grandioso Tupã, peço a permissão que não só Pedro traga seus familiares, mas todos os Tupangers também. Eles devem ficar protegidos da tirania – Disparou Guaraci, intercedendo pelos guerreiros.

10 Comentários

  1. E eis que descobrimos os motivos pata a Amanda ser como é.. uma ótima sacada que deu toda uma nova perspectiva a personagem.
    Curti muito isso.
    Assim como curti a ideia deles de salvaguardar suas familias.
    Agora é ver o que as forças do mal farão.
    Meus parabéns cara, mandou muito bem.

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  2. É, as coisas tão ficando tensas de verdade... Esse plano de colocar a cabeça dos Tupangers à prêmio é um problema e tanto, visto que qualquer um pode denunciar eles e, gente disposta à ganhar dinheiro enquanto os inocentes se ferram é o que mais temos no Brasil, infelizmente! A explicação do trauma e comportamento da Isis foi algo muito bem trabalhado também e deu um tom melancólico poderoso na saga! Agora é aguardar pra ver como derrubar o biroliro possuído e se preparar para o que vem por aí! Parabéns Jorge, excelente episódio cara! \0/

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    1. Hehe

      Valeu Lanthys. Eu tô me divertindo enquanto escrevo.

      Abraço

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  3. Que capítulo emocionante!

    É comum julgarmos sem sabermos ao certo , o outro lado da moeda.

    O ser humano faz isso todos os dias .

    O drama de Isis foi algo muito triste de se ler.


    Suas feridas internas estavam lá, expostas .


    As demais guerreiras se arrependeram e os deuses ajudaram Isis a ter sua perna defeituosa em virtude da Áurea que tomou do tio na infância, ao estado normal.


    Agradecida, ela se junta as demais.


    Enquanto isso, Birelibles , " o pateta" é influenciado por Japeusá e inicia a perseguição aos Tupangers.

    Vamos ver o que isso vai dar.


    Muito bom, George !


    Curti muito!

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    1. Fico feliz que tenha curtido assim. Eu meio que me empolguei haha.

      Abraço

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  4. Agora a gente entende a razão da Amanda ter um perfil complicado e com certas batalhas...

    É bom demais poder ver essas análises psicológicas pois elas nos levam a mergulhar nas almas dos personagens e assim entender suas decisões e atitudes.

    Eles estão agindo de modo bem cauteloso cuidando das suas famílias e se preparando para defender a todos dos tenebrosos vilões.

    Parabéns pela obra Tupan Rangers, meu amigo!

    É uma obra única e tem a sua marca incrível como escritor.

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  5. Plot twist... E pesado ainda... Sinceramente, mais uma vez eu n esperava por isso, fiquei até sem oq dizer em como meu comentario de agr a pouco foi quase q refutado, mas acho q n tem ferramenta melhor de aproximação q a empatia e foi muito bem utilizado, me dá certa vergonha da minha versão ^^', mas pra me consolar vou usar a desculpa de pegadas diferentes, mas q tu lançou a braba lançou, msm q de forma traiçoeira e impossivel de n comprar.
    Well, o plano de trazer os familiares pro Plano terreno pra garantir a segurança é bom, mas tbm tem um viés que é o de ter q revelar a identidade secreta dos herois, ent veremos como isso será abordado, se irá gerar conflito ou n, etc.

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    1. Verei direitinho essa parte. Sempre gera alguma coisa, certo? Abraço.

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