MindStorm Produções

 

Fala Galera!!!

Mais uma vez com muito orgulho estou postando um de meus personagens aqui na Mindstorm. Esse texto é um ensaio para criação de um personagem. Todas as opiniões são bem vindas.

Carcará Negro - Vozes

- Não... por favor... eu não vou fazer de novo...

 

Cristovão já tinha sido um sujeito bom. Do tipo que não dava nem tapa em mosca. Mas agora estava ali, esmurrando uma pessoa sem parar. Justiceiro, carrasco, monstro, já não fazia mais ideia de quem era. Herói sabia que não era. 

 

- Chega, você vai matá-lo! Chega!!!

 

Olhou pra trás perplexo. 

 

- Moço, deixa isso pra lá... Eu to bem, já peguei minha bolsa. Deixa esse bosta pra lá...

Ela tinha razão. Já tinha impedido o assaltante, a inocente estava segura. Tudo que tinha de fazer era dar uns tapas no criminoso, assustá-lo e mandar embora. Com sorte ele não voltaria a atacar aquela rua nunca mais. Esse era o plano. Não foi o que aconteceu. Em algum momento, não sabia dizer qual, perdeu o controle. Agora estava sujo de sangue, por muito pouco não virou um assassino.

- Sinais vitais do indivíduo em nível crítico. Sinais vitais do indivíduo em nível crítico.

 

A voz robótica feminina do traje não parava de apitar. 

 

- Definir rota pra o hospital mais próximo!!! – ordenou ao computador. 

 

Asas negras de metal se abriram. Apanhou o bandido ferido e levantou voo, chegou rapidamente ao pronto socorro e o deixou no chão. De volta ao ar ordenou ao computador.

 

- Encerrar gravação! Iniciar postagem em massa.

 

Considerava essa a parte mais importante de todas. Todas as suas ações eram gravadas e depois enviadas pra todas as redes sociais possíveis. Uma vez exposto, o crime se tornava quase impossível de ser cometido novamente. Tinha o apoio de hackers do planeta inteiro. Em poucas horas, aquele que tinha estado diante de seus olhos, não teria onde se esconder, pois todos conheceriam seu rosto e seus pecados. Essa era sina das vitimas do Carcará. 

 

Em casa, no velho ferro-velho, foi para o quarto, tirou o capacete, sentou-se na cama. Estava estourando de dor de cabeça. A voz da inocente gritando “chega”, não se calava. Era como se ela estivesse ali com ele. Olhando-o. Reprovando-o.

 

- Deixa de ser louco, ela não está aqui... Só eu e você, não é amigão? – disse a si mesmo, encarando o capacete que segurava entre as mãos.

 

- Mais você é louco!

 

Cristovão se arrepiou todo. Ela estava lá. Dentro de seu espelho, a inocente ria descontrolada.

 

- Eu salvei você...

 

- Mas era isso que você queria? Me salvar? Seu hipócrita... Você queria bater naquele coitado. No fundo, você sabe que é só mais um doido. Sabe que os médicos estavam errados. A bala que atravessou sua cabeça, levou embora seu juízo. Seu doido.hahahahahaha.

 

- Cala a boca!!! Não fui eu!!! Não fui eu!!!

 

Cristovão joga violentamente o capacete no espelho que se despedaça....

 

-Não fui eu...

 

- E quem foi? Eu por acaso?

 

Outro arrepio, o capacete caído no chão continua suas indagações.

 

- Diga? Acha mesmo que estou falando com você agora? Eu sou só a porra de um traje que você fez. Assuma? Sua cabeça está quebrada meu velho.

 

Cristovão abriu a gaveta do criado-mudo, apanhou seu terço e começou a rezar. Era só o que podia fazer. A garota nos cacos de vidro, ria dele.

 

- Seu doido! Hahahahahaha!!!!

 

Continua...

 

Jeremias Alves Pires