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A verdadeira história do trágico amor de Siegfried e Hilda (capítulo 5)

 

                                   Capítulo V - O amor que atravessa séculos e gerações, parte I

Em 1961 Siegfried nasceu, filho do chefe guerreiro Sigmund e sua esposa Sieglinde. Ele é o segundo filho do casal, pois dois anos antes eles tiveram seu primogênito, que recebeu o mesmo nome de seu pai. A estirpe de Siegfried e Sigmund se destaca nos assuntos militares de Asgard desde os tempos da Era Viking. Um distante antepassado dos dois irmãos, Sigurd Haraldson, foi um dos líderes do assalto ao mosteiro de Lindisfarne em oito de julho de 793. Tal fato é considerado por muitos historiadores como a aurora da Era Viking. Sigurd voltou à sua terra natal com um rico botim, assim como algumas cicatrizes de batalha. Dois anos mais tarde, também tomou parte no assalto à abadia de Iona na costa ocidental da Escócia. Desde então o prestígio da estirpe dos irmãos Siegfried e Sigmund foi com o tempo crescendo.

Um dos netos de Sigurd Haraldson, Leif Sigurdson, tomou parte no cerco a Paris em 845. Outro antepassado de Siegfried, Sven Eriksson, se juntou ao bando de Rurik no ano 862, que foi até Novgorod a Grande a pedido da população eslava local para por fim às disputas entre os vários povoados locais. Seu irmão Thorvald lutou no Grande Exército que atacou a Inglaterra três anos depois. Entre os séculos X a XIV, outros ancestrais de Siegfried aparecem servindo na Guarda Varegue do Império Bizantino, assim como nos bandos varegues que navegavam no rio Volga na mesma época e que em 922 foram descritos por Ahmed Ibn Fadlan, embaixador do Khalifa Abássida de Bagdá. No século XIII, mais precisamente em 1240 e 1242, outro descendente de Siegfried e Sigmund, Syd Haraldson, tomou parte nas batalhas do Rio Neva contra os suecos e do Lago Čudskoe[1] contra os cavaleiros livonianos ao lado do príncipe de Novgorod Aleksandr Nevskij, que em 1547 foi canonizado pela Igreja Ortodoxa Russa como defensor das fronteiras russas. Na época, Asgard se aproximou da República de Novgorod, um dos muitos principados que emergiram da fragmentação da Rus de Kiev a partir de 1054, em uma aliança defensiva contra a ameaça vinda dos cruzados germânicos e escandinavos que queriam a todo custo converter suas populações ao Cristianismo Católico Apostólico Romano. Posteriormente, Syd voltou a Asgard, que em 1245 sofrera com mais uma invasão vinda do reino da Noruega. Prevendo isso, ele trouxe consigo uma tropa de cerca de mil arqueiros mongóis, cortesia especial de Batu Khan, um dos netos de Čingis Khan por via de seu primogênito Džuči[2] e o administrador dos domínios ocidentais do Império Mongol, o qual conquistou as terras russas e atacou com sucesso Polônia, Hungria e Bulgária alguns anos antes. Tais arqueiros ajudaram a treinar o exército asgardiano em táticas de cavalaria.

Os anos se passaram, até que chegamos a atual geração. Sigmund fora um notável general a serviço dos soberanos de Asgard, e participara de algumas guerras contra os reinos vizinhos de Asgard. O avô paterno de Siegfried, Siegmar, lutou na Resistência ao regime do regente filo-nazista de Waldemyr, o então governante de Asgard que se aliou aos nazistas logo após a queda da Noruega e um de seus mais fiéis aliados, tendo fornecido tropas de voluntários asgardianos aos alemães em campanhas como a invasão à União Soviética entre 1941 a 1944. Terminada a guerra, Waldemyr caiu em desgraça e executado em público e seu rival político Magnus, o líder da resistência, se tornou o governante de Asgard. E o pai de Siegmar, Sigurd, foi nos anos 1900 um ativo militante em favor da independência da Noruega (que se concretizou no ano de 1905) e depois lutou na Primeira Guerra Mundial do lado germânico nas batalhas do front oriental contra a Rússia. Ou seja, a linhagem familiar dos irmãos Sigmund e Siegfried possui uma tradição guerreira que remonta há séculos. Mesmo não pertencendo à alta nobreza de Asgard, eles têm ajudado a defender o reino nórdico desde tempos imemoriais, no que os torna uma das mais respeitadas estirpes de toda a Asgard.

Para seus pais, o nascimento de Siegfried lhes trouxe muita alegria. Logo após seu nascimento Siegfried emitiu por alguns segundos em suas costas na região do coração um brilho branco em forma de um dragão. Tal brilho deixou seus pais boquiabertos. “Será que...”, se perguntou Sieglinde, vendo tal brilho. Bem no íntimo Sigmund e Sieglinde sabiam que um destino muito especial aguardava o filho caçula. Uma vez sua mãe, segurando seu pequeno filho no colo, perguntou a seu marido, “Esses dias estive me lembrando do nascimento de nosso filho caçula e pensei: será que nosso filho não é a reencarnação do Siegfried lendário, querido?”. “O Siegfried das lendas, aquele que matou o terrível dragão Fafner e se tornou imortal após mata-lo em uma luta encarniçada e que é considerado por muitos como o maior herói dos mitos e lendas de nossa terra...”, respondeu Sigmund. “Talvez, quem sabe ele seja. E não sei por que, mas sinto que um destino especial o aguarda. Talvez quem um dia venha a se tornar um grande general do exército de Asgard, ou quem sabe até um Guerreiro Deus”. “O nosso filho se tornar Guerreiro Deus, não brinca vai querido...”, respondeu Sieglinde. “Sinto que o nosso filho tem dentro de si um grande potencial que um dia ele há de despertar, talvez ele se torne o mais poderoso guerreiro asgardiano da presente geração, mas Guerreiro Deus... eu duvido muito. Não sei por qual motivo nossos governantes teriam em despertar as armaduras divinas depois de tanto tempo”. “Ouça querida, nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Eu sinto que grandes batalhas estão por vir. Ouvi falar que dentro de alguns anos o selo que prende Hades vai perder seu poder e uma nova guerra entre Hades e Athena vai se iniciar”. “Você está falando de Hades, o deus grego do mundo... mas fique tranquilo, Athena dará cabo dele, como sempre tem feito desde tempos imemoriais”, respondeu Sieglinde. “Mas e se dessa vez for diferente, Sieglinde? E se dessa vez Hades vencer Athena? E se depois de vencer Athena resolver subjugar Asgard?”. Sigmund em seguida aparece, querendo um pouco de atenção de seus pais. “Que raio de conversa é essa, meus pais? Eu também vou me tornar um Guerreiro Deus?”, o irmão de Siegfried perguntou. Sigmund e Sieglinde respondem que talvez também se torne. O que faz Sigmund esboçar um sorriso em seu rosto. Vendo a alegria de seu primogênito, Sigmund pai diz a Sigmund filho o seguinte: “Ouça filho, para dizer a verdade isso é algo que apenas o destino responderá com o passar do tempo”. Siegfried começa a chorar de fome, e assim termina a conversa a respeito do destino que o futuro reserva ao filho de Sigmund e Sieglinde.

Entretanto, em uma guerra contra o reino vizinho de Vanaheim, Sigmund, a serviço do então soberano de Asgard Magnus, veio a falecer em combate. E como o exército asgardiano foi vencido na batalha em questão de forma fragorosa, ele acabou recebendo um tratamento especial por parte dos vencedores: foi barbaramente torturado, crucificado e passou por um verdadeiro martírio. Seu corpo morto foi exposto como forma de terrorismo psicológico e depois sua cabeça foi enviada para Magnus em pessoa como lembrança da derrota. Temendo um possível avanço do exército de Vanaheim ao centro de Asgard, Magnus resolveu assinar um acordo de paz e assim a guerra foi encerrada. E não só isso: logo em seguida sua esposa Sieglinde foi posta para morrer pelos vencedores da batalha. Vendo que seu destino estava selado, ela deixou seus filhos sob os cuidados de um velho amigo de seu marido, o ferreiro Atli, um dos mais notáveis ferreiros de toda a Asgard. Ele mora em uma área bem afastada da zona de guerra, bem no meio da floresta próxima a caverna de Ymir. Antes que fossem enviados à Atli, uma emocionante e triste despedida entre mãe e filhos aconteceu. Os filhos queriam ajudar sua mãe, mas ela dispensou a ajuda alegando que isso seria inútil. “O meu destino está selado. Filhos, por favor, sejam fortes. Vocês um dia hão de proteger Asgard do mal que nos cerca há séculos. Adeus, meus amados e queridos e filhos”. Essas foram as últimas palavras que Sieglinde, derramando lágrimas em seus olhos, disse a seus filhos antes de ser capturada e depois morta nas mãos do exército inimigo.

Sob a tutela de Atli, uma nova vida teve início para os filhos de Sigmund e Sieglinde. Como eles perderam os pais muito novos, lhes restam apenas vagas lembranças deles. Os anos se passaram e Atli deu o melhor de si para poder criar os órfãos dos finados Sigmund e Sieglinde. A tal ponto que eles os consideravam como se fosse seu pai. Atli lhes educou e lhes ensinou muito a respeito da vida, lhes educou e os criou para se tornarem os homens que viriam a ser um dia. Quando alcançou 12 anos de idade, Sigmund foi mandado por seu próprio pai para treinar para se tornar Guerreiro Deus.


NOTA:

[1] Leia-se “Tchudskoe”. A partícula č tem o mesmo valor de tch no português e no francês.

[2] Leia-se “Djutchi”. A partícula ž tem o mesmo valor do j no português e no francês.

2 Comentários

  1. Temos aqui, a biografia completa de Siegfrield, mostrando a sua ascendência e os seus feitos , deixando muito bem contextualizado tudo.


    Parabéns !

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  2. Seu texto de fato é excelente e conta com uma narrativa bem detalhada de como foi a evolução de Siegfrield.

    Fica bem mais claro entender não só os seus feitos como atitudes.

    Parabéns

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