Capítulo XVI - O desterro de Gori
Assim, a
manobra de Gori fracassa e ele não só é derrubado de sua posição na chefia de
Épsilon, como também teve seus direitos políticos cassados e foi preso sob a alegação
de traição, subversão aos valores tradicionais de Épsilon, incitação a motins e
perturbação da ordem pública. Também foi acusado de gastar em excesso recursos
na construção de seus projetos de defesa e revitalização das forças armadas de
Épsilon.
Dessa forma,
ele é submetido a uma corte marcial, na presença de um juiz chamado Mayom.
Mayom é tido como um juiz íntegro e de princípios retos e incorruptíveis. Dessa
forma, ele tem grande prestígio em Épsilon. O que poucos sabem sobre ele é que
ele tem relações de amizade e parentesco com altos figurões da política de
Épsilon. A esposa dele, Malpa, é prima de Maymun. O mesmo Maymun que, como vimos
antes, é um ardente opositor de Gori. Outros políticos de oposição a Gori
igualmente têm laços de amizade com ele. Portanto, para os velhacos da política
de Épsilon ele é a pessoa ideal para julgar Gori e prendê-lo.
E quem acha
que é só Mayom que tem essas ligações de parentesco e amizade com políticos do
alto escalão de Épsilon se engana redondamente. Praticamente todos os juízes de
alto escalão do planeta dos simióides precisam ter toda uma rede de amizades
com pessoas importantes da alta sociedade de Épsilon para atingir tais
posições. E o judiciário de Épsilon não é exceção, já que o juiz é, antes de
tudo, um político que usa toga e que ajuda a manter o status quo de uma
sociedade extremamente desigual como Épsilon. O que com o tempo fez do judiciário
de Épsilon uma verdadeira casta de privilegiados que não raro ganham salários
acima do que o teto legal permite. Dessa forma, não é de se surpreender que
eles defendam a canalha que governa Épsilon há tanto tempo.
E o pior de
tudo é que muitos desses juízes costumam vender uma imagem ao mundo de homens
íntegros, honestos e incorruptíveis que zelam pelo bem comum das pessoas de
Épsilon e que alcançaram a posição que alcançaram apenas na base do esforço
deles ao mesmo tempo em que omitem toda a rede de relações pessoais com altos
círculos pessoais de que eles desfrutam. Resumindo a ópera, são os típicos
meritocratas.
Como era de
se esperar, Gori foi submetido a um verdadeiro julgamento de cartas marcadas. Gori
já estava sentenciado antes mesmo de sua pena ser anunciada, e contra isso nem
mesmo a brilhante argumentação e retórica do cientista adiantou.
No fim das
contas Gori foi condenado à prisão. Com isso, o sistema político de Épsilon
quer passar a seus cidadãos a seguinte mensagem: de que esse é o destino que
aguarda a todos aqueles que ousem fazer o mesmo que Gori enquanto ele esteve na
chefia de Épsilon. Resumindo a ópera, que esse é o destino que aguarda a todo
futuro aspirante a Gori.
Entretanto,
para as autoridades de Épsilon não seria nem um pouco interessante que Gori
passasse longos anos mofando na cadeia, dado o gênio intelectual e científico
que ele é e tendo em vista que ele é o cientista mais brilhante que Épsilon tem
atualmente. Dessa forma, eles resolveram usar uma abordagem diferente com ele.
Ao invés de sentencia-lo a longos anos de prisão (lembrando que em Épsilon não
existe algo que existe no Planeta Terra: pena de morte), ele foi preso para
dias depois ser submetido a uma cirurgia especial na qual toda a maldade
interior dele seria expurgada. E depois disso seria solto e voltaria a se
dedicar a seus ofícios científicos.
Só que para a
infelicidade da politicalha de Épsilon houve uma ponta fora da curva por eles
traçada. As coisas não saíram bem como eles queriam que saíssem. Um dos mais
ardorosos apoiadores de Gori enquanto ele esteve no poder é o general Karas.
Por um golpe de sorte do destino, Karas não foi preso que nem aconteceu com
muitos dos apoiadores de Gori. Karas e Gori não se conhecem pessoalmente, mas
para Karas ver Gori, o Gori do qual ele tanto apoiou enquanto esteve no poder,
ser submetido a tal cirurgia é ultrajante. “Não vou admitir que o Doutor Gori
seja vilipendiado dessa maneira!”, bradou Karas ao tomar conhecimento desse
fato.
Dito e feito.
Pouco antes que ele fosse submetido à cirurgia mental, Gori foi libertado de
sua cela pelo general Karas.
Gori: “Mas o
que é isso?”.
Karas: “Ora
Doutor Gori, o meu nome é Karas e vim te libertar dessa cela. Não posso admitir
que você seja submetido a tal cirurgia”.
Gori: “Quer
dizer então que ainda existem pessoas aqui em Épsilon que me apoiam?”.
Karas: “Sim,
Doutor Gori. Pessoas como eu, que sempre te apoiaram e para sempre te
apoiarão”.
Gori: “Não
sei como posso te agradecer, Karas, sinceramente...”.
Karas:
“Fugindo daqui o mais rápido possível, antes que nos peguem!”.
Gori:
“Certo!”.
Furtivamente,
sem que ninguém os percebam, os dois fogem e rapidamente encontram uma nave que
estava próxima ao presídio onde Gori estava. Facilmente a nave é capturada por
eles. Gori sabe muito bem como manejar tal veículo, dada a sua imensa
inteligência. A nave levanta voo e em questão de minutos já se encontra fora da
atmosfera do Planeta Épsilon.
Gori: “Adeus,
Planeta Épsilon! Um dia voltarei, e me vingarei de todos vocês que conspiraram
contra mim e me derrubaram! Vocês vão pagar muito caro um dia!”.
Essas são as
palavras que Gori diz quando vê o Planeta Épsilon de sua nave pela última vez.
E enquanto foge de Épsilon, Gori vê com seus próprios olhos os planetas
próximos a Épsilon que se encontram sob o tacão de Satan Goss e Bazoo.
Gori: “Veja
Karas, o quanto aqueles políticos de Épsilon que me derrubaram são uns
idiotas!”.
Karas: “Do
que está falando, mestre?”.
Gori: “Todos
esses planetas que estamos vendo, a maioria deles agora estão sob são domínios
ou de Satan Goss ou de Bazoo”.
Karas: “E
assim eles invadirem Épsilon é praticamente um pulo”.
Gori:
“Exatamente, meu caro Karas! É muito doloroso ver o quanto os políticos venais
que me derrubaram são idiotas e estúpidos, a ponto de não se darem conta do
problema que está posto em cima deles. Se Épsilon continuar a ser governada por
eles, é questão de tempo Épsilon virar um domínio ou do Império Gozma ou do
Império dos Monstros”.
Karas: “Sim,
mestre. Um dia aqueles cretinos terão o que merecem”.
Gori: “Assim
espero. Hahahahahaha!”.
1 Comentários
O golpe contra Gori da certo e a elite política de Épsilon volta ao poder.
ResponderExcluirNo entanto, graças ao Gorila Karas, Goro hoje da prisão e se exila em busca de novos planetas.
Certamente, a Terra estará em sua mira, conforme vimos na série Spectreman.
Uma guinada e tanto.
Vamos ver o que acontece!
Parabéns!