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A ERRANTE - RELATOS DE UMA POSSESSÃO - INFESTAÇÃO DEMONÍACA - PARTE V

 


 

 

Fala galera!!!

Saindo mais um pedaço da Errante, espero que gostem.

 Boa Leitura...

Nota: O presente capítulo não é indicado para menores de 18 anos!  O mesmo contém muitas  falas e cenas de cunho sexual ou baixo calão, pois compõem a personagem retratada dentro do contexto apresentado. Se por ventura se sentir constrangido ou não concorda com tal tipo de texto, não recomendamos a leitura.

A Errante é uma história especial do universo do herói Spectrum-EX, onde Carla relata com detalhes todos os eventos de sua possessão demoníaca.

 

Relato de Carla Rose Silva, 22 anos, sobre sua possessão demoníaca.

Registro da Ordem da Luz: cod. 20222506/case-spc/ex-001980

 

“INFESTAÇÃO - PARTE V””

 

Fui parar no hospital por causa da surra que levei de Célia. Passei dias desfigurada, cheia de dor. Os médicos disseram que Célia estava em pleno surto psicótico, vivendo numa realidade onde eu havia matado nosso pai. Passei dois dias internada. Um pouco mais e Célia teria me matado. Quando voltei para casa estava com mais raiva que medo, iria devolver a surra que levei, porém fui recebida por uma abraço apertado de Célia, que chorou convulsivamente. Porra… Eu amo minha irmã, amo minha família…

 

- Carla… Papai morreu… Ele morreu… - Célia quase não conseguia falar de tanto choro.

 

- Não se preocupe… Vou cuidar de você… - Prometi a Célia abraçando-a com força.

 

Por mais que quisesse, não conseguia odiar minha irmã. A cabeça dela estava mais desfigurada que meu rosto.  Mamãe se juntou ao abraço. Ficamos ali, agarradas por quase um minuto. Tínhamos que encarar aquilo tudo juntas.

 

- Credo… Que nojo… - A voz de uma mulher velha horripilante se fez ouvir.

 

Olhei para trás apavorada.

 

- Carla, qual é o problema? - Mamãe perguntou.

 

Olhei em volta. Não havia mais ninguém na sala, da onde vinha aquela maldita voz?

 

- Irmãzinha, tudo bem? - Célia parecia uma criança de poucos anos de idade, embora já fossemos adolescentes.

 

- Não é nada… Ouvi um barulho… Acho que foi alguém passado na rua… Está tudo bem - Beijei Célia na testa e deixei transparecer que não havia nada de errado.

 

Lembrei do que Célia havia dito quando me agrediu. “Eles me disseram que foi você…”, a frase dançava em minha mente. Quem eram eles? A noite em que vi Célia falar com várias vozes diferentes, foi realmente só um maldito pesadelo? Pensar que algo poderia estar em nossa casa era assustador demais, preferi achar que minha cabeça não estava boa, afinal de contas se esse fosse o caso, uma camisa de força e medicamento pesado resolveria, mas como eu iria derrotar algo sobrenatural?

 

- Então tá… Vamos brincar? - Célia apontou para o canto da sala onde nossos brinquedos velhos estavam espalhados. Realmente a mente dele havia regressado à infância.

 

- Não filha, sua irmã precisa tomar os remédios dela e descansar… - Minha mãe passou a mão na cabeça de Célia.

 

- Mas é um caralho mesmo… Deixa pra lá… Eu brinco sozinha… É uma porra mesmo…

Mamãe piscou pra mim, sinalizando para que eu não me importasse com aquilo. O humor de Célia oscilava entre a criancinha meiga e doce, uma garota mal-educada e agressiva. Tal como minha mãe tinha me recomendado, tomei meus remédios e após um banho quente fui ao meu quarto. Relaxada, por um instante esquece tudo que se passava e me sentei em frente a penteadeira. Vi meu rosto todo inchado, voltei a lembrar do pesadelo que minha vida tinha se tornado. 

 

- Oi filha, está tudo bem? - Minha mãe entrou no quarto.

 

- Sim… está… - Respondi sem nem olhar para ela. Fixava meu rosto deformado diante do espelho, me pergunto se um dia voltaria ao normal.

 

- Tudo vai ficar bem, filha, você vai ver… - Mamãe me abraçou - Eu tenho uma coisa muito séria pra falar com você…

 

- O quê?

 

- Nem preciso dizer que sua irmã não está bem, não é?

 

Balancei a cabeça concordando.

 

- Então filha, eu conversei com o médico. Sua irmã não consegue processar a morte do pai. Ela está vivendo uma fantasia, onde você o matou. Onde você o empurrou para ser atropelado…

 

- Como é? Isso é um absurdo!!! - Fiquei irada.

 

- Calma… Não quero que ela nos ouça… Sabe… Só por uns meses, vou mandar você pra casa da sua vó, até a Célia melhorar um pouco.

 

Pensei por um instante. Vi novamente meu rosto no espelho. Lembrei da reação dela a pouco na sala. 

 

- Tudo bem… Melhor assim…

 

- Que bom que você entende… Faça as suas malas… Você vai partir amanhã bem cedo, sem a Célia ver…

 

Ouvi passos no corredor. Tenho certeza que Célia havia escutado e saído correndo.

 

- Traidora… - Alguém sussurrou nos meus ouvidos, fazendo com que eu me levantasse imediatamente com o susto.

 

- Filha o que foi?

 

- Nada mãe, nada… - Eu só preciso dormir…

 

- Tudo bem… Bons sonhos… - Mamãe me deu um beijo no rosto.

 

Assim que ela me deixou sozinha, tranquei a porta. Olhei cada canto do quarto, até embaixo da cama. Não havia nada. Tudo estava em silêncio, mas eu sabia que algo me observava das sombras, esperando eu me descuidar. Eu tinha que me defender. Lembrei da fantasia que usei no carnaval do ano anterior, uma fantasia de fada, com a qual veio uma varinha mágica branca de borracha dura, parecia mais um cacetete, tinha por volta de 40 centímetros. A estrela na ponta era rosqueada, dava pra tirar, mas achei que com ela causaria muito mais dano. Ensaiei alguns golpes no ar. Aquele “brinquedo” realmente dava uma boa arma. Aquela noite eu iria estar pronta pra tudo. Alguém ia se machucar e machucar muito… 

 

Continua...

 

Jeremias Alves Pires

 

7 Comentários

  1. Muito bom. Realmente chega uma hora em que ou a pessoa tenta se defender, ou deita e aceita a morte.
    Agirá se vai ser capaz de encarar a bronca que tá chegando....
    Excelente capítulo Jeremias!
    Parabéns!

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    1. Valeu. Estou tentando gerar um clima de ódio entre as irmãs, fomentado pelas forças sombrias.

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  2. Jeremias!!!!

    Cara que episódio do cacete, meu amigo.

    Aqui eu vejo você explorando mais uma vez algo que é muito usado em Tokusatsu como conflito entre irmãos ou parentes. Só que você vestiu isso de TERROR. Cara, fenomenal. Ler as suas linhas faz com que a gente tenha medo mesmo. Que bom, cara!

    O diálogo de Carla com a mãe no final foi muito bem construído e aterrorizante também, cara. Crise familiar. As reações da Carla consigo mesma e o "dormir" dela no final... Nossa.... Que gancho. Que pavor.

    Aplaudo de pé!

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  3. Obrigado meu amigo. Eu mesmo estou com pena das personagens... rs

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  4. Ressalto o seu poder de síntese!

    Em poucas palavras , você conseguiu mostrar toda a guerra interior de Carla com ela mesma e com o comportamento de Célia.

    Possuída ela já está !

    Só não se deu conta disso...

    Quadro difícil e assustador!

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    1. Opa... Valeu... Carla vai sofrer pra caramba... Espero não estar exagerando

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  5. Realmente a coisa se torna digna de um filme de terror e, a cena dela ouvindo as vozes é o que torna tudo mais aterrorizante ainda! Quando tu descreveu a voz de velha, eu lembrei de uma criatura que tem num filme antigo de terror, eu acho que é Casa do Espanto, que tem um bicho assim que parece uma velha, realmente assustou! Parabéns pelo trabalho cara!!

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