Fala galera!!!
Finalmente saiu o episódio VI. Obrigado a todos que estão acompanhando.
Sinopse:
As irmãs Carla e Célia continuam reféns de um jogo doentio criado por forças das sombras. As irmã vão pouco a pouco ficando mais loucas e agressivas, para deleite daqueles que vivem nas sombras de nossas almas.
Boa Leitura...
A Errante é uma história especial do universo do herói Spectrum-EX, onde Carla relata com detalhes todos os eventos de sua possessão demoníaca.
Relato de Carla Rose Silva, 22 anos, sobre sua possessão demoníaca.
Registro da Ordem da Luz: cod. 20222506/case-spc/ex-001980
“INFESTAÇÃO - PARTE VI””
Foi uma tarde longa. O que quer que estivesse na minha casa, não se manifestava o tempo todo, às vezes repousava, porém ficava o medo, como se eu fosse uma prisioneira esperando o carcereiro sádico vir me torturar, por mera diversão, como quem brinca com um joguinho qualquer a fim de matar o tempo e dar algumas gargalhadas. Ficava olhando para os cantos, aguardando algo saltar das sombras para me rasgar, vivi desse modo por anos. Não sai do quarto. O tempo todo mantinha a tal varinha mágica de borracha na mão, pronta pra brigar.
- Onde vocês estão? - Caminhava para lá e pra cá, como um guerreiro ansioso pelo combate, louco para derramar o sangue de seus adversários.
O rosto doía, e doía muito, isso alimentava um ódio dentro de mim tão intenso que podia sentir meu corpo queimar, como se estivesse com febre. Pensar era muito difícil. Sentia-me tonta, talvez fossem os remédios, não sei dizer. Tudo que estava acontecendo era demais pra minha cabeça. Eu podia apenas estar louca, louca como Célia estava. Ia ser bom passar um tempo na casa da minha tia. Nem era tão longe, estaria a apenas um bairro de distância.
- Cadê vocês? - Irritada revirei pela décima vez o quarto.
Como aquela calmaria me irritava. Parecia de propósito. Tudo não passava de uma maldita brincadeira.
- Filha?! Tudo bem ai? Por que você trancou a porta?
Corri para esconder minha arma em baixo do travesseiro.
- Filha?!!! - Mamãe começou a ficar impaciente.
- Calma, mãe… - Abri a porta sem perder mais tempo.
- Porque você fechou a porta? - Mamãe estava meio irritada.
- Por nada… Só queria um pouco de paz e sossego…
- Tá… Sei que está no meio da tarde, mas só consegui fazer o almoço agora… Vem comer, você já está trancada nesse quarto por muito tempo…
- Certo… Certo… Vamos comer, estou faminta…
Deixei o quarto totalmente insegura por ter deixado minha arma para trás. Ao chegar à cozinha, Célia me encarou de modo estranho, possuía um misto de magoa e raiva. Não tive dúvidas, Célia havia ouvido a conversa que mamãe teve comigo. Ela sabia que mesmo tendo prometido estar ao lado dela, eu estava partindo, deixando-a só com as trevas que consumiam aquela casa.
Penso que naquele momento, se tivesse dito alguma coisa, dito a Célia o quanto a amava, tudo teria sido diferente. Apenas me sentei à mesa, em frente a ela, totalmente calada. Célia ficou vermelha de raiva, não houve como esconder. No estado de espírito em que estava, devolvi o olhar com a mesma intensidade.
- Então, meninas… Vamos comer? Hoje demorou pra caramba, mas eu caprichei… - Mamãe sentiu que o "pau ia fechar" e interveio - Fiz minha feijoada campeã e torta de morango.
Realmente, a refeição estava caprichada e muito farta, no entanto eu só prestei atenção nas facas, Célia fez o mesmo.
Sou forçada a fazer uma pausa aqui para explicar que naquele momento não houve atividade paranormal de qualquer tipo, de modo que não tenho como explicar aquela hostilidade. Hoje não tenho dúvidas que existem duas forças opostas ao nosso redor, uma benéfica é outra maligna, em constante duelo, sendo o local de combate o interior de nossas almas. Quando caímos nos braços de uma, somos capazes dos atos da mais pura beleza, quando nos braços da outra… da mais pura abominação.
- Nossa… Só agora notei como esses talheres estão sujos… Vamos ter que usar uns de festa que tenho aqui… - Pressentindo o perigo, mamãe trocou os talheres.
Decidi comer bem, considerando que precisaria estar forte. Célia por sua vez se alimentava como se nunca tivesse comido na vida.
- Devagar, filha! - Mamãe a repreendeu.
- Vai toma no cú… - Célia respondeu de boca cheia.
Tive ainda mais vontade de voar na garganta dela, mas em seguida veio uma tristeza dolorosa. Me dei conta de que se não haviam lá as entidades malignas, significava que aquela era a própria Célia. Como aquilo tinha acontecido? Como foi que eles a transformaram na coisa repugnante sentada à minha frente? Será que algum dia minha família voltaria ao normal?
- Eu já estou satisfeita… Estou voltando para o quarto… - Disse levantando-me da mesa cheia de amargura.
- Tudo bem, filha?
- Claro, mãe… É somente o cansaço… A comida estava ótima? - Disse carinhosa.
- Passa o prato dela pra cá… - Célia puxou meu prato pra si e continuou a comer de modo grosseiro.
Desolada, voltei para a solidão do meu quarto. Decidi que a escuridão que havia destruído o ser da minha querida irmã, jamais faria o mesmo comigo. Optei por não trancar a porta, querendo provar que nada mais me afetaria e adormeci pesadamente. Deixar a porta aberta foi um erro, pelo qual paguei um preço muito alto.
- Irmãzinha… Tenho um presente pra você…
Acordei devagar, demorando para entender o que se passava. Célia estava nua, de pé na minha cama, apoiada na parede em uma posição em que minha cabeça estava entre seus pés. Mal tive tempo de me surpreender, ou fazer qualquer coisa, Célia urinou bem na minha cara.
- Sua vagabunda!!! - Berrei e ela correu.
Era o limite, não podia tolerar aquilo. Peguei a varinha de brinquedo de baixo do travesseiro e fui me vingar. Ao chegar no quarto, ela já estava debaixo do cobertor, fingindo dormir, como se nada tivesse acontecido. Como ela foi tão rápida? Não quis saber na hora. Puxei o cobertor e comecei a bater, tomada por um ódio descontrolado. Cada golpe rasgava-lhe a carne, como se estivesse sendo atingida por um chicote. Sangue espirrava pelas paredes, no meu rosto, enquanto ela gritava. Puxei-a pelos cabelos, e a derrubei no chão. Dei-lhe um chute na cara e continuei a bater. Num dado momento, quando ela tentou se defender, a estrela da varinha de brinquedo fincou em sua mão. Puxei com toda força e a estrela voou longe, acompanhada de um jato de sangue, que caiu na minha boca. Sem a estrela, o brinquedo tinha se tornado uma arma pontiaguda.
- Olho esquerdo, ou direito? Qual dos dois eu vou furar primeiro… - Avancei na direção de Célia, decidida a fazer o pior.
- Para!!! - Mamãe me segurou com força.
- Me solta!!! Essa vaca mijou em mim… Essa vadia…
Nesse momento, reparei que Célia estava usando sua camisola rosa clara. Como tinha se vestido tão rápido? Passei a mão no rosto? Onde estava a urina?
- Hahahahaha! Trouxa!!! - Gargalharam da escuridão, o inferno havia acabado de me pregar uma peça.
- Desgraçados!!! - Voltei minha fúria para as vozes.
Mamãe pegou Célia e saiu correndo. Não me lembro bem de tudo que fiz, nem por quanto tempo fiz, no final em meu surto havia quebrado a casa toda. Havia entrado nos quartos e derrubado armários e camas, na cozinha nem a geladeira escapou, bem como os sofás da sala e a TV. Parei apenas quando a polícia chegou. Foram preciso três policiais para me conter…
Continua...
Jeremias Alves Pires
8 Comentários
Grande Jeremias!
ResponderExcluirCara , que episódio foi esse?
Mano do céu!!!
Tô impactado!
A verdade é que , quando abrimos a porta, por qualquer motivo que seja, as entidades entram e fazem a festa, levando às pessoas a atos que elas jamais pensaram em faze.
A leitura pode nos levar a vários entendimentos.
Se fomos aplicar ao sentido filosófico e/ ou religioso (acho que não é o caso), rixa antiga de vidas pretéritas, pois o ódio que Célia sente de Carla é algo surreal,inexplicável,
No entanto, Carla, abriu a porta, ao se deixasr levar por esse ódio, correspondendo a emanação de vibrações ruins.
Essa toxidade é tudo o que os espíritos obsessores mais querem...
A reação dela a urinada na cara que recebeu foi visceral e brutal.
Realmente, assustador!
Parabéns por impactar tanto!
Você manda muito bem no terror!
A Mindstorm passa a ter dois especialista nesta área: Norberto e Jeremias!
Os leitores agradecem!
Valeu, meu amigo. Usei como base uma história que circula nas redes sociais "O burro e o Diabo". Ia por junto, mas ia ficar muito longo.
ResponderExcluirRapaz, que situação foda você conseguiu escrever aqui, a situação degringolou rapidamente e a pobre Carla pagou o Pato.
ResponderExcluirTá incrível essa descida rumo aí inferno que a pobre Carla está passando.
Mandou bem demais cara! Parabéns!
Valeu... Vou destruir a Carla para reconstruir como um personagem importante no universo do Spectrum. Ela passou por muita coisa antes do confronto com o herói que não coube no conto "Gosto Bom".
ResponderExcluirNossa. Carla se ferrou mesmo.
ResponderExcluirMas, destaco aqui, Jeremias, a forma como você brinca de modo magistral, via terror, com o ódio das irmãs. O mais legal que você está usando essa relação antagônica como um pano de fundo maior de algo que será usado numa big picture em Spectrum. Não é?
A cena da urina foi marcante. Nossa. Parabéns.
Perfeito.
Oi... Valeu... A ideia é lá na frente fazer um novo encontro do Spectrum com a Carla, fora um confronto com o Carcará...
ResponderExcluirÉ, o que quer que esteja ali, está brincando com a Carla como ela mesmo disse, está realmente tomando conta dela e fazendo ela de otária no meio de tudo... As falas, as aparições oportunas, as situações em que ela é colocada... Agora, um coisa também fica explícito, se não havia manifestação espiritual e, Carla se assustou por a irmão dela ser daquele jeito, quer dizer que ela com sua raiva e vontade de matar a irmã também era o natural e não mais a influência do mal que ali estava? De qualquer forma, mais um excelente trabalho, parabéns cara!! \0/
ResponderExcluirOpa... Valeu... A escuridão encontrou dentro das duas uma fagulha de ressentimento que passou a alimentar
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