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Urban Rangers - Origens -Spin-Offs Especiais--Capítulo 03

 

03 – Thomáz Arezzo Bertucci

 

Atenção.

O personagem em questão é extremamente xenofóbico, racista e preconceituoso, com visões distorcidas sobre o mundo e a sociedade.

Seu pensamento e suas falas são rudes e violentas e não retratam, em absoluto ,a visão do autor.

Todavia , por se tratar de questões polêmicas  e que podem vir a ferir  (ainda que não intencionalmente) as suscetibilidades das pessoas , o bom senso nos indica que, ainda que o objetivo seja denunciar o preconceito existente em nossa sociedade; através de uma crítica social contundente;  devemos atenuar as falas do personagem em questão, evitando termos ofensivos substituídos por vocábulos mais amenos ou, em caso extremos, evidenciaremos no texto com o recurso “não pubicável – fala ofensiva”, colocado entre parênteses.

Ficará assim ,subentendido que o personagem passou do ponto , sem contudo, mencionar o termo usado por ele.

Cremos assim ,que a crítica social será feita ,ao mesmo tempo que não ofenderemos ninguém.

 

O autor.

Capítulo não recomendado para menores de 18 anos.

xxxxx 

O ano era 1997...

O mês , maio...

O dia, 12...

Uma segunda-feira...

No hall de espera do Hospital Sírio- Libanês , o senhor Guilherme Bertucci,um empresário da  terceira geração  de uma família tradicional da alta gastronomia italiana da cidade de São Paulo, vibrava:

-Nasceu!!!!

-Nasceu “mio” príncipe, “Dio Santo”!!!!

-Nasceu o  “ mio” herdeiro!!!

-“Graze” ti tendo, ó Senhora “di” Achiropita!!!

Católico  tradicional,  fã ardoroso de  Tomás de Aquino, um dos maiores filósofos do catolicismo, o senhor Guilherme não pensou duas vezes e anunciou com pompa para todos, o nome do rebento:

-Thomáz Arezzo Bertucci!!!!

-“Mio” filho se chamará Thomáz Arezzo Bertucci!!!!

-Qui “felicittá”!!!

Com o sotaque  carregado e espalhafatoso típico dos ítalos-brasileiros radicados em São Paulo, o senhor Guilherme Bertucci abraçava seu irmão Giovani.

Mais contidos e refinados, os Arezzos, parentes da senhora Suzana, mãe do garoto, donos de uma rede hoteleira 5 estrelas, apenas sorriram discretamente, tentando manter a pose de elegantes e marcando uma pontual diferença entre eles e os Bertucci.

O pai, orgulhoso, com o nascimento do seu primeiro filho, após duas tentativas sem sucesso,devido a abortos espontâneos da senhora Suzana, quinze dias depois, promoveu uma grande festa para mais de 300 convidados , entre eles autoridades políticas e algumas celebridades.

Tudo  regado a excelentes e caríssimos vinhos e comida requintada.

Um sucesso de crítica!!!

Nas colunas sociais, fotos e mais fotos do casal todo sorridente com o herdeiro.

Um ano depois , o batizado.

Outro evento de pompa...

Faltava espaço na Paróquia de Nossa Senhora de Achiropita  , no bairro do Bexiga.

Assim se inicia a trajetória de Thomáz, o Urban Ranger South Blue.

Um cara rico, bem nascido e bonito.

O que mais poderia se  querer na vida ,não é mesmo?

Dinheiro?

Nunca faltou...

Colégios?

Os mais caros da cidade.

Idiomas?

Pelo menos , 4 fluentes ...

Além do português , Thomáz falava inglês ,italiano ,francês e espanhol.

Esportes?

Natação, volei, judô...

Tênis...

Por que não, golfe?

Namoradas?

Muitas a ponto de não saber contar...

Por onde passava, arrancava suspiros das garotas...

Sempre rodeado de beldades, muitas delas, artistas famosas, Thomáz era sempre fotografado aos sorrisos na “nigth paulistana”, ou em sua possante Ferrari vermelha a se exibir pelas ruas de São Paulo; essa era uma outra paixão, já que sempre  fora aficionado  por carros de luxo.

O fato é que Thomáz se tornou um  dos rostos mais cobiçados pelas mulheres.

Muitas se aproximavam só para ter a honra de um clique junto, rendendo os seus quinze minutos de fama, com reportagens nas revistas de fofocas e matérias na TV.

Thomáz nasceu pra ser galã!

Thomáz nasceu pra brilhar!

Não há como negar!

Tanto é que, desde pequeno, participou de muitos comerciais de TV, como garoto propaganda de diversos produtos...

Desde biscoitos e guloseimas até brinquedos.

Ah! Íamos nos esquecendo...

Por falar em brinquedos...

Ah! Esse é um capítulo a parte...

Quando criança,apenas e tão somente, o mais caros...

Bonecos de super heróis (vários, de todos os tipos e gostos), games, jogos...

Ferroramas...

Mini-aviões, controlados  remotamente...

Eram tantos que dois quartos da casa eram insuficientes para tanta variedade, dispostos em inúmeras prateleiras e estantes...

Viagens para lugares chiques, como a Disney ou países da Europa?

Tanto que foi que até enjoou...

Acostumado a ter tudo o que queria, na hora que queria e do jeito que queria, Thomáz nunca soube de fato, o que era a palavra “não”...

Simplesmente, esse pequeno vocábulo não fazia parte de sua rotina...

Talvez , o seu maior ponto fraco...

O seu “calcanhar de Aquiles”...  

Essa bem aventurança financeira o criou numa bolha...

Uma bolha de luxo e ostentação!

Se perante a sociedade , anúncios e fotos estampadas em jornais e revistas Thomáz sempre aparecia sorridente e simpático, quem convivia com ele ,sabe que ele não era bem assim...

Arrogante...

Petulante...

De difícil trato...

Esnobe e debochador...

Preconceituoso, se achava “a última bolacha ou biscoito do pacote”...

 Um cara predestinado que nasceu para ser estrela...

E humilhar, principalmente, os mais desfavorecidos...

Detestava pobre.

Não fazia questão nenhuma de esconder quando não estava diante das câmeras.

A única serventia era a força de trabalho que serviriam para manter o status de uma  restrita classe  social que nasceu dominar e ditar as regras da sociedade: a elite.

Sua auto suficiência chegou a tal ponto que, em determinado momento da juventude, embora nunca admitisse publicamente  (para não contrariar os pais, católicos tradicionais) que passou a se definir como ateu.

Deus?”

“Pra que preciso de Deus ,se tenho tudo?”

Assim, ele  pensava, enquanto por conveniência, frequentava a missa com os pais todo santo domingo...

Certamente, para não desagradar os pais e nem as duas famílias que compunham o seu nome : Arezzo e Bertucci.

Super vaidoso, pra ele, a autoimagem era tudo...

O corpo era o seu cartão de visitas.

Apreciador do estilo de vida saudável, curtia esportes e uma alimentação equilibrada.

Sempre malhado, mantinha o corpo como algo a ser venerado por si próprio, a ponto de ser considerado metrossexual (pessoa extremamente preocupada com a própria aparência).

Talvez, isso até tenha sido determinante para não  ter se  envolvido com drogas e outros ilícitos, embora tivesse experimentado na adolescência.

O senso de autopreservação e de manutenção da própria imagem falou mais alto, apesar dele ter vivenciado tudo o que quis, da maneira que quis.

Todavia, era preciso manter o personagem criado na história de si mesmo, custe o que custasse!

Além de ajudar os pais nos negócios da família, Thomáz tinha a sua própria empresa: a A & B  (referência ao seu sobrenome) uma agência de modelos, onde ele (claro) era o principal cartão de visitas...

O personagem principal...

Casamentos, bailes de debutantes, propagandas...

Desfiles de modas...

Flashes e mais flashes...

Tudo isso fazia parte da rotina do nosso personagem em questão, um verdadeiro  “Super Star”, que ainda tinha tempo para uma outra paixão: a política.

Defensor árduo e inflamado   do atual mandatário do país (*01), se não tudo, Thomáz compartilhava muito das suas ideias...

Tal fascínio, fez com que ele criasse uma comunidade na “net”  de divulgação de seu líder e inspirador.

Uma comunidade que, de modo meteórico chegou a marca de 2 milhões de seguidores.

Mas, o ano de 2019 reservaria duas mudanças radicais em sua vida.

A primeira, entrada numa equipe de elite denominada Urban Rangers SP.

Impressionado com o sua fama, o empresário Gentaro Tsubayashi, pessoalmente foi em seu escritório e o convidou para fazer parte da equipe.

Pelo sucesso que sempre teve junto a mídia, Thomáz seria uma espécie de porta-voz da equipe.

Como Thomáz também sabia lutar artes marciais , esse fator facilitou a sua adesão.

Thomáz enxergou a oportunidade de se tornar muito mais conhecido, ampliando seus negócios.

Como cultivava hábitos saudáveis como a prática regular  de  exercícios físicos, treinar com os demais não seria problema e todos ganhariam...

Certo?

Na teoria,tudo certo...

Na vida real , nada mais errado...

Esse conto de fadas fictício durou até a página dois...

O caldo entornou e o mundo real, mostrou que as coisas não eram bem assim...

E a verdade se mostrou um pesadelo.

Um pesadelo em que a gente quer acordar e não consegue....

Thomáz, um amante do sucesso e de si mesmo iria conhecer, o sabor amargo do fracasso.

A ideia de uma equipe contendo pessoas de regiões diferentes da cidade de São Paulo, se por um lado, focou na diversidade cultural e econômica da cidade de São Paulo; por outro, esqueceu-se que as diferenças socioeconômicas dessas regiões acabariam se tornando impeditivos para uma boa convivência entre os membros.

Ainda mais num país heterogêneo e  com tanta desigualdade social quanto o Brasil.

Isso ficou claro, da pior maneira possível.

São Paulo é uma megalópole cosmopolita e complexa.

Vários “Brasis” e vários países convivem na mesma cidade.

A São Paulo do centro expandido com bairros chiques como Moema, Pinheiros, Jardins , de vida cultural e intensa e facilidade de acesso aos melhores teatros, casa de shows, restaurantes, shoppings centers e hospitais, não é a mesma São Paulo de bairros periféricos, onde falta tudo, até em alguns casos ,o básico de infra-estrutura como Guaianases, Itaim Paulista na Zona Leste, ou a Brasilândia e Parada de Taipas , na Zona Norte.

O que dizer do Jardim Ângela e Parelheiros, no extremo Sul dessa mesma cidade?

Como conciliar a riqueza e a pobreza convivendo harmoniosamente no mesmo espaço urbano?

A elite paulistana sempre se achou superior ao restante do país, influenciando os rumos da nação.

É dessa elite que sai as principais decisões  que norteiam a política e a economia do Brasil.

É ela que comanda muita coisa...

Até governos...

Seja ele de espectro político- ideológico liberal conservador ou até mesmo progressista.

Sede de grandes conglomerados  nacionais e multinacionais ,bancos e escritórios, instalados em suntuosos prédios,  é na Avenida Paulista, na   Faria Lima, e  na Marginal Pinheiros que se situa o famoso e famigerado “Mercado Financeiro”.

Uma bolha que dita as regras do país, mas que não o conhece a fundo...

Chega a ser irônico, pra não dizer trágico!

Se eles não conhecem nem a periferia da própria cidade, onde falta de tudo, desde moradias, passando por escolas, saneamento básico,  hospitais e  transportes, como vão entender o restante do Brasil?

Mas, isso é assunto para os políticos  resolverem...

Toda essa complexidade ficou evidente na relação conflituosa entre Thomáz com Bruno Ribeiro, o Mano Black.

Os desentendimentos eram constantes.

Tal como água e óleo, a visão de mundo, totalmente divergente...

“ ...(Termo racista – impublicável ) do c... (Palavrão) !!!”

Além disso , um favelado”...

Um pobre f...” (termo de depreciação moral – impublicável)

Embora não externasse em palavras, temendo ser processado, por injúria racial ou racismo, Thomáz sempre que o via, pensava dessa forma, descrita acima.

Com Márcio, uma convivência cordial, mas Thomáz não o queria como líder.

Para Thomáz , uma estrela radiante, o líder da equipe teria que ser ele próprio.

Quem mais seria, não é mesmo?

Rico, boa pinta...

Mas, para manter as aparências, ao contrário de Bruno , Thomáz não se manifestava.

Pelo menos , publicamente...

Com Hanny Stein, uma sólida amizade.

Até por fazer parte da elite e seus pais serem amigos, esses fatores contribuíram para unir os dois, servindo de contraponto aos membros da equipe pertencentes à classe inferiores.

Achava-a linda, no entanto, as preferências dela, era um impeditivo...

Com o Team 2, uma convivência cordial com Desirée e Toufik, representantes da chamada Classe Média Paulistana.

Com Marcão do Alemão,  um carioca vindo das periferias e futuro líder dos Urbans Rangers RJ, se não discutia (como fazia com Bruno), Thomáz fazia questão de ignorá-lo.

Pobre?

Quanto mais longe dele, melhor!

Assim pensava...

Assim agia...

Agora, com Solange dos Anjos, a coisa foi diferente...

Bem diferente...

Esse, aliás é o segundo acontecimento que virou a sua vida de cabeça pra baixo.

No começo, a mesma ojeriza que tinha com Bruno e Marcão do Alemão, por fatores parecidos (questão racial e  classe social).

Mas, o corpo escultural de Solange, o seu sorriso faceiro e sua beleza estonteante, logo, mudou a sua percepção.

Machista  e mulherengo, ele dizia pra si mesmo:

-Eu tenho que (termo misógeno e machista,impublicável)...essa garota...

-Não importa que ela seja... (termo racista) e pobre...

-Ela é uma delícia...

-Tem que ser minha...

-Pra quem já “pegou” várias , essa já está no “ papo”, “catso”!!!

Ele usou todas as estratégias possíveis.

A primeira delas, foi contratá-la para ser sua secretária...

Solange percebeu o interesse e, não se fez de rogada, retribuindo às investidas do conquistador abastado com olhares provocantes e sedutores.

Em breve dias, após um encontro tórrido, os dois já eram namorados. (pra desespero dos pais de Thomáz).

O destino costuma pregar certas peças...

O playboy estava completamente caído, justamente por aquilo que ele combatia...

Uma paixão arrebatadora turvou-lhes os sentidos...

As baladas cessaram...

As fotos com celebridades, também

Pela primeira vez na vida , ele foi alvo de críticas na mídia e não soube lidar com isso...

O que era, de inicio algo prazeroso e intenso, passou a ser tóxico.

O medo de ser traído , o colocou em um desesperador ciúme...

Ainda que se esforçasse em manter a pose, internamente, Thomáz estava em ebulição.

Chegando ao limite do insuportável!...

De maneira sutil, ele tentava controlar os passos de Solange...

Mas, ela sempre dava um jeito de lubridiá-lo...

Isso até o dia que ele descobriu tudo...

Da pior maneira possível...

Não bastasse o fiasco da luta contra o Comando Dínamus, onde nada deu certo, com os Urban Rangers sendo vilipendiados pela mídia e pela população, as próximas horas seriam terríveis para Thomáz...

Em todos os aspectos...

Em todos os sentidos...

Ao ouvir de Hanny Stein aquilo que intimamente desconfiava, mas custava a acreditar, a reação não poderia ser pior...

Aos berros, partiu pra cima de Solange:

-Sua...(ofensa moral – impublicável)

-Como pôde fazer isso comigo?

-Depois de tudo o que te fiz?

-Sua... (outra ofensa moral- impublicável)

Só não a agrediu por que Márcio Hawada e Marcão do Alemão o impediram.

-Me larguem seus f...  (Impublicável)!!!!

-Essa desgraçada tem que pagar pelo que fez !!!!

-Enquanto Solange chorava ,Marcão do Alemão ,lhe dá uma reprimenda:

-Você fala do Bruno e faz igual a ele?

-Que incoerência é essa, “brother”?

Com muito custo ele é impedido.

Mas, os impropérios continuavam.

Solange dos Anjos só não foi chamada de santa.

Tudo o que Thomáz poderia falar de degradante,ele não hesitou em dizer.

No entanto, o pior ainda estava por vir...

Para um cara que sempre teve tudo o que quis e não estava acostumado com o não, a pancada foi forte...

A reação ,a pior possível...

Pela boca de Gentaro Tsubayashi, Thomáz se viu sem chão...

A equipe havia sido dissolvida e preventivamente suspensa.

Várias outras medidas duras foram tomadas.

E Thomáz estava terminantemente proibido de fazer ativismo político se quisesse permanecer na equipe.

Aquilo foi a gota d’água !

-Seu japonês miserável!!!!

-Você não pode fazer isso!!!!

-Estamos numa democracia!!! Eu tenho direito de defender o “meu presidente”!!!

Uma nova tentativa de agressão, novamente impedida por Marcão do Alemão e Márcio Hawada

Impassível, Gentaro responde ironicamente:

-Já terminou o show?

-Quer viver seu ativismo político?

-Faça...mas, não aqui!!!

-Você está me expulsando? -Thomáz se enfurece.

Como resposta obtém a seguinte fala:

-Entenda como quiser...

-Seguranças!!!

-Você não sabe com quem está mexendo seu japonês de ... (ofensa pessoal – impublicável )

Gentaro diz uma última palavra :

-Se nunca te disseram não , hoje foi a primeira vez...Que você aprenda !!!

Nesse momento, os seguranças chegam e o expulsam da sede do grupo Tsubayashi.

Não sem apanhar...

Ferido , Thomáz consegue pegar a sua Ferrari e seguir sem rumo.

Em poucos minutos, acessava a Rodovia Castelo Branco (*02), com destino a uma fazenda da família no município de Cesário Lange.

Era preciso sair de cena...

Seus pais, preocupados com a repercussão do escândalo trataram de tentar blindá-lo de todas as maneiras possíveis daquela linchação pública...

Mas, a fofoca, sobre a traição sofrida , repercutiu de maneira viral na imprensa e nas redes sociais, se tornando o “Trending Topping” durante alguns dias.

Completamente recluso, Thomáz viveu o seu calvário...

Cada minuto, equivalia a horas intermináveis...

Cada hora , dias inteiros...

Cada dia, séculos...

A depressão o pegou de tal forma que ele chegou a perder quase 10 quilos ,em questão de dias...

Pra quem achava que era tudo, Thomáz percebeu que que também poderia ser um nada...

Um nada traído...

Um nada trocado por um odioso pobre...

Um nada, expulso pela portas dos fundos de uma equipe que era pra ser de elite, no entanto, se mostrou o maior fiasco de todos os tempos.

Um nada que perdeu em questão de dias, mais de 80% dos seguidores e muitos patrocínios...

Uma nada que viu sua fama virar pó...

Ou seja , um verdadeiro “nada”...

Dinheiro?

Fama?

Beleza?

Mulheres?

Naquele instante, onde o mundo caiu sobre sua cabeça, pouco importava...

Ele só queria  uma coisa...

A morte...

Transtornado, ele hesitava em tomar uma decisão drástica...

Definitiva...

Até que, enfim ,tomou...

Com um coquetel de remédios, quase conseguiu o seu intento...

Não morreu porque, Deus (aquele ser que ele já não acreditava) fez um grande livramento...

Ao acordar Thomáz se vê cuidado por uma  prestativa enfermeira.

Confuso,ele pergunta onde está, tentando levantar a cabeça

A enfermeira responde:

-Senhor Thomáz, não se esforce!

-Está tudo bem agora!...

-Você precisa de repouso!

-Sua missão está apenas começando!

Thomáz sentiu algo estranho...

Algo que ele não sabia definir ,mas que era algo bom...

E esse algo indefinido e imensurável parecia vir justamente da enfermeira...

Aquelas palavras parece que lhe injetaram um novo ânimo...

Thomáz ,estranhamente se sentiu renovado.

A enfermeira termina os seus serviços e faz menção de sair...

Curioso com aquele fenômeno, ele só tempo de agradecer e perguntar:

-Obrigado por cuidar de mim...

-A propósito...qual o seu nome?

De costas pra ele e abrindo a porta , a enfermeira diz, antes de sair da presença de Thomáz:

-Fui enviada especialmente para atender um chamado  de seus pais...

-Eu me chamo Achiropita!

-Faça boas escolhas!

-Seja feliz!

Ao fechar a porta, Thomáz finalmente, caiu em si...

-Não é possível!!!

Thomáz chora que nem criança...

Ele acabara de presenciar um milagre...

O milagre de Nossa Senhora Achiropita.

Aquilo foi um tapa na sua cara!

Em sua soberba ,Thomáz chegou a renegar Deus...

Deus , porém, não o renegou...

Pelo contrário ,estendeu-lhe a mão quando ele mais precisou...

Seus pais extasiados com a recuperação rápida e surpreendente de Thomáz,   em agradecimento, como católicos sinceros que sempre foram, no domingo seguinte estavam  de manhã na Paróquia de Nossa Senhora Achiropita e à noite na Igreja de São Judas Tadeu, o “santo das causas impossíveis”,  gratos que eram a Deus pelo milagre da vida do seu filho.

Fora as novenas e o aumento considerável nas doações para o setor assistencial de ambas as paróquias.

Não que dinheiro comprasse alguma coisa concernente a vida espiritual, mas para o senhor Guilherme e parava senhora Suzana era uma forma de mostrar gratidão e, ao mesmo  tempo se penitenciar de toda a culpa que carregavam por não terem sido capazes de colocarem limites em seu filho...

A parte deles, eles, pelo menos fizeram...

Resta agora saber, se Thomáz, depois de restaurado e liberto da morte,  saberá aproveitar essa nova oportunidade que a vida lhe ofereceu...

 




Notas:

(*01) A história se passa no ano de 2021;

(*02) Uma das principais Rodovias do Estado de São Paulo, ligando à capital à importantes cidades do interior como, Sorocaba,Botucatu e outras cidades;

 

4 Comentários

  1. O destaque desse episódio foi justamente este contato miraculoso entre Thomas e Nossa Senhora Achiropita. A verdade é jogada nua e crua na cara dele. Esperamos que este seja o pronto de inflexão na vida dele, meu amigo...

    Assim esperamos...

    Mas, o episódio é fenomenal por mostrar também o lado hipócrita dos religiosos. Os pais não impuseram limites nele? Não... Mas, os pais para mim tiveram atitudes muito hipócritas em todo caminho da existência de Thomáz e eles ajudaram a moldar este ser horrendo que ele ainda é. Desculpe se eu entendi errado, mas eu achei todo contexto familiar tóxico e ultrajante.

    Deus veio socorrer a Thomáz por conta de seu amor bendito e não pelas preces vazias dos homens. Perdão, mas eu enxergo assim.

    Parabenizo você por ter coragem de tocar em temas tão nevrálgicos como cegueira religiosa, hipocrisia e xenofobia.

    Muito bom.

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  2. Grande Artur!

    É muito bom quando nossa mensagem é compreendida pelo leitor.

    Eu fiz uma crítica contundente à nossa elite,que vive numa bolha,enquanto o resto da população que se lasque.

    Uma elite hipócrita que, diz defender valores, que ela mesma não segue.

    Os pais de Thomáz são culpados sim, ao não impor limite aí príncipe deles .

    Você entendeu bem!


    A narrativa ainda toca em dois pontos importantes:

    O primeiro ,Deus não se esquece de ninguém e se utiliza de vários meios para atingir uma alma necessitada e tentar fazer morada.

    Caberá a Thomáz entender e isso e mudar...

    A segunda, é que o dinheiro pode te dar muitas coisas, mas não é a garantia da felicidade plena.

    O príncipe Thomáz, virou um sapo.

    O próximo episódio , falará de Solange.

    Conto com seu apoio !

    Gratidão!

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  3. Bom, o episódio assim como os outros dois ficou sem dúvida muito bem escrito e narrado, mas, diferente dos outros, eu não consegui sentir qualquer pena ou empatia por ele, e, além disso, acho que quem merecia sofrer boa parte disso são os pais dele, pois o resultado de Thomáz, é o fracasso dos pais, diferente do Bruno que mesmo sem a família completa, tentou buscar uma vida descente, embora tenha esbarrado em diversos problemas... Sinceramente Thomáz ainda não faz parte do meu roll de personagens que eu possa vir a ter simpatia, ele vai precisar comer muito mais feijão pra chegar lá, massssssssssss... Algo precisa ser dito aqui: maravilhosa a forma como tu descreve São Paulo, uma maneira de mostrar os contrastes e as diferenças, principalmente para pessoas como eu que não são daí, ter uma noção bem mais real do que é a cidade, muito mais que engarrafamentos e muita gente, com metros lotados e tal, existe muita coisa, muita fusão de pensamentos, tipos, situações que compõe realmente algo único talvez no mundo todo! Tá mandando muito bem cara, meus mais sinceros parabéns meu amigo!! \0/

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    1. Grande Lanthys!

      Gratidão pelo comentário!

      Creio que Thomáz e também a Hanny serão personagens que mais provocará asco do que quaisquer sentimentos de empatia.

      Eles representam o que há de pior da elite paulistana que acha que manda no país e vivem numa bolha de luxo e conforto, enquanto mais de 90% da população luta pra ganhar o pão de cada dia.

      Nesse sentido, acredito que alcancei meu objetivo, pois fiz uma crítica contundente a essa elite branca e,alienada e excludente.

      Thomáz e Hanny são o retrato dessa realidade perversa que assoma o nosso país.

      Você se atentou também à crítica que fiz aos pais, que acham que dinheiro pode comprar tudo e se esquecem do principal: caráter.

      Fico feliz que tenha compreendido.

      Quanto a São Paulo, como foi dito na sinopse de Urbano Rangers: uma cidade que a gente ama odiar e odeia amar.

      Essa contradição nos marca enquanto paulistas e paulistanos.

      Uma cidade absurdamente injusta , caótica e, fascinante.


      Muito obrigado pelo apoio!

      Gratidão!

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