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Juppongatana: a lei do mais forte (capítulo 5)

 

                                                    Capítulo V - Queima de arquivo

Quando a guerra estalou, Šišio estava em Osaka, em mais uma missão de matar traidores da causa monarquista. Também teve um pequeno enfrentamento com membros do Šinsengumi junto com companheiros monarquistas. Šišio via que o momento dele alcançar o poder estava cada vez mais próximo, agora que o poder agora está centralizado nas mãos do Imperador e o fim das últimas forças do Xogunato era apenas uma questão de tempo. Os traidores foram mortos rapidamente, e logo em seguida Šišio se dirigiu até Šibumi, o secretário da assembleia dos anciãos, para dizer que concluiu sua missão. Šibumi o felicitou em nome dos monarquistas e seus líderes.

Na noite seguinte, uma reunião foi feita dentro da alta cúpula monarquista de Kyoto. Entre os presentes estavam Tošimiči Ōkubo, Šibumi e Takamori Saigō, entre outros. O assunto do dia: o que fazer com Makoto Šišio. Os superiores de Šišio achavam que este devia ser eliminado, e agora era o momento certo. Afinal, o país estava envolto pelo caos da guerra Bošin, e com isso quem daria atenção a uma trivialidade dessas? O principal temor das lideranças monarquistas em relação a Šišio era de que o retalhador das sombras se aproveitasse de tais segredos, e em um momento oportuno, os revelasse ao mundo, causando grandes prejuízos para a imagem da causa monarquista e suas lideranças, ainda mais em um momento crucial do final do Bakumatsu. Com o poder monarquista enfraquecido, um arrastamento da guerra civil por mais alguns anos poderia ser fatal para o Japão.

Era consenso entre os presentes na reunião que Šišio era um sujeito muito perigoso e que se nada fosse feito ele poderia muito bem aproveitar a situação para tomar o poder para si. E, como já fora pontuado antes, os segredos que ele guardava poderia muito bem colocar os monarquistas em uma posição no mínimo bem constrangedora diante do povo japonês. Alguns dos monarquistas presentes, em especial Šibumi e Ōkubo, se encontravam apavorados com a simples possibilidade de Šišio revelar seus segredos. A discussão foi longa e cansativa, e no meio da reunião Ōkubo, Šibumi e Saigō ficaram trocando farpas com Katsura por este ter aceitado Šišio como retalhador das sombras.

Katsura retrucou dizendo que Šišio tinha um talento sobre-humano a despeito de sua índole, e ainda relembrou aos outros presentes dos outros retalhadores anteriores que eles admitiram antes e eliminaram passado certo tempo. Depois disso, a troca de farpas acabou. Cada um tinha uma opinião diferente a esse respeito, até que ao fim de tudo foi decidido.

Šišio recebeu um informe vindo do próprio ministro Ōkubo de que havia em Kyoto um traidor a serviço do Xogunato dentro das fileiras monarquistas, e ele estava atuando próximo do QG monarquista local. Šišio foi à procura de tal traidor. Procurou por mais de uma hora por tal traidor. Procurou, procurou e não achou. Na verdade não havia traidor nenhum, e Šišio logo descobriu que isso se tratava de uma cilada feita por seus patrões. De repente ele foi acertado em sua cabeça por uma paulada repentina. Šišio nem pode fazer nada para reagir, e tal golpe o derrubou no chão e o deixou inconsciente. Em seguida derramaram óleo sobre seu corpo, e este pegou fogo em seguida. Uma sinistra operação de queima de arquivo foi efetuada sobre Šišio, sob as ordens de líderes monarquistas como Takamori Saigō, Kogorō Katsura, Šibumi e Tošimiči Ōkubo.

A prática de eliminar em segredo as pessoas que faziam os trabalhos sujos por parte das lideranças monarquistas era algo muito comum. Era uma época muito conturbada e turbulenta, e isso era feito para garantir a segurança para os líderes monarquistas no caso de a pessoa em questão resolver revelar ao mundo tais atrocidades. E quando isso era feito, era divulgado que o sujeito morreu vítima de alguma doença, em combate ou então se suicidou.

O caso de Makoto Šišio foi apenas um entre muitos outros. Šišio não foi nem o primeiro e nem o último a sofrer esse tipo de atentado contra sua vida. Ao longo da história muitos retalhadores das sombras passaram pelas fileiras monarquistas e foram eliminados em segredo por ordens diretas da alta cúpula, e assim suas existências ou mesmo seus nomes não ficaram registrados na história. A grande maioria deles até mesmo seus superiores pouco ou nada sabem a respeito. E Šišio é um deles. Mas o caso de Šišio, no entanto, ganhou contornos especiais devido a suas ambições por poder e glória e o fato de não querer usar sua espada proteger os outros tal como seu antecessor, das quais os mandantes da execução usaram como pretexto para esconder o seu real propósito.

Mas, milagrosamente, Šišio sobreviveu ao atentado. Até hoje ninguém sabe como isso aconteceu, mas o fato é que mesmo tendo sobrevivido ao atentado o corpo de Šišio foi seriamente danificado. Por conta das queimaduras suas glândulas sudoríparas foram destruídas e assim não consegue mais regular sua temperatura corporal com o seu suor, e graças a isso não pode lutar por mais que 15 minutos. Mas por outro lado suas queimaduras também foram seu trunfo e potencializaram sua força. Com o tempo, Šišio desenvolveu e aprimorou técnicas de espada baseadas no fogo.

Em seu posto de retalhador das sombras, Makoto Šišio foi sucedido por outro perigoso espadachim. Seu nome Džin-E Udō, do estilo Nikaidō Heihō. Antes de aderir às fileiras monarquistas, Džin-E foi membro do Šinsengumi, e se destacara por sua habilidade e maestria como espadachim. Džin-E não tinha a mesma sede por poder de Šišio, mas em contrapartida sua sede de sangue era sem igual. Durante sua estadia no Šinsengumi, Džin-E tivera um confronto com Šišio em Otsu em junho de 1867, só que tal intercurso foi inconclusivo. Mesmo suas técnicas de ki (incluindo o terrível Šin no Ippō, que paralisa a pessoa caso sua energia seja inferior a do usuário da técnica, sufocando-a pouco a pouco) não adiantaram contra Šišio, e após muita troca de golpe entre os dois espadachins a luta acabou sem vencedores. Džin-E disse que um dia haveria o acerto de contas, mas no fim das contas esse dia nunca chegou.

O grande prazer da vida de Džin-E é matar pessoas com sua espada, e mesmo sendo membro do Šinsengumi também matou vários companheiros seus. Em determinada ocasião, foi expulso do Šinsengumi por ordens de seu líder Isami Kondō e de Tošidzō Hidžikata, o número dois do grupo pró-Xogunato. Os dois destacaram uma tropa para matar Džin-E, só que este os matou sem dificuldades e logo em seguida caiu fora para sempre do Šinsengumi. Meses mais tarde, entrou para as fileiras dos monarquistas logo após saber do ocorrido com Šišio.

Ookubo foi aquele que aprovou sua entrada no grupo. Durante alguns meses Džin-E mostrou para o que veio, mas logo o feitiço se voltou contra o feiticeiro, e assim como no Šinsengumi Džin-E também passou a matar companheiros monarquistas. Mais uma vez os líderes monarquistas tentaram promover uma queima de arquivo usando pretextos similares aos usados contra Šišio. Quem ordenou a execução de Jin-E foi Šibumi, só que antes que isso viesse a acontecer Džin-E sumiu misteriosamente e nunca mais fora encontrado por seus antigos superiores.


3 Comentários

  1. A narrativa segue cronologicamente os acontecimentos do arco de Kyoto.

    O império tentou eliminar quem sabia demais ,através da tradicional queima de arquivo .

    O que eles não poderi imaginar é que Sishio sobreviveu e vai se vingar .

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  2. Na verdade a parte em que se passa este capítulo não é nem o arco de Kyoto, e sim a parte retratada nos quatro primeiros OVAs, Tsuiokuhen, que mostra a história do Kenshin e da Tomoe no tempo em que o primeiro era Battousai o retalhador (que por sua vez foi baseada em uma parte do próprio mangá, na parte o Kenshin conta sobre o passado dele na saga da vingança).

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