Crônicas de Amizade Estelar - Spin-Off Especial - Capítulo 14

 

 

Trabalho feito em parceria com o TreinadorPokemom

14 - Quando a emoção fala mais alto que a razão (Parte 1)

Após a revelação de que Go era o irmão de Ryu Asuka, e que se chamava Hiroki Asuka, todos eram só atenção para ele.

Go nunca recebera tanto carinho e apoio...

Aos poucos, aquele impacto da rejeição foi se dissipando, e Go assimilou melhor todo aquele turbilhão de emoções negativas causado pela recusa de Ryu Asuka em procurá-lo.

A fala vigorosa de Ibuki acabou lhe fazendo bem...

Às vezes, um choque de realidade não é só necessário...

É fundamental!

Ainda que o desfecho da descoberta e as perspectivas futuras não fossem das mais promissoras, ainda sim, Hiroki “Go” Asuka sabia que tinha uma família e isso deveria lhe bastar no momento...

Da adversidade, uma oportunidade...

Agora, mais do que nunca, voltar à Terra e tentar viver como um terráqueo normal era a sua motivação maior.

Claro, Go não havia desistido de reencontrar sua família, incluindo seu irmão Ryu, mesmo que este não quisesse vê-lo...

Assim que a cura para o Efeito Flash Negativo tivesse sido encontrada, e os Flashman estivessem de volta à Terra, Go iria tentar de tudo para que seus pais se lembrassem dele, e ainda convencer Ryu de que, apesar de sua atitude egoísta, Go ainda o amava e sempre o consideraria seu “mano”.

 

Isso, entretanto, era algo para o futuro...

Até lá, Go seguiria acolhido e amado incondicionalmente pela sua “segunda família”: os Flashman, Lorde e Lady Titã, Ibuki, Peebo e Nana no Planeta Flash, e os Changeman e os Bioman na Terra.

E isso já deixava Go bastante feliz.

No entanto, naquele momento, outra pessoa no Planeta Flash também vivia um turbilhão de emoções, além de Go...

Todos estavam tão focados nele, que Nana pôde sair de modo discreto, sem ser notada, para tomar um ar.

Precisava pôr seus pensamentos no lugar...

Não estava conseguindo disfarçar o que sentia por Jin.

Era mais forte que ela...

É bom lembrarmos que a sua manifestação da Aura Energética (*01) por duas vezes, durante sua estadia na Terra, acelerou o seu crescimento. Por conta disso, ela passou da infância para a adolescência muito rápido, queimando etapas importantes.

Enquanto numa terráquea normal, esse processo de transição levaria anos, permitindo a assimilação gradual das emoções (e, por que não dizer, dos hormônios) típicas da idade, as technoliqueanas não tinham esse luxo...

Para Nana, essa transição levou apenas poucos minutos, ao invés de anos...

Portanto, embora fosse muito inteligente, característica marcante dos technoliqueanos, o fato era que Nana ainda era uma criança no corpo de uma jovem, pois ela não passara pelas experiências que uma terráquea normal teria vivenciado ao longo da adolescência...

Tudo lhe parecia muito intenso...

Lidar com os sentimentos era algo que Nana estava aprendendo na prática...

Primeiro com Tsurugi...

Não deu certo...

Agora com Jin...

Por coincidência, dois líderes vermelhos...

Coincidências...?

Como diria Lorde Titã...

Mas...,

Voltando...,

Nana começa a andar pelos arredores da Titan Base do Planeta Flash...

Não tinha uma destinação específica em mente. Ela queria apenas caminhar enquanto sua mente refletia.

Até que um hangar em especial lhe chama atenção, por toda a movimentação que havia dentro...

Era o local onde estava sendo construído o esqueleto da nova versão do finado Flash King...

O Neo Flash King.

Os operários trabalhavam a todo o vapor...

Curiosa, ela vai até lá e conhece a planta do projeto, disponível numa projeção em plasma.

Tecnologia era algo que a fascinava.

Ela chega inclusive a conversar com alguns dos engenheiros responsáveis pela obra que, impressionados com os conhecimentos de Nana, anotam algumas de suas sugestões, as quais julgaram importantíssimas para o aperfeiçoamento do projeto.

O objetivo era construir uma versão menos vulnerável que o Flash King original.

Cerca de meia hora depois, Jin, avisado que Nana estava lá, decide ir até o local.

Discretamente, Sara lhe diz:

-Aproveite a oportunidade, meu amigo...

-Abra o seu coração...

-Nós ficaremos aqui com o Go...

-Ibuki, Peebo e Lorde Titã estão reunidos com Tsurugi, Shirou e Sayaka...

-Ninguém perceberá...

-Vá!

Jin, parecendo um adolescente, agradece a “cobertura” da amiga e vai correndo até o hangar do Neo Flash King.

Seu coração deveria estar a uns 120 batimentos por minuto...

Suas mãos suavam...

O Jin centrado, perfeccionista, irmão mais velho, conselheiro e amigo, naquele momento, ficara de lado...

Era a emoção que falava mais forte...

O amor, um sentimento quase que inédito para ele, batera-lhe à porta e ele queria viver esse sentimento, o que não pôde fazer enquanto esteve na Terra.

Chegando ao hangar, ele encontra Nana numa das passarelas elevadas, observando a construção do Neo Flash King...

Sozinha...

“Perfeito!” – ele pensa e, discretamente, caminha em direção a ela.

Assim que percebe a sua presença, Nana fica encabulada:

-Oh, Jin... você aqui?

Jin, fazendo um esforço hercúleo para parecer calmo, responde:

-Sim, Nana...

-Quando vi que você não estava mais na sala de comunicação, vim te procurar.

Nana, não conseguindo esconder o nervosismo em sua voz, diz:

-Me desculpe se te fiz se preocupar comigo...

-O clima lá tava meio tenso...

-Eu precisava dar uma volta e...

Jin imediatamente a tranquiliza:

-Tudo bem, Nana!  

-Eu também estava meio apreensivo com a história do Go...

-Eu sempre assumi o papel de irmão mais velho de todos...

-Mas, dessa vez, o apoio que ele recebeu de todos tirou um pouco de mim essa responsabilidade...

-Eu entendo... – diz Nana.

Jin percebe que Nana era muito tímida, e ele mesmo, ansioso para externalizar o que sentia, sabia que teria de ir com cautela para não assustá-la.

Tentando dar um rumo mais leve à conversa, ele olha para o Neo Flash King em construção:

-O Neo Flash King será um novo marco tecnológico para o planeta Flash, não é mesmo?

-Percebi que você estava bastante focada na construção dele quando cheguei...

Nana sorri, mais confortável em conversar sobre um assunto de sua expertise:

-Não tenho como negar... Tecnologia é algo que me fascina...

-E meu povo, os technoliqueanos, possui uma afinidade natural com essa área.

-Mesmo eu tendo crescido na Terra, sempre tive interesse no estudo de assuntos tecnológicos, principalmente eletrônica e computação...

-Meus pais adotivos ficavam surpresos, pois eram assuntos muito avançados para a minha idade.

Jin se alegra por dentro ao ouvir isso. Ele percebera o quanto Nana era parecida com ele, pelo menos nos interesses em comum.

-A tecnologia me fascina também... – concorda Jin.

-Desde pequeno, percebendo meu interesse, Lorde Titã sempre me pôs para aprender com os melhores técnicos e engenheiros do Planeta Flash.

-De nossa equipe, a Sara também gosta desses assuntos, assim como nós dois...

Nana, na ânsia de tentar não demonstrar o nervosismo que a presença de Jin lhe causava, acaba derrapando:

-Uma pena que as pessoas só me enxergam assim...

-Como se eu fosse só um super cérebro...

-E não como pessoa, como mulher...

Jin, ao perceber que Nana estava insegura com sua própria imagem, aproveita para tentar uma aproximação e, finalmente, poder se declarar:

-Eu gostaria muito de conhecer esse seu outro lado...

-Me conte de você...

-Quem é a Nana?

-Sem medos...

Nana, percebendo que se denunciara, tenta desconversar:

-Isso não é importante agora...

-Temos muitas outras questões mais relevantes...

-Vocês estão repletos de problemas...

-Os Changeman...

-Os Bioman...

-Não quero aborrecer vocês com minhas questões pessoais...

Jin a interrompe, com delicadeza:

-É claro que é importante, Nana!

-Você é importante!

-Para mim, muito mais...

Agora era Jin que se denunciara. Um leve rubor se manifesta no rosto do jovem, ao perceber o que acabara de dizer.

E isso só deixou Nana ainda mais nervosa. O rosto dela se enrubesce ainda mais que o de Jin.

Ela ainda hesita:

-Não sei se devo, e...

Delicadamente, Jin segura a sua mão:

-Nana, por favor confie em mim...

-Deixe-me ajudá-la, assim como vocês está nos ajudando.

-Mas se você não confiar em mim e não falar, não tem como eu saber...

-Prometo que tudo o que falar, ficará apenas entre nós dois.

Nana engole seco de apreensão. Ela tenta controlar o turbilhão de emoções que lhe fustigava a mente. Hesitava em se abrir emocionalmente, por medo de se machucar...

Porém, ela se lembra que era Jin com quem estava falando. Logo ele, que sempre foi compreensivo e prestativo, desde que ela chegou no Planeta Flash...

Se havia alguém em que ela podia confiar, esse alguém era Jin.

-Tá bom... Eu falo... - Nana acaba cedendo.

Enquanto caminhava ao lado de Jin pelos corredores daquele hangar, Nana ia contando a sua história...

Jin ouvia com atenção, tentando entender aquela alma sensível e delicada...

A passagem repentina da infância para a adolescência através da emanação da Aura Energética, e o uso desse poder para fins maléficos por Ahames e Super Giluke foi traumática, e Nana acaba por admitir que não sabia lidar com certos tipos de coisas...

Como resultado, Nana desenvolveu uma tendência de internalizar suas angústias. Ela também admite que frequentemente se isolava das outras pessoas, por medo de incomodá-las com seus problemas...

Exemplo disso foi a ocasião em ela fugiu e se escondeu dos Changeman, durante seu período na Terra, logo após emitir sua Aura Energética pela primeira vez.

É nesse momento que Jin percebe o tamanho da carência emocional de Nana, por mais que ela tentasse disfarçar.

Com extremo cuidado, Jin pergunta:

-O que você sente falta, na fase atual da sua vida?

-Se me permite saber, é claro.

Nana hesita por alguns instantes, porém responde, abaixando os olhos:

-Pode parecer bobagem, mas sinto falta de... de um...

Ela pausa, ainda hesitante em revelar o que sentia, mas junta coragem e prossegue:

-De um amor...

“Pronto, falei!” – ela pensa, respirando fundo, ao mesmo tempo constrangida e aliviada em ter tirado aquele peso do peito. Ela então timidamente pede:

-Peço que não me julgue...

Mas para Jin, julgar era o que ele menos pensava no momento...

Aquilo foi como música para seus ouvidos, ao mesmo que lhe deu um frio no estômago...

Pois era justamente o que ele também sentia falta...

Seu desejo era exatamente pegá-la em seus braços e beijá-la.

Mas, ele se conteve...

Não queria estragar tudo...

Novamente, com muito tato, ele diz:

-Quem disse que amar alguém é bobagem?

-O amor é o sentimento mais bonito do universo, e não devemos ter vergonha de demonstrá-lo...

Nana oferece uma última resistência:

-Mas, eu não tenho direito de machucar ninguém...

-E, também... não quero me machucar... – ela murmura essa última parte.

Jin sente novamente o coração disparar...

É evidente que Nana tentava falar nas entrelinhas...

Jin, novamente cuidadoso, diz:

-Isso é certo...

-Sempre que amamos alguém, há o risco de machucarmos essa pessoa ou a nós mesmos...

-Mas também é certo que não podemos reprimir o que sentimos, e nos arrepender de não termos, ao menos, tentado...

Eis então que Jin se lembra de algo que ouvira antes:

-Quando estive na Terra, ouvi uma expressão muito interessante...

-Não me lembro exatamente quem disse, mas era algo assim...

-“Mais valem as lágrimas da derrota do que a vergonha de não ter tentado...”

-As pessoas se arrependem mais pelo que deixaram de fazer, do que pelo que fizeram...

E arremata, olhando fundo nos olhos de Nana:

-Feliz é a pessoa pela qual seu coração bate mais forte...

-Uma mulher inteligente, bonita e sensível não se encontra todo dia...

As palavras de Jin tocavam na alma de Nana.

Nunca ninguém lhe dissera isso antes...

E era tudo o que ela queria ouvir...

Num último esforço para não se render àquela explosão de sentimentos, Nana tenta inverter a narrativa, até para ter certeza de que seu sentimento por Jin era recíproco:

-Falei de muito de mim...

-Até mais do que devia...

-Mas, e você, Jin?

-Já amou ou ama alguém?

Antes que ela se arrependesse de ter perguntado, Jin responde com sinceridade:

-Amo sim, Nana...

-Amo tanto que já não consigo esconder...

Nana sente sua face ficar avermelhada...

Jin dera a sua cartada final...

Sem ser invasivo, ele deixou claro as suas intenções.

E ela sabia que se tratava dela...

Isso estava claro pelo modo como Jin a fitava. Palavras podem enganar, mas os olhos, jamais.

“Os olhos são a janela da alma”, como dizia o provérbio terráqueo.

Mesmo assim, ousou perguntar:

-Posso saber quem é a felizarda que conquistou o seu coração?

Jin sorri:

-Claro que pode...

-Essa garota é tudo aquilo que descrevi... Inteligente, bonita, sensível, gentil...

-Ela não mede esforços para ajudar os outros, mesmo que isso implique num grande sacrifício pessoal...

-E eu soube, recentemente, que ela procura por um amor também...

-Há apenas alguns minutos atrás, para ser mais específico...

A identidade dessa pessoa já estava bem clara, depois da “sutil” descrição feita por Jin...

Nana abaixa os olhos e pergunta, de modo tímido, porém romântico:

-Você pode provar isso que acabou de dizer?

Jin, no ápice da emoção, diz:

-Se não for abusivo, e você permitir, eu posso te provar agora...

Nana, com o rosto ruborizado, finalmente se rende:

-Eu permito... e eu quero...

Jin se aproxima de Nana, segura delicadamente o seu rosto e a beija de modo intenso...

E Nana responde o gesto, beijando-o de volta.

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Após alguns minutos, já com as emoções sob controle, Nana parece se arrepender.

-Esse beijo não poderia ter ocorrido...

-O que pensarão de nós?

Jin segura o seu queixo, olhando bem nos seus olhos, e diz:

-Eu não tenho problema nenhum em assumir que amo você, e que pretendo ser seu namorado, se assim você desejar...

-Quero que saiba que não te forçarei a nada, Nana...

-Se não se sentir confortável, eu compreendo e podemos manter tudo como está...

-Pelo menos, eu consegui ter a coragem de assumir...

Nana, temendo que Jin pensasse que ela o rejeitaria, rapidamente responde:

-Eu quero ser sua namorada, Jin...

-Também amo você...

-Já não consigo disfarçar...

-Mas, tenho medo...

-Estou confusa...

-Há tanta coisa em jogo, e tanto que ainda pode ocorrer...

-Se você localizar seus pais e conseguir se livrar do Efeito Flash Negativo, vai querer ficar na Terra e...

-E...? - Jin pergunta, confuso.

-E será o fim para mim... – responde Nana, um pouco chateada.

-Não posso ficar com você na Terra...

-Eu assumi um compromisso de ajudar a reconstruir os planetas destruídos por Gozma, e agora por Mess, e vou sofrer se te perder...

Jin discorda:

-Você se esqueceu do que eu disse, em uma reunião anterior, de que pretendo ajudar também na reconstrução desses planetas?

-Eu não estava brincando, Nana...

-É lógico que, se eu achar meus pais, vou ficar um tempo na Terra, para conhecê-los melhor...

-Porém, minha decisão já está amadurecida...

-Não posso falar pelos demais Flashman, pois eles devem escolher seus próprios caminhos, mas a minha decisão já está tomada...

-Assim que possível, voltarei para o espaço e me juntarei a Ibuki, Peebo, você e todos que se unirem a nós, nessa jornada de levar a paz ao universo...

-É o mínimo que posso fazer, para retribuir o apoio que eu e meus amigos estamos recebendo de todos vocês...

-E nunca deixarei de estar perto de você, meu amor...

Naquele exato momento, Nana se sentiu nas nuvens...

Parecia flutuar, de tanta emoção...

Aquelas palavras de Jin, ironicamente, a deixaram sem palavras...

Um homem apaixonado, diante de si, se mostrava disposto a percorrer todo o universo para estar ao seu lado.

Como nos seus mais lindos sonhos juvenis...

Naquele singular momento, a emoção falou mais forte que a razão...

Nada mais precisava ser dito entre os dois.

E então, de mãos dadas, os agora namorados se dirigem à torre central da Titan Base.

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Durante todo o percurso até a sala de comunicações da base, Jin e Nana se mantiveram de mãos dadas.

Já não fazia mais sentido esconder isso de ninguém, agora que ambos já havia confessado seus sentimentos um ao outro, e descobriram ser recíproco.

Naturalmente, assim que o casal adentrou a sala, isso não passou despercebido pelos demais...

Ninguém falou nada de início, mas as expressões de surpresa e dúvida nos rostos dos demais, ao verem Jin e Nana de mãos dadas, já demandavam uma explicação por parte dos dois.

A única exceção era Sara, pois ela já sabia dos sentimentos de Jin por Nana. A guerreira amarela abre um largo sorriso ao ver os dois, já concluindo o resultado da confissão de Jin.

Jin e Nana se entreolham, como em confirmação mútua. Tomando a iniciativa então, Jin anuncia:

-Meus queridos amigos...,

-Lorde e Lady Titã...,

-Sargento Ibuki...,

-Peebo...,

-Eu gostaria de fazer um anúncio...

Todos ficam em silêncio, atentos, dando a deixa para Jin prosseguir:

-Já faz um tempo que Nana e eu nutrimos algo especial um pelo outro...

-Acabamos não assumindo até então, devido a várias outras prioridades...

-Mas, creio que não faz mais sentido continuarmos adiando essa questão...

-Portanto, gostaríamos que todos vocês fossem os primeiros a saber...

-Nana e eu estamos oficialmente numa relação!

-A partir de agora, nós dois somos namorados!

Os olhos dos demais se arregalam, e alguns até deixam o queixo cair com a surpreendente notícia.

Mas tais reações duraram apenas alguns poucos segundos e, logo em seguida, largos sorrisos se estamparam nos rostos de todos os presentes...

Após o anúncio do namoro, uma salva de palmas se ouve por toda a torre.

Até Ibuki, mesmo surpreso, ficou feliz por sua amiga do universo. Assim como os Changeman, o sargento sabia da atração não-correspondida que Nana sentia por Tsurugi. Então, não deixava de ser um alento saber que Nana conseguira encontrar um novo amor em Jin.

Nem Go, que havia passado por momentos tão difíceis horas atrás, perde a oportunidade. Para sacanear Jin, ele esquece até as suas dores e solta:

-Poxa, Jin! Tu não é bobo, não!

-Não perde tempo mesmo, hein?

-Vai namorar logo a gatinha da Nana?

Até mesmo Dan e Lú não conseguem disfarçarem uma risadinha mal abafada.

Jin e Nana ficam envergonhados, até que Sara sai em defesa do casal:

-Gente! Deixem o Jin e a Nana em paz!

-Eles estarem apaixonados é algo tão bonito!

-Deixem eles serem felizes!

Lady Titã concorda, se dirigindo a Lorde Titã:

-Sara está certa! Nós fazemos muito gosto dessa união, não é mesmo, querido?

Lorde Titã, como um pai orgulhoso, responde:

-Com certeza, querida! Como líder do Planeta Flash, estou muito feliz com essa notícia!

-Parabéns, Jin!

-Parabéns, Nana!

Se dirigindo a Go, Lorde Titã diz:

-Prezado Go! Mais um motivo para você não ficar tão triste...

-Garanto que, na Terra, você também encontrou alguém que mexeu com o seu coração, estou certo?

-Pense que, um dia, você poderá reencontrá-la também.

Go se lembra de Yuki da Estrela Cadente (*02), a bela motoqueira rebelde que ele conheceu durante sua estadia na Terra e que, no final, se revelou ser a herdeira de uma rica família.

“Como será que aquela gatinha está?” – ele pensa, nostálgico daqueles inocentes dias.

Ele certamente não se esqueceu da confissão que Yuki fizera à ocasião, em alto e bom som, do quanto ela gostava dele.

Entretanto, ele não queria dar bandeira e responde, de maneira meio evasiva:

-Sim, conheci alguém...

-Se eu pudesse reencontrá-la, faria igual o Jin.

Lú, sabendo de quem ele estava falando, torce o nariz:

-Ih, Go! Não me diga que é aquela Yuki?

-Garota complicada!

Os demais Flashman imediatamente se lembram da tal garota...

Assim como se lembram também de como Go arrastava a asa por ela.

Go faz uma careta de aborrecimento e diz, num tom sarcástico:

-Valeu, Lú, por me entregar de bandeja...

-Você é ótima...

Agora ele era quem estava sendo zoado pelos demais.

“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, dizia outro provérbio terráqueo.

Jin e Nana, ainda de mãos dadas, não deixam de sorrirem da situação...

Aos poucos, Go estava voltando ao seu normal, embora por dentro ainda estivesse chateado.

E, apenas para manter a pose, Go tenta uma última cartada:

-Bem, já que vocês agora são namorados, por que não selam oficialmente com um beijo?

Os demais acham uma boa ideia e começam um coro de “beija, beija, beija!!”.

Atendendo a pedidos, ainda que um pouco envergonhados, Jin e Nana dão uma espécie de selinho.

Mas é o suficiente, e todos os presentes se empolgam, batendo palmas.

Peebo, em particular, solta sua célebre frase:

-Ikite iru!! Ikite iru!! Metcha shiawase!! (que em português, quer dizer: “Viva!! Viva!! Estou tão feliz!!”)

Aquela salva de palmas encerra de maneira leve e descontraída aquele dia, que começou tão pesado e difícil pra Go e todos eles. 

 

Notas

(*01) Conforme narrado em Changeman;

(*02) Assistir ao episódio     de Comando Estelar Flashman intitulado , “O balão dos sonhos”.