Loading....

Os irmãos Stroheim - Geese Howard e Wolfgang Krauser (capítulo II)

 

 

                                         Capítulo II - O clã Stroheim e sua história (parte I)

Como nós muito bem sabemos, o clã Stroheim é uma das famílias mais poderosas de todo o mundo, e há muito seus diversos representantes têm servido como guarda-costas a famílias nobres não apenas da Europa, como também do norte da África, do Oriente Médio e até mesmo da Ásia Média.

O poder dos Stroheim é tal que muitos especulam se eles na verdade são o poder por trás do trono daqueles que eles há muito tempo vem servindo. Só que, como veremos, nem sempre os Stroheim tiveram a projeção, o poder e o prestígio que hoje desfrutam.

Segundo contam os registros históricos que chegaram até nós, a casa dos Stroheim, do ponto de vista político e militar, está na ativa desde os tempos do Império Romano (27 a. C. – 476 d. C. ). Mais precisamente, desde o primeiro século da Era Cristã. Naquela mesma época, o Império Romano, depois de ter esmagado com o poder céltico na Gália (atual França) ainda no período republicano tardio sob Júlio César, tentou estender sua autoridade até as regiões além dos rios Reno e Danúbio.

De suas bases na Gália, os romanos resolveram se expandir para além do Rio Reno, nas terras habitadas por tribos germânicas das mais diversas. Para isso Roma tratou de cooptar algumas lideranças das tribos germânicas para o seu lado. Os planos de Roma envolviam a criação da província da Magna Germania. Uma província que uma vez formada iria estender a fronteira do Império baseado em Roma até o rio Elba.

E é nessa história que entram duas figuras em especial: o chefe querusco Hermann e o líder da tribo dos marcomanos Marobodus. De ambos os Stroheim reivindicam descendência. Hermann (em latim Arminius e em alemão antigo Irmin) teria nascido por volta de 21 antes de Cristo, no seio da tribo dos queruscos, que à época habitava as terras que hoje correspondem ao noroeste da Alemanha.

Já o segundo nasceu por volta do ano 30 antes de Cristo no seio da nobreza dos marcomanos, os quais após terem sido vencidos por Roma no ano 10 antes de Cristo se deslocaram da Germânia para a Boêmia (atual República Tcheca) e lá formaram uma aliança tribal para resistirem ao avanço romano. Os queruscos e os marcomanos foram mencionados por Júlio César em sua obra “Commentari de Bello Galico” (“Comentários sobre a guerra gálica”), que conta a respeito da guerra por ele travada na Gália entre 58 e 51 antes de Cristo. Depois dele, Tácito também veio a citar ambos os povos em suas obras.

À época, o que hoje nós conhecemos como Alemanha era uma verdadeira colcha de retalhos. As paragens entre os Rios Reno e Oder e entre o Mar do Norte e os Alpes austríacos carecia de unidade política. Diversas tribos habitavam aquelas paragens. E havia algo em comum entre elas: o sistema de crenças. Eles, assim como a maioria dos povos de seu tempo, eram pagãos e acreditavam em vários deuses, sendo Wotan (Odin na Escandinávia) o principal deles. Outras divindades tais como Donnar (Thor na Escandinávia, o deus do trovão), Freya (deusa da fertilidade), Tyr (deus da guerra) e outras também eram cultuadas pelos germânicos antigos.

A história começa no ano 12 antes de Cristo, com as primeiras incursões de Roma, já sob a égide de Otávio Augusto, o primeiro imperador romano, sobre as terras além do Reno. Naquele ano, o comandante militar Nero Claudius Drusus “o velho” cruzou o Reno e logrou conquistar muitas das tribos germânicas locais, de tal modo que ele estendeu as fronteiras do poder romano na Germânia até o rio Albis (Elba). Com a morte de Drusus, seu irmão Tibério dá continuidade às ações bélicas romanas na Germânia e após travar mais alguns enfrentamentos contra as tribos locais deixou a Germânia nas mãos de vários legados que estabeleceram relações amigáveis entre os germânicos. Augusto, satisfeito com os feitos de seus comandantes na Germânia, passou a almejar transformar as terras entre os rios Reno e Elba em uma província romana.

Só que as coisas não saíram como o esperado para o Império Romano, visto que uma importante liderança tribal germânica, Hermann resolveu se levantar contra Roma e no ano 9 da era Cristã ele, aproveitando-se do terreno pouco favorável às típicas táticas de guerra da máquina de guerra romana, reuniu as tribos germânicas e promoveu uma emboscada contra as legiões comandadas pelo comandante Publius Quinctillus Varus na floresta de Teutoburgo. Como resultado, não só Varro foi morto no enfrentamento, como também três legiões (a XVII, XVIII e XIX) foram aniquiladas de uma tacada só. A emboscada reclamou as vidas de cerca de 20 mil legionários, além da captura dos estandartes das legiões romanas por parte das tribos germânicas.

Após o desastre em Teutoburgo, Roma desistiu de estabelecer a província da Magna Germânia, e limitou-se dali em diante em promover incursões punitivas contra as tribos germânicas. Uma dessas incursões punitivas ocorreu logo após a batalha de Teutoburgo, entre os anos de 14 a 16 d. C., na qual o imperador Tibério enviou um exército à Germânia sob o comando do general Germânico com a intenção de recuperar os estandartes das legiões perdidos na batalha de Teutoburgo. Dessa vez, os romanos levaram a melhor, tendo vencido o mesmo Armínio (o qual veio a ser morto em 21 por rivais políticos dele) nas batalhas de Idistavizo e do muro de Angrivar. Outros enfrentamentos entre o Império Romano e as tribos germânicas se sucederam nos anos e séculos seguintes.

E é nesse contexto de periódicos enfrentamentos entre o poder imperial romano e as tribos germânicas que os Stroheim surgem na história. No final do primeiro século da Era Cristã, um importante guerreiro das tribos germânicas estabelecidas na região entre o sul da Alemanha e a Boêmia (atual República Tcheca), que é citado em fontes latinas sob o nome de Hagen da tribo dos marcomanos e sobrinho-neto por parte do lado paterno do já citado Marobodus, estava ciente do fato de que Roma, embora tenha sido vencida em embates anteriores contra as tribos germânicas, ainda assim de tempos em tempos enviava tropas à Germânia para empreender incursões punitivas contra as tribos germânicas, achou que já estava na hora de colocar ponto final nestes ataques. E, para isso, ele mesmo desenvolveu um estilo de combate único, visando especialmente o combate às legiões vindas do sul.

E o que poucos sabem a respeito dele é que ele mesmo era um cidadão romano, e que tal como o ilustre tio-avô dele, ele mesmo viveu sua juventude no Império Romano. Em outras palavras, ele testemunhou os anos áureos do Império Romano, sob o imperador Nero (r. 54 – 68).

Enquanto viveu no Império Romano ele tomou conhecimento de várias coisas. Viu as lutas no Coliseu Romano, aonde muitos dos prisioneiros de guerra germânicos eram enviados após serem vencidos e capturados em combate. Uma vez portando o tradicional gládio romano, lá eles eram transformados em gladiadores e travavam lutas até a morte, por vezes enfrentando outros gladiadores, por vezes lutando contra animais que os romanos traziam de todos os cantos do Império e até mais além, incluindo leões e leopardos da África e do Oriente Médio, tigres da Mesopotâmia, do Cáucaso e da Índia, ursos, lobos, bisões e auroques da Germânia, da Gália e das Ilhas Britânicas, cães e cavalos das mais variadas raças e procedências, elefantes e rinocerontes da África e da Índia, avestruzes, girafas e hipopótamos da África. Muitos destes dos quais Hagen jamais sonharia em ver nem mesmo em seus sonhos mais malucos que e jamais imaginou (ou sonhou) que existia, visto que naturalmente não vivem na Germânia natal dele.

Enquanto viveu na Itália, Hagen soube que no Oriente existe um império que Roma nunca logrou conquistar, a Pérsia, à época governada pela dinastia parta (r. 247 a. C. – 224 d. C.). Os romanos travaram várias guerras (geralmente inconclusivas) contra a Pérsia em disputa por territórios na Mesopotâmia (atual Iraque), a Armênia e regiões adjacentes, nas quais os dois lados trocavam vitórias entre si e nunca um lado se sobrepôs ao outro, ao ponto de um aniquilar o outro e vice-versa.

As histórias que ele ouviu a respeito da Pérsia despertaram em Hagen uma curiosidade tal que ele passou a desejar conhecer o reino oriental. E essa oportunidade na vida chegou por meio de um convite do próprio imperador Nero a integrar a comitiva imperial romana à Pérsia. Hagen aceitou o convite, e uma vez na Pérsia os membros da comitiva imperial foram recebidas com honrarias de Estado pelo xá (imperador) da Pérsia, Pakoros II.

Na Pérsia, Hagen o marcomano visitou algumas das suntuosas cidades do Império Persa, incluindo a capital Ctesifonte (situada próxima a Bagdá). Na Pérsia, ele ficou deslumbrado com a suntuosidade dos palácios imperiais e toda a organização de que os persas dispunham. E ele pensou consigo mesmo, era disso que as tribos germânicas precisavam para poder fazer frente ao Império Romano.

Enquanto viveu na Itália, Hagen o marcomano não apenas conheceu outras partes do mundo romano, tais como a África e a Ibéria, como também aprendeu as táticas e estilos de luta romanos. Também aprendeu um pouco sobre estilos de luta persas enquanto esteve por lá. As fontes romanas a respeito dele contam que Hagen era tão forte que ele foi capaz de matar um leão de cerca de 300 quilos no norte da África sem precisar utilizar armas enquanto ele e sua comitiva passavam pelas florestas locais, próximas aos montes Atlas.

Depois de tanto tempo vivendo entre os romanos, Hagen voltou à Germânia para viver entre os seus. Mesmo que durante muito tempo ele tenha vestido roupas romanas, treinado artes marciais romanas, portado armas romanas e até mesmo integrado delegações diplomáticas romanas à Pérsia, ainda assim ele nunca se esqueceu de suas raízes. Nunca esqueceu que era um germano da tribo dos marcomanos, e que Roma não poderia fazer o que bem entendia nas terras germânicas.

Uma vez retornado à Germânia, ele desposou uma mulher germânica chamada Helga, da tribo dos suevos, e ele, tendo se tornado o chefe de sua tribo, não apenas desenvolveu um estilo de luta que mistura elementos tanto das lutas tribais germânicos e das lutas greco-romana e persa, como também treinou seus guerreiros com base na arte do combate que ele mesmo aprendeu nos anos em que viveu na Itália. E a ideia dele era bem clara com isso: usar o que ele aprendeu ao longo dos anos em que esteve em Roma contra os romanos.

Como não poderia deixar de ser, o novo estilo de luta dele deixou vários guerreiros germânicos mais tradicionalistas furiosos, visto que eles viam com ultraje um guerreiro germânico como Hagen utilizar-se das táticas de combate romanas seu estilo de luta. Mas logo ele calou a boca destes ao mostrar na prática a eficácia de seu estilo de combate, como veremos.

Certa vez, no ano 90, Roma enviou suas legiões à Germânia central para empreender uma incursão punitiva sobre as tribos germânicas locais, as quais por sua vez de tempos em tempos promoviam suas incursões de pilhagem sobre o território sob o domínio romano. E Hagen, sabendo do avanço dos exércitos sulistas, se prontificou a enfrentá-los. Nos passos montanhosos dos Alpes bávaros ele e suas forças se encontraram com as legiões romanas. E este, milagrosamente, não apenas confrontou como também, se aproveitando das vantagens que o terreno florestado local deu a suas forças, rechaçou as legiões romanas com as técnicas de combate que ele mesmo desenvolveu após longos anos de treinamento. Uma vez vencidas as legiões romanas, ele assegurou que nunca mais exércitos vindos de Roma iriam pisar no coração da Germânia.

1 Comentários

  1. Aqui se inicia uma incursão histórica sobre o passado do clã Strouheim datando do Império Romano !

    Todo o poder vai ganhando forma com o passar das gerações até se tornar o que hoje.

    Pode parecer clichê e óbvio, mas tudo tem um começo e , como sabemos, o começo geralmente , não é nada glorioso !

    Vejamos como se dará essa evolução!

    ResponderExcluir