Capítulo IX - Quando o herói vive o bastante para se tornar um vilão (parte I)
Após vencer o
lutador irlandês James Earl O’Brien na grande final, Rudolf sagrou-se vencedor
do torneio The King of the Iron Fist
Tournament. Ao término da competição, Rudolf se encontra com a garota que o
deixou fascinado, logo após receber a medalha de ouro pela vitória no torneio.
E dessa vez a vê sem o leque que cobria grande parte de sua face.
“Olá, rei dos
lutadores”, com essas palavras ela se dirige a Rudolf pela primeira vez. “Você
só pode ser a garota que eu vi na plateia com o leque”, ele responde. “Você é
bem perspicaz, fico impressionada contigo. Eu vi tudo da plateia, você foi
incrível nessa competição. Não é a toa que você tem a fama de ser o rei dos
lutadores”, diz a garota ao campeão da competição. “E você é ainda mais linda
sem o leque”, diz Rudolf à garota. A garota então se apresenta ao campeão da
competição. Ela é Elza Krauser Gräfin (condessa) von Stroheim. Uma beldade tal
qual Maria, datada de uma cabeleira morena e ondulada que simplesmente brilha
ao sol, olhos azuis radiantes, cintura fina, altura média. A voz dela
igualmente é lindíssima. O tipo da mulher que todo homem sonha em se casar.
Com os
hormônios à flor da pele, e encantado por Elza, Rudolf (o qual até então se
manteve fiel à Maria) resolve, ainda que por uma única noite, pular a cerca.
Para isso, Rudolf chama Elza para um encontro em um restaurante local e em
seguida os dois vão a um hotel. Lá eles passam a noite juntos. Rudolf é um
homem experiente, sedutor, que sabe muito bem como enlouquecer uma mulher na
cama. E Elza não foi a exceção que confirma a regra. Elza se apaixonou por
Rudolf, e este igualmente se encantou por Elza.
Rudolf volta
para casa depois de algumas semanas ausente, e ao chegar à sua residência é
recebido calorosamente por sua família. E é recebido com festa pela esposa
Maria e pelo filho Geese. Estes o congratulam pela conquista na Europa. “Você é
incrível, Rudolf”, diz Maria. Marido e esposa se abraçam, com um breve beijo de
Rudolf sobre a testa de Maria se seguindo. Geese fita o pai, e um caloroso
abraço entre pai e filho se segue. “Pai, você é o meu herói”, diz Geese ao pai.
“E você é o meu orgulho, Geese”, responde Rudolf. “Sabe pai, não sei se você
sabe, mas eu quero ser que nem você. Um dos maiores artistas marciais que
Southtown já viu”, diz Geese. “E pode ter certeza que você tem talento para
isso”, Rudolf responde.
Nos dias
seguintes, Rudolf passou mais tempo que de costume com a esposa e o filho. Sabendo
que Geese almeja um dia se tornar um artista marcial, Rudolf resolve ele mesmo
ensinar um básico ao filho. Começa ensinando ao filho o básico dos chutes e
socos. Ensina a Geese, por exemplo, que em uma luta ele não pode aplicar um
soco ou um chute e deixar o braço ou perna no ar, pois o adversário pode
aproveitar-se do vacilo dele para aplicar uma queda e derrubá-lo no chão. “Como
assim pai?”, pergunta Geese. Rudolf conta que existem estilos de luta nos quais
há quedas, e que para evitar tomar uma queda o lutador precisa aplicar o golpe
e em seguida recolher a perna ou o braço o mais rápido possível. “Entendeu
filho, é bate e volta”, diz Rudolf ao filho. Outra lição que Rudolf ensina ao
filho é que ao aplicar um golpe no ar não se pode colocar força, pois ao fazer
isso a força aplicada no golpe volta para o braço ou para a perna, e isso em
longo prazo causa problemas como lesões e estiramentos. Apenas se pode aplicar
força no golpe quando há um alvo por meio do qual se pode absorver a força do
mesmo.
E nesses
treinos Rudolf vê o entusiasmo juvenil e o empenho do filho e se surpreende com
o mesmo. Em conversa com Maria, Rudolf conta que Geese é muito talentoso e tem
jeito para ser um lutador, mas que como ainda é muito novo ele é como uma pedra
bruta que precisa ser lapida. “Tenho certeza que um dia ele vai despertar todo
o potencial dele”, diz Rudolf à esposa.
Após o
encontro com Rudolf em Amsterdam, Elza voltou para casa junto com o avô, e como
se apaixonou perdidamente por ele vive pensando nele e quando que irá novamente
se encontrar com o rei dos lutadores. Conforme o tempo passou notou sua barriga
aumentando de tamanho. O senhor Michael perguntou a ela, com um tom sério e
desconfiando de alguma coisa, se por um acaso ela está grávida. Elza responde
que não, que isso não pode ser gravidez e que o aumento na barriga dela se deve
ao fato de que nas últimas semanas andou comendo guloseimas doces mais do que
deveria. “Então se é assim, nós prepararemos a você um programa de exercícios
para você perder a barriga. Uma princesa como você não pode andar por ai com a
barriga estufada desse jeito. Precisa manter-se em forma, sabia?”.
Mais um tempo
passou, e a barriga de Elza não apenas cresceu ainda mais, como ela própria passou
a ter enjoos e vômitos periódicos. No fim das contas, Elza não estava gorda
como até então pensava, e sim que ela está esperando em seu ventre uma criança.
Em outras palavras, ela está grávida. E o velho Michael não está gostando muito
da situação, como veremos.
“E agora Elza, o que vai fazer?”, pergunta o
velho Michael a ela. O tom de voz dele mostra que ele não está para brincadeira
e que não está gostando nem um pouco em ver que a neta engravidou de um
desconhecido e sem estar casada com ele. Elza então revela ao avô o quanto ela
sente falta do homem com o qual ela se encontrou meses antes. Ele, o rei dos
lutadores, Rudolf Howard. E não só isso: ela quer se casar com ele!
Ao ouvir as
palavras da neta, Michael fica uma arara. “Você, se casar com ele?! Há Elza.
Você só pode estar de brincadeira comigo. Esperava mais de você, sabia?”,
responde Michael. “Eu é que esperava mais de você, vovô. Eu amo o Rudolf e você
verá eu e ele se casando na Igreja e formando uma família”, Elza responde. “Sabe
que você é uma nobre de uma das famílias mais influentes do mundo. Nós, nobres,
sempre nos casamos com pessoas de nossa posição social. Assim tem sido ao longo
da história e não vai ser agora que isso vai mudar”, o velho chefe do clã
Stroheim completa. “E por causa disso, de tantos casamentos consanguíneos entre
membros da nobreza, que os livros de história registram vários casos de doenças
como hemofilia e demência[1],
de tanto que as famílias reais se casam entre si”, Elza responde. “Mas como
você é petulante, Elza!”, Michael responde.
A discussão
se estende por vários minutos. Elza mostrou-se mais obstinada do que o avô
pensava em tornar realidade o sonho dela. Desde tenra idade, a família conhece
muito bem o gênio dela. Quando ela tem uma ideia na cabeça, não tira isso da
cabeça até conseguir o que almeja. Depois de longas discussões com a neta e
conhecendo muito bem o gênio dela, Michael cedeu aos desejos dela. Afinal, no
ventre dela está o homem que um dia dará continuidade ao título e à linhagem do
clã Stroheim, e, além disso, Elza não pode aparecer por ai carregando em seus
braços uma criança fruto de um intercurso sexual com um desconhecido, e ainda
por cima solteira. Seria um grande escândalo para uma família com os Stroheim,
que prezam muito por sua imagem e por seu nome perante a população.
Como forma de
impedir que a família Stroheim fosse objeto de um escândalo de proporções
gigantescas que seria um prato cheio para jornais sensacionalistas (em especial
tabloides britânicos que adoram esse tipo de coisa), a gravidez de Elza foi
escondida do mundo até ela regularizar a situação civil dela por meio do
casamento com Rudolf Howard.
[1]
Vide casos como o do último tsarevič (filho do tsar e herdeiro do trono) russo,
Aleksej (1904 – 1918), e do último rei Habsburgo da Espanha, Carlos II (1661 –
1700).
1 Comentários
Já imaginava que isso fosse ocorrer. Só não imaginava que Elza fosse obrigada a esconder sua gestação.
ResponderExcluirTudo pela imagem e o bom nome da família Stroheim.
Passa o tempo e nada muda !
A hipocrisia reina !