Ametista, a Guerreira de Cristal - Capítulo 20 - Revelações

 

No capítulo anterior:

Rita pergunta ao pai sobre uma lembrança de Radya e ele faz uma revelação importante.

Capítulo #20 - Revelações

Casa de Rita

Rita não acreditava no que o pai respondera. Automaticamente, ela perguntou:

“Sério?!”

Zé Camilo: “Claro que sim. Eu nunca te contei sobre como conheci sua mãe, porque vocês, jovens, não se interessam muito de como os pais se conheceram e você é desse jeito.”

Rita: “É verdade, eu não me interessava, mas agora é diferente, pai. Me conte tudo.”

Zé Camilo: “Tá certo. Foi exatamente assim, há mais ou menos uns vinte e cinco anos...”

***

Vamos voltar para vinte e cinco anos no passado:

Era mais um dia como outro qualquer, mais um dia ensolarado em Bangu. Zé Camilo estava passando pelo Calçadão de Bangu com sua bicicleta, após fazer mais uma entrega. Ele estava retornando para o restaurante Joias do Brasil, até que aconteceu... Ele sentiu um solavanco, parou a bicicleta e desmontou dela. Ele viu que na verdade, tinha atropelado alguém.

Imediatamente, demonstrando desespero, Zé Camilo perguntou à pessoa caída no chão, que estava de barriga para baixo:

“Você está bem?”

Instintivamente, ele virou o corpo da pessoa de barriga para cima e então, viu... A mulher mais linda que já tinha visto... Alta, branca, de longos cabelos castanhos. Era jovem, por volta de uns vinte anos.

Um tanto confusa, ela perguntou:

“Onde... estou? Que... lugar é este?”

Zé Camilo: “Está no Calçadão de Bangu. Você não é daqui, não é?”

Ela respondeu, ainda confusa:

“Não... Não sou daqui...”

Zé Camilo: “Bem, primeiro, vou te levantar e levá-la para o hospital. Eu peço desculpas por ter te atropelado. É que você apareceu na minha frente, de repente...”

Ele a levantou e a moça disse:

“Tudo bem, eu estou bem, não estou sentindo nada.”

Zé Camilo: “Tem certeza?"

Ela respondeu, sorrindo:

“Sim, tenho. Obrigada pela preocupação.”

Zé Camilo: “Nada há de quê. Você estava indo para onde? Posso ajudá-la. Conheço tudo por aqui.”

A moça respondeu:

“Eu... não sei se quero ir para algum lugar... Eu... só vim parar aqui, mas não sei para onde ter que ir...”

Então, ela olhou para o pingente que estava pendurado ao pescoço e disse:

“Eu acho que isso tem a ver com esse pingente, mas não consigo me lembrar.”

Zé Camilo: “Você vai se lembrar, se Deus quiser. Bem, tenho que voltar para o meu trabalho. Foi um prazer conhecê-la.”

Ele fez uma pausa e prosseguiu, timidamente:

“Ah, eu esqueci de dizer meu nome. Meu nome é José Camilo e o seu?”

Ela franziu a testa e respondeu, de forma hesitante:

“Nome? É Ra... Raquel. Meu nome é Raquel.”

Zé Camilo: “Bem, foi um prazer conhecê-la, Raquel. Tá aqui um panfleto do restaurante onde eu trabalho. Espero você lá, não vai se arrepender.”

Ele entregou o panfleto à Raquel e montou na bicicleta e foi embora.

***

Voltando ao tempo presente:

Zé Camilo: “E então, ela foi ao restaurante e como ela não tinha onde ficar, ela veio dormir aqui em casa. Bem, o resto não preciso dizer. Nos apaixonamos, nos casamos e aí veio você.”

Rita: “Que legal, pai. Valeu mesmo por ter me contado. É uma linda história de amor.”

Zé Camilo: “Com certeza. Mas essa história foi interrompida pelo desaparecimento dela...”

Rita: “Agora que o senhor mencionou o desaparecimento dela, eu quero saber como ela desapareceu. Digo, o que aconteceu no dia, porque eu só tinha cinco anos na época e o senhor nunca me contou com detalhes.”

Zé Camilo: “Bem, vou contar: naquele dia, cheguei em casa depois que eu te deixei na escola e vi que sua mãe deixou um recado na porta da geladeira que dizia: ‘Zé, fui sair e não sei que horas eu volto. Beijos.’. E realmente ela não voltou... Obviamente, fiquei desesperado. Eu rodei a vizinhança, chamei a polícia e nada. Sua mãe simplesmente sumiu do mapa, até hoje. É claro que no desespero eu pensei no pior, mas sinto que ela está viva, em algum lugar...”

Notando que seu pai estava falando com voz embargada, Rita o abraçou e disse:

“Não fique assim, pai. Eu também sinto que ela está viva e pelo que o senhor disse nos últimos minutos, acho que sei onde ela possa estar...”

Zé Camilo ficou surpreso e perguntou, gaguejante:

“Sa-sabe?! Onde?”

Rita: “Presa no Reino do Quartzo Negro, lógico. Se Radya é minha mãe, então ela está lá, com Obsidius.”

Zé Camilo: “E como dá para chegar nesse reino não-sei-das-contas?”

Rita: “Aí não sei. Vou perguntar para a consciência de Radya.”

Zé Camilo: “Essa Radya... Eu posso vê-la?”

Rita: “Infelizmente, não, pai. Só eu posso vê-la, por eu ter o pingente. Aliás, sobre ele, o senhor me disse que minha mãe o deu a mim no meu aniversário de cinco anos, é verdade?”

Zé Camilo: “Sim, é verdade. Coincidência ou não, sua mãe desapareceu uma semana depois.”

Rita: “Entendi. Sobre o recado que ela deixou, ela não disse onde ia?”

Zé Camilo: “Não, só disse que tinha ido sair. Eu imaginei que tivesse saído com o grupo de capoeira que ela fazia parte, mas eu perguntei ao pessoal e ela não estava com eles.”

A última informação surpreendeu Rita, que perguntou:

“Grupo de capoeira? Minha mãe fazia parte de grupo de capoeira? O senhor nunca me falou isso.”

Zé Camilo: “Ah, é verdade, eu nunca te falei, não sei por quê. Sim, ela fazia parte de um grupo de capoeira, que se reunia no Parque Fazenda do Viegas. Eu achei estranho ela fazer capoeira, mas deixei para lá.”

Rita recebia as últimas informações com espanto e as peças iam se encaixando... Agora, ela entendia o porquê daquela lembrança de Radya no Parque Fazenda do Viegas...

Rita: “Pai, acho que já sei por que a mamãe ia na capoeira, na verdade, ao Parque Fazenda do Viegas. Ela estava indo atrás do Cristal da Terra, que estava enterrado por lá. Só que ela foi capturada e desde então, está no Reino do Quartzo Negro.”

Zé Camilo: “Será? Pior que faz sentido. Só acho que ela poderia ter me contado...”

Rita: “Bem, vou tirar isso a limpo com Radya. Vou falar com ela agora mesmo.”

Zé Camilo: “Como? Como você se comunicam?”

A resposta de Rita foi apontar o pingente de ametista em direção do espelho da sala.

Rita: “Já volto.”

Então, a garota desapareceu diante dos olhos do pai, que ficou naturalmente espantado.

Dimensão da Ametista

Rita chegou à Dimensão da Ametista e lá estava as consciências dos cinco Protetores dos Cristais Elementares, mas ela estava interessada em falar com um deles...

Rita: “Radya, podemos conversar a sós?”

A Protetora do Cristal do Raio franziu a testa estranhando, mas respondeu:

“Hã, claro, Rita. Irmãos, poderiam nos dar licença?”

Os outros Protetores se afastaram e deixaram Rita e Radya à vontade.

Radya: “Então, Rita, o que quer falar?”

Rita: “Radya, vou ser direta ao ponto: aquela sua lembrança em que meu pai aparece bate com a vez que ele conheceu minha mãe. Além disso, ela ia frequentemente ao Parque Fazenda do Viegas e sua última lembrança na superfície é de você sendo capturada no parque por Zirkon e os soldados obsidianos.”

Radya: “Sim, e o que há?”

Rita: “Bem, acho que já ficou na cara... Você é minha mãe.”

Radya ficou naturalmente surpresa. Depois de uma longa pausa, ela perguntou, confusa:

“Eu? Sua mãe? Como isso é possível?”

Rita: “E outra coisa: minha mãe me deu o pingente no meu aniversário de cinco anos e desapareceu uma semana depois. Não pode ser coincidência.”

Radya: “Eu... eu não faço ideia... Não me lembro de nada de minha passagem na superfície. Por isso que minhas lembranças aparecem em seus sonhos.”

Rita: “Entendo, mas tudo levar a crer que você seja minha mãe e se você é minha mãe, então, você está há quinze anos presa no Reino do Quartzo Negro.”

Radya: “É mesmo? Fora da superfície, o tempo não passa. Se eu sou mesmo sua mãe, me perdoe por não ter acompanhado sua infância e adolescência e não ter estado ao seu lado todo esse tempo.”

Rita: “Claro que eu te perdoo, Radya. Eu sei que a culpa não é sua. Prometo que vou libertá-la e seus irmãos. Só me dizer como.”

Radya: “Que bom que você me perdoa, Rita. Bem, acho que para chegar ao portal que leva ao Reino do Quartzo Negro, deve-se colocar algo relacionado a cada elemento na agulha da Bússola Elementar e dessa vez, deve-se colocar todos os elementos ao menos tempo.”

Rita: “Hein? Inclusive algo relacionado ao raio?”

Radya: “Sim.”

Rita: “Como vou fazer isso? É difícil ter raio onde moro.”

Radya: “É o único jeito de ir ao portal, Rita.”

Rita: “Bem, vou tentar. Você poderia me levar de volta à superfície,... mãe?”

Radya sorriu e respondeu:

“Seu desejo é uma ordem,... filha.”

Então, Radya levou Rita de volta para a sala da casa dela.