Capítulo I - Introdução: Michael Jackson e Peter Pan
Olá a todos! Depois de um tempo afastado daqui, trago aqui uma nova história, na qual o Michael Jackson descobrirá que o Peter Pan, o personagem com o qual ele tanto se identifica, não é bem aquilo que ele pensa que é.
Michael Joseph Jackson, o rei do pop, nasceu no dia 29 de
agosto de 1958, na cidade de Gary, Indiana, no seio da família Jackson, célebre
família afro-americana que legou ao mundo toda uma dinastia de músicos célebres
e notáveis, que fizeram história no cenário musical estadunidense e mundial.
Filho de Joseph Walter Jackson (26/7/1928 – 27/6/2018) e de
Katherine Esther Jackson (4/5/1930), Michael Jackson é o sétimo filho de uma
família de nove irmãos. Desde tenra idade Michael, junto com seus irmãos mais
velhos Jermaine, Jackie, Tito e Marlon, viveu sob as luzes dos holofotes da
fama e da vida pública. Os cinco irmãos juntos faziam parte do grupo musical
Jackson 5, fundado em 1964 e famoso por hits como “ABC”, “I Want You Back” e
“I’ll Be There”.
Sob o tacão de seu rígido pai (que não raro os submetia a
castigos físicos durante os ensaios – mas que por outro lado foi aquele que os
lançou e os forjou como artistas), Michael e seus irmãos tiveram uma infância,
digamos, bem atípica e peculiar. Por conta de suas atividades no Jackson 5
(incluindo ensaios, apresentações, viagens e turnês exaustivas), não sobrava
muito tempo para os irmãos Jackson brincarem e se divertirem com amigos da
mesma idade. E Michael, dada sua tenra
idade, foi o mais afetado por isso.
Certa vez, em seu tempo livre, Michael assistiu ao filme
animado da Disney “Peter Pan”, de 1953. O pequeno Michael ficou encantado com o
filme, e em particular com a figura do Peter Pan, o menino que nunca cresce e
que vive na Terra do Nunca (em inglês Neverland), na companhia dos meninos
perdidos e que periodicamente tem que enfrentar as investidas do Capitão Gancho
e sua tripulação de piratas.
A figura do Peter Pan e todo o encanto que ele exerce passou
a servir de conforto para o jovem Michael, a tal ponto que ele passou a se
identificar profundamente com o personagem principal da obra originalmente
escrita pelo escocês James Matthew Barrie (1860 -1937), ainda nos anos 1900.
Anos mais tarde, mais precisamente em 1988, Michael, agora
já como cantor solo e depois de lançar os discos “Off the Wall” (1979),
“Thriller” (1983) e “Bad” (1987), comprou um vasto terreno no condado de Santa
Bárbara, Califórnia, no qual fixou sua própria residência, que ele batizou de
Neverland, claramente batizada em homenagem ao mundo mágico da história de
Peter Pan. Em outras palavras, foi como se o próprio Michael resolvesse
encarnar o próprio Peter Pan a partir dali. Isso na contramão de seus irmãos,
que souberam lidar melhor com a situação da vida adulta e não se enveredaram
por esse caminho de fantasia infantiloide e nem resolveram encarnar Peter Pan
tal qual Michael.
A identificação com Peter Pan é tal que o próprio Michael
sonhava em encarná-lo no teatro e/ou nos cinemas. Certa vez, em 1991, o
renomado diretor de cinema Steven Spielberg dirigiu um filme baseado no conto
“Peter e Wendy”, a obra máxima de J. M. Barrie, intitulado “Hook”. Michael
queria muito interpretar Peter Pan no filme em questão, mas Spielberg no fim
escalou o ator e comediante Robin Williams para o papel. Spielberg achou que
Williams, por seu perfil cômico, servia melhor para o papel que Michael. Além
disso, o próprio Jackson não se mostrou interessado na visão de Spielberg de um
Peter Pan adulto que se esqueceu de seu passado.
Como forma de enfim ter e viver a infância que lhe foi
negada na aurora de sua vida, Michael Jackson passa a receber centenas e mais
centenas de jovens infantes em sua nova residência, Neverland, verdadeira
Cidade Proibida no meio da Califórnia. Entretanto, o tempo mostrou a ele que se
você encarna o Peter Pan, questão de tempo é o Capitão Gancho aparecer na tua
vida. Algo que a vida mostrou a ele da pior forma possível.
Em 1991, Michael se torna amigo de um jovem garoto chamado
Jordan Chandler. O que em um primeiro momento parecia uma promissora e
proveitosa amizade para o rei do pop, com o tempo virou um grande pesadelo. Com
o tempo, Michael acabou se envolvendo nos problemas da família de Jordan
Chandler, cujos pais a época estavam em situação de litígio judicial pela
guarda dos filhos, e a coisa no fim sobrou para o lado dele.
Como na metáfora do sapo que é picado por um escorpião ao se
aproximar da outra margem do rio, em 1993 tem início o caso Jordan Chandler, no
qual Michael foi processado pela família Chandler por abuso sexual de menores.
O promotor do condado de Santa Barbara, Tom Sneddon, foi quem conduziu o
processo, com a clara intenção de colocar o rei do pop atrás das grades.
O processo se arrastou por dois anos, e nesse ínterim
Michael (que estava no meio da turnê Dangerous quando o escândalo estourou) passou
por altos perrengues. O estresse que ele passou foi tal que ele, entre outras
coisas, sofreu com problemas de insônia e passou a consumir cada vez mais analgésicos
(consumo esse que começou ainda em 1984, após o acidente de filmagem no
comercial da Pepsi, onde recebeu queimaduras de segundo e terceiro grau no
couro cabeludo). Elizabeth Taylor e Liza Marie Presley tiveram que vir em
auxílio de Michael Jackson nesse momento tão complicado a ele. Além disso,
perdeu patrocínios, como o da Pepsi, e a imagem pública dela sofreu seus
primeiros abalos significativos.
Talvez, o mais doloroso para Michael nesse processo foi que,
para além do fato de ter sido processado pela família do garoto que antes era o
seu melhor amigo, toda a fantasia que ele vendia ao mundo do Peter Pan,
protetor dos garotos perdidos e da qual Neverland é sua expressão máxima, foi
colocado em cheque. No fim, a sangria foi estancada por meio de um acordo financeiro
de cerca de US$ 13 milhões (valores da época) entre as partes, colocando assim
um ponto final nas acusações da família Chandler contra o rei do pop.
Após o fim do caso Chandler, em 1995, o rei do pop teve dois
casamentos fracassados, virou pai de três crianças, lançou novos discos
(HIstory e Invincible), saiu em turnê mundial (HIstory World Tour), promoveu
shows beneficentes (vide os shows em Seul e Munique na turnê MJ and Friends, em
1999), travou querelas com a Sony Music e seu então CEO Tommy Mottola, causou
algumas polêmicas (como a vez em que mostrou ao mundo seu filho mais novo,
Prince Michael II, na sacada do hotel em Berlim, em 2002), gerou notícias (em
especial quando se tratava das cirurgias plásticas no rosto e a mudança na cor
da pele, causada pelo vitiligo), entre outras coisas mais.
Durante a produção do documentário “Living with Michael
Jackson”, em parceria com o jornalista anglo-paquistanês Martin Bashir (o mesmo
que entrevistou a princesa Diana em 1995), Michael comentou sobre sua relação
com Peter Pan.
Segundo Michael Jackson, a ele Peter Pan representa coisas
como juventude, infância, magia, voar, nunca crescer, e que ele mesmo é Peter
Pan no coração. Bashir rebateu dizendo que ele é Michael Jackson. Michael
respondeu afirmando que ele é Peter Pan no coração. Mas mal sabe Michael que um
dia ele fará uma descoberta que irá, literalmente, explodir a cabeça dele. O
que será?
1 Comentários
Vai ser interessante essa revisitação ao mundo do Rei do Pop, o inigualável Michael Jackson.
ResponderExcluirRealidade e fantasia se misturam numa versão de Peter Pan inédita.
Muito bom!