Releitura do Capítulo 6 de Força Especial Bataranger
Rio de Janeiro, 2030.
O Rio de Janeiro é uma cidade musical. Praticamente tudo na Cidade Maravilhosa envolve música — seja pelos diversos gêneros que ecoam pelas ruas, seja pelo som do trânsito cotidiano, das vozes dos cidadãos ou pelo barulho das ondas do Oceano Atlântico nas praias cariocas.
Mas a música também pode ser usada para o mal... e é isso que veremos agora.
Era sexta-feira, por volta do meio-dia, quando Aline Hashimoto, a BataPink, procurava por Jéssica Nascimento, a BataYellow, para o treinamento da tarde. Jéssica havia desaparecido após o almoço, e as regras da BataBase eram claras: quem não estivesse no SimuDeck — o centro de treinamento e simulação de batalha — após o almoço, seria penalizado. A punição ficava a critério do Comandante Roberto Lopes. Faltando quinze minutos para o fim do intervalo, Aline decidiu ir atrás da amiga para evitar que ela se atrasasse.
Ao chegar ao dormitório feminino, Aline encontrou Jéssica deitada na cama, com fones de ouvido. Da porta, chamou:
— Jéssica, vamos! A gente vai se atrasar pro treinamento.
Jéssica não reagia. Estava completamente imersa na música.
— Jéssica! Dá pra parar a música?! — insistiu Aline.
Nada. Jéssica continuava alheia.
Perdendo a paciência, Aline pegou o celular da amiga e desligou a música.
— Ei! Eu tava ouvindo! — protestou Jéssica.
— E eu também, porque seu fone tava alto demais — respondeu Aline, sarcástica. — Quer ficar surda, garota?
— Virou minha mãe, por acaso? O que você quer?
— Esqueceu do treino da tarde? Faltam dez minutos. Se a gente se atrasar, pode ser penalizada.
— Ih, é mesmo! Esqueci completamente! Mas eu não podia perder o novo sucesso do Night Angels.
— Night Angels? Que bicho é esse?
— É minha banda de heavy metal favorita. Brasileira, inclusive. Eles lançaram uma música nova agora há pouco. Não podia perder. Acabei perdendo a noção do tempo.
— Vamos logo, loira. Deixa esse Night sei-lá-o-quê pra depois.
— É Night Angels.
As duas saíram apressadas do dormitório, tentando não se atrasar para o treinamento.
Mais tarde, por volta das quatro da tarde, o comandante Lopes convocou os cinco Batarangers à sua sala. Além de Aline e Jéssica, estavam Cristiano Ribeiro (BataRed), Jefferson Nascimento (BataBlue, irmão gêmeo de Jéssica) e Mateus Souza (BataGreen).
— Batarangers, tivemos notícias de surtos de vampirismo nos últimos dias. A princípio, achamos que eram ataques dos vampiros do Morro do Morcego, mas desde a prisão do Morcegão, eles não têm descido tanto para o asfalto. O epicentro dos surtos é a região da Lapa.
— Permissão para falar, senhor! — pediu Cris.
— Permissão concedida, Ribeiro.
— Eh... A Lapa já é cheia de vampiros desde muito tempo. Infelizmente, essa é a realidade.
— Bem observado, Ribeiro. Mas o número de vampiros aumentou exponencialmente depois que uma banda de heavy metal começou a tocar por lá, mais precisamente no Circo Voador. Uma tal de Night alguma-coisa.
— Night Angels?! — exclamou Jéssica. — Oh, desculpe, senhor. Nem pedi permissão pra falar.
— Tudo bem, Nascimento. Pelo visto, você conhece a banda. Eles começaram a se apresentar na última semana, e desde então, os surtos começaram.
— Night Angels está no Rio? Como eu não soube disso?
Todos a encararam.
— Ah, desculpa. Pode continuar, comandante.
— Certo. Quero que investiguem a causa desses surtos e os contenham o mais rápido possível, antes que se espalhem pela cidade.
— Sim, senhor! — responderam os Batarangers em uníssono.
— Como apenas Nascimento conhece a banda, ela será requisitada para esta missão.
— Sim, senhor! — disse Jéssica, prestando continência. — Estou pronta!
— E para não ir sozinha, escolha um Bataranger para acompanhá-la.
— Eu escolho Hashimoto, senhor.
Aline fez uma expressão de indignação e murmurou “Eu?” apenas com os lábios.
— Muito bem, moças. Quero que estejam no local indicado esta noite. Boa sorte. Dispensados!
Os Batarangers prestaram continência e retiraram-se da sala.
Às onze da noite, Aline e Jéssica chegaram à Lapa, o bairro mais boêmio do Rio, repleto de bares e danceterias. O Circo Voador, próximo aos Arcos da Lapa, fervilhava de gente. Ambas estavam à paisana. Jéssica usava camisa preta da banda, calça rasgada e maquiagem escura. Aline também vestia preto, com short curto, meia-calça, botas e cabelo em maria-chiquinha.
Compraram os ingressos e entraram. O local estava lotado. Uma banda tocava, mas não era o Night Angels.
Aline se sentia desconfortável naquele ambiente estranho.
— Amiga, tá tudo bem? — perguntou Jéssica.
— Tô ótima... — respondeu Aline, sarcástica. — Estou em um lugar esquisito, porque alguém me arrastou pra cá. Nada mais perfeito.
— Ei, não começa. Estamos em missão. Além disso, por que não se divertir um pouco?
— Então por que me escolheu? Por que não escolheu seu irmão?
— O Jeff é um amor, nunca me deu trabalho. Mas escolhi você porque é minha única amiga na F.E.B. Sempre quis fazer algo que garotas comuns fazem. Achei que essa era a chance.
— Tudo bem. Posso te pedir uma coisa, em nome da nossa amizade?
— Claro.
— Se importa se eu tapar meus ouvidos? Tô quase ficando surda com tanto barulho.
— Tudo bem, amiga. O importante é estarmos juntas.
Aline tirou do bolso um par de abafadores de som e os colocou.
A banda de abertura encerrou o show. O Circo Voador mergulhou na escuridão, iluminado apenas pelas luzes do palco. Uma voz masculina ecoou:
— Com vocês... NIGHTTTT ANGEEEEELSSS!
A plateia explodiu em gritos. A banda surgiu: cinco homens vestidos de preto, com estilos variados. Aline voltou a se sentir mal. Observava tudo ao redor, inclusive Jéssica, completamente envolvida com a música. Ver a amiga animada, mesmo em missão, a deixava satisfeita.
Mas a sensação ruim persistia. Aline se aproximou e gritou:
— Jéssica, vou lá fora tomar um ar. Já volto.
— Tá bom.
Aline tentou sair, mas foi empurrada por vários espectadores. Parecia um joão-bobo no meio da multidão.
— Ei! Olhem por onde andam! — protestou.
Parou de repente. Os espectadores tinham olhos vermelhos e caninos proeminentes.
— Vampiros! — exclamou.
Discretamente, voltou até Jéssica.
— Jéssica, encontrei vampiros aqui e...
Parou. Todos na plateia haviam se transformado!
Eles se aproximavam, prontos para atacar. Jéssica parecia alheia.
— Jéssica, vamos sair daqui!
— Hã? Tá bom.
Aline abriu caminho com super-chutes. As duas escaparam do Circo Voador.
Com o BataMorpher, Aline comunicou:
— Hashimoto para a base. Alguém na escuta?
Talita Flores, a assistente da chefe da Divisão de Ciência & Tecnologia, respondeu:
— Na escuta, Hashimoto. Situação?
— Descobrimos vampiros no Circo Voador, mas não sabemos como se transformaram. Não é, Jéssica?
Jéssica parecia distante.
— Jéssica, ouviu o que eu disse?
— Hã... Sim. Tô com uma sede...
— A gente bebe água na base. Talita, ainda está aí?
— Sim. Vou comunicar à doutora.
— Certo. Já estamos indo. Câmbio, desligo.
Aline puxou Jéssica e notou algo estranho.
— Você tá gelada, garota! Nem tá frio hoje!
— Ah, eu sinto frio só com vento.
— Tá. Vamos reportar tudo lá na base.
Aline e Jéssica chegaram à DCT, onde já estavam os rapazes e a chefe da divisão, Dra. Angélica Gomes. Assim que entraram, Jéssica exclamou:
— Ah, essa luz está muito forte! — levou a mão aos olhos, incomodada. — Ah, eu tô com sede… muita sede.
— Tem água na geladeira da copa — respondeu Angélica, com calma.
— Valeu, doutora. — Jéssica saiu apressada em direção à copa.
Enquanto ela se afastava, Angélica levantou a voz:
— Jéssica, acende a luz! O interruptor fica perto da porta.
— Não precisa, doutora — respondeu Jéssica de lá, num tom tranquilo.
Angélica deu de ombros e voltou-se para Aline.
— Bem, Aline… conte tudo o que vocês viram.
Aline contou tudo sobre os vampiros que haviam surgido do nada no Circo Voador.
Angélica franziu a testa, pensativa.
— Que estranho... — murmurou. — Pelos meus estudos sobre o vampirismo, a transmissão ocorre pela saliva de um infectado. Em outras palavras, pela mordida na veia jugular. — Fez uma pausa, como se tentasse encontrar sentido no que ouvira. — Mas é humanamente impossível que centenas de pessoas se mordam ao mesmo tempo e se transformem em vampiros em questão de segundos.
Cris olhou para ela, apreensivo.
— O que a senhora acha, doutora?
— Não sei, Cris... — respondeu Angélica, pensativa. — Parece ser uma nova forma de infecção vampírica que a ciência ainda não consegue explicar.
De repente, um barulho de vidro quebrado. Correram até a copa. Jéssica estava de costas, cabeça baixa.
— Irmã, tá tudo bem? — perguntou Jefferson.
— Eu... tô... com sede! — respondeu, rouca.
— A gente arruma mais água...
— JÁ FALEI QUE ESTOU COM SEDE!
Ela ergueu a cabeça, virando-se para eles. Seu olhos azuis viraram vermelhos e seus caninos estavam proeminentes...
— Meu Deus! — exclamou Aline. — Jéssica virou vampira também!
Jefferson se aproximou da irmã, tocando-lhe o rosto com hesitação.
— Jé-jé-jéssica? Sou eu, seu irmão. Fala comigo!
Jéssica virou o rosto, afastando a mão dele com agressividade.
— Eu... estou... com sede!
— Gente, ela está com sede... de sangue! — disse Angélica, alarmada.
— Eu... quero... sangue!
Num movimento súbito, Jéssica arreganhou os caninos e avançou contra os amigos. Cris e Mateus tentaram segurá-la pelos braços, mas ela se desvencilhou com força sobre-humana, lançando os dois ao chão.
Aline tentou um super-chute, mas Jéssica resistiu e a derrubou com um golpe seco.
Jefferson iluminou a mão, preparando um ataque.
— Lamento, Jéssica, mas é para o seu bem.
Antes que pudesse agir, Jéssica soltou um super-grito que o derrubou. Em seguida, saiu correndo pelos corredores da base.
— Jefferson, tudo bem? — perguntou Angélica.
— Estou... estou bem — respondeu ele, se levantando. — O grito dela ficou ainda mais forte!
— Precisamos contê-la antes que cause danos à base e a ela mesma. — disse Aline.
— Certo — concordou Cris. — Vamos ativar as BataFardas. Prontos?
— Prontos!
— BATAFARDA! ATIVAR!
Os corpos se iluminaram e os uniformes surgiram. Angélica disse a eles que iria guiá-los pelo rastreador GPS.
— Jéssica ainda está na base. Todas as saídas estão bloqueadas pelo horário.
— Vamos nos dividir — disse Cris. — Aline, Ala Oeste. Jefferson, Norte. Mateus, Leste. Eu vou para a Sul.
Todos assentiram, prestaram continência à Angélica e partiram.
Cada Bataranger foi para a ala designada, mas Jéssica não foi encontrada.
Até que Jefferson recebeu uma orientação de Angélica:
— Ela está na Ala Norte, perto do elevador da garagem.
— Entendido.
Ao se aproximar, Jefferson encontrou a irmã cada vez mais pálida, descabelada, quase inconsciente. Tirou o capacete e falou com ternura:
— Irmã, sou eu, Jefferson. Seu irmão!
Jéssica não reagia. Avançava com os caninos à mostra.
— Tudo bem, eu admito! Você nasceu primeiro, é a mais velha! Por favor, Jéssica, volta pra mim!
Ela continuava sem ouvir. De repente, parou e caiu no chão, desacordada.
Os outros chegaram. Aline se aproximou e a algemou.
— Desculpa, Jeff. Tive que usar o paralisador elétrico.
— Tudo bem, Aline. Ela já não se lembrava de quem era.
— Doutora, capturamos Jéssica — informou Cris pelo comunicador.
— Ótimo. – respondeu Angélica – Tragam-na para cá.
De volta à DCT, Jéssica foi amarrada a uma cama. Todos a observavam, apreensivos.
— Então, ela também foi vítima do vampirismo do Circo Voador — disse Angélica, pensativa. — Mas por que você não virou vampira, Aline?
— Não sei, doutora. Achei estranho ela sentir tanta sede e estar com a pele gelada. Mas eu não fui afetada.
— Pode ser um efeito tardio? — sugeriu Cris.
— Impossível. – replicou Angélica com firmeza – O vampirismo tem efeito imediato.
O tablet de Angélica apitou. Ela tocou na tela e arregalou os olhos.
— Pedi para Talita fazer uma pesquisa sobre outra formas de transmissão do vampirismo e olhem isso: “Outra forma de transmissão do vampirismo é pelas ondas sonoras emitidas pelo sonar.” É isso! Por isso a transformação em massa. Ondas sonoras!
— E os surtos ocorrem sempre durante os shows do Night Angels — concluiu Cris. — Não acredito em coincidências...
— Nem eu. Mas o que me intriga é Aline não ter sido afetada.
Subitamente, Aline teve uma lembrança:
“Você se importa se eu tapar meus ouvidos? Estou quase ficando surda, de tanto barulho.”
“Tudo bem, amiga. O importante é estarmos juntas.”
— É isso! — exclamou Aline. — Eu estava com abafadores de som e por isso não ouvi a música. Jéssica e o resto da plateia ouviram e viraram vampiros. Inclusive, ainda estou com eles.
Ela tirou os abafadores. Angélica sorriu, impressionada.
— Genial, Aline! Se Jéssica tivesse feito o mesmo...
— Ela não tinha como saber, doutora. Mas agora é uma vampira. E pelo que sei, não há cura.
— De fato, não há cura, mas talvez haja uma forma de reverter o caso de Jéssica. Jefferson, você disse que o super-grito dela ficou mais forte, certo?
— Sim, doutora.
— Se usarmos as ondas sonoras do grito contra ela mesma, talvez possamos reverter a polarização. Temos uma câmara à prova de som aqui. Se funcionar, ela poderá se juntar a vocês para impedir que os Night Angels façam mais vítimas. É só uma hipótese.
— Mas vale a tentativa — disse Cris. — Obrigado, doutora.
— De nada, Cris. Vamos levá-la até lá.
Jéssica foi levada desacordada à câmara. Trancaram-na e aguardaram do lado de fora. Ao acordar, ela começou a se debater e bater na porta.
— Vamos, Jéssica, grite! — pediu Jefferson.
Ela soltou seu super-grito. Em seguida, caiu no chão, em posição fetal, com as mãos nos ouvidos, desacordada.
— Rápido, tirem-na de lá e levem-na de volta à cama — ordenou Angélica.
— Desculpa por isso, irmã. É para o seu bem — disse Jefferson.
Cerca de cinco minutos depois, Jéssica abriu os olhos, que voltaram a ser azuis. Ela ainda estava muito confusa.
— O que... o que aconteceu? Onde estou?
— Graças a Deus que você está bem, irmã! — celebrou Jefferson.
— Eu... não estava no show dos Night Angels? Como vim parar aqui?
— É uma longa história — disse Aline. — Mas acho que você vai se decepcionar com sua banda favorita.
— Por quê? Contem logo!
Eles contaram tudo. Jéssica ficou chocada.
— Então, os Night Angels causaram os surtos? E eu virei vampira? Não pode ser... Que decepção.
— Agora que voltou ao normal, temos que impedir que façam mais vítimas — disse Cris.
— Já é uma da manhã. O show já deve ter acabado. — informou Angélica. — Mas eles têm outro amanhã à noite.
— Vamos ter que fazer hora extra no sábado. (*) — murmurou Mateus.
— Mas é por uma boa causa, Mateus. — disse Jefferson. — Eles precisam pagar pelo que fizeram com minha irmã.
— Exatamente — concordou Cris. — Vamos fazer esses Night Angels virarem anjos caídos...
Na noite seguinte, o Circo Voador estava novamente lotado. A plateia aguardava ansiosamente o início do show dos Night Angels. Enquanto a banda fazia a passagem de som no palco, algo inesperado aconteceu: o palco foi invadido por figuras que não tinham nada a ver com música. Eram os Batarangers, em seus uniformes da F.E.B..
— Hã... Posso ajudar? — perguntou o vocalista, surpreso.
— Pode sim — respondeu Cris, mostrando o distintivo. — Força Especial Bataranger. Vocês estão presos por espalhar vampirismo.
Os músicos pararam de tocar os instrumentos imediatamente. O vocalista deu um passo à frente, encarando os heróis.
— Isso é uma acusação muito grave, Bataranger.
— Não é acusação, é constatação — disse Jéssica, firme. — Todos que assistiram aos seus shows viraram vampiros. Eu mesma fui uma vítima. Graças aos meus amigos, voltei ao normal. Que decepção... Vocês eram minha banda favorita.
— Vocês não têm provas! — protestou o vocalista. — Isso é censura! E a liberdade de expressão?
— Liberdade de expressão não cobre crimes. — rebateu Aline, com sarcasmo. — Venham conosco agora!
— Eu acho que não! Night Angels, ataquem!
Os integrantes da banda largaram os instrumentos e se juntaram ao vocalista. Abriram a boca e soltaram um super-grito, semelhante ao de Jéssica. Mas os Batarangers permaneceram firmes.
— Achavam mesmo que esse truque ia funcionar? — provocou Cris. — Estamos com abafadores de som. E toda a plateia também. Mateus usou sua supervelocidade para distribuir abafadores por toda a plateia. Acabou pra vocês, Night Angels!
Irritados, os Night Angels arreganharam os caninos e avançaram. Os Batarangers ativaram suas BataFardas e o combate começou. Trocas de golpes intensas tomaram conta do palco. Os instrumentos voavam pelo palco e o público não compreendia o que estava acontecendo.
As BataPistolas foram sacadas e tiros foram disparados, mas não surtiram efeito contra os vampiros.
Jefferson então lançou uma bola de luz, como uma granada de flashbang, que atordoou a banda de vampiros.
— Isso é pelo que fizeram com minha irmã, desgraçados! — gritou o BataBlue.
— Boa, Jeff! Agora é minha vez! — disse Jéssica.
Ela soltou seu super-grito, derrubando os Night Angels.
Os Batarangers os algemaram e os retiraram do palco. Ao passar pelo anunciador do Circo Voador, Cris deixou um recado:
— Avise a todos que o show dos Night Angels foi cancelado... para sempre.
Na segunda-feira, os Batarangers e Angélica estavam reunidos na sala do comandante. Ele os parabenizou pela missão.
— Mais uma missão bem-sucedida. Vocês demonstraram coragem e raciocínio rápido. E isso inclui a sempre brilhante Dra. Gomes. Permissão para falar concedida.
— Muito obrigado, senhor! — responderam todos, em continência.
— À vontade. Sobre os prisioneiros, a equipe do Inspetor Meirelles (**) apurou que eles já causavam surtos de vampirismo em outras partes do Brasil. Pena não termos uma filial da F.E.B. em cada canto do país. Aliás, a direção do Circo Voador publicou uma nota de desculpas e prometeu ressarcir todas as vítimas.
— Ótimo — disse Jéssica. — Eles merecem pagar por tudo o que fizeram comigo e com os inocentes.
— Continuem atentos aos HMs fora-da-lei. Dispensados!
Todos prestaram continência e deixaram a sala.
Durante a folga entre o almoço e o treino da tarde, Jéssica estava deitada em sua cama no dormitório que divide com Aline. A amiga apareceu e disse:
— Vamos, Jéssica. Daqui a pouco é o treino. Não vamos nos atrasar.
— Já vou. Aline... Me desculpa por ter te arrastado pro show contra sua vontade. Se você não tivesse tapado os ouvidos, teria virado vampira também.
— Tudo bem, Jéssica. Amigas saem pra se divertir, até mesmo em missão. Pena que sua banda favorita não era o que parecia.
— Nem fala... E o som deles era animal. Pena que eram vampiros. Pelo menos, fica a lição.
— Pois é. Agora, cuidado com quem toca heavy metal.
As duas riram.
— Ah, também peço desculpas por ter te atacado. Já pedi desculpas ao Jeff, aos meninos e à doutora pelo jarro d’água. Só faltava você.
— Que isso, Jéssica! Você não estava consciente. Era uma vampira sedenta por sangue, não minha amiga. A nossa amiga e irmã de Jefferson.
— Me sinto envergonhada por tudo. Por ter gostado do Night Angels, por ter te envolvido, por ter te feito vestir aquela roupa...
— Aquela roupa nem era tão ruim assim, pensando bem.
— Sei... Você não achou ruim porque o Cris gostou de te ver com ela, né?
— Não começa...
— Ah, o treino! Estamos atrasadas! Vamos!
As duas saíram apressadas do dormitório, prontas para mais uma tarde de treinamento — agora, com uma amizade ainda mais fortalecida.
(*) Os Batarangers trabalham de segunda à sexta, só trabalhando nos fins de semana em casos excepcionais.
(**) Chefe da Divisão de Investigação.










2 Comentários
Adorei o retorno dos Batarangers nessa aventura vampiresca, onde Aline e Jéssica tiveram destaque.
ResponderExcluirA lição que fica é que nunca deve-se baixar a guarda, pois o mal sempre descobre meios de burlar o sistema e agir.
Por mais historias dos Batarangers!!!
Meus parabéns!
Obrigado pelo feedback de sempre. Abraço.
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