Iniciativa M.I.N.D.S.T.O.R.M Apresenta:
A CRIANÇA ÍNDIGO
Cidade de Céu
Alto. Espírito Santo.
A jovem Evelyn Santos escovava seus dentes para ir
trabalhar.
- 6:30... – ela pensava em voz alta ao ver o relógio na bancada
do banheiro. Ela se olha. Não estava nem vestida ainda. Dá um suspiro profundo.
– Acho que vou me atrasar.
- Com certeza você vai se atrasar... – dizia uma mulher
que parecia ter a mesma idade que Evelyn.
- Eita, desculpa, amiga! Desculpa mesmo!
- Eu sei disso, sua idiota. Mas não é porque você tem uma
cópia da minha chave que você pode sair invadindo meu espaço desse jeito! –
recriminava Evelyn com as mãos na cintura. – Principalmente o meu banheiro! E
comigo nele!
- Tá bom! Tá bom, vai! Me perdoa.
- Deixa pra lá, não vai adiantar mesmo, não é?
- Hahaha, você me conhece, né miga?
- Fala logo, o que quer?
Evelyn penteava os cabelos olhando para o enorme espelho
preso na parede. Soraya empurrava uma peça de roupa amarrotada na cama e se
sentava.
- Na verdade eu estava preocupada com você. Estava se
queixando de dores outro dia, e também parecia muito abatida. Queria saber se
você está melhor, se já foi ao médico?
- Ah, isso... – Evelyn olhava um tanto triste. “Não tive
coragem” ela pensava, mas o que disse à amiga foi. – Migs, essa jaqueta é
nova?!
- É sim! Um luxo, né? – dizia Soraya toda contente em
aparecer. Ela sempre gostava de se mostrar pra Evelyn e ela sabia disso. –
Parece até essas jaquetas caras, não parece? Mas achei ela super em conta
naquele brechó na Rua do Quero-Quero! – ela olha para Evelyn e volta ao
assunto. – Mas não tente mudar de assunto, me responde amiga! Ando realmente
preocupada. Outro dia você se cansou só de subir uma rampa e nem era das
grandes. Você deveria se alimentar melhor, notei que andou emagrecendo.
- “Sô”, não se preocupa, ta bom? – Evelyn calçava os
sapatos e então veste sua camisa. – Deve ser só o estresse. E então? Como
estou?
ÍNDIGO em:
A Criança Gênio
Roteiro: Dan
Lana Arte: Dan Lana Índigo, criada por Renato Marques e Dan Lana
Evelyn usava uma blusa de seda amarela com babado e sem
mangas presa por dentro de uma saia azul marinho. Os cabelos cacheados e presos
em um rabo de cavalo. O batom vermelho bem forte, como gostava. Sapatos pretos
e de salto baixo.
- Bem professorinha, amiga. – respondia Soraya. – A sua
cara!
Ela olha com os olhos cerrados para Soraya pegando uma
almofada e batendo na amiga em seguida. Ela então pega sua bolsa e Soraya se
levanta.
- Você me dá uma carona até o centro?
- Claro, folguinha... Eu peço pro uber te deixar...
Vamos, estou atrasada!
- Você não arrasa no look, mas arrasa na vida amiga!
Evelyn ria enquanto fechava a porta do quarto.
Soraya é amiga
minha desde muito tempo já. Um pouco folgada, mas uma das poucas que tenho. E,
assim como toda minha vida, surgiu muito rápido pra mim. Nem me lembro direito
como foi, quando pisquei os olhos ela já
estava lá invadindo a casa dos meus pais e o meu quarto. – refletia Evelyn
enquanto dava um confere na casa antes de sair. Ela sempre fazia isso, como uma
espécie de TOC ou coisa parecida, como Soraya adorava brincar. – Talvez vocês pensem que uma garota como eu
tivesse muitas amigas. Não, eu não tenho. Nunca tive. É difícil quando você é
considerada um verdadeiro gênio aos sete anos de idade. As responsabilidades
surgem cedo, você passa a se tornar uma evidencia aos outros. Isso acaba
assustando os outros e a competitividade dos pais faz as crianças ditas
“normais” se tornarem invejosas e a inveja gera o ódio prematuro e sem sentido.
A imagem de Evelyn ainda criança tentando se aproximar
das crianças e sendo ignorada era mostrada. Ela nos corredores da escola
enquanto as outras crianças a olhavam e cochichavam.
- Olha ela lá... A nerd! – cochichava uma garota. –
Queridinha dos professores.
- Se acha... – cochichava os outros coleguinhas.
Tenho certeza que
não eram crianças ruins. Elas sofrem muitas influencias dos pais, por mais que
não se admita muito isso por aí, muitos pais são competitivos e criam seus
filhos para isso. Não me entendam mal, saber competir é importante. O mundo é
competitivo, mas a competição exagerada e descabida é um erro que machuca.
Principalmente quando se é criança. E estaria tudo bem, se tivesse passado por
isso apenas quando era uma criança de ensino fundamental. O problema é que
sendo considerada um gênio, a minha vida passou muito rápido. A escola passou
muito rápido. Aos 15 anos eu já estava concluindo o ensino médio quando muitos
ainda o estavam começando. E hoje, aos 21 anos de idade, já sou uma professora
bastante solicitada no meio acadêmico. Ainda hoje eu tenho de aguentar os
olhares tortos, os cochichos.
A imagem de Evelyn na sala dos professores pegando um
café enquanto outros professores a olhavam torto era mostrada. O foco em seu
olhar triste.
“É só ignorar, Evelyn.”
Eu pensava. “Eles não te conhecem, se a conhecessem, certamente iriam te
adorar!” eu me fazia acreditar nisso todos os dias desde a minha infância.
“Essa sensação de solidão vai passar. Um dia você vai encontrar alguém que te
ame e te complete.” Mas esse dia não chegou até hoje. As pessoas continuam a me
achar arrogante e estranha apenas porque “sou um gênio”. Mas gênios são
superiores. Eu não me sentia superior em nada. Pelo contrário, me sentia
inferior... Excluída. A única hora em que não me sentia assim era quando estava
com Soraya. Com ela eu não me sentia estranha e deslocada. Ela me fazia parar
de perguntar por que eu tive que nascer daquela forma, isso até os meus quinze
anos.
Como eu disse, os
meus quinze foram quando conclui o Ensino Médio. Foi quando minha vida ganhou
uma reviravolta daquelas...
Evelyn finalmente fecha a porta da casa enquanto Soraya
pedia o uber. Ela sorri para amiga e logo o uber para na frente delas. Soraya
já tratara de entrar logo e chama a amiga. Evelyn estava para entrar no carro
quando vê do outro lado da rua a imagem de uma garota triste segurando um
ursinho de pelúcia sujo. A criança dá tchau para Evelyn e a encara. Evelyn se
sentia tonta e sua visão começava a ficar turva. Em seguida, a moça desmaia
sendo segurada por Soraya.
- Amiga?! – dizia Soraya assustada. – O que houve?!
Evelyn, fala comigo! Evelyn!
Ela continuava desmaiada.
[...]
- Evelyn! – persistia. – Alô-ô! Terra para Evelyn! –
dizia a voz de sua mãe.
Céu Alto, casa dos
Santos... Seis anos atrás...
A jovem Evelyn de quinze anos parecia despertar de um
transe. Estava sentada no sofá de sua sala com seus pais à sua frente. Em uma
cadeira à frente deles estava um homem de cabelos castanhos e curtos e
penteados para trás. Ele usava um terno e gravata e tinha um olhar bastante simpático.
- Me desculpe por isso, Sr.Wattz. – dizia a mãe sem
graça.
- Nossa Evelyn é muito aplicada, estuda até tarde. –
explicava o pai. Era mentira, Evelyn era na verdade bem preguiçosa com os
estudos. Tinha dificuldades em se manter concentrada. – Se esquece que apesar
de um gênio, ainda é humana e precisa dormir um determinado número de horas.
- Hahahaha, sei como é. – dizia Sr.Wattz sorrindo.
- Mas e então? – dizia Evelyn fazendo pose e empinando o
nariz. – O que você quer?
- Evelyn! – a mãe lhe chamava a atenção. – Desculpe, ela
anda impossível! Tem se achado com o rei na barriga.
- Tudo bem, na verdade isso é bem uma evidencia do que
comentava há pouco. – explicava o Sr.Wattz.
- Evidencia? De que? Olha, já vi tudo! – Evelyn o cortava
com arrogância e rispidez. – Você é mais um desses babaquinhas que querem se
aproveitar da “gênia” aqui. Mas essa “gênia” é mesmo um gênio porque ela não
vai cair nessa!
- EVELYN! – gritava o pai chamando a atenção da moça. –
Pare já com isso! O Sr.Wattz só está querendo nos ajudar. Nos falar mais sobre
você!
- E o que esse idiota pode saber sobre mim? Nunca nem o
vi!
- Você se sente deslocada. – ele a interrompe chamando
sua atenção. – Sabe que está aqui por algum motivo, mas não entende. Não
entende porque os outros não vêem isso. As coisas que são complexas para os
outros, para você são entediantes e isso te obriga a encontrar formas melhores
de fazê-las.
- C-Como você sabe disso? – Evelyn ficara impressionada.
– Eu nunca falei nada disso a ninguém. Nem aos meus pais e nem mesmo à Sô.
Sr.Wattz olha rapidamente para os pais de Evelyn que
diziam apenas com os lábios a frase “uma amiga.” Sr.Wattz então pigarreia e
continua.
- E se eu te dissesse que há um lugar onde você poderá
encontrar outras como você?
- Outras como eu? – indagava Evelyn.
- Crianças Índigo. – respondia o Sr.Wattz.
Hospital Base de
Céu Alto. Tempos atuais.
Evelyn acordava um tanto grogue ainda. Ela se assusta ao
se ver deitada com roupa de hospital e uma agulha com soro picada em seu braço.
Soraya salta na direção de Evelyn agarrando seu pescoço.
- Amiga! Que bom que acordou! Eu estava muito preocupada!
– dizia ela aliviada.
- Hã?! Sô? Também fico feliz de te ver amiga, mas o que
aconteceu?
- Você desmaiou do nada amiga e então eu pedi pro moço do
uber te trazer. (Aliás, era um tremendo gatinho, e você pagou a corrida!) – ela
cochichava.
Evelyn dá uma leve risada. Naquele exato instante, o
médico que tratou dela entra na sala.
- Oh, Sra.Santos. – ele sorria pra ela. – Fico feliz que
acordou. Como se sente?
- Bem, doutor. – ela dá um sorriso simpático, ainda que
confusa. – Eu já posso ir? Meus alunos devem estar esperando.
- Vou precisar que a senhora fique aqui em observação.
- Mas, os meus alunos...
- A senhora chegou aqui ardendo em febre. – explicava o
médico.
- Miga, não se preocupa. – diz Soraya segurando forte a
mão dela. – Seus alunos vão ficar bem, o que importa é a sua saúde.
- Por falar nisso, a sua amiga comentou que a senhora
andava se queixando de dor.
- Sim, venho sentido dores fortes de cabeça. Sempre na
mesma região, doutor.
- Ela também teve náuseas e vomitou uma vez doutor. –
acrescentava Soraya. – Eu disse pra ela procurar um médico logo, mas ela sempre
dava alguma desculpa doutor.
Ela olhava para Evelyn que não parecia gostar nada
daquilo.
- Ah, miga desculpa. Eu falo mesmo.
- Tudo isso faz muito sentido com o resultado dos exames
que fizemos em você. Eles acabaram de sair.
- Exames? – Evelyn ficava tensa. Ela segura ainda mais
forte a mão de Soraya. Não era possível descrever quem estava mais nervosa. – E
qual é o resultado, doutor?
- Bem, isso nunca é bom de dizer, mas...
- Vai doutor, seja o que for eu estou preparada. – dizia
Evelyn apertando ainda mais forte a mão dela.
- Amiga... Você ta apertando forte... – dizia Soraya que
ia sentindo o sangue circular cada vez menos em suas mãos. – Tá doendo,
amiga... É sério...
- Infelizmente encontramos um câncer no seu sistema
nervoso central. – explicava o médico. – Nós ainda precisaremos coletar o
material para especificar o melhor tratamento, mas muito provavelmente você
terá de passar pela quimioterapia.
Evelyn já não escutava mais o doutor. Ela mantinha suas
mãos presas às de Soraya que estava atenta às orientações passadas pelo médico.
Evelyn não entendia porque aquilo estava acontecendo com ela afinal. Só sabia
que estava perdida no tempo. Poucos dias se passaram, ela se preparava para sua
primeira sessão de quimioterapia.
- Amiga, e o Instituto? – perguntava Evelyn. – Conseguiu
falar com eles?
- Ainda não amiga, liguei, mas ninguém atendeu. Eu vou
tentar de novo mais tarde.
- Certo.
Uma semana se passou. Evelyn só queria saber se Soraya
havia falado com o Instituto. Soraya apenas respondia que não teve tempo, mas
que ligaria novamente em breve. Até que outra semana se passou. Evelyn
retornava acabada e cada vez mais fraca da sessão.
- O Instituto ainda não entrou em contato? – perguntava
Evelyn.
- Ai amiga, eu tava tentando encontrar uma forma melhor
de te falar isso, mas...
Evelyn ficava entristecida. Ela já entendera tudo.
- Não precisa dizer amiga. – ela respondia. – Já deu pra
entender, eles não virão.
- Eles te desejaram boa sorte no tratamento... – ela
dizia tentando consolar, mas Evelyn só parecia pior. – Ai amiga, não fica
assim! Odeio te ver assim! Eu to aqui e não vou a lugar algum!
Soraya segura firme a mão de Evelyn que sorri. As
enfermeiras a ajudam a deitar-se na cama do hospital e a cobrem lhe dizendo que
ela deveria descansar agora. Evelyn fecha os olhos no que Soraya ligava a TV
para assistir a um talk show de barraco qualquer.
Soraya não era
capaz de entender. O instituto me ensinou muitas coisas. Eu amava meus pais,
mas eles eram incapazes de entender meus sentimentos, tirar minhas dúvidas.
Céu Alto, Sede do
INPCIN*
*Nota: INPCIN – Instituto
Para Crianças Índigo
A Evelyn de quinze anos já estava no instituto há um mês.
Ela caminhava pelos corredores atrás do Sr.Wattz.
- Muito bem, Evelyn. Vejo que já está bem adaptada em
nosso Instituto.
- Sim, Sr.Wattz. Ainda é muito louco ver que há outras
pessoas como eu. – ela corrige em seguida. – Ou melhor dizendo, melhores do que
eu.
- Melhores não, Srta.Santos. – o Sr.Wattz a corrigia. –
Elas apenas estão há mais tempo trabalhando no desenvolvimento de suas
habilidades. Entenda, vocês Crianças Índigo são uma nova geração de crianças.
Possuem habilidades especiais ligadas à parapsicologia.
- Parapsicologia? Entendi! É aquela pseudociência que pesquisa
sobre telepatia, precognição, retrocognição, clarividência, telecinesia, projeção da consciência, experiências de quase morte, reencarnação, mediunidade e
outras reivindicações paranormais e sobrenaturais.
É isso né?
- Muito bem, Srta.Santos. Está bem a par.
- Gênio, lembra? – dizia ela cheia de si.
- Certo. – ele ria. – Mas a Parapsicologia é muito mais
do que uma mera pseudociência. Você verá quando desenvolver suas habilidades.
Mas o Sr.Wattz
estava errado. Eu nunca desenvolvi habilidade especial nenhuma. Em todo o tempo
que morei lá, a única coisa que adquiri foi mais conhecimento, foi ampliar meu
intelecto, mas nada que se encaixasse na paranormalidade e, aos poucos, isso
foi me desestimulando, me incomodando. No fundo, acho que me conformei e por
isso decidi me tornar professora, ao menos seria útil espalhando conhecimento a
essa nova geração.Mas nunca os abandonei de fato. Não podia. Eles todos eram
incríveis comigo, se tornaram minha segunda família, uma família mais presente
que os meus pais. Ao menos era o que eu pensava... Até agora.
O tempo ia passando. A cada sessão da químio, Evelyn
sentia mais dores e enjôos. No entanto, Soraya estava com ela e isso a
acalmava.
- Calma amiga, toma um pouco de água, pra você se
hidratar.
- Obrigada. – dizia Evelyn após dar um gole. Ele encosta
na cama, ainda sentindo muito enjôo.
A luz dá uma leve piscada, como se estivesse falhando.
- Credo... – dizia Soraya olhando pro ocorrido. – Espero
que não cortem a energia do hospital. Desculpa não ter dinheiro para um
hospital melhor, miga.
- Está tudo bem, eu só preciso descansar um pouco.
- Tá certo. Eu vou na lanchonete pegar algo pra comer.
Quer alguma coisa?
Evelyn não dizia nada, apenas fazia um sinal com a mão
dizendo para ir logo. Ela acaba adormecendo. Acabara tendo um pesadelo e, à
medida que o pesadelo ia se intensificando, seu corpo ficava tenso. As luzes do
quarto não paravam de piscar. Os objetos começavam a levitar e voar em volta de
Evelyn. Soraya volta com seu lanche levando um grande susto e deixando a comida
cair.
- Evelyn! – ela gritava desesperada e com medo. – Evelyn,
amiga!
O corpo de Evelyn flutuava sob a cama. Ela mexia a cabeça
como que em transe pelo pesadelo. Mesmo com medo, Soraya tenta se aproximar da
amiga, mas o corpo dela – como numa tentativa de protegê-la – joga Soraya para
fora do quarto. Aos poucos, todo o andar
onde estava começa a chacoalhar como num terremoto. Os médicos mais corajosos
tentavam acalmar os pacientes enquanto que os mais medrosos fugiam de lá.
- Ajuda! – Soraya gritava. – Alguém ajude minha amiga!
Mas ninguém respondia. As portas dos quartos começavam a
bater com força. Os elevadores pareciam enlouquecidos, abriam e fechavam o
tempo todo e as escadas davam a impressão de se entortarem. A recepcionista
começava a vomitar como que num enjôo enquanto outras pareciam sentir uma dor
de cabeça insuportável. Soraya olhava para a própria pele e via hematomas
surgirem. Um paciente sai de seu quarto caminhando lentamente, quase como numa
cena de filme zumbi. Feridas se abriam em seu corpo jorrando muito sangue. É
então que Soraya percebe – todas aquelas coisas eram efeitos colaterais da
quimio. De alguma forma, Evelyn estava compartilhando os efeitos com todos ali.
Numa engolida de fôlego, a moça entra novamente no quarto
e pega os remédios que Evelyn tomava, ela salta na direção da amiga e a abraça.
Ela sente seu corpo receber uma enorme descarga elétrica, mas ainda assim se
mantém firme. Ela então aplica o remédio em Evelyn e as luzes daquele andar
acabam não agüentando e explodindo. O corpo de Evelyn cai sob a cama com Soraya
junto. Tudo parece se acalmar repentinamente. As pessoas todas começavam a se
acalmar e sentirem-se aliviadas. As enfermeiras que passavam mal, voltavam a se
sentir melhores.
- Sô? – dizia Evelyn grogue de sono. – O que foi?
- Nada, amiga. – dizia Soraya ofegante e descabelada. Ela
sorria de nervoso na tentativa de disfarçar. – Volte a dormir, ta tudo bem.
Você teve um pesadelo.
Evelyn não dizia mais nada. Ela volta a dormir, agora um
sono tranqüilo. Quando acorda novamente, o dia já havia passado e um novo
surgido. Ela então vê um homem alto, de
terno e gravata e cabelos longos e castanhos conversando com Soraya.
- Sô? – dizia Evelyn confusa. – O que foi? Quem é esse
homem?
- Oh, Srta.Santos. – dizia o homem se aproximando. Ele
lhe dava um sorriso. – Muito prazer, eu me chamo Alexander Zeux.
- Oh, ok... – ela dizia com uma cara de paisagem, como
quem nunca tivesse ouvido falar nele.
- Miga, ele é O Alexander Zeux, da família Zeux. Uma das
mais ricas do país.
- Ah ta... – ela dizia ainda não sabendo de quem se
tratava.
- Aff, amiga... Você me racha a cara de vergonha.
- Não tem problema algum. – dizia ele da forma mais
cortês possível. – Irei direto ao ponto. Eu soube de todo o infortúnio que
ocorreu.
- Infortúnio? – Evelyn olhava para Soraya.
- Ah!!! Hahahahaha! – Soraya se aproximava rindo de
nervoso. Ela não queria que a amiga soubesse do ocorrido, e que ainda por cima
havia sido noticiado no rádio. – Não é nada não, amiga! Hahahahahaha Ele ta se
referindo à sua situação, não é senhor? Haahahahaha
- Sim, sua situação. – dizia Alexander não entendendo
nada. – Bom, o motivo de minha vinda aqui é que estou muito interessado no seu
caso, Srta.Santos. Eu possuo a melhor equipe, médicos competentes vindos de
cada canto do 1º Mundo e eles estão dispostos a curá-la de sua doença.
- Me curar do câncer? – ela perguntava um tanto
desconfiada. – Não sei não...
- Ah hahahahaha.... – dizia Soraya se aproximando e
puxando Evelyn pro canto para falar baixo. – Amiga, deixa de ser idiota!
Alexander Zeux é muito rico, se ele diz que tem a melhor equipe do 1º Mundo e
que quer lhe salvar do câncer, é porque ele tem como fazer isso! Ele é
mundialmente conhecido, miga! Vai por mim, você não tem nada a perder.
- Você tem certeza disso? – dizia Evelyn.
- Claro! Aceita, deixa de ser boba!
- Ok... – Evelyn empurra a amiga para o lado e se dirige
à Alexander. – Muito bem, Sr.Zeux. Eu aceito, afinal, como disse a Sô, o que eu
tenho a perder, não é mesmo?
- Sábia decisão, Srta.Santos! – dizia o empresário
contente. – Prepararemos sua liberação para vir conosco agora mesmo! A senhora
está em boas mãos!
Evelyn se prepara para ir embora com o empresário. Ela se
despede de Soraya e entra no carro com ele. Após instalada no novo local
projetado especialmente para atende-la, Evelyn se prepara para o primeiro dia
do novo tratamento.
- Você está pronta, Srta.Santos? – perguntava Alexander
batendo à sua porta.
- Sim. – ela responde um tanto nervosa.
Os dois saem de seu quarto e caminham para a área de
testes.
- Está nervosa?
- Não diria nervosa. – ela respondia segurando as
próprias mãos para não denunciar as tremedeiras. – Eu diria ansiosa um pouco.
- Não se preocupe. – dizia Alexander olhando para a
frente. – Vai sair tudo como planejado.
Ouvindo aquelas palavras, algo dentro de Evelyn dizia
para ela dar meia volta. Ela é tomada por uma sensação de agonia e desespero. Eles
chegam à área de testes e a porta atrás dela se fecha e uma máquina surge de um
compartimento no chão.
- O que é isso?! – dizia Evelyn se assustando e tentando
abrir a porta que parecia ser aberta por algum mecanismo.
A máquina ali dentro começa a se ligar e em seguida a disparar
uma espécie de raio contra a jovem que gritava de dor, desmaiando em seguida
apenas com um pensamento: Socorro. Pensamento esse que ecoa até um vácuo sem
fim, de cores vibrantes e lúdicas onde uma mulher de cabelos ruivos em trajes
íntimos parecia meditar em posição de lótus.
- Calma! – dizia a mulher. – Tente se acalmar! Eu me
chamo Merak...
Continua em Iniciativa Mindstorm Nº 1...
Querem saber como essa história vai acabar? Será que
Evelyn conseguirá a ajuda de Merak? Fiquem ligados nas próximas edições!
Evelyn Santos |
Soraya |
Alexander Zeux |
9 Comentários
Que massa!!!
ResponderExcluirCurti muito Dan, essa vai ser uma personagem muito importante, a qual tenho um carinho especial.
Fico muito grato por descrever tão bem a personalidade da Evellyn, parecia até que vc a conhecia, pois era ela exatamente assim, inteligente, cheia de si e muito viva.
Agradeço-lhe de coração por isso.
Forte abraço
Oh Renato, fico muito feliz que tenha gostado! Foi uma honra pra mim escrever essa história, espero de coração continuar honrando a imagem dela com a Índigo. Que bom que consegui captar a essência dela e colocar na personagem.
ResponderExcluirBem legal a história Dan, só achei curtinha, pois mal comecei já terminei a leitura... Curti a amizade da Evelyn e da Soraya e quero ver mais da Indigo em breve! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Norberto! Acho que é porque ela é mais parada um pouco, tem outra pegada da de Merak que tem mais ação, talvez por isso tenha aparentado mais curta, não sei. De qualquer forma,fico feliz que tenha curtido
ExcluirUAU!! Que baita episódio!! Primeiro quero destacar o poder da narrativa da descoberta do câncer e da forma como Evelyn se abalou com isso, foi uma cena bem triste e comovente, poderia dizer que uma das melhores partes do episódio. Em segundo, fica pra mima a cena do poltergeist, sinceramente ver o nivel de poder que ela controlou sem se quer estar acordada, dá uma impressão (e até um medo) de como ela será quando puder controlar seu poder... Tomar conta de um andar inteiro, escadas, elevadores, fazer as pessoas sentir seus sentimentos mais profundos, de boas, arrebentou nessa cena. No demais achei bem legal a interação entre as duas, os flashbacks do passado foram muito shows também. Em resumo, curti pra caramba, excelente novo episódio e o final linkando com a Merak matou a pau! Parabéns Dan, muito bom meu velho!
ResponderExcluirQuerido Lanthys, é sempre um prazer ver seus comentários aqui, meu amigo. Fico muito feliz que gostou e, aparentemente, não cometi os mesmos erros que na Merak hahahahahaah Indigo certamente é um dos titulos que tenho planos pra dar sequência! Espere e verá, porque ela e Soraya ainda vão passar por muitas coisas. Quanto a sua capacidade máxima de poder... Bem, isso comentarei nos bastidores heheheheheeh
ExcluirMagnífico! Supimpa divino e singelo. Poucas são as palavras pra expressar o que esse conto significa... Imagino a alegria do Renato.
ResponderExcluirFanficmaster mostra mais um novo lado seu... amei a ligação forte que parece existir entre Índigo e Soraya.
Parabéns! Aguardando mais episódios de sua autoria.
Muito obrigado, Artur! Indigo e Soraya vão possuir uma historia realmente forte e cheias de emoções no futuro! Fico feliz que tenha gostado, meu amigo.
ExcluirUm grande episódio!
ResponderExcluirCrianças Índigo , algo que a ciência ainda tenta definir...
Assim como o autismo , gera muitas especulações e...preconceitos...
Você narrou com perfeição como a sociedade, inclusive as crianças, lidam com o que é difetente.
O que é diferente gera medo.
As pessoas se afastam , desprezam , chegam até insultar.
Isso é triste no entanto , é o triste retrato da sociedade hipócrita e demagogia que vivemos que prega a inclusão, mas exclui e exclui sem dó...
Evelyn Santos, por ser super dotada, passou por isso e agora , aos 21 anos, enfrenta um duro câncer no sistema nervoso, quando seus poderes extrassensoriais se manifesta de maneira poderosa.
A amizade verdadeira com Soraia, também foi destaque.
Creio no entanto, que esse empresário que apareceu no final a pretexto de ajudá-la a curar do câncer tem pretensões escusas cono tentar entender seus poderes e até mesmo roubá-los.
Aguardemos os próximos capítulos!