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Doutor Gero: uma vida dedicada à vingança (Epílogo: Bonus Track - Making Of)

 

                                           Capítulo XXI: Epílogo - Bonus Track/Making Of

Como vocês estão vendo, depois de fazer a história sobre o Doutor Gori, o vilão-mor de Spectreman, resolvi fazer uma sobre o Doutor Gero. De início, fiquei indeciso se fazia uma história ou sobre o M. Bison, o vilão-mor de Street Fighter, ou sobre o Doutor Gero. Após pensar um pouco, escolhi fazer sobre o Doutor Gero, tendo em vista que ele, tal qual o Doutor Gori, é um cientista maligno que deu altas dores de cabeça aos nossos heróis (além do fato de ter um nome parecido ao do inimigo do Spectreman – e assim pretendo deixar a história sobre o Bison para depois). E mais a semelhança de nomes entre os dois ilustres cientistas malignos.

Além disso, entre as sagas do Dragon Ball a saga do Cell (que eu assisti originalmente no segundo semestre de 2000, quando estreou no Cartoon Network) é a minha favorita, e o Cell para mim é o melhor de todos os vilões do Dragon Ball. E o que o que torna ainda mais incrível é o fato de que ele não era para existir originalmente, já que originalmente o Akira Toriyama queria fazer dos androides 19 e 20 como os únicos e supremos vilões dessa saga. Só que eles não deram certo, os editores dele (entre eles o Kazuhiro Torišima) não gostaram não só do 19 e do 20 como também do 16, do 17 e da 18 (segundo Torišima, o 19 e 20 eram um gorducho e um velhote, e o 17 e a 18 dois pirralhos), e no fim fomos brindados com o Cell, o ser perfeito.

Anos depois, já em Dragon Ball Super, a ideia original do Akira Toriyama para a saga do Cell foi reaproveitada na saga Goku Black, por meio da dupla Zamasu e Goku Black. Talvez pelo fato de se tratar de uma saga mais curta é que tal ideia funcionar melhor ali.

Bom, vamos lá discorrer sobre os principais pontos dessa fanfic:

1 – Ideia central: sempre quis escrever uma fanfic envolvendo o Cell e os androides. Só que como o anime não mostra grandes lacunas na história de fundo dele, resolvi fazer uma do Doutor Gero, até como forma de poder falar sobre todos eles, de uma tacada só.

2 – Estrutura narrativa: a estrutura narrativa dessa história é similar à da história anterior sobre o Doutor Gori e muitas outras que escrevi antes. Trabalho em cima das lacunas que a série deixou em torno dos personagens, ou seja, os buracos que a obra do tio Akira deixou para trás (e uma das coisas que mais gosto de escrever fanfics é justamente isso), só que diferente da história sobre o Doutor Gori narro os eventos mostrados na saga do Cell, ainda que de forma bem resumida antes de entrarmos no Doutor Gero da história.

3 – Calendário de datas: o calendário usado nessa história não é o nosso calendário, e sim o calendário do mundo Dragon Ball.

4 – Ideia reaproveitada depois de muito tempo: Há vários anos, eu pensei em fazer uma história juntando o Doutor Briefs e o Doutor Maki Gero em uma só, que nem na história que eu fiz juntando o Doutor Man e o Grande Professor Bias, os vilões supremos dos seriados Super Sentai Bioman e Liveman (vulgo Bioman 3 – para quem não sabe, assim o sentai de 1988 foi chamado na França, da mesma forma que no Brasil chamaram o Spielvan de Jaspion 2), respectivamente. Assim sendo, digamos que agora estou reaproveitando essa ideia na forma dessa fic depois de muitos anos.

5 – Questões sociais: tal como na história sobre o Doutor Gori, também abordo algumas questões sociais, mais visíveis nos primeiros capítulos que mostram os anos de juventude do Doutor Gero e do Doutor Briefs. Vide desigualdades sociais e que por mais que a sociedade avance em termos de tecnologia, muitas das mazelas de outrora ainda se mantêm e por vezes até se reforçam. Em outras palavras, o moderno e o arcaico sendo como se fossem o Piccolo e o Kami Sama, ou as duas faces do deus Janus na mitologia romana e o yin e o yang no taoísmo: dois elementos opostos entre si, mas que ao mesmo tempo se completam um ao outro.

6 – O caminho não seguido: Em um trecho do oitavo capítulo há a passagem “o caminho não seguido”. Esse trecho é uma referência a um trecho do discurso do Bison no filme de 1994, Street Fighter – a batalha final, que ele profere após tomar conhecimento do fato de que a imprensa o chama de louco e de senhor da guerra (caudilho na dublagem brasileira). No filme em questão (o qual por uma série de motivos não é lá muito bem visto pelos fãs da franquia de jogos de luta) o Bison foi magistralmente interpretado pelo ator porto-riquenho Raul Julia, que morreu pouco após o término das filmagens do filme, e dublado no Brasil pelo Armando Tiraboschi (o mesmo dublador de personagens como Bado de Alkor na primeira dublagem de Cavaleiros do Zodíaco, Oozora/Change Pegasus em Changeman, Professor Nanbara em Jaspion, Šang Tsung em Mortal Kombat 11 e Sorbet e Džiren em Dragon Ball Super, entre outros).

7 – Inspiração na Chloé e na Âmbar: Sobre a Zoé Bernstein que aparece no capítulo III, ela é claramente inspirada em duas personagens estilo “mean girls” em especial – a Chloé Bourgeois de Miraculous: as aventuras de Lady Bug e a Âmbar Smith de Sou Luna. Acho personagens nesse estilo bem fascinantes a despeito do caráter um tanto duvidoso delas. E que seria legal colocar personagens assim na fase escolar do Doutor Gero.

Eu escolhi o nome para a líder do grupo de garotas populares pelo fato de ser o nome da meia-irmã da Chloé, que a própria Chloé tenta transformar em uma “mean girl” que nem ela. Até tem certo sucesso de início, mas no fim das contas o tiro sai pela culatra. Pode-se dizer que nessa história quis fazer uma inversão de papéis. Já o sobrenome dela (o mesmo do Rugal da série de jogos de luta The King of Fighters, da finada SNK) significa âmbar em alemão. E o fato dela ser filha de um importante político local é uma óbvia referência ao fato de que o pai da Chloé, o monsieur André Bourgeois, é o prefeito de Paris.

E ela é morena pelo fato de muitas dessas personagens “chatolinas” são loiras – vide a Sharpay em High School Musical, a Ludmila em Violetta, a Âmbar em Sou Luna e a Chloé em Miraculous, entre outras tantas que não me veem a mente agora. Até parece clichê nessas produções infanto-juvenis. Bom, se bem que há também algumas morenas assim, como a Jade de Victorious e a Frida de Carinha de Anjo. E mesmo em Sou Luna temos também a Daniela, que aparece apenas na primeira temporada (aquela que briga com a Luna por causa do Simón e depois some da novela).

A Alexia, por seu turno, é uma referência à personagem Alix de Miraculous: as aventuras de Lady Bug e à Delfina de Sou Luna. A propósito, eu li que de início a Alix (vulgo Bunnix) era para ser a terceira membra do grupo da Chloé, e assim ela seria uma espécie de Delfina de Miraculous, e que isso seria uma referência ao trio de protagonistas de Três Espiãs Demais, Clover, Alex e Sam (lembrando que o Thomas Astruc, um dos produtores de Miraculous, aquele mesmo que aparece nos episódios “animestre” e “Rainha Banana”, trabalhou em Três Espiãs Demais como artista de storyboard). Mas no fim ficamos apenas com a dupla Chloé e Sabrina (a propósito, às vezes em fanarts vejo o pessoal retratando a Sabrina e a Chloé junto com a Lila [vulgo Volpina e Camaleoa], a mentirosa contumaz do desenho, que não se dá nem um pouco bem com a Marinette, que não raro só de vê-la perde as estribeiras).

Alix que também é o nome de nascença da última tzarina da Rússia, que originalmente se chamava Alix de Hesse (um dos muitos principados que existiam na Alemanha antes de 1871) e ao se casar com o Nicolau II e se converter à Igreja Ortodoxa Russa mudou de nome para Alexandra Fëdorovna (lembrando que durante a era imperial era muito comum os tzares russos terem esposas alemãs, e que das três últimas tzarinas russas duas eram alemãs).

O sobrenome dela, Dauphine, significa herdeira do trono em francês. Na França, a partir da dinastia Valois (1328 – 1589) o título de delfim (em francês dauphin) era usado para designar o príncipe herdeiro do trono, geralmente o filho mais velho do rei. E a esposa do delfim era a delfina (em francês dauphine). E é uma referência à Delfina de Sou Luna.

E a Violet, por seu turno, é uma referência à Sabrina Raincomprix de Miraculous e à Jazmin de Sou Luna. É a pau mandada do grupo de “mean girls” que nem as duas. E que tal como a Sabrina e a Jazmin é ruiva, fútil e adora moda. O nome dela significa violeta em inglês, enquanto que o sobrenome dela, Jasminus (leia-se “Iasminus”), é jasmim em latim.

8 – O nome da mãe da Bulma: A respeito do nome da mãe da Bulma (que foi dublada no Brasil pela Cecília Lemes, que também foi a segunda dubladora da Chiquinha no Chaves e dos personagens da Maria Antonieta de las Nieves em Chapolin. Entre outros tantos trabalhos), que eu me lembre, tanto no anime quanto no mangá ela era apenas referida como a mãe da Bulma. No artigo sobre ela na Dragon Ball Wiki, ela é nomeada de Bikini. Já o Akira Toriyama, por seu turno, certa vez disse que se fosse dar um nome a ela, daria o nome de Panchy. E escolhi esse nome por achar que soa melhor. Panchy que provavelmente vem de pants, que significa calça em inglês.

9 – Geraz, a esposa do Doutor Gero: em alguns jogos mais recentes do Dragon Ball (que eu ainda não joguei, diga-se de passagem) há a personagem Androide 21. Segundo um desses jogos, ela teria sido criada com base na esposa do Doutor Gero e mãe de Gebo. Só que como ela é personagem exclusiva de jogos e nunca foi citada nem no anime e nem no mangá, não a inclui nessa história. Mas, por outro lado, inclui a versão humana (por assim dizer) nessa história para ser a esposa de Gero e mãe do Gebo.

10 – Gebo e Andróide 16: Em entrevista de 2014 concedida ao mangá Dragon Ball Full Color, o Akira Toriyama afirmou que o Androide 16 foi criado pelo Doutor Gero com base na aparência do filho dele, o Gebo, que era um soldado do Exército Red Ribbon que morreu em combate. Segundo a Dragon Ball Wiki, a alcunha dele no Red Ribbon era Gold. Diga-se de passagem, essa não foi a única vez em obras fictícias que vimos pais cientistas criarem seres cibernéticos com base na aparência de um filho morto: em Bioman, o sentai de 1984 e que fez muito sucesso na França, o vilão Doutor Man criou o Prince com base no filho desaparecido dele, Šuiči. Depois, em Metalder, o Metal Heroe de 1987, o Doutor Koga criou o Metalder com base na aparência do filho dele, Tatsuo Koga, que morreu durante a Segunda Guerra Mundial. Em Megaranger, o sentai de 1997 que no Ocidente virou Power Rangers no Espaço, o Doutor Hinelar criou a Šibolena com base na filha dele, Šizuka, morta durante um experimento. Em Power Rangers no Espaço Šibolena virou Astronema.

11 – Uma crítica à meritocracia: nos capítulos 7 e 8, que falam a respeito da entrada do Doutor Gero no Exército Red Ribbon, percebe-se claramente que faço uma crítica a contos da carochinha tais como self-made-man e meritocracia. E também quis mostrar que o mundo Dragon Ball não é lá muito diferente do nosso.

12 – Mais uma referência ao Bison do Raul Julia: o discurso que o general Red profere no capítulo ao ver o surgimento do androide nº1 é uma clara referência ao discurso proferido pelo Bison no filme Street Fighter – A Batalha Final, produzido em 1994. Aquele mesmo filme que não é lá muito bem quisto pelo fandom do jogo de luta e no qual o Bison foi magistralmente interpretado pelo ator porto-riquenho Raul Julia, que anos antes se destacou interpretando o Gomez na Família Addams. Filme esse que foi o último trabalho do ilustre ator, já que ele morreu antes mesmo do filme ser lançado no cinema (tanto que nos créditos finais há uma dedicatória a ele, que topou participar do projeto por causa dos filhos, que eram gostavam muito de Street Fighter).

13 – Um pouco de japonês e chinês: como vocês devem ter reparado há muito tempo, na dublagem brasileira de Dragon Ball (assim como em traduções de mangá), os nomes dos povos sempre são acompanhados pelo sufixo jin/džin. Dessa forma, o povo de Goku, Vegeta, Nappa, Raditz e Broly é referido como os saiyadžins, enquanto que o povo de Piccolo, Dende e Nail é referido como os namekuseidžins, o povo de Baby é referido como os tsufurudžins e o povo do Granola é referido como os cerealdžins. Entre tantos outros exemplos.

Para quem não sabe, o jin/džin aparece que aparece como sufixo dos povos do universo Dragon Ball é uma palavra que em japonês significa pessoa, povo, que equivale à palavra chinesa jen/rén/žen (). Portanto, namekuseidžin significa pessoa, indivíduo nativo do planeta Namek. E o sei (chinês hsing/xíng/s’ing; ) pode significar tanto estrela quanto planeta dependendo do contexto. Talvez foi dai que veio toda aquela confusão na dublagem de Changeman, em que os planetas ora eram chamados de estrela, ora de planeta mesmo.

Dessa forma, nessa minha fanfic e em outras preferi usar uma tradução dos nomes de povos do universo Dragon Ball baseada na tradução em inglês dos nomes que pode ser vista tanto nos jogos de Dragon Ball que joguei (entre eles os jogos da sagas Budokai e Budokai Tenkaiči para Playstation 2, lançados entre 2002 e 2007) quanto em alguns sites de Internet que não usam o sufixo džin.

14 – Os androides perdidos: sobre o destino que tiveram os androides perdidos (ou seja, os androides que nem o anime e nem o mangá mostram), os bolei com base no que li sobre eles em várias páginas e sites. De que eles foram descartados e destruídos por apresentarem problemas de defeitos e/ou personalidades que não foram do agrado dos criadores.

15 – Os nomes do 17 e da 18: Sobre os nomes dos androides 17 e 18, na mesma entrevista em que o Akira Toriyama falou sobre o Gebo, ele também revelou outras informações sobre Dragon Ball. E uma delas é sobre o nome dos androides 17 e 18 antes deles serem transformados em androides, Lápis e Lazuli.

16 – O conhecimento do Doutor Gero sobre o Madžin Buu: no capítulo 16, o Doutor Gero diz ao Cell para ficar bem longe do Madžin Buu em caso de encontro com o rosado. Tirei essa ideia de uma passagem de “O Renascimento de Freeza”, em que o Freeza diz que o pai dele certa vez lhe disse para ficar bem longe de dois seres, e um deles é o Madžin Buu (o outro sendo o Bills). O ovo em que Madžin Buu estava selado estava no Planeta Terra, e é razoável supor que lendas em torno do rosado e seu paradeiro tenham surgido em todo o Universo, incluindo na Terra. E dai que histórias sobre ele podem ter chegado ao conhecimento do Doutor Gero.

17 – A origem do androide 19: a informação de que o androide 19 foi concebido com base em uma boneca que o Red Ribbon capturou e que virou troféu de guerra também vem da mesma entrevista do Akira Toriyama, concedida em 2014 ao mangá Dragon Ball Full Color.

18 – Referências ao Michael Jackson: no capítulo 17, na parte em que é dito que o Doutor Gero, já transformado em androide 20, assistiu ao próprio funeral dele, trata-se de uma referência àqueles que acreditam que o Michael Jackson na verdade forjou a própria morte (como o caso do finado Dirceu Jackson). Entre outras coisas, eles falam que o rei do pop assistiu ao próprio funeral dele disfarçado de uma mulher de cabelos loiros. E os títulos dos capítulos 18 e 19 são uma referência ao título de uma das músicas do rei do pop, Man in the Mirror, o quarto single do álbum Bad e uma das minhas músicas favoritas dele.

19 – A história é escrita pelos vencedores: sobre o capítulo 19, penso eu que é razoável supor que o Exército Red Ribbon e todos aqueles que trabalham para a organização comandada pelo comandante Red, incluindo o Doutor Gero, passaram a ser vistos como os bandidos da história visto que o intento conquistador deles fracassou. E exemplos similares na história da humanidade não faltam. Como é o caso de Átila, o rei dos hunos entre 434 a 453. Que depois de morrer e ter seu império esfacelado por conta das disputas sucessórias entre os filhos dele e levantes dos povos até então sob o domínio huno tornou-se uma figura muito associada a noções de barbarismo e selvageria.

20 – Quantidade de capítulos: como vocês viram, essa história teve 20 capítulos de história mais três capítulos de making of. Como em outras histórias, acabei fazendo mais capítulos que a quantia originalmente estipulada. No fim, escolhi 20 capítulos de história pelo simples fato de que 20 é o número de androide do próprio Doutor Gero.

1 Comentários

  1. Legal ver o seu processo de produção de obras.

    Se nota que você estuda a fundo sobre os personagens , sendo bem metódico na sua narrativa.

    Parabéns!

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