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Juppongatana: a lei do mais forte (capítulo 1)

 

 

Olá a todos. Eu estive um tempo sem trazer fics novas por aqui, mas cá estou trazendo um trabalho escrito por mim há 10 anos e que se encontra no Spirit. Como vocês devem ter percebido, é uma fanfic de Samurai X, focada no vilão-mor do arco de Kyoto, Makoto Shishio, e o grupo por ele comandado, o Juppongatana. Como vocês devem saber, já faz algum tempo que o novo anime de Samurai X vem sendo produzido (além da saga de Hokkaido no mangá, que o Nobuhiro Watsuki planejou escrever ainda nos anos 1990, tendo tirado da gaveta e retomado essa ideia anos mais tarde, em 2017), e parece-me que essa semana começará o arco de Kyoto. Aproveitando-se disso que resolvi trazer esse meu trabalho mais antigo para cá, que tem 15 capítulos ao todo. Espero que leiam e gostem.

                                            Capítulo I - Bakumatsu, o começo de tudo.

Nos primeiros anos da era Meidži (1868 – 1912) o Japão foi sacudido por várias revoltas internas, a exemplo da revolta de Satsuma em 1877 liderada por Takamori Saigou, um dos três grandes nomes da Restauração Meidži ao lado de Kogorō Katsura e Tošimiči Ōkubo, mas que devido a uma série de desentendimentos com a cúpula do novo regime se rebelou no sudoeste do Japão junto com alguns partidários seus. Sua revolta foi devidamente reprimida pelo novo exército Imperial Japonês. Por muitos tal revolta é considerada como o canto do cisne dos samurais, cujo status privilegiado foi abolido logo após a mudança do regime.

Mas também houve um levante nessa mesma época ao qual pouca atenção é dada. Pouquíssimos registros de tal ocorrido sobreviveram aos dias de hoje, e os poucos que sobreviveram são do governo Meidži e de seus comandantes, trazendo uma visão negativa a respeito dos revoltosos. Trata-se do levante do grupo Džuppongatana, cujo líder máximo era Makoto Šišio, um antigo retalhador a serviço dos monarquistas nos tempos do Bakumatsu que fora traído por seus próprios patrões. Em seu apogeu o Džuppongatana chegou a controlar vários vilarejos do Japão central, principalmente no caminho entre Tóquio e Kyoto.

Mas vale ressaltar que o grupo Džuppongatana não surgiu magicamente do dia para a noite. Pelo contrário, levaram-se alguns anos até que o grupo tomasse corpo e enfim começasse a agir contra o governo Meidži, por eles visto como corrupto e incapaz de proteger o Japão. Tudo começou em 16 de agosto de 1848. Naquele dia, uma criança nasceu em um vilarejo nas proximidades de Kyoto. Seu nome Makoto Šišio. O jovem Makoto nasceu em uma família de artesãos da região. Embora não fosse uma família de grandes posses, ainda assim era uma família com boa condição de vida. Seus 12 primeiros anos foram muito tranquilos, sendo educado por seu pai e sua numerosa família. Mas os dias de tranquilidade para sua família não duraram para sempre.

A partir de 1853 teve início no Japão um sangrento e turbulento período de guerra civil, o Bakumatsu (fim do Xogunato), o qual se estendeu até 1868 com a restauração Meidži. Tal conflito opôs durante um decênio e meio grupos a favor do Xogunato Tokugawa (reinante no Japão desde 1603) como tais o Šinsengumi de um lado e de outro os monarquistas (além de outros grupos menores), liderados pelos feudos de Čōšū e Satsuma, ambos da região sul do Japão.

Ambos os lados disputavam o poder no Japão. Os primeiros obviamente eram a favor da manutenção do Xogunato e seu sistema político (caracterizado, entre outras coisas, pela descentralização do poder, o qual assim como na Europa medieval era distribuído nas mãos da nobreza feudal), e os segundos (chamados de Išin Šiši, os “leões da revolução”) a favor de abolir o Xogunato enquanto instituição política e concentrar do poder nas mãos do imperador (até então uma figura decorativa dentro da política japonesa). Seu lema era “Reverenciar o Imperador, expulsar os bárbaros”. Ou em japonês Sonnō džōi.

O estopim disso tudo foi a aparição de uma frota composta por quatro navios (os quais ficaram conhecidos na história japonesa como Kurofone, os navios negros) sob a liderança do Comodoro estadunidense Matthew Perry na baía de Edo (atual Tóquio) exigindo que o Japão abrisse seus portos para o comércio com Washington, pondo fim a secular política de isolamento por parte do Xogunato Tokugawa, a Sakoku (em português “país acorrentado”). Por causa dessa política, o Japão tinha restritos contatos diplomáticos e comerciais com apenas três nações estrangeiras: China, Coréia e Holanda. Antes disso, países como França, Rússia e Estados Unidos empreenderam a partir de 1778 vários esforços para que o Japão abandonasse sua política de isolamento e abrisse seu comércio para o exterior, todos eles infrutíferos no fim das contas.

Só que dessa vez o desfecho foi diferente. O poder de fogo dos navios ocidentais impressionou fortemente os japoneses, e o Xogunato resolveu enfim ceder às pressões estrangeiras após três quartos de século de resistência. No ano seguinte, na convenção de Kanagawa, Perry voltou com sete navios para o Japão e forçou o Xogum a assinar um Tratado de Paz e Amizade entre os dois países. Ainda no mesmo ano, o Japão assinou um acordo de amizade com a Inglaterra em Nagasaki e no ano seguinte foi a vez da vizinha Rússia Imperial conseguir um acordo com o Japão (Tratado de Šimoda), seguidos de França e Holanda em 1858.

1 Comentários

  1. O universo da Samurái X, é um universo rico ,repleto de possibilidades de se explorar.

    Você focou no vilão , narrando um pouco sobre as origens.

    Vamos acompanhar!

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