Capítulo I - Bakumatsu, o começo de tudo.
Nos primeiros anos da era Meidži (1868 – 1912) o Japão foi sacudido por várias revoltas internas, a exemplo da revolta de Satsuma em 1877 liderada por Takamori Saigou, um dos três grandes nomes da Restauração Meidži ao lado de Kogorō Katsura e Tošimiči Ōkubo, mas que devido a uma série de desentendimentos com a cúpula do novo regime se rebelou no sudoeste do Japão junto com alguns partidários seus. Sua revolta foi devidamente reprimida pelo novo exército Imperial Japonês. Por muitos tal revolta é considerada como o canto do cisne dos samurais, cujo status privilegiado foi abolido logo após a mudança do regime.
Mas também houve um levante nessa mesma época ao qual pouca
atenção é dada. Pouquíssimos registros de tal ocorrido sobreviveram aos dias de
hoje, e os poucos que sobreviveram são do governo Meidži e de seus comandantes,
trazendo uma visão negativa a respeito dos revoltosos. Trata-se do levante do
grupo Džuppongatana, cujo líder máximo era Makoto Šišio, um antigo retalhador
a serviço dos monarquistas nos tempos do Bakumatsu que fora traído
por seus próprios patrões. Em seu apogeu o Džuppongatana chegou a controlar
vários vilarejos do Japão central, principalmente no caminho entre Tóquio e
Kyoto.
Mas vale ressaltar que o grupo Džuppongatana não surgiu
magicamente do dia para a noite. Pelo contrário, levaram-se alguns anos até que
o grupo tomasse corpo e enfim começasse a agir contra o governo Meidži, por
eles visto como corrupto e incapaz de proteger o Japão. Tudo começou em 16 de
agosto de 1848. Naquele dia, uma criança nasceu em um vilarejo nas proximidades
de Kyoto. Seu nome Makoto Šišio. O jovem Makoto nasceu em uma família de
artesãos da região. Embora não fosse uma família de grandes posses, ainda assim
era uma família com boa condição de vida. Seus 12 primeiros anos foram muito
tranquilos, sendo educado por seu pai e sua numerosa família. Mas os dias de
tranquilidade para sua família não duraram para sempre.
A partir de 1853 teve início no Japão um sangrento e
turbulento período de guerra civil, o Bakumatsu (fim do Xogunato), o
qual se estendeu até 1868 com a restauração Meidži. Tal conflito opôs durante
um decênio e meio grupos a favor do Xogunato Tokugawa (reinante no Japão desde
1603) como tais o Šinsengumi de um lado e de outro os monarquistas (além de
outros grupos menores), liderados pelos feudos de Čōšū e Satsuma, ambos da
região sul do Japão.
Ambos os lados disputavam o poder no Japão. Os primeiros
obviamente eram a favor da manutenção do Xogunato e seu sistema político
(caracterizado, entre outras coisas, pela descentralização do poder, o qual
assim como na Europa medieval era distribuído nas mãos da nobreza feudal), e os
segundos (chamados de Išin Šiši, os “leões da revolução”) a favor de abolir o Xogunato
enquanto instituição política e concentrar do poder nas mãos do imperador (até
então uma figura decorativa dentro da política japonesa). Seu lema era
“Reverenciar o Imperador, expulsar os bárbaros”. Ou em japonês Sonnō džōi.
O estopim disso tudo foi a aparição de uma frota composta
por quatro navios (os quais ficaram conhecidos na história japonesa como Kurofone, os navios negros) sob a
liderança do Comodoro estadunidense Matthew Perry na baía de Edo (atual Tóquio)
exigindo que o Japão abrisse seus portos para o comércio com Washington, pondo
fim a secular política de isolamento por parte do Xogunato Tokugawa, a Sakoku (em português “país
acorrentado”). Por causa dessa política, o Japão tinha restritos contatos
diplomáticos e comerciais com apenas três nações estrangeiras: China, Coréia e
Holanda. Antes disso, países como França, Rússia e Estados Unidos empreenderam
a partir de 1778 vários esforços para que o Japão abandonasse sua política de
isolamento e abrisse seu comércio para o exterior, todos eles infrutíferos no
fim das contas.
Só que dessa vez o desfecho foi diferente. O poder de fogo dos navios ocidentais impressionou fortemente os japoneses, e o Xogunato resolveu enfim ceder às pressões estrangeiras após três quartos de século de resistência. No ano seguinte, na convenção de Kanagawa, Perry voltou com sete navios para o Japão e forçou o Xogum a assinar um Tratado de Paz e Amizade entre os dois países. Ainda no mesmo ano, o Japão assinou um acordo de amizade com a Inglaterra em Nagasaki e no ano seguinte foi a vez da vizinha Rússia Imperial conseguir um acordo com o Japão (Tratado de Šimoda), seguidos de França e Holanda em 1858.
1 Comentários
O universo da Samurái X, é um universo rico ,repleto de possibilidades de se explorar.
ResponderExcluirVocê focou no vilão , narrando um pouco sobre as origens.
Vamos acompanhar!