Jiraiya R #9 - Dor.

Olá Tokuleitores!
Recuperados dos acontecimentos do capitulo anterior?
Bem, lamento dizer mas as coisas não ficam mais tranquilas para Jiraiya e seus amigos.
Portanto, sem mais delongas, boa leitura!

Jiraiya R #9
Dor.

Toha não saberia dizer em qual rua da cidade estava, mesmo sem a chuva torrencial que lhe atingia, dificultando sua visão, mal permitindo que ele visse poucos metros diante de seu nariz. Apenas o ódio em seu coração o mantinha em pé.

Sangue escorria de dentro de sua luva, se misturando com a água que caía dos céus, encharcando o cabo da Espada Ancestral, ficando ainda mais difícil de empunhá-la.

Mesmo assim nada o impedia de avançar.

- Apareça desgraçado! - seus gritos mal eram ouvidos dentro dos apartamentos próximos, sendo encobertos pelos trovões que ecoavam noite adentro. - Venha me enfrentar!

Foi então que ele sentiu uma presença maligna rindo pelas suas costas.

Jiraiya se virou a tempo de bloquear o ataque, caindo sobre um joelho conforme a força inumana de seu oponente ia aumentando a pressão sobre a lâmina de sua espada, impedindo qualquer contra-ataque.

- Finalmente vai morrer... Chegou sua hora Jiraiya!

“Não... Não posso cair... Não agora...”

Ele fechou os olhos, apenas sentindo a água da chuva escorrendo por sua pele, descendo até preencher a reentrância da máscara na área que cobria seu queixo, os músculos do braço pareceram relaxar levemente. Era como se ele estivesse prestes a desistir.

Foi nesse momento que seus pensamentos voltaram até os eventos ocorridos a poucos dias, o ódio voltando a queimar ainda mais, aumentando sua determinação, sua teimosia.

Sua força.

Em meio à tempestade um urro finalmente se fez ouvir acima do barulho dos trovões.

XXX

O passado recente.

Parecia que seus pulmões iam estourar.

Reiha e Spiker haviam perdido a noção de a quanto tempo estavam correndo, seus uniformes esfarrapados, deixando à mostra os ferimentos de onde escorria sangue de forma abundante, assustando qualquer transeunte incauto que, por acaso, estivesse na rua àquela hora da madrugada.

O ninja acabou tropeçando, logo após torcer um de seus pés, amaldiçoando o fato de estar tão fraco, afinal de contas, em sua mente, eram as mulheres que deveriam cair daquele jeito, mas seus pensamentos machistas logo ficaram de lado, quando viu sua parceira lhe estendendo uma das mãos.

O alívio e a vergonha logo deram lugar ao pavor, quando viu o rosto de Reiha se erguer e um grito começar a escapar de sua boca.

Logo depois uma dor lancinante partiu de suas costas, se espalhando pelo corpo, quando algo extremamente pesado caiu sobre ele, fazendo-o quase desmaiar enquanto só lhe restava assistir enquanto uma imensa mão agarrava sua companheira pelo pescoço erguendo-a lentamente do chão.

A fuga havia falhado e como Jiraiya e os demais haviam sido levados para um lugar seguro a pouco mais de um dia, restou a Spiker apenas orar para      que seus captores os mantivessem vivos por tempo suficiente para serem resgatados.

Isso se a cavalaria realmente viesse.

Ele perdeu os sentidos e quando voltou a abrir os olhos logo desejou que não tivesse feito isso.

Um gigante usando roupas que lembravam as usadas pelo ninja Retsuga andava de um lado para o outro dentro do imenso porão da Casa de Benikiba, o prostíbulo que Spiker e Reiha estavam investigando, após descobrir as pistas que haviam levado Manabu até ali.

Manabu.

Pensar no amigo fez o coração do ninja se apertar, conforme ele tentava se erguer, mas falhando miseravelmente por causa das dores que explodiram na área de sua bacia, provavelmente fraturada quando ele foi acertado antes de desmaiar.

A criatura bufava e arfava, como se estivesse fazendo um enorme esforço para não arrebentar tudo ao seu redor, terminando por dar potentes socos numa pilastra que aparentava ser de metal, já apresentando diversas marcas de amassado.

Spiker virou o rosto e viu ali perto um velho conhecido.

O Doutor Smith permanecia abaixado sobre uma jovem, precariamente tentando protegê-la da fúria de Retsuga, acabando por ter as próprias costas atingidas, quando um ou outro destroço de algo que o imenso monstro destruía era lançado em sua direção.

De repente foi como se uma luz surgisse na mente de Spiker, finalmente dando pela falta de sua companheira.

- Retsuga! - o monstro olhou em sua direção, mas não parecia reconhecer o antigo inimigo, se aproximando mais pela curiosidade a respeito de um ser tão fraco aparentemente falando com ele sem demonstrar medo. - Onde está ela? Onde está a Reiha?!

Como se em resposta, antes do monstro ter tempo até para tentar entender o que lhe era dito, uma porta do porão foi aberta, dando passagem para um horrendo mostro, que trazia nos ombros uma desacordada e extremamente ferida Reiha.

- Ma... Do... Garbo... - as palavras foram ditas não apenas com dificuldade, mas carregadas de medo.

- O mestre já terminou com essa... - um gemido escapou dos lábios da kunoichi indicando que, apesar de tudo, ainda estava viva. - o trabalho de parto deve começar logo e sei que você pode ficar... Agitado... Por causa de suas ligações com a escolhida... Por isso, o mestre me instruiu a lhe dizer que pode fazer o que quiser com essa aqui... Quem sabe assim você fica mais calmo?

O monstro que havia sido criado pela antiga sociedade Biolon se retirou e no mesmo instante o outro se afastou de Spiker, deixando o ninja tentar desesperadamente se soltar, ainda mais quando percebeu que Retsuga ia retirando o que restava de suas roupas, deixando claro o destino de Reiha.

- Não! Desgraçado!

Sem fazer ideia do que seus amigos sofriam, Jiraiya chegou a Tóquio um dia depois de finalmente ter despertado no esconderijo. Junto dele, segurando sua mão, estava Agnes, ao lado dela seguia Fenrir, ainda com marcas dos últimos ferimentos que havia sofrido, mas deixando claro que já estava pronto para outra.

Perto do casal iam Storm, Jiban e o recém-chegado Lenin Wild, que viera o mais rápido possível ao ser informado da situação do grupo.

- Bem companheiro, devo dizer que estava com saudades da ação...

- Seus comentários são sempre incompreensíveis para mim Lenin Wild... Pensei que o motivo pelo qual lutamos com tanto afinco fosse exatamente terminar com o mal que nos força a essas lutas e...

- Calma Storm... Puxa, às vezes esqueço o fato de você ser um ciborgue sem emoções... Quase um robô... Hum... sem ofensas...

- Não ofendeu. - Jiban ouvia muitos comentários como aqueles, principalmente dos policiais novatos que, apesar de respeitá-lo por tudo o que já fizera, ainda não ficavam à vontade quando ele se aproximava ou mesmo quando tentava se enturmar com outros seres humanos comuns.

Um dos poucos a aceitá-lo totalmente e sem qualquer tipo de restrição era Manabu.

Por isso ele faria de tudo para salvar o amigo e ai de quem se colocasse em seu caminho.

Não foi difícil seguir as pistas deixadas tanto por Manabu quanto pela dupla de ninjas que haviam voltado para Tóquio pouco depois de se recuperarem do combate com Steel e por conhecer bem seus aliados, em seu íntimo, Toha torcia para que tudo já tivesse se resolvido.

A madrugada caíra sobre a cidade, quando o grupo finalmente se colocou diante da porta da casa de Madame Benikiba, todos assumiram em posição de combate, assim que Jiraiya deu três leves batidas na porta.

Silêncio.

Um silêncio que perdurou por incontáveis dois minutos, que parecerem uma eternidade para os guerreiros, por conta da tensão que se espalhava por seus corpos.

- Melhor bater mais uma vez...

De repente um trovão, ou algo que parecia um trovão, foi aumentando de intensidade, até que o chão embaixo do grupo começou a tremer.

- Se espalhem!

O aviso chegou tarde, pois logo em seguida toda a fachada do prostíbulo explodiu, lançando destroços para todos os lados, dando passagem para uma criatura gigantesca que não parou de avançar até atingir Storm, levando o ninja cibernético a sumir por uma das ruelas do bairro.

- Mas que... - um tiro certeiro explodiu no peito de Jiban, que deu vários passos para trás e, ao se recuperar, levando a mão até o local atingido, mal conseguiu conter sua surpresa. - Madogarbo?

           

O monstro da Biolon continuou avançando e disparando forçando o policial de aço a dobrar outra esquina, reduzindo ainda mais o grupo de Jiraiya.

- Precisamos ajudá-los e...

A frase morreu na garganta do ninja quando, pelo rombo aberto pelo gigante, várias figuras começavam a se aproximar.

Os nomes foram surgindo na mente de Jiraiya, conforme os inimigos começavam a sair das sombras.

Jûnin Makumba. Kenin Parchs. Shakunin Strowver. Suinin Tubarão-Mor. Sainin Gyuma.

Haviam outros, muitos na verdade, entre ninjas que haviam sido mortos na guerra travada anos atrás e alguns que lembravam os monstros descritos por Jiban, criações da organização que ele havia desbaratado.

O horror de Jiraiya, Agnes e Wild só aumentou quando perceberam as roupas rasgadas, as peles acinzentadas e cobertas por chagas, os sons guturais que os inimigos faziam e o modo trôpego com que eles iam avançando.

Ao contrário dos inimigos enviados anteriormente esses agora assemelhavam-se com zumbis.

Por trás da horda uma figura conhecida surgia em toda sua glória, conclamando os servos a atacar seus inimigos.

- Que conveniente... - a voz conhecida soava ainda mais tenebrosa e potente do que nunca, enquanto uma espada de lâmina negra foi sendo desembainhada. - Agora não precisarei ir até você para destruir a você e todos que você ama... Você mesmo os trouxe até mim!

Uma risada sinistra ecoou pela noite, anunciando o retorno de Oninin Dokusai.

Continua.