Capítulo X - Making Of (final)
Bom, caso não saibam essa é a primeira fanfic de seriados
tokusatsu que escrevi na minha vida, em 2011. Que a época eu tive a ideia de
fazer depois de rever alguns episódios do sentai de 1986 e observar as lacunas
que o seriado deixa para trás. Em outras palavras, digamos que esta é a raiz do
projeto tokuverso expandido que estamos tocando adiante. Sobre alguns detalhes
dessa minha história, vamos a eles:
1 – Cenário histórico: Flashman se passa em 1986, e em um
dos episódios finais o Monarca La Deus menciona brevemente a respeito do rapto
do Doutor Keflen 300 anos antes. Então fiz as contas. 1986 menos 300 dão 1686.
E então lembrei que perto dessa data, aconteceu uma famosa
batalha, o segundo cerco turco à Viena, em 1683, na qual os austríacos
saíram-se vencedores com a ajuda do rei polonês Jan Sobieski III e que marcou o
início do recuo do poder do Império Otomano na Europa (visto que nos anos
seguintes os turcos vieram a perder territórios como a Hungria e a Transilvânia
para a Áustria e a Crimeia e a Moldávia para a Rússia).
Então tive a ideia de criar esse cenário histórico para essa
história, que se passa na Alemanha (então parte do Sacro Império Romano
Germânico, o Primeiro Reich – lembrando que a Alemanha enquanto um estado
nacional unificado só surge em 1871, com a unificação da Alemanha sob a
liderança prussiana) do século XVII. E vejam só: o pai do Doutor Keflen lutou
para proteger Viena de um invasor, os turcos otomanos. E muitos anos depois o
filho dele voltou à Terra querendo invadi-la e fazer dela seu playground
científico. Irônico, não?
2 – Sobrenomes germânicos: sobre os sobrenomes alemães,
algumas breves palavras sobre o assunto. Os sobrenomes com von geralmente
indicam alguém de procedência aristocrática, da nobreza (exemplos: Ludwig von
Beethoven, Carl von Clausewitz, Manfred von Richthofen, Helmuth von Moltke,
Joachim von Ribbentrop, Wolfgang Krauser von Strolheim, entre tantos outros).
Ao passo que entre as pessoas comuns são comuns sobrenomes que indiquem o
oficio que exercem. Entre eles Schumacher, Schneider, Becker, Koch, Wagner,
Schmidt, Bauer e Muller (que significam sapateiro, alfaiate, padeiro,
cozinheiro, carroceiro, ferreiro, camponês e moleiro, respectivamente).
3 – Zarm, o senhor do caos e da destruição: sobre o Zarm que
aparece nessa história, ele na verdade é um dos inimigos do Capitão Planeta.
Aparece em alguns episódios e dos ecovilões é o que menos aparece. Ele, que na
versão original foi dublado pelo cantor Sting nas primeiras aparições dele e que
no Brasil foi dublado pelo Leonel Abrantes no episódio “O conquistador”, pelo
Garcia Júnior no episódio duplo “Reunião para salvar a Terra” e “Terra
arrasada” e pelo Isaac Bardavid no episódio “A máquina dos sonhos”. Ou seja,
ele foi dublado tanto pelo He-Man quanto pelo Esqueleto na versão brasileira.
Eu o inseri nessa história porque o próprio Zarm, no
episódio 50 de Capitão Planeta, “Terra Arrasada”, não apenas se mostra como a
força por trás do ditador do episodio em questão como também afirma que tem
sido a força por trás de cada tirano importante da história da humanidade.
Achei que seria muito legal a ideia de uma força por trás de alguém como o
Monarca La Deus, tendo em vista que este nos episódios finais de Flashman
mostrou-se uma casca vazia e oca, a despeito de seu aspecto imponente.
4 – Ligação entre caçadores e piratas espaciais: nessa
fanfic eu estabeleci uma ligação entre os Caçadores Espaciais e os Piratas
Espaciais vistos em Changeman e Flashman, nos quais os segundos são uma dissidência dos primeiros. Digamos que é uma referência a diversos casos históricos de partidos políticos, agremiações esportivas, clubes, empresas e outros tantos casos similares que surgiram por meio de dissidências.
5 – As lacunas que as séries deixam: uma das coisas que mais
gosto de escrever em fanfics é trabalhar com as lacunas que determinada série
ou desenho deixam para trás. E Flashman, como nós sabemos, deixou muitas dessas
lacunas para trás. E a maior delas foi sobre a identidade dos pais de quatro
dos cincos heróis, visto que só a Sara descobriu quem são os pais dela. No
caso, o senhor e a senhora Tokimura.
Só que como vocês nessa história viram o meu foco foi outra
lacuna que a série deixou para trás, que eu acho tão ou mais interessante e
intrigante: sobre as origens humanas do Doutor Keflen. De onde ele veio, como e
quando que ele foi raptado, quem que o raptou e como que ele se tornou o Doutor
Keflen. Visto que o próprio Doutor Keflen, se vocês forem ver bem, é um retrato
do que seria os Flashman caso não tivessem sido salvos pelo povo do Planeta
Flash. Talvez por isso que os produtores do sentai de 1986 escolheram que o
adversário final deles seria ele e não o Monarca La Deus ou o Kaura.
6 – O levante de Beyaz: o levante de Beyaz citado no
capítulo 4, como vocês devem ter visto, é claramente inspirado no enfrentamento
entre o Kaura e o Galdan contra o Monarca La Deus no episódio 48. Que termina
com a vitória da dupla de caçadores e o La Deus sendo destruído e que eu acho
que é tão ou mais legal quanto a luta entre o Kaura e o Red Flash.
7 – Os limites da ciência do Planeta Flash: no capítulo 6,
cito que o efeito Flash Negativo é um fenômeno que mesmo nos dias de hoje
intriga e muito os cientistas do Planeta Flash e que nunca encontraram uma cura
efetiva para esse mal secular. A minha ideia nessa parte é mostrar que por mais
que a ciência do Planeta Flash seja muito avançada, ainda assim tem suas
limitações.
Aliás, falando nisso, o próprio seriado deixa subentendido
que o poder que os Flashman adquiriram no Planeta Flash após os longos anos de
treinamento por lá era ao mesmo tempo a força e a fraqueza deles. Fazendo uma
analogia, é que nem a habilidade de manipulação das chamas de Makoto Šišio, o
antagonista da segunda fase de Samurai X, o arco de Kyoto. Depois de ter sido
queimado vivo por seus antigos superiores, as chamas potencializaram as
habilidades de Šišio ao mesmo em que lhe conferiram um ponto fraco fatal. De
que não poderia lutar por muito tempo sob o risco de o corpo passar por um
processo de superaquecimento.
8 – Titan e Titan II: Como vocês viram, nessa história não
há apenas um único Deus Titan, e sim dois. Enquanto escrevia essa história,
pensei nessa ideia, de que podem ter havido outras pessoas que tiveram tal
título no Planeta Flash, e então criei um Deus Titan que existiu antes do Deus
Titan que nós conhecemos no seriado e que é o pai dele. Achei bem bacana a
ideia de uma linhagem de heróis no Planeta Flash que antecedeu aos Flashman e
até mesmo em relação ao Deus Titan mostrado no seriado.
9 – Nomes dos personagens originais: sobre os nomes dos personagens
originais que aparecem nessa história, eu tirei de idiomas como o persa, o
indiano, o turco, o húngaro, o mongol e o russo. Visto que no próprio Flashman
temos um vilão, o Galdan, cujo nome é de origem mongol. Houve um khan mongol
dos séculos XVII que se chamava Galdan. Além do fato de que no pessoal do Mess
há três inimigos com nomes que remontam ao antigo Egito: La Deus (vem do deus
Rá, o deus do sol do Antigo Egito), Keflen (nome de um faraó da 4ª dinastia,
que dá nome a uma das pirâmides egípcias) e Nefer (que vem de Nefertiti, rainha
do Egito da 18ª dinastia e esposa de Amenofis IV).
La Wot vem de Wotan, o nome alemão do deus Odin, o deus
supremo do panteão nórdico-germânico. La Zeunar vem de Zeus, o deus supremo do
panteão grego. Azak é a palavra turca para o mar de Azov.
Beyaz vem da palavra turca para a cor branca, Beyaz. Uldin é
o nome de um chefe huno que viveu nos séculos IV e V. Kyzyl é o nome da capital
da Republica de Tuva, situada na parte asiática da Rússia. Kaplan, por seu
turno, significa tigre em turco. Arslan é leão em idiomas como o turco e o
mongol. Okotar vem de Oktar, um dos tios de Atila e Bleda. Tenger vem da
palavra húngara para mar, Tenger. Bayan é o nome de um chefe avaro que viveu
nos séculos VI e VII e se estabeleceu com seu povo onde hoje e a Hungria por
volta de 562. Também significa rico em idiomas como o mongol. Deniz significa
mar em turco. Mundzuk e o mesmo nome do pai de Atila o huno e Bleda. Sanjiv é
um nome masculino comum na Índia. Tokhotar vem de Tokhta, nome de um khan da
Horda Dourada entre 1291 a 1312. Saray vem da palavra que em idiomas como o
turco, o persa e o mongol significa palácio e que em russo significa celeiro.
Também era o nome da capital da Horda Dourada, um dos khanatos que surgiram da
fragmentação do Império Mongol e o mais longevo de todos eles. Muquli vem de
Mukhali, um dos generais de Čingis Khan, que participou de expedições de
conquista no norte da China (então governado pela Dinastia Ťin) na primeira
metade do século XIII.
Keop e Mikherin vêm dos faraós Quéops e Miquerinos, ambos da
4ª dinastia e que dão nome as pirâmides que carregam seus respectivos nomes.
Akton vem de Akhenaton, o faraó da 18ª dinastia que tentou fazer uma reforma
religiosa no Antigo Egito na qual o politeísmo de antes seria abolido em favor
do culto a um só deus, Aton. Hunnar é uma palavra que eu criei aleatoriamente.
10 – Nomes dos jovens heróis: sobre os nomes terráqueos que
dei aos jovens Flashman, são todos nomes que eu escolhi aleatoriamente entre
nomes comuns japoneses. Tirando talvez Sakura, que significa flor de cerejeira
em japonês. Tudo a ver com a nossa querida e ilustre Lu, não? Gunngher vem do
nome germânico Gunther (ou Gunnar na Escandinávia), que e o nome de um
importante personagem dos contos e sagas da mitologia nórdico-germânica, o rei
Gunther dos burgúndios.
11 – Zarm o patrono de Flash: Para abrir o caminho para Mess
conquistar o Planeta Flash ainda no século XIX, Zarm se utiliza do seguinte
ardil. De se aproximar das principais lideranças dos satélites, contaminá-los
com noções de poder e grandeza e em seguida incitar uma guerra intestina entre
eles. Uma estratégia de destruir de dentro para fora, de fazer com que os
flashianos se destruíssem por si mesmos (com um empurrãozinho dele, obviamente)
e ainda por cima sem sujar as próprias mãos.
Esse plano é uma referência ao plano que ele usou no
primeiro episódio em que ele aparece no desenho, “O conquistador”, da primeira
temporada. Em que ele concedeu braceletes de ferro aos protetores e fez com que
eles ficassem disputando entre si para ver quem era o mais poderoso. Um plano
no qual ele não ia sujar as mãos dele e, ironia do destino, destruiria a Terra
por meio daqueles que deveriam protegê-la, os protetores.
12 – Chefe Sugata na jogada: essa foi uma ideia que me
surgiu aleatoriamente, de o chefe Sugata, o patrono dos Maskman, ter tido uma
escaramuça com o Kaura quando este raptou as crianças terráqueas. De certa
forma, uma forma de entrelaçar e ligar as tramas dos diversos sentais (visto
que escrevi essa fanfic em 2011, quando Gokaiger estava sendo produzido).
13 – Repercussão do caso: que eu me lembre o seriado nunca
tocou nesse ponto. Mas é simplesmente impossível um caso dessa envergadura,
envolvendo um rapto de crianças por alienígenas vindos do cosmos, não ter tido
uma grande repercussão tanto interna quanto externa muito grande. Como também o
caso com o tempo tornar-se objeto de lendas e historias das mais diversas.
14 – Rivalidade entre Bazoo e La Deus: o Universo é bem
vasto, e acho bem legal a ideia de imaginarmos uma rivalidade entre Bazoo e La
Deus, ou mesmo com Satan Goss e outros malvados intergalácticos. E ainda por
cima com La Deus observando as batalhas na Terra como se fosse um tigre
escondido em um matagal, esperando o momento certo para enfim colocar suas
garras sobre a Terra.
15 – Nomes de planetas novos: criações aleatórias minhas.
1 Comentários
De fato ,o universo é vasto e infinito, repleto de possibilidades e encontros...
ResponderExcluirA ganância dos déspotas cósmicos é a origem dos grandes conflitos e também das grandes derrotas...
Mais uma obra se finda ;
Parabéns pela iniciativa!