Olá Tokuleitores!
Como prometido no capítulo anterior de Jiraiya R, eis o primeiro especial do retorno do ninja, focado na origem do novo Barão Owl.
Uma boa leitura!
Jiraiya R especial #1
– Barão Owl – Fé.
Jonh Moore brincava com seu cão no terreno próximo da modesta casa onde morava, localizada em uma fazenda, registrada em nome de A. Moore. A propriedade estava na família deles há gerações.
Um
grupo de corvos revoou ao longe e Jonh percebeu que não estava só, olhou para
trás e reconheceu quem acabara de chegar:
- Olá, filho.. – O imponente Barão Owl descia de seu cavalo e cumprimentava Jonh – Finalmente a guerra contra o demônio Dokussai acabou. Voltei para ficar.
Jonh levantou hesitante, se aproximou devagar e quando o Barão retirou o elmo e sua máscara, revelando ser quem dizia, o rapaz estendeu a mão e, apertando forte a de seu pai, simplesmente disse:
- Que bom. Seja bem vindo. – Ele se voltou para a casa e continuou com seu tom frio, ainda surpreso com a chegada sem aviso prévio do pai. – Venha, vamos tomar um chá e esperar a mãe chegar. Ela foi ao mercado e acho que não deve demorar.
O guerreiro acompanhou o filho e logo estava com roupas normais, numa discussão acalorada a respeito da ausência constante do pai na vida do rapaz e de sua mãe. No dia em que todos os amigos do Barão se uniram para encerrar a ameaça de Dokussai, em Londres, Jonh completava dezenove anos.
-
Sinto por isso meu filho, mas agora eu estou de volta e espero desfazer esses
erros. Tudo o que eu quero de minha vida, nessa nova época de paz, é retornar
ao convívio com você, sua mãe e...
O som de sacolas caindo e frutas rolando pelo chão anunciou a chegada de Christine Moore.
Ela
não conseguia acreditar no que via, afinal já estava acostumada ao seu marido
apenas com a roupa de batalha e vê-lo ali junto do filho, como se fossem uma
família comum, a deixou sem palavras. O Barão apenas abriu os braços e, depois
de ela correr ao encontro dele, permaneceram abraçados por um longo tempo.
Nesse instante Jonh voltou para o campo próximo da propriedade a fim de
continuar brincando com seu cachorro.
Na manhã seguinte, marido e mulher conversavam animadamente à mesa do café, mas silenciaram ao ver o filho entrar na cozinha com o rosto fechado. Ele simplesmente pegou duas torradas e se dirigiu para a porta indo para a faculdade. Depois de uma rápida troca de olhares o Barão correu para alcança-lo.
- Jonh! Espere! – Quando finalmente ficou ao lado do filho, o jovem já tinha um pé dentro de uma van, que o levaria até a faculdade. – Precisamos conversar e...
- Depois da escola. – E ele se foi, deixando seu pai à beira da estrada.
Naquela noite os dois estavam sentados na varanda, a revolta de Jonh era visível e o Barão tentava contorná-la dizendo que as coisas seriam diferentes dali por diante. O mal havia sido vencido e os poderes do Barão não seriam necessários outra vez, assim ele podia se dedicar somente à família. Até mesmo os treinos que ambos faziam para que Jonh, um dia, tomasse o lugar do pai não precisariam continuar.
- Eu até gostaria que os treinos continuassem... Graças a eles meu corpo desenvolveu e... Bem... As garotas gostam não é?
- Pois bem... – um riso fácil ressou na noite, acompanhado por Jonh, que parecia finalmente ir se desarmando. – Então os treinos continuarão.
Depois dessa pequena brincadeira o clima suavizou e os dois acabaram conversando durante horas e só pararam quando Christine os chamou para o jantar. Tudo transcorria de forma tranquila, mas, no meio da refeição, isso mudou.
Uma
estranha luz começou a surgir sobre a mesa, deixando todos sobressaltados,
enquanto o Barão esticava a mão para sua espada que, mesmo naquela prometida
época de paz, não ficava longe dele.
- Guerreiro Sagrado! – A luz parecia estar se dirigindo ao Barão Owl. – Sua espada e a de sua prole serão necessárias novamente, pois um grande mal se aproxima. Prepare-se...
Tão
de repente quanto surgiu, a luz também desapareceu.
O silêncio tomou a sala de jantar até que Christine se levantou chorando e correu para o quarto. O Barão se levantou em seguida e foi falar com sua esposa, não sem antes falar ao filho:
-
Amanhã começaremos a treinar novamente, com ainda mais afinco...
Jonh não conseguiu dormir muito bem naquela noite. Como se aquela estranha aparição já não bastasse, a discussão entre os pais também o mantinham acordado “O que poderia ser aquela luz? Um sinal divino?”.
O
rapaz ainda não falara com o pai, mas o fato é que ele havia se afastado de
Deus e de seus ensinamentos, principalmente por causa da ausência paterna,
explicada sempre como a missão que “Ele” lhe confiara. Toda a desgraça da qual
o rapaz lia em jornais e revistas davam a sensação de que a humanidade teria
sido abandonada por Deus, então como ele conseguiria treinar para ser um
guerreiro sagrado se a sua fé já não existia?
Na manhã seguinte um cansado Jonh desceu para o andar de baixo onde sua mãe, com os olhos ainda muito vermelhos, fazia o café. Quando questionada pelo filho a respeito do pai a única resposta foi um apontar de dedos para a janela. Quando ele olhou além dela pôde perceber o Barão, com seu traje de luta, treinando golpes de espada num descampado próximo.
Depois de comer ele foi se juntar ao Barão Owl. Este o recebeu com alegria disfarçada, mas era clara, na voz do pai, a grande tristeza, resultado da discussão da noite anterior, que o afetou mais do que ele jamais admitiria.
Quando o Barão pediu para que seu filho fizesse uma série de exercícios com a espada, ele simplesmente virou o rosto e com vergonha crescente abriu seu coração:
- Sinto muito, pai, mas não posso. – ele se esforçava para segurar as lágrimas, que insistiam em encher seus olhos. – Eu deixei de acreditar em Deus. Primeiro ele o afastou de nós por causa da tal “guerra santa” no Japão e agora que tudo parecia estar bem, aquela luz surge e você volta a ser o guerreiro e não o pai. Durante sua ausência um amigo meu perdeu os pais e o irmão num acidente de carro, dias depois meu amigo se matou. Que tipo de deus permite que aqueles que dizem ser seus filhos sofrerem tanto? Que tipo de deus permite ao pai retornar para casa só para tirá-lo de lá outra vez? Se Deus existe mesmo, por que ele mesmo não acaba com esse “novo grande mal”?
O Barão Owl abaixou a cabeça durante algum tempo, para seu filho parecia ter sido por toda a eternidade, quando ele a ergueu novamente se voltou para Jonh e disse:
- De fato o que você falou tem sua razão. Nem sempre a vontade de Deus se apresenta de forma clara... Você é livre para acreditar ou não, assim como eu prefiro manter minha fé. “Combati o bom combate, Terminei a carreira, Mantive a fé”. Eu espero de todo o coração que Deus exista e que eu possa lhe dizer essas palavras quando me encontrar diante Dele. Tudo é uma questão de fé... – ele virou-se e, se fosse possível ver por debaixo do imenso capacete, as lágrimas que insistiam em molhar a mascara que o Barão usava, seu filho se surpreenderia com a dor contida nelas. - Se quiser não precisa mais treinar.
O Barão Owl continuou com seus golpes enquanto seu filho ia para a faculdade. Já na van ele passava pelas ruas de Londres, quando tiveram que parar devido a um congestionamento logo à frente. Como aquilo era totalmente impossível de contornar naquele trecho e vendo que muitas pessoas desciam da van, Jonh acabou acompanhando-as. Uns metros à frente e ele percebeu o motivo de terem parado.
Um
prédio pegava fogo e havia uma criança presa em um dos andares acima.
A escada dos Bombeiros não chegava até lá e o soldado do fogo que estava no alto dela resolveu fazer algo arriscado demais. Ele deu um salto em direção da janela onde a criança se encontrava. Quando entrou, a janela foi tomada pelas chamas e fumaça. Todos seguravam o fôlego e de repente voltaram a respirar quando o bombeiro emergiu do inferno carregando a criança nos braços e, depois de um salto ainda mais arriscado, conseguiu segurar na escada.
O assunto da faculdade era aquele. Todos falavam em um verdadeiro milagre, no herói que o bombeiro havia sido, mas Jonh pensava que fora uma coincidência, nada mais. Não poderia ter visto aquela cena por alguma “intervenção divina”, poderia? Porém aquele dia reservava mais uma surpresa para o rapaz.
Quando estava tomando um elevador num prédio comercial, onde pretendia comprar um presente para a mãe, a força oscilou e ele acabou preso com uma mulher grávida, mas isso não fora o mais complicado.
Era
uma mulher grávida que havia acabado de entrar em trabalho de parto.
Nesse momento o rapaz se lembrou dos treinos com o pai onde aprendera a tudo sobre primeiros socorros e também como fazer um parto de emergência. Claro que a realidade era muito mais assustadora e ele se pegou rezando para o Deus no qual dizia não acreditar mais.
Com
o rosto tomado pelo suor e as mãos um pouco trêmulas ele conseguiu e logo
estava com um belo menino nos braços e envolto em sua camisa. Momentos depois o
elevador foi aberto, a nova mãe era colocada numa maca e antes de ir para o
hospital pediu:
- Por favor, meu rapaz... Qual o seu nome?
- Hã... É Jonh. Jonh Moore.
- Então esse será o nome do meu filho. Jonh. Muito obrigada, se não fosse você...
Ao chegar em casa ele queria correr para encontrar o pai, entretanto descobriu seu lar todo virado de pernas para o ar e percebeu que uma luta havia acontecido.
Enquanto
ele olhava ao redor tentando entender o que acontecera, John ouviu sua mãe
gritar do lado de fora e correu para lá. Quando chegou ao local onde estavam
seus pais, ele percebeu horrorizado que eles estavam sendo atacados por três
monstros, que possuíam terríveis máscaras de corvo. Enquanto estava se
aproximando percebeu que não eram máscaras.
O Barão Owl lutava bravamente, mas por estar defendendo sua esposa, acabou sendo desarmado. A espada caiu aos pés de Jonh e ele a pegou no exato momento em que um dos monstros voava na direção de seu pai para dar o golpe final. Seu coração encheu-se de raiva, ele ergueu a espada no ar e começou a correr em direção dos inimigos.
- Crá!... Quem esse pirralho pensa que é? Crá!
- Não sei... Crá!... Mas vai cair tão fácil como esse aqui...
- É isso mesmo! Cráááááá!
Os monstros se surpreenderam, pois perceberam que a lâmina da espada do rapaz começou a exibir um estranho brilho. Logo um dos Devil Crows tentou acertar Jonh, mas este usou a espada de seu pai, agora com uma lâmina laser, e destruiu a espada do inimigo. Percebendo o perigo os três monstros resolveram fugir desafiando o Barão a voltar ao Japão para ter respostas.
Jonh ajudou seu pai a se erguer e voltarem para casa. Dois dias depois, quando tudo já estava em ordem, o Barão Owl se despedia de sua família outra vez, dizendo que ele voltaria ao Japão onde iria procurar Jiraiya e avisá-lo sobre o perigo que se aproximava. Depois de um longo beijo em sua esposa ele se voltou para o filho:
- Ao que parece sua fé está voltando... – o rapaz confirmou e o Barão Owl continuou. – Treine mais. Graças ao amor que tem em seu coração, por mim e sua mãe, você conseguiu um fato que eu nunca fui capaz. Se começar a acreditar mais em suas capacidades e em Deus, é claro, talvez se torne um guerreiro ainda mais forte do que eu. – ele montou em seu cavalo, sentindo no peito a dor da separação. – E antes que eu me esqueça: Chegará o dia em que um rapaz chamado Toha Yamashi virá procurá-lo. Se isso acontecer você deverá tomar meu lugar, pois estarei morto. Eu amo muito vocês, nunca se esqueçam disso.
O Barão Owl se foi deixando para trás, novamente, a família que tanto amava.
Aquela foi a última vez em que Jonh Moore viu
seu pai com vida.
Assim começou uma nova lenda!
8 Comentários
Me lembro como hoje da primeira vez que vi esse episódio e o quanto me surpreendi com o que encontrei... Com certeza, grande parte da capacidade de ter seguido NeoChangeman veio desse episódio pois vi alguém, com maestria total, continuar uma saga tão conhecido, sem deixar o padrão cair e ainda, com história coesa e de muito boa narrativa. Ver Barão Owl com familia, o drama de pai e filho, o chamado ao combate uma vez e a demonstração de que algo maior tinha o "Barão Owl" como soldado sagrado, foi algo muito bem bolado, muito bem pensado e como se mostra acima, muito bem apresentado e narrado! Um dos melhores capítulos que li Norberto, nunca esqueci dessas cenas, parabéns uma vez mais meu velho!
ResponderExcluirGrande Lanthys! Esse capítulo foi escrito com muito do que eu tinha aprendido na minha época de grupo de jovens da igreja.
ResponderExcluirDar uma família pro Barão, apresentada pouco depois de sua morte foi algo que eu queria para deixar tanto ele como seu filho mais tridimensionais... Eu sempre vi o Barão como um soldado sagrado, assim como os clássicos Templários.
Fico muito feliz por uma de minhas obras ter impactado tanto um escritor do seu calibre.
Muito, mas muito obrigado mesmo pelos comentários e pela força de sempre.
Estou chorando muito, Norberto... Sou evangélico e de um tempo que ser católico ou evangélico era uma missão honrada... totalmente diferente da vergonha podre que muitas igrejas e religiosos têm se tornado ao perderem sua essência. Esse episódio mostra a alma que um soldado honrado tem pelos seus preceitos. Owl entende a razão de sua fé.
ResponderExcluirIsto é para poucos.
Sem palavras...
Muito obrigado meu amigo!
ExcluirNão quis exagerar no emprego da religião mas achei que seria interessante para essa história. Que bom que você gostou! Muito obrigado pelo comentário!
O que dizer?
ResponderExcluirMagnífico!
Trabalhou muito bem a personalidade do filho do Barão Owl, além de abrilhantar ainda mais a nobreza do Barão Owl pai.
Gosto de episódios que exploram esse lado, humanizando os personagens.
Os personagens tem medos, traumas, se alegram, se entristecem.
Me emocionei.
Valeu!
ExcluirTentei deixar o Jonh o mais interessante possível.
Caramba, ficou sensacional! O Barão Owl foi mesmo um dos melhores ninjas pra mim. Confesso que fiquei um pouco triste por você tê-lo matado, mas ao mesmo tempo eu achei uma escolha corajosa e interessante. Tô ansioso pra ver como vai ser a "saga" de John ao lado de Jiraiya.
ResponderExcluirValeu pela leitura e comentário.
ExcluirAchei que era necessário pra trama algumas mortes, para deixar a família de feiticeiros realmente ameaçadores.
Espero que vc curta o que vem por aí.